JORNAL A TARDE, SALVADOR, SEGUNDA-FEIRA, 06
DE JUNHO DE 1988
ROGÉRIA MATTOS EXPÕE COM MAIS NOVE ARTISTAS
Até
o dia 19 de junho a exposição 10 Artistas reunindo Ana Marcondes, Antônio Malta, Elizabeth Cortella, Fátima Lotfi,
Geraldo Paranhos, Gilberto Lefévre, Jacques Jesion, Paulo Nesadal, o mineiro
João Mendes e a baiana Rogéria Mattos. A exposição está na Galeria Funarte, São
Paulo e, são 50 trabalhos desses artistas, que já participaram de várias
individuais. Coube a Graciela Rodrigues organizar a exposição com a participação
efetiva dos artistas desde a seleção das obras e visitas aos ateliês de cada
um e a solução de problemas afins.
Portanto, uma curadoria diferente, pois foi feita pelos próprios artistas para
tornar a mostra mais pluralista e aberta, onde o próprio artista declara a
afinidade de linguagem a partir do seu próprio ponto de vista. Vamos conhecer
alguns deles um pouco mais.
Rogéria
Mattos, 28, baiana, reside em
São Paulo desde 85. Formação: autodidata, fez teatro durante
cinco anos. Criou cenários para peças infantis e, a partir daí, passou para a
pintura e a escultura. Participou de inúmeras coletivas e foi premiada em
vários salões entre os quais destacamos Prêmio Aquisição no XIX Salão Nacional
de Belo Horizonte, Prêmio Especial Medalha Pietro Maria Bardi, II Prêmio de
Pintura Jovem Pirelli Masp.
Acrílica
sobre tela, pintura colorida e vibrante,caracterizando mitos da terra onde
nasceu a Bahia, como ponto de partida para o universal..Ela
trilha com segurança o caminho da pintura expressiva e mágica. Suas formas
imaginárias são como Rogéria diz “ o vento das cores”.
Ana
Marcondes, 25, paulista, pinta desde os 14 anos e é formada na FAAP , premiada
em salões do Rio de Janeiro e São Paulo, apresenta telas em técnica mista ,
onde predominam os contrastes do claro e escuro, nunca o estático,propondo um
jogo espacial onde temos formas em movimento, o pesado e o leve, o claro e o
escuro... Segundo a própria artista explica.
Antonio
Malta, 26, paulista que participou do Grupo Casa 7, já expôs no MAM em 1987, na
Coletivo Olho e Olio . Dentre os vários prêmios que obteve destacamos II Prêmio
Pirelli Pintura Jovem.
Mito,obra de Rogéria acrílica sobre tela |
Elizabeth
Cortella, 38, paulista, estudou pintura com Juarez Magno, já participou de
inúmeros salões no País, entre eles 43º Salão Paranaense, foi premiada em
diversos deles. Também participou da VIII Bienal Internacional de Valparaíso,
Chile. Apresenta telas de técnica mista. Sua pintura é gestual, captando o
urbano, um canto qualquer do atelier, ou um beco na rua, uma figura. Sempre
fragmentos, gestos inacabados que se cristalizam na s pinturas de Elizabeth.
Fátima
Lotfi , 29,paulista, cursou a FAAP, atualmente frequenta o atelier de Gilberto
Salvador e Sayeg. Figurativa, possui um desenho expressivo e gestual,
registrando corpos pelo traço, relacionando fundo e figura, através da cor e da
pincelada. Apresenta desenhos em técnica mista sobre papel.
ESCULTURAS REUNIDAS NUMA BIENAL AINDA ESTE ANO
De
26 de novembro a 26 de fevereiro de 1989, será realizada no Rio de Janeiro, no
Parque Lage, a I Bienal de Escultura Ao Ar Livre que reunirá obras representativas
das principais tendências da escultura contemporânea brasileira dentro do
conceito de arte pública. Além da mostra principal, que se estenderá pelos 523
mil metros quadrados do parque Lage, a Bienal incluirá ainda um Jardim de
Esculturas que será implantado em caráter permanente no terraço da Escola de
Artes Visuais, duas salas especiais reunidos múltiplos tridimensionais e
desenhos de escultores, um seminário internacional sobre o tema Escultura em Espaço Público ,
seminários, cursos e Workshops.
Um júri integrado pelos críticos de arte
Frederico Morais – Diretor da Escola de Artes Visuais , Paulo Sérgio Duarte –
Diretor Executivo do Paço Imperial, no Rio de Janeiro; Sheila Leirner- Curadora
Geral das duas últimas Bienais de São Paulo e Evelyn Berg – Coordenadora do
Museu do Arte do Rio Grande do Sul reúne-se no próximo 1º de julho para indicar
10 escultores entre os mais importantes do País que serão convidados a
participar da Bienal. Em seguida , na primeira semana de agosto, o mesmo júri
vai selecionar entre os artistas livremente inscritos, 20 escultores os quais
juntamente com os 10 outros convidados receberão uma ajuda de custo de 726 OTNs
para realização, transporte e implantação de suas peças.
De
acordo com o Regulamento da Bienal, os artistas interessados em dela participar
deverão enviar até 3 protótipos em escala reduzida e de esculturas
obrigatoriamente inéditas, realizados no mesmo material com que serão
construídas, e cujas dimensões devem ser iguais ou inferiores a 30 x 30 cm . Como as esculturas
serão destinadas a um espaço aberto e público, a direção da Bienal lembra que
os materiais escolhidos devem ser resistentes ao sol, à chuva, vento etc. Os
protótipos deverão ser enviados com frete pago ou entregues diretamente na
Escola de Artes Visuais, Parque Lage, Rua Jardim Botânico, 414, CEP 22461, Rio
de Janeiro, entre 10 de junho e 22 de julho, com as respectivas fichas de
inscrição.
O
folheto contendo o Regulamento da Bienal e fica de inscrição , traz ainda um
histórico do Parque Lage, uma planta com indicações dos 48 locais previamente
selecionados para a instalação da peças. Os artistas interessados em examinar
estes locais , poderão procurar a EAV, às terças-feiras, de 14 às 18 horas,m já
a partir da próxima semana..
JARDIM DAS ESCULTURAS
A Sala Especial, no terraço da EAV reunirá cerca de 25 peças que, juntas, ilustrarão o percurso da escultura brasileira, do Modernismo à Contemporaneidade.
Com
a realização da Bienal do Rio de Janeiro, e de outras atividades, a Escola de
Artes Visuais quer resgatar para a cidade do Rio de Janeiro a posição de
principal centro cultural do País. Segundo Frederico Morais, Curador Geral da
Bienal, a escultura foi escolhida por estar vivendo , no Brasil, um momento de
plena ebulição criativa, após o predomínio da pintura durante toda esta década,
além de ser, tradicionalmente , uma das mais fortes vocações da arte
brasileira, desde o Aleijadinho.
No
Rio de Janeiro , o Regulamento da Bienal poderá ser encontrado na sede da
Escola de Artes Visuais e, nas demais capitais do país, nos principais museus,
galerias de arte e instituições culturais. Este colunista dispõe de alguns para distribuição.
RETALHOS
DE PORTUGAL NA GALERIA MALHOA
Retalhos de Portugal é a mostra que a artista angolana Guida Cappelo estará apresentando de
PINTURAS
DE SÉRGIO RABINOVITZ
A
arte de Sérgio Rabinovitz é universal. Poderíamos dizer que os riscos gestauis
cheios de sinuosidade têm algumas coisas a ver com nosso barroco que está
impregnado em tudo que fazemos. Mas, sua arte tem uma presença caligráfica. As
variações são sempre formais, é espaço, a cor. É o desenvolvimento de uma
linguagem como o próprio Sérgio faz questão de frisar. Atualmente , ele
considera mais racional, “é um elemento de construção da obra, a maioria das
pinturas e desenhos está sendo manocromáticas, e há uma delicadeza no trato da
superfície. Ao mesmo tempo, estou justapondo elementos das festas populares
aglutinados aos grafites, as ranhuras das paredes, o tempo e seu dilaceramento,
a inscrição acidental como somatório de uma estética”.
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