JORNAL A TARDE, SALVADOR, SEGUNDA-FEIRA 23 DE
OUTUBRO DE 1989
Estamos
assistindo a presença mais marcante da tecnologia no desenvolvimento da arte.
os computadores tornam-se a cada dia ferramentas indispensáveis, não apenas
para cumprimento de tarefas empresariais, mas, também, de artistas que resolvem
acompanhar os passos da modernidade, casando sua criatividade com instrumento
ultra-rápido e de limitados recursos. Agora, o Instituto Goethe vai nos brindar
com uma bela exposição Fronteiras do Caos, que está sendo mostrada em vários
países, com o objetivo de difundir o estúdio da língua alemã no exterior e
cooperar com o desenvolvimento cultural internacional. Esta mostra será montada
no foyer do Teatro Castro Alves, onde permanecerá de 5 a 25 de novembro de 1989.
As
belas e intrigantes imagens da exposição, as quais já tive oportunidade de ver
num vídeo, são resultado de experimentações matemáticas e derivam do estudo de
sistemas dinâmicos complexos. As imagens são surpreendentes e de estruturas
variáveis que se desenvolvem a partir de simples leis matemáticas.
É
uma forma do homem refletir sobre o comportamento de sistemas não-lineares em
geral, e pensar sobre as sequências de cenas com uma interação de ordem e casos
e a contemplar as fronteiras típicas entre zonas pertencentes a centros conflitantes. Sempre que decolamos num avião,
constatamos que a fina camada entre a Terra e o céu, na qual floresce toda a
vida que conhecemos, tem uma espessura de alguns poucos metros. Será que a
própria vida não poderia ser, de certa maneira, um efeito marginal?
Diz
o catálogo da mostra que a ideia não é tão estranha assim, se levarmos em
conta que margens ou fronteiras se prestam particularmente bem aos tipos de
troca, dos quais depende a manutenção da vida: troca e transformação de energia
e matéria, como ocorrem no aquecimento da superfície do nosso planeta ou na
evaporação e condensação da água da chuva. Estruturas desenvolvem-se nas
fronteiras e formam uma rede infinitivamente complexa, quando permitimos que
sigam seu curso natural.
Os
organizadores afirmam ainda que a consciência de que isso vale igualmente para
fronteiras matemáticas e físicas pode causar surpresa. Mas essa validez é
demonstrada pelos desenhos de computadores, apresentando na exposição
Fronteiras do Caos.
Eles
foram produzidos durante a realização de estudos e processos de feedback que
ocorrem em sistemas naturais vivos e não-vivos. Torne-se como exemplo o
crescimento de uma de uma caderneta de poupança com juros compostos. A cada
ano, a soma total do ano anterior aumenta na razão de 1+p =(1+p)Xn. No correr
dos anos, haverá um crescimento exponencial, que pode ser interpretado como um
processo de feedback.
Com
este cálculo, surge um grande número de generalizações e tudo termina com belas
imagens, complexas e surpreendentes.
A
exposição é formada por 76 reproduções em cores que revelam todos os recursos
criativos da arte por computador. Fórmulas matemáticas levam a interessantes
imagens coloridas lembrando os desenhos de um caleidoscópio. Vale a pena
visitar.
II
SALÃO BAIANO DE ARTES PLÁSTICAS ABRE NA SEXTA-FEIRA
O II Salão Baiano de Artes Plásticas será aberto na próxima sexta-feira, ás 21 horas, no Solar do Unhão. São cerca de 210 obras dos mais variados estilos que serão mostradas ao público baiano, sendo que participam 74 artistas, desses 64 são baianos. Portanto, tem uma boa presença numérica de artistas da terra, o que demonstra que a produção de arte em nosso estado continua a pleno vapor, apesar das dificuldades múltiplas que enfrenta a categoria. Basta dizer que a Fundação das Artes está cada vez mais de braço atados, esquecendo até mesmo os movimentos espontâneos e freando os que tentam caminhar.
O II Salão Baiano de Artes Plásticas será aberto na próxima sexta-feira, ás 21 horas, no Solar do Unhão. São cerca de 210 obras dos mais variados estilos que serão mostradas ao público baiano, sendo que participam 74 artistas, desses 64 são baianos. Portanto, tem uma boa presença numérica de artistas da terra, o que demonstra que a produção de arte em nosso estado continua a pleno vapor, apesar das dificuldades múltiplas que enfrenta a categoria. Basta dizer que a Fundação das Artes está cada vez mais de braço atados, esquecendo até mesmo os movimentos espontâneos e freando os que tentam caminhar.
Aliás,
temos dito que parece que a incompetência e o marasmo têm-se estabelecido com
muita segurança nos órgãos públicos ligados á cultura. Parece até uma sina dos
artistas baianos, de ficarem sempre órfãos e assim continuarão, pelo menos, na
atual administração.
É
uma tradição que já vem do Pelourinho...
Este
ano os jurados optaram ou ficaram atentos ás manifestações plásticas com razões
baianas, No primeiro, do qual integrei o júri, pautamos por trabalhos do visão
contemporânea, ou seja, inseridos no contexto internacional. São critérios que
se confrontam a até mesmo se debatem. Continuo preferindo, por uma questão de
informação e atualização os critérios que adotamos no primeiro salão, sem, no
entanto, menosprezar as tais raízes populares, que muitas vezes descambam para
o exotismo e as imagens padronizadas ou estereotipadas vendidas pelos pacotes
turísticos.
Este
ano também diminui a participação, ou seja, o número de inscrições. O salão foi
menos divulgado e talvez o valor dos prêmios não tenha despertado a atenção.
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