SCLIAR QUER MAIOR ESPAÇO PARA OS
JOVENS ARTISTAS
Marinha - 2 Barcos, técnica com uso de vinil e colagem encerado sobre tela |
Até
o próximo dia 25 você tem oportunidade de ver as telas de Scliar onde ele
mostra a perfeição das cores, suas transparências, composições fantásticas e
acima de tudo a coerência com a sua própria existência. Revela ainda Scliar que
tem um consolo. Os políticos e suas promessas são como trens nas estações de
metrôs. Eles passam, e a obra de arte permanece viva. É por isto que acha
inteligentes os governantes que dão apoio integral ás atividades culturais.
Scliar
confessa um grande vinculação com o estado. Lembrou sua amizade com Jorge
Amado, com quem, em 1941, veio para o sul da Bahia, onde em Pontal do Sul, na
fazenda do pai do escritor, realizou durante meses um trabalho que foi
essencial por mim, principalmente para a minha gravura, que se iniciou no ano
seguinte em São Paulo :
Os primeiros temas que gravei em São Paulo , em 1942,
foram temas realizados na Bahia.
Disse
que em 49, quando ilustrou em Paris o livro Seara Vermelha, utilizou muito a
experiência vivida no sul da Bahia.
Em
73, visitando, novamente com Jorge Amado e Zélia, Porto Seguro e Cabrália, me
apaixonei pelas cidades e, envolvido que estava em fazer painéis, pensei em
transformar essa impressão num trabalho que se consolidou no convite do
governador Antônio Carlos Magalhães para a confecção de dois painéis sobre essa
cidade, no prédio do IAPSEB, no Centro Administrativo da Bahia.
ESPAÇO
AOS JOVENS
Apesar de considerar válida a Bienal, Scliar
acha que ela não resolve a situação dos artistas mais jovens. Falando sobre as
bienais, e particularmente da Bienal Internacional de São Paulo, Carlos Scliar
disse que foram uma forma encontrada para dar aos jovens a sensação de que eles
existem, que são importantes e que ocupam um espaço determinado na arte atual.
Sou
favorável, disse, não só às bienais, mas a todos os espaços que permitam aos jovens
mostrar os seus trabalhos e suas idéias. Salientou, entretanto, que a
sobrevivência profissional é uma conquista e que a atividade de todos os
artistas, quaisquer que sejam as suas tendências, valem e ajudam nessa
afirmação.
Carlos
Scliar nasceu em Santa
Maria , no Rio Grande do Sul, a 21 de junho de 1920, e iniciou
em 1931 as suas primeiras atividades artísticas como colaborador de jornais.
Participou pela primeira vez de uma coletiva em 1935 e desde então não mais
parou. Um fato, no entanto, segundo faz questão de frisar, teve uma importância
capital para a sua obra: a convocação para a FEB e os combates na Itália, que
fizeram a sua arte, até então social passar a humanística, valorizando
sobretudo o homem e suas realizações.
Depois
de um intenso trabalho, segundo ele próprio afirma, e de comum acordo com as
entidades patrocinadoras, Scliar decidiu concentrar todas as suas exposições no
mês de novembro.
Assim,
além da exposição de pintura em Salvador, iniciará no dia 17, em Porto Alegre , outra
de pintura; no dia 20 uma de gravura no Museu das gravuras Brasileiras, em
Bajé, no dia 23 uma retrospectiva de gravura na Universidade Federal de Santa
Maria, cidade em que nasci e volto agora. No dia 27 encerrará a temporada com a
abertura de uma exposição de pinturas, em Recife.
O
PENSAMENTO DE SCLIAR
"Gostaria
de mostrar em cada obra que faço, qualquer que seja o tema, minha concepção do
mundo.
Tento
mostrá-la através das coisas que me rodeiam e que me parecem significantes,
seja um fruto, uma flor ou um objeto feito pela mão do homem.
Uso
tudo que aprendi: as formas, as cores, sua organização no espaço, os textos, as
colagens...
Nessa
minha tentativa de comunicação procuro passar adiante o que me parece essencial
termos consciência de que o mundo pode ser belo e habitável para todos os
homens.
Assistimos,
no entanto, a cobiça, a gana e a loucura de alguns, na defesa de seus
interesses, transformarem o mundo rápida e cientificamente num cemitério.
Queremos
crer que a inteligência e sensatez dos homens devam predominar.
Na
medida em que não lutamos contra isso somos coniventes e nos colocamos na
escala animal, como o mais estúpido; o único que vem sistematicamente
destruindo seu habitat.
A
todo o instante tenho consciência do que está acontecendo e desejaria, com minhas
obras, gestos e palavras, atuar sobre os homens.
Gostaria
de poder sensibilizá-los, fazer de seus olhos instrumentos inteligentes que
saibam ver, pensar e agir na defesa do que é belo e essencial para todos.
São
precários nossos meios e pretensiosas nossas intenções, e inúmeros os caminhos,
mas penso que todos os meios servem, até este catálogo, para discutirmos o que
nos parece mais importante.
Minha
crença nos valores fundamentais da humanidade faz de mim um elo, ainda que
precário, com tudo o que foi e que será. Tento fazer do ato de criar um
instante de inteligência e de amor ao homem." Carlos Scliar. Ouro Preto, outubro
de 1981.
BICO
DE PENA- O artista plástico Edmundo M. P. expõe suas mais novas criações em
bico de pena, até 24 deste mês, no hall da Biblioteca Central, Barris. Baiano,
Edmundo já desenvolve a arte em bico de pena há alguns anos, já tendo mostrado
seus trabalhos ao público no Gabinete Português de Leitura e Aliança Francesa.
Promoção da Fundação Cultural do Estado da Bahia.
ESCOLA
DE ARTE- A partir do próximo ano, funcionará em Salvador a primeira escola infantil
com toda a sua infra-estrutura educacional voltada para as artes. Trata-se da
Escola Nova, com sede na Rua Amazonas, 1316, Pituba, onde uma equipe de
professores especializados em educação infantil, tentará desenvolver um método
de ensino pedagogicamente novo, uma das razões do nome da escola. As crianças,
quer do material à 4ª série, terão como base para a aprendizagem, o contato
direto com todas as formas de arte.
PINTURA
REAL- O Príncipe Philip, marido da rainha Elizabeth, mostra pinturas de sua
autoria para promover as vendas de uma obra beneficente, anunciou o prefeito de
Londres.
Poucos
pintores amadores teriam a coragem de expor 36 de suas obras ao exame intenso
de cada polegada quadrada, disse um funcionário da empresa de leilões Sotheby.
É muita coragem , especialmente considerando a proeminência do pintor,
acrescentou. O príncipe Philips não colocará á venda os seus quadros, na
maioria paisagens, mas espera atrair com eles maior interesse para um leilão de
obras de arte destinado a angariar fundo para o seu programa de treinamento de
Liderança Juvenil.
O
prefeito de Londres, sir Ronald Gardner-Thorpe colocou seis dos quadros do
príncipe à mostra. A Sotheby exigirá todos os 36 de 18 a 23 de novembro.
Gardner-Thorpe
disse que o príncipe Philip é uma mistura de Gauguin e Laminck, enquanto que um
especialista perito em arte da Sotheby afirmou que o que mais se nota é o seu
senso de cor.
AIKO
EM FEIRA- A
artista plástica Iracy Aiko Watanabe vai inaugurar a sua primeira exposição
individual no próximo dia 21 de novembro de 1981 no Museu Regional de Feira de
Santana. Aiko vai mostrar suas últimas criações em desenho a nanquim, óleo
sobre tela e tapeçaria, retratando elementos característicos da cultura
japonesa e baiana. Esta será a primeira exposição individual de Aiko, mas seus
trabalhos já são conhecidos tanto em Feira de Santana como em Salvador, onde já
participou de várias exposições coletivas.
Sua
primeira mostra aconteceu justamente no Museu Regional, onde participou de uma
exposição juntamente com outros artistas integrantes do projeto Bolsa Arte, em
convênio com o Ministério da Educação e Cultura e Universidade Estadual de
Feira de Santana.
MUSEU
GERALD FORD - Uma festiva cerimônia, que contou com a presença de altas
personalidades norte-americanas e estrangeiras, marcou recentemente a
inauguração do Museu Gerald Ford, em Grand Rapids , Michingan, EUA. A nova e moderna edificação, com dois
pavimentos, abriga, entre outros aspectos interessantes, uma réplica perfeita
do Salão Oval da Casa Branca, bem como objetos, documentos e fotos relativos ao
período do governo do Presidente Ford (1974-1977). Na foto, no instante em que
era entoado o Hino nacional dos EUA, são vistos, a partir da esquerda: o
primeiro-ministro do Japão, Zenko Suzuki; o ex-presidente da França, Valery
Giscard d’Estaing ; o primeiro ministro do Canadá, Pierre Elliot Trudeau; o
presidente do México, José Lopez Portillo; a Sra George Bush; a Sra. Nancy Reagan,
a Sra. Betty Ford, o presidente dos EUA, Ronald Reagan, o ex-presidente Gerald
Ford e o Sr. John Sheperd, organizador da cerimônia inaugural.
UNIVERSITÁTIOS
PREMIADOS - O
júri que selecionou os participantes do VI Salão Nacional Universitário e premiou
os 10 melhores trabalhos foi integrado por quatro artistas e um jornalista
residentes em Porto
Alegre : o escultor Francisco Stockinger, os pintores Paulo
Porcella, Carlos José Pasquetti e Rubens Cabral (os dois últimos, do Instituto
Nacional de Artes Plásticas-INAP da Funarte) e o jornalista Décio Presser.
Eis
a relação das obras premiadas: Pintura: Detalhes de Interiores, de Jorge Luiz
Sampaio Duarte (RJ);Litorafia: Encontros dos Gatos Ei, de Rogéria Moreira de
Ipanema (RJ) e Sem título 10/15, de Suzana Queiroga (RJ). Desenho: Descaso do
Modelo, de Teresa Cavalcanti (RJ); O Cláudio Otto Nei e o Tio Negro, de Jailton
Marengo Moreira (RS); Mandala 72, 73 e 76- Conjunto de Emanuel Rubim (SP); Guerreiro III, de Paulo Fernando Campinho de Carvalho (RJ) e Margot e D.
Fernando, de Vicente Martinez Barrios (DF). Escultura: Comendo Bananas, Conjunto
de Miriam Massaro (MG). O Prêmio de Inovação Técnica foi concedido a Diva
Helena Picardo, de Minas Gerais, que concorreu com um desenho gravura em papel
artesanal intitulado Posta-Restante das Gerais II.
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