QUARENTA E DOIS ANOS DEPOIS
Quarenta
e dois anos depois chega a Espanha Guernica , o mais importante quadro pintado
por Picasso e talvez a obra de mais significação deste século. O quadro foi
pintado em 1937, portanto, um ano depois de iniciada a Guerra Civil da Espanha
e representa a indignação do artista contra a violência das tropas alemãs que apoiaram
o governo Franco e arrasaram a localidade de Guernica. Uma violência que,
passados estes 42 anos , podemos ver com os olhos no horizonte do mundo a
destruição de vilas em Angola, no Oriente Médio ou em muitos outros locais.
Não
estou aqui falando da coloração das lutas em prol de independência de países ou
nações, mas simplesmente da violência que mutila e mata. Guernica, com suas
cores branca e cinza estampadas nos seus 7,50 x 3,30 m é o símbolo da
sensatez contra a agressão aos povos indefesos sob qualquer pretexto. Da
indignação de Picasso muitos pacifistas fazem
sua bandeira, e o que podemos fazer é denunciar as injustiças, a
violência e toda força que venha impedir a livre manifestação e a
sobrevivência digna. Picasso enquanto
viveu não permitiu que a obra fosse transferida para a Espanha. |Sua condição
era que a mesma só voltaria com seu País livre da ditadura de Franco. Seu
desejo foi agora atendido e depois de marchas e contra marchas o símbolo da resistência
contra a violência chega e é recebido por um forte esquema de segurança com
utilização de cachorros policiais e até helicóptero. Avaliada em cerca de 40
milhões de dólares, na realidade esta obra não tem preço, e não pertence
somente a Espanha porque é um patrimônio universal, pelo que representa para
todos nós.
Vemos
ainda outro aspecto interessante: é que Guernica é, acima de tudo, uma obra política.
E, isto me vem a mente as discussões em torno da arte engajada com a realidade.
Muitos acham que o artista deve se despojar de ideologias e outros defendem o
engajamento. Guernica sempre foi e sempre será uma obra política e talvez por
esta razão tenha assumido no panorama das artes a importância e o prestígio que
desfruta.
Agora
o imponente Museu do Prado vai mostrar ao seu imenso público da Guernica
vitoriosa e guardada por um imenso vidro a prova de bala e um perfeito sistema
interno de televisão . É preciso muito cuidado com Guernica, pelo que a mesma
representa poderá sofrer atentados quer de direita quer de esquerda. Guernica
embora seja o símbolo da violência , não está imune a insensatez.
DEZ
GRAVADORES VIRÃO A SALVADOR EM DEZEMBRO
Água-forte, água-tinta e ponta seca utilizados nesta gravura de Evandro Jardim |
Indicados
por uma Comissão Especial de críticos e historiadores de arte estes artistas
foram considerados os gravadores que mais contribuíram e se destacaram na
Gravura Brasileira Contemporânea .
DESTAQUES
HILTON
Gravura em metal de Anna Letycia, numa tiragem apenas de dez cópias. |
A empresa fará a doação de uma tiragem
especial de gravuras dos artistas indicados a vários museus e entidades
culturais. Começando em 1980, quando foram laureados dez grandes pintores
brasileiros, o Projeto Destaques Hilton de Gravura vem procurando desenvolver
uma política de estímulo às artes plásticas através de patrocínio da empresa
privada.
A
Comissão Especial de Críticos e Historiadores que indicou os dez grandes
gravadores contemporâneos foi composta dos seguintes nomes: Marck Berkowit, do
Rio de Janeiro; Casemiro Xavier de Mendonça, de São Paulo; Carmem Portinho, do
Rio de Janeiro; Márcio Sampaio, de Minas Gerais; João Câmara, de Pernambuco,
Frederico Morais, do Rio de Janeiro; Olívio Tavares, de São Paulo; Wilson
Coutinho, do Rio de Janeiro; Ennio Marques Ferreira, do Paraná e Antonio Bento,
do Rio de Janeiro.
A exposição Destaques Hilton de Gravura tem o seguinte calendário: São
Paulo, de 21 a
30 de setembro, no Museu de Arte Moderna; Curitiba, de 6 a 15 de outubro, na Casa da
Gravura; Brasília, de 26 de outubro a 4 de novembro, na ECT Galeria de Arte;
Belo Horizonte, de 12 a
21 de novembro, no Palácio das Artes; Recife, de 30 de novembro a 5 de
dezembro, no Museu de Arte Contemporânea; Salvador, de 9 a 14 de dezembro, no Teatro
Castro Alves; Rio de Janeiro, de 21
a 31 de dezembro, no Museu de Arte Moderna;
Florianópolis, de 12 a
26 de janeiro de 1982, no Museu de Arte de Santa Catarina; Porto Alegre, de de 8 a 17 de março de 1982, no
Museu de Arte do Rio Grande do sul.
RUBEM
VALENTIM CONFIANTE NO RESULTADO
DO ENCONTRO
DO ENCONTRO
Rubem Valentim e suas raízes |
Depois de tomar parte no 1º Encontro de Artistas Plásticos do Nordeste realizado recentemente em Salvador, o escultor baiano Rubem Valentim ,atualmente radicado em Brasília, garantiu estar muito empenhado na divulgação da arte produzida nesta região. Para ele, o eixo Rio/São Paulo vem mantendo um monopólio informativo no setor das artes plásticas, e torna-se necessário a estruturação dos artistas nordestinos para lutar por uma valorização de seus trabalhos.
Considerado
pelos críticos um dos mais importantes artistas do Brasil, Valentim está em
Brasília já 14 anos, depois de morar algum tempo no Rio de Janeiro, São Paulo e
algumas capitais européias. Sua arte está profundamente relacionada aos valores
da cultura afro-brasileira, onde a religiosidade é uma constante.
MANIFESTO
Ao
falar sobre o 1º Encontro de Artistas Plásticos
do Nordeste, no qual teve uma participação bastante ativa, Valentim revelou que
representantes de todo o Nordeste brasileiro estiveram reunidos, chegando à
conclusão que “ devemos trabalhar para valorizar a arte produzida na região,
divulgando-a para o resto do País, inclusive o eixo Rio/São Paulo, atualmente
detentor de uma hegemonia informativa”.
Para
isto ele afirma que é necessário a estruturação dos artistas, em torno do que seria
uma arte, um produto autêntico do Nordeste. Além disto, ele crê serem
necessários encontros mais freqüentes entre os artistas, para um maior
intercâmbio cultural , inclusive com representantes de cidade do interior.
Valentim
é autor de um manifesto, que ele considera definir muito bem esta luta pela
valorização e divulgação da arte nordestina. Diz ele: Minha linguagem
plástico-visual está ligada aos valores míticos de uma cultura afro-brasileira.
Com o peso da Bahia sobre mim, busco uma linguagem plástica poética,
contemporânea e universal. Um caminho voltado
para a realidade cultural do Brasil – para as suas raízes – mas sem
desconhecer tudo o que se faz no mundo, sendo isso por certo impossível com os
meios de comunicação de que já dispomos. É o caminho para a criação de uma
autêntica linguagem brasileira de arte. O sentir brasileiro. Uma linguagem
universal, mas de caráter brasileiro, com elementos signicos”.
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