JORNAL A TARDE, SALVADOR, SEGUNDA-FEIRA, 8 DE AGOSTO DE 1988
A vinda dos artistas David Largman, Jadir Freire, Mário Azevedo e Rogério
Gomes (os três primeiros do Rio e o último de Maceió) é resultado da proposta do
Departamento de Artes Plásticas de retomar o diálogo com outros centros
produtores de artes plásticas. Espera Zivé Giudice que esta postura evitará que
fiquemos ilhados, só recebendo informações através de publicações. É preciso
entender, sem qualquer constrangimento, que durante esta década ficamos
isolados por culpa da inexistência de uma política cultural que entendesse a
necessidade de acolher bons artistas de fora. Também não foi possível a
circulação da produção baiana, quer dizer, não promovemos a troca de
experiências, com poucas exceções, por iniciativa de alguns artistas. A
exposição desses artistas faz parte desse processo, que o Departamento de Artes
Plásticas, inicia. Ela se caracteriza pela união de quatro artistas que
trabalham conceitualmente com tendências abstratas, utilizando suportes de
grandes dimensões. A mostra percorrerá outras capitais. Aqui, ela ficará no
Solar do Unhão, de 9 de agosto a 21 de setembro, e depois seguirá para Maceió.
DAVID LARGMAN
O
artista Davis Largman, que trabalha e vive no Rio de Janeiro já morou em
Salvador e fez alguns projetos arquitetônicos na Bahia. E talvez o mais
experiente deles. Nascido em Petrópolis, formado pela Faculdade Nacional de
Arquitetura, frequentou a Escola de Artes Visuais, Parque Lage, participou da
equipe dos arquitetos Afonso Eduardo Reidy e Oscar Niemeyer.
O
crítico Marcus de Lontra Costa ressalta em seu trabalho a compreensão do nosso
expressionismo e alegria, o colorido. Nota uma certa economia cromática,
justificada - segundo Lontra- pela importância que o artista atribui ás formas e
a construção de volumes. “A pintura de David se revela feliz, construída e
organizada racionalmente, determinando nítidas relações entre os volumes.
Brevemente
Jadir Freire vai expor no Escritório de Arte, David Largman e Rogério na Galeria
O Cavalete. Tanto Mário Azevedo, como os demais, são artistas tarimbados e com
algumas premiações em importantes salões.
CINQUENTA
ARTISTAS REUNIDOS NUMA MOSTRA EM
JOÃO PESSOA
A exposição está montada no Espaço Cultural José Lins do Rego |
Participam
da exposição nomes já conhecidos do mercado de Arte nacional como João Câmara,
Ivan Freitas, Raul Córdula, Hermano José, Flávio Tavares, dentre outros. Junto
a nomes conhecidos foram convidados 22 novos artistas, o que totaliza quase 200
obras de pintura, cerâmica, escultura, ambientações, desenho, gravura, etc.
ARTE
PARAIBANA?
O
professor de Estética e História de Arte, Gabriel Bechara Filho, pertencente ao
Departamento de Arte e Comunicação da Universidade da Paraíba, escreveu um
artigo com este título acima que afirma se até hoje os estudos históricos sobre
a arte paraibana não puderam caracterizar uma escola artística local a exemplo
de Pernambuco; Bahia, Minas e Rio de Janeiro durante a Colônia, é possível,
entretanto, perceber no legado em pedra dos entalhadores, uma singularidade que
diferencia a produção da Paraíba desde o século XVII no Âmbito regional. Porém,
nem mesmo esta tradição de esculturas em pedra calcária que vigorou até o final
do século XVIII, tampouco os trabalhos deixado por artistas de outras regiões
como os do baiano José Joaquim da Rocha, autor do teto do convento franciscano,
conseguiram manter viva durante o século XIX, em meio à crise econômica
permanente, uma produção artística à altura do passado.
Diz
ainda o professor paraibano, enquanto os anos 70 foram marcados pela investida
de alguns artistas locais no mercado de arte do Rio e São Paulo com a projeção
de nomes a nível nacional, aqui se esboçavam as primeiras tentativas de
galerias comerciais de arte. Foi a partir da consideração desse mercado de arte
em João Pessoa ,
no final dos anos 70, que um número crescente de jovens artistas começou a
surgir, na década seguinte.
A
produção recente dos artistas paraibanos oriundos desde os anos 50 nos revela
uma diversidade de tendências que ora retoma a paisagem a partir dos materiais
encontrados, aprofundando assim uma vertente local antiga.ora continua o
projeto não-figurativo deslanchando nos idos dos anos 60. mas há também a
continuidade, desde esta época, de uma tradição de arte ingênua, além da
majoritária tendência figurativa que tem no imaginário e até mesmo no
fantástico, o seu espaço privilegiado de investigação.
FLORIVAL
EM PITUAÇU
Mais
um espaço alternativo para a arte feita na Bahia está funcionando no Bar e
Restaurante Pituaçu, que está expondo trabalhos da série Imagem do Inconsciente
do artista Florival Oliveira. Ele é licenciado em Desenho e Plástica pela
Universidade Federal da Bahia e atualmente é coordenador das Oficinas de
Investigação Plástica do Museu de Arte Moderna da Bahia.
Flori
como e mais conhecido, tem participado de vários eventos como o Salão Nacional
de Artes Plásticas no Rio de Janeiro, Salão Nacional Universitário de Arte na
Bahia e Santa Catarina. Foi um dos mais destacados nomes da geração 70 em 1985,
da Mostra de Desenho no Parque Lage no mesmo ano. Enfim, é um artista engajado
com os movimentos de arte baianos, inclusive integrou o grupo que fez vários
murais no Rio Vermelho, Graça, Cabula e Federação de 83 a este ano.
Nesta
sua explicação Flori apresenta trabalhos onde passeia entre a realidade e o
mundo dos sonhos. São trabalhos onde predomina o grafismo e o gestual com a
utilização, por vezes, de elementos semelhantes. Sua mostra será aberta no
próximo dia 12, a
partir das 21 horas e no mesmo espaço vão se apresentar os cantores André
Daltro e Halter Maia.
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