JORNAL A TARDE, SALVADOR, SÁBADO, 3 DE DEZEMBRO DE 1977.
Sem dúvida que Carl Brussel vem
desenvolvendo o seu trabalho com seriedade e tem uma certa unidade o que
demonstra a qualquer pessoa seu amadurecimento artístico. Uma trajetória onde
pode-se depreender que não existem altos e baixos. Mas, sim uma evolução
positiva quer na técnica de pintar ou mesmo na temática eleita.Agora
recebo o convite de sua próxima exposição, desta vez fora da Bahia. Exatamente
na Galeria Affiche D’art, em
São Paulo.
Realizado
economicamente e já com certa idade o que me surpreende é sua vontade ferrenha
em realizar uma produção artística séria e da melhor qualidade. Busca novas
emoções que são ditadas por este amadurecimento e tranquilidade emocional. De
casario a pescadores do azul e verde ao amarelo outonal, este artista leva para
a tela lindas composições e figurações. Nesta fase agora apresentada em São Paulo notamos uma
influência cubista, especialmente a reprodução em tamanho grande de uma das
telas expostas onde aparece a figura de uma mulher tocando um instrumento de
cordas.
MAU
CHEIRO DESCLASSIFICA OBRA DE ARTE
Pela
primeira vez o júri do tradicional Salão Paranaense de Artes Plásticas
desclassifica uma obra pelo mau cheiro. Foi o que aconteceu com o totem,
constituído de 25 ossadas de cabeça de boi superpostas formando duas esculturas
com mais de dois metros de altura, do artista plástico paranaense Emir Roth.
Inconformado com a decisão dos jurados, que dizem haver sentido até náuseas ao
se aproximarem a obra Roth prometeu exibir seu trabalho na calçada do Teatro
Guaíra, no dia 16, na abertura oficial do 24º Salão Paranaense de Artes Plásticas , em Curitiba.
A Comissão Julgadora, formada pelos artistas Fernando Veloso e Lourdes, Teresinha
Cedran e o crítico Eduardo da Rocha Virmond, desclassificou a metade das quase
500 obras apresentadas. Segundo eles, os trabalhos rejeitados são de qualidade
muito inferior aos selecionados, mas Totem não chegou a ser examinado pela
impossibilidade de se aproximar sem ter enjoo.
E
se recusaram a abrir uma exceção para Roth que queria apresentar sua escultura
dentro de três dias, Prazo suficiente para o mau cheiro se exalar.
Apesar
do incidente, o júri considerou o bom nível artístico dos 160 inscritos para o
Salão Paranaense. É uma das melhores mostras nacionais do país, garantiu
Eduardo Virmond, ressaltando que os prêmios devem ser melhorados - cerca de 80
mil cruzeiros apenas - e o que o Salão deve ser apresentado em um espaço mais
adequado para perder sua características de improvisação. Para Lourdes
Terezinha, Diretora Técnica do Paço das Artes de São Paulo, a média de obras
apresentadas é boa, com nível de informação e de criatividade bem razoável,
levando-se em consideração a distância dos grandes centros culturais.
EXPANSÃO
CULTURAL DO RIO DE JANEIRO
A bela arquitetura do MAM, do Rio de Janeiro |
A
primeira exposição, Metáfora e
Transfiguração da Realidade, será apresentada inicialmente no MAM até 13 de
dezembro, devendo logo em seguida viajar por outra capitais. A mostra segundo o
seu organizador Ronaldo do Rego Macedo, " foi montada de modo a se ter, lado a
lado, obras de conhecidos artistas estrangeiros, os chamados monstros, sagrados
pela História, e artistas brasileiros, inclusive de gerações recentes.
Apresentamos em pé de igualdade trabalhos de Picasso, Matisse, Klee, Dali e
Portinari, Farnese de Andrade, Wilma Martins, Di Cavalvanti, Antônio Dias,
Gilvan Samico, Gastão Manoel Henrique, Antônio Henrique Amaral, entre outros."
Lembramos
ainda, diz Ronaldo que "passou a ser difícil, senão impossível, continuar
pensando em termos de maestria no decorrer dos acontecimentos artísticos do
Século XX que tem registrado sucessivamente o confronto e o ressurgimento de
novas tendências estéticas. E não é outro o objetivo dessa exposição: Mostrar
como algumas dessas tendências, mais precisamente, como o expressionismo, o
surrealismo, enfim, o envolvimento com o emocional e o fantástico foi tratado
por artistas pioneiros e renovados por outros mais jovens e de diferentes
nacionalidades. Todos transformando, pela livre imaginação, a matéria-prima da
realidade próxima, dos acontecimentos sociais, políticos ou mesmo dos dados
pessoais, autobiográficos, intimistas."
A
exposição conta com 42 obras, entre óleos, aquarelas, litografias, desenhos,
xilogravuras e esculturas.
PAINEL
CEGOS NO MAM-BA - No Museu de Arte da Bahia, os cegos tem oportunidade de conhecer e sentir os valores da obra de arte, de acordo como Projeto Visão Tátil, elaborado e executado pela Fundação Cultural do Estado através de sua Coordenadoria de Museus.
CEGOS NO MAM-BA - No Museu de Arte da Bahia, os cegos tem oportunidade de conhecer e sentir os valores da obra de arte, de acordo como Projeto Visão Tátil, elaborado e executado pela Fundação Cultural do Estado através de sua Coordenadoria de Museus.
As
visitas dos deficientes visuais ao Museu de Arte da Bahia se estenderão até 15
de dezembro. A proposta de Visão Tátil segundo informação da Fundação Cultural,
obedecendo a normas e critérios que tem por finalidade desenvolver a capacidade
sensitiva da pessoa humana, propõe-se a estabelecer um entrosamento entre os
cegos e os setores educativos e culturais.
Acrescenta-se
que o acervo do MAB, em virtude de valores de sua constituição, permite a
organização de visitas que respondam à super desenvolvida sensibilidade tátil
dos deficientes de visão, levando-os a conhecer e analisar as variadas formas
texturas, dimensões e espaço na obra de arte.
TAPEÇARIAS
DE THOR - Com
vinte trabalhos recentes, o tapeceiro Thor, como se assina Torquato G. Bertão
inaugurou uma exposição individual na Galeria Monmartre Rua São Clemente, 72,
Botafogo. É a 11º mostra individual do artista, que começou a expor em 1973, no
Rio de Janeiro.
Apresentando-o,
Geraldo Edson de Andrade assinala que, nos seus novos trabalhos, Thor como se
liberta de suas fases anteriores á procura de contribuições capazes de
valorizar ainda mais o que ele qualifica de tapetes-objetos. Deixando à parte o
plano e o retangular usuais, esta nova coleção
do artista é uma investigação de formatos que fogem ao convencional
pelas superposições de planos tecidos, valorizando os cortes e os vazados de
uma tapeçaria que também almeja o tridimensional.
Thor
nasceu no Recife, em 1928. Autodidata, iniciou-se pela tapeçaria plana,
passando posteriormente ao objeto tecido, no qual inseria materiais como
madeira, cobre, acrílico. Além do Rio de Janeiro, o artista pernambucano expôs
ainda em São Paulo ,
Salvador e Brasília. Trabalhos de sua autoria estão em coleções nacionais e
exteriores.A
exposição da Galeria Montmartre permanecerá aberta ao público até o dia 20 de
dezembro. Horário das 9 ás 22 horas.
OS
BEATLES - O
escultor Erlam Burgess, com a miniatura em bronze da sua estátua dos Beatles,
que o Conselho da Cidade de Liverpool decidiu erguer no centro da cidade, como
tributo aos seus mais famosos filhos e como atração turística. A estátua
definitiva foi planejada em aço inoxidável e as figuras terão 20 pés de altura.
Esta
decisão vem de encontro a uma resolução anterior do comitê do conselho, de não
erguer a estátua em solo que os Beatles desertaram assim que se tornaram
populares.
J.
MACHADO - nascido em São Félix João
Francisco de Brito Machado Vianna, conhecido por J. Machado está expondo no
Clube Baiano de Tênis seus trabalhos a óleo, apresentando casarios, marinhas e
figuras regionais.
HISPÂNICOS- a Sociedade Cultura e Filantrópica Caballeros de Santiago está promovendo uma exposição de pintores hispânicos ao Centro Cultural e Recreativo Espanhol de
CAPELOTTI- o baiano Alberto Capelotti está expondo na Galeria Panorama. Iniciou seus estudos na Escola Panamericana de Arte em 1956, dedicando-se naquela época a trabalhos a bico de pena e desenho publicitário. Hoje, pinta óleo sobre tela com uma temática variada.
MESTRE RAIMUNDO AGUIAR - recebi a carta do mestre Aguiar lamentando que não visitei a sua exposição. Mas, nem por isso existe qualquer atitude de deixar de lado um dos mais importantes pintores da época, na Bahia. Desde que comecei a me interessar pelas artes visuais que venho acompanhando de perto, não apenas o trabalho do mestre Raimundo, mas também de outros artistas da velha guarda, aos quais dedico grande admiração. Agora tomo conhecimento que está pintando interiores profanos, ou sejam interiores de casas e outros locais onde consegue levar seus instrumentos de trabalho. Certamente, uma novidade já que a maioria de seus trabalhos de interiores retratam igrejas e sacristias. Fico também satisfeito em saber de sua atividade.
MATHILDE GALIMIDE- está expondo na Galeria Signo, no Rio de Janeiro, e tem apresentações de Chalau Deveza e Ledy Mendes Gonzalez. Ela transmite uma mensagem de beleza, romantismo e poesia tão escassos em nossos dias onde a máquina evolui e governa. Deixo aqui esta tela de Mathilde para que os leitores vejam que bel mensagem. Foto.
COLETIVA- poucas exposições realizadas este ano foram tão concorridas quanto a do Grupo dos Três Sete, que ora está aberta ao público num dos salões de Salvador Praia Hotel. A exposição pode ser entendida como um trabalho didático, já que todos são estudantes, e ainda tem muito que evoluir e aprender.
Certamente
dentro de alguns anos, cada um dos expositores tomará caminhos, tal a
diversidade de técnicas, estilos e mensagens.
MARIA ERVIRA- na Kátya Galeria de Arte está expondo Maria Elvira. Uma pintura livre onde os tipos populares preenchem suas telas. Uma pintura de certa forma atraente já que apresenta uma liberdade de linhas e composições. Agrada, é decorativa e tem tendências a uma contemporaneidade.
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