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domingo, 10 de fevereiro de 2013

QUATRO ARTISTAS DE FORA VÃO EXPOR NO SOLAR DO UNHÃO - 8 DE AGOSTO DE 1988


JORNAL A TARDE, SALVADOR,  SEGUNDA-FEIRA, 8 DE AGOSTO DE 1988

QUATRO ARTISTAS DE FORA VÃO EXPOR NO 
Uma obra de 1986 do artista David Largman
SOLAR DO UNHÃO

A vinda dos artistas David Largman, Jadir Freire, Mário Azevedo e Rogério Gomes (os três primeiros do Rio e o último de Maceió) é resultado da proposta do Departamento de Artes Plásticas de retomar o diálogo com outros centros produtores de artes plásticas. Espera Zivé Giudice que esta postura evitará que fiquemos ilhados, só recebendo informações através de publicações. É preciso entender, sem qualquer constrangimento, que durante esta década ficamos isolados por culpa da inexistência de uma política cultural que entendesse a necessidade de acolher bons artistas de fora. Também não foi possível a circulação da produção baiana, quer dizer, não promovemos a troca de experiências, com poucas exceções, por iniciativa de alguns artistas. A exposição desses artistas faz parte desse processo, que o Departamento de Artes Plásticas, inicia. Ela se caracteriza pela união de quatro artistas que trabalham conceitualmente com tendências abstratas, utilizando suportes de grandes dimensões. A mostra percorrerá outras capitais. Aqui, ela ficará no Solar do Unhão, de 9 de agosto a 21 de setembro, e depois seguirá para Maceió.

DAVID LARGMAN
O artista Davis Largman, que trabalha e vive no Rio de Janeiro já morou em Salvador e fez alguns projetos arquitetônicos na Bahia. E talvez o mais experiente deles. Nascido em Petrópolis, formado pela Faculdade Nacional de Arquitetura, frequentou a Escola de Artes Visuais, Parque Lage, participou da equipe dos arquitetos Afonso Eduardo Reidy e Oscar Niemeyer.
O crítico Marcus de Lontra Costa ressalta em seu trabalho a compreensão do nosso expressionismo e alegria, o colorido. Nota uma certa economia cromática, justificada - segundo Lontra- pela importância que o artista atribui ás formas e a construção de volumes. “A pintura de David se revela feliz, construída e organizada racionalmente, determinando nítidas relações entre os volumes.
Brevemente Jadir Freire vai expor no Escritório de Arte, David Largman e Rogério na Galeria O Cavalete. Tanto Mário Azevedo, como os demais, são artistas tarimbados e com algumas premiações em importantes salões.

CINQUENTA ARTISTAS REUNIDOS NUMA MOSTRA EM 
 JOÃO PESSOA
A exposição está montada no Espaço Cultural José Lins do Rego
Uma exposição abrangente está acontecendo até o final deste mês no Espaço Cultural José Lins de Rego, em João Pessoa, numa iniciativa do governo paraibano através da Fundação Espaço Cultural. O evento é significativo porque apresenta mais de 50 artistas de diversas tendências e técnicas demonstrando a preocupação dos organizadores em mostrar todos os lados da arte atual da Paraíba, bem como os valores desconhecidos do grande público.
Participam da exposição nomes já conhecidos do mercado de Arte nacional como João Câmara, Ivan Freitas, Raul Córdula, Hermano José, Flávio Tavares, dentre outros. Junto a nomes conhecidos foram convidados 22 novos artistas, o que totaliza quase 200 obras de pintura, cerâmica, escultura, ambientações, desenho, gravura, etc.
ARTE PARAIBANA?
O professor de Estética e História de Arte, Gabriel Bechara Filho, pertencente ao Departamento de Arte e Comunicação da Universidade da Paraíba, escreveu um artigo com este título acima que afirma se até hoje os estudos históricos sobre a arte paraibana não puderam caracterizar uma escola artística local a exemplo de Pernambuco; Bahia, Minas e Rio de Janeiro durante a Colônia, é possível, entretanto, perceber no legado em pedra dos entalhadores, uma singularidade que diferencia a produção da Paraíba desde o século XVII no Âmbito regional. Porém, nem mesmo esta tradição de esculturas em pedra calcária que vigorou até o final do século XVIII, tampouco os trabalhos deixado por artistas de outras regiões como os do baiano José Joaquim da Rocha, autor do teto do convento franciscano, conseguiram manter viva durante o século XIX, em meio à crise econômica permanente, uma produção artística à altura do passado.
Diz ainda o professor paraibano, enquanto os anos 70 foram marcados pela investida de alguns artistas locais no mercado de arte do Rio e São Paulo com a projeção de nomes a nível nacional, aqui se esboçavam as primeiras tentativas de galerias comerciais de arte. Foi a partir da consideração desse mercado de arte em João Pessoa, no final dos anos 70, que um número crescente de jovens artistas começou a surgir, na década seguinte.
A produção recente dos artistas paraibanos oriundos desde os anos 50 nos revela uma diversidade de tendências que ora retoma a paisagem a partir dos materiais encontrados, aprofundando assim uma vertente local antiga.ora continua o projeto não-figurativo deslanchando nos idos dos anos 60. mas há também a continuidade, desde esta época, de uma tradição de arte ingênua, além da majoritária tendência figurativa que tem no imaginário e até mesmo no fantástico, o seu espaço privilegiado de investigação.

               FLORIVAL EM PITUAÇU

Mais um espaço alternativo para a arte feita na Bahia está funcionando no Bar e Restaurante Pituaçu, que está expondo trabalhos da série Imagem do Inconsciente do artista Florival Oliveira. Ele é licenciado em Desenho e Plástica pela Universidade Federal da Bahia e atualmente é coordenador das Oficinas de Investigação Plástica do Museu de Arte Moderna da Bahia.
Flori como e mais conhecido, tem participado de vários eventos como o Salão Nacional de Artes Plásticas no Rio de Janeiro, Salão Nacional Universitário de Arte na Bahia e Santa Catarina. Foi um dos mais destacados nomes da geração 70 em 1985, da Mostra de Desenho no Parque Lage no mesmo ano. Enfim, é um artista engajado com os movimentos de arte baianos, inclusive integrou o grupo que fez vários murais no Rio Vermelho, Graça, Cabula e Federação de 83 a este ano.
Nesta sua explicação Flori apresenta trabalhos onde passeia entre a realidade e o mundo dos sonhos. São trabalhos onde predomina o grafismo e o gestual com a utilização, por vezes, de elementos semelhantes. Sua mostra será aberta no próximo dia 12, a partir das 21 horas e no mesmo espaço vão se apresentar os cantores André Daltro e Halter Maia.

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