JORNAL A TARDE SEGUNDA-FEIRA,SALVADOR, 1º
DE FEVEREIRO DE 1988
CARLOS RODRIGUES ESTEVE NO SALÃO
DE PERNAMBUCO
A obra Pausa para Descansar, que expôs no Salão |
Esta
comissão, aliás, depois de examinar os trabalhos, frisou que “consideramos
que o salão reflete, na sua diversidade
de expressão a valores, a contemporaneidade da arte que se faz hoje no Brasil”.
Os trabalhos, expostos na Galeria Metropolitana de Arte Aluízio Magalhães -
Museu do Estado de Pernambuco-, resultou numa mostra “capaz de encantar os críticos
mais exigentes”, conforme disse o secretário de Turismo e esportes do governo
de Pernambuco, Maximiano Campos, para quem a arte ali apresentada revelou
“instigante e sedutora criação”.
Carlos
Rodrigues já realizou diversas exposições em Salvador e pinta desde 1973,
desenvolvendo também atividades profissionais
na área de publicidade (criação e arte) e em jornal, sendo o programador
visual do caderno Lazer & informação, de A TARDE. Sobre sua pintura, ele
diz: “Nunca fico satisfeito com o trabalho que acabo de fazer.“Quero
sempre mais e mais criatividade e acho que, aos poucos estou conseguindo fazer
algo realmente novo, criativo, o que é a essência da arte”.
FASCINANTE
E OTIMISTA
Carlos
Rodrigues disse que “quando eu pinto, me preocupo criar uma imagem que causa
impacto logo à primeira vista, que agrade, que chama a atenção das pessoas pelo
que tem de novo e bonito”.
“O
que encanta à primeira vista é um colorido riquíssimo, com um figurativo
extremamente expressivo”. A declaração, sobre a arte de Carlos Rodrigues, é do
professor de Estética da Universidade Federal da Bahia Ricardo Liper, para
quem, na pintura de Carlos, “O que mais agrada é que seu traço, junto ao
colorido, cria uma imagem vibrante da vida ao mesmo tempo que a critica com
elegância. Isto é muito difícil de se conseguir e por isso muito raro. Porque é
caricatura sem ser caricatura, é um colorido fascinante e otimista, lembra a
pop sem ser pop e há traços de expressionismo sem estar preso aos seus cânones
Acredito
que a sua ousadia é coroada de êxito. É impressionante o efeito.
Carlos
Rodrigues está preparando uma exposição em Salvador para o próximo mês de
abril, na qual deverá apresentar cerca de 15 óleos sobre tela novos, além de
trabalhos já conhecidos.
MUSEU
DE ARTE SACRA EM LIVRO
“Merece
o nosso apoio e o nosso aplauso qualquer modalidade de divulgação do patrimônio
histórico e artístico da Bahia. Sem editoras, sem nenhuma revista que leve para
fora daqui imagens do que temos de melhor, e que se degradam rapidamente,
contam-se nos dedos da mão as empresas baianas, que fazem algum esforço neste
sentido”. Esta observação é do diretor do Museu de Arte Sacra, Pedro Maia, a
qual endosso.
Recentemente,
foi publicado um volume sobre o Museu de Arte Sacra da UFBA., na série que o
Banco Safra, de São Paulo vem editando sobre os grandes museus do Brasil para
com o MAS.
Cada
volume da série traz um prefácio, uma introdução histórica sobre o museu, e
duas a três centenas de fotos em cores, comentadas pelo pessoal que nele
trabalha, mais outras tantas em preto e branco, com legendas. De formato e diagramação uniformes, os seis
volumes já publicados têm fotos de Rômulo Fialdini e os fotolitos e a impressão
fazem-se em algumas das melhores gráficas de SP, como a Lastri e a
Melhoramentos. A tiragem varia entre 10.000 e 18.000 exemplares - um recorde para
livros de arte no Brasil!
Os
clientes do Banco Safra estão incorporando, desta forma, livros de grande valor
à suas bibliotecas. Quem não o é, tem de
depender CZ$ 3.000, ou CZ$ 4.000.00... No caso do livro sobre o nosso belo Museu
de Arte Sacra, realçam adequadamente a importância artística, iconográfica ou
histórica de cada peça os comentários de José Roberto Teixeira Leite, Liana
Gomes Silveira, Luiz Roberto Pinto Dantas, Neuza Campos Borja e Pedro Moacir
Maia- diretor do MAS/UFBA. E editor do livro. Diz Pedro que são também
fotografias e textos, o melhor dos convites a visitar ou a resolver o MAS, na
Ladeira do Sodré, que, aliás, segundo sei, raramente é incluído pelos guias de
turismo em seus roteiros.
NAIR
CARVALHO MOSTRA SUA ARTE
Vou
falar hoje de uma pessoa muito presente na sociedade baiana e mais recentemente
no meio artístico. Trata-se de Nair de Carvalho que está expondo até o dia 7 do
corrente mês no Martim Club Hotel. Na realidade tenho tido pouco contato com a
artista, devido a minha vida atribulada de jornalista, principalmente por ficar
diariamente preso na redação até mais de 23 horas. Isto me impede de estar
presente em muitos locais onde poderia rever as pessoas, abraçar os amigos e participar
mais da vida da cidade. Isto só consigo aos sábados, e até, sou obrigado a ver
as exposições durante o dia. Mas, este é outro papo, porém, tem a ver, porque é
a razão da minha ausência na abertura de exposições.Quando
a gente pensa em Nair lembra de Genaro. Particularmente lembro da última vez que
o vi trabalhando ao cortar uma barata doce para estudar as suas estranhas e
dali tirar lições para seus tapetes. Da convivência do Genaro brotou em Nair o
gosto pela arte. Desta convivência de
sensibilidade frutificou um artista tema, doce mesmo, onde os pássaros e
outros animais que pinta parecem que estão vindo de um paraíso. Aliás, as
tartarugas, tão implacavelmente caçadas nas praias do litoral norte, Nair
resgata-as e transporta-as para este seu paraíso pictórico onde estão
protegidas da sanha dos caçadores. Aliás, seus últimos quadros são um
verdadeiro maná para todos aqueles que militam em movimentos ecológicos, porque
a artista recompõe esta natureza rica em cores, que hoje está sofrendo tanto,
com a presença de predadores de todos os tipos. As cores são carregadas desta
luminosidade tropical, que agrada não apenas pelo exotismo, mas também porque
ela conseguiu unir a composição com elementos ricos em plasticidade. Digo
sempre que o cavalo é o animal de porte mais bonito, mas as aves me fascinam.
Tenho uma espécie de adoração pelas aves. Pelo seu voo de liberdade a cortar o
infinito, deixando para trás o perigo e as incertezas. Acho mesmo que está
temática abraçada por Nair de Carvalho é muito rica e tudo depende da sua força
de vontade em pintar e pintar. O trabalho incessante é que leva o artista a
produzir com qualidade. O que vale é o talento aliado à disposição em produzir
e produzir com critério. A Nair de Carvalho é uma artista que vem melhorando a
cada dia a sua técnica. Noto inclusive que as pinceladas estão ficando mais
livres.
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