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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

BRASILEIROS INFLUENCIAM ARQUITETURA DA NIGÉRIA - 27 DE JULHO DE 1981-


JORNAL A TARDE, SALVADOR,   27 DE JULHO DE 1981

BRASILEIROS INFLUENCIAM ARQUITETURA DA NIGÉRIA

Na tentativa de mostrar a influência brasileira na arquitetura nigeriana, amanhã, ás 17:00h, no andar térreo da antiga Faculdade de Medicina, no Terreiro de Jesus, o Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBa., abre a exposição de fotografias Da Senzala ao Sobrado, arquitetura brasileira na Nigéria e na República Popular do Benim.
A mostra consta de trinta e seis fotografias do etnólogo francês Pierre Verger, medindo 1m de altura por 1,20 de largura enfocando as diversas influências da arte arquitetônica brasileira em construções nigerianas em termos de arquitetura religiosa ou sacra, fúnebre e residencial.
Com relação a arquitetura religiosa as fotos mostram igrejas católicas com construções e acabamentos tipicamente luso-brasileiros.
A construção fúnebre apresenta imensos mausoléus trabalhados pertencentes a famílias nigerianas de descendência brasileira e a residência, inúmeros sobrados com varandas que atestam a riqueza e o poderio das famílias afro-brasileiras.
O material é parte integrante de um conjunto amplo de documentos coletados na Nigéria e na República Popular do Benim durante dois anos de pesquisas. Tal material servirá de base para estudos sobre a contribuição afro-cultural dos ex-escravos afro-brasileiros que, voltando á terra ancestral introduziram elementos da cultura brasileiras que lá se arraigaram a religião e a culinária baiana, danças dramáticos (O Bumba meu Boi e o Cavalo Marinho), e a arquitetura colonial. É nesta última que se concentra a exposição, documentando a implantação e a expansão da arquitetura brasileira na África Ocidental assim como as comunidades em quase originou.
As fotografias de grupos foram reproduzidas das coleções das famílias Anthonio, de Oshogbô, da Rocha Thomas, Mendes e Martins de Lagos, Fragoso-Alakija e Suberu de Idadan, bem como dos arquivos da Societé des Missions Africanes (SMA) de Roma, graças à colaboração do PE. N. Douau. As fotos de arquitetura são de Pierre Verger, do Centre National de La Recherche Scientifique, atualmente professor visitante na Universidade de Ifé que, com elas, colaborou na pesquisa de Marianno Carneiro da Cunha, do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP e Manuela Carneiro da Cunha, do Conjunto de Antropologia da Unicamp.
Desta exposição realizada aos noventa anos da abolição da escravidão no Brasil, participam o Museu de Arqueologia e Etnologia da USP através da pesquisa realizada, a Divisão de Preservação do Departamento do Patrimônio Histórico, na sua organização e montagem e o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, cedendo o local para a sua apresentação.

COMUNIDADES BRASILEIRAS

Do começo do século XIX, após as revoltas as Bahia, e até o fim do século XIX deu-se um movimento de retorno de escravos libertos, africanos ou nascidos no Brasil, para terras da África Ocidental. Os de origem yorubá ou nagô, fon e gêgêmahi voltaram para as regiões que hoje constituem a Nigéria Ocidental e a República Popular do Benim (ex-Daomé). Estabeleceram-se principalmente nas cidades costeiras onde se localizavam os entrepostos comerciais europeus e aí formaram comunidades de artesãos e de comerciantes. Já nas gerações seguintes constituíam-se na primeira burguesia africana da África Ocidental.
Como comerciantes, esses brasileiros tentavam se apropriar do papel de intermediários com os mercados interioranos.Mantiveram também até o fim do século XIX, fortes laços comerciais com a Bahia. Importavam desde a carne seca e aguardente até móveis e carruagens do Brasil, e exportavam para a Bahia quantidades consideráveis de panos da costa, nozes de Kola, palha e sabão da costa.
Enquanto artesãos, levaram para a África Ocidental suas habilidades de carpinteiros, marceneiros, alfaiates, pedreiros e construtores.
Assim surgiram em Lagos, Uidá, Badagry e Ágüe bairros inteiros cuja arquitetura se inspirava diretamente da colonial brasileira. Como no Brasil, os sobrados atestavam a fortuna de seus proprietários.

SUCESSO

Hoje a chamada arquitetura brasileira predomina em toda a região yorubá do sudoeste da Nigéria, da República Popular do Benim e do Togo. Essa extraordinária expansão, que se iniciou no último quartel do século XIX,não se deveu apenas ao prestígio que essas casas conferiam a seus donos, enquanto símbolos de ocidentalização: por uma feliz convergência, o espaço da casa colonial de plano simétrico foi funcional para a conservação da organização social yorubá.
Esta se fundava em famílias poligâmicas, onde as várias esposas do chefe de família, seus filhos e suas noras cooperavam. Dipunham-se especialmente em unidades residenciais distribuídas em torno de um pátio, em torno do qual corria uma varanda, e que era o foco privilegiado da vida e do lazer comunitários. Esse udo do espaço perdurou na casa brasileira, através da valorização do corredor central, que passou a fazer as vezes a arquitetura brasileira se tenha colocado como uma etapa do próprio processo arquitetônico yorubá, ao qual veio prestar forma.

A PLASTICIDADE SENSUAL NA CRIAÇÃO DE DICINHO


Dicinho é um criador de visual que agrada olhos e espíritos, além de despertar as pessoas para a sensualidade.
Nesta sua segunda exposição em Salvador, são 25 quadros que mostram uma plasticidade com máscaras de mulheres, um cangaceiro e um astronauta, mais uma variedade de elementos inspirados em evidências da atualidade.
Não é sem razão que o título desta sua mostra é Namorados, Amantes, Amigos: a sensualidade das cores fica claro no trabalho de Dicinho, que passou muito tempo pesquisando a possibilidade de transformar o amarelo na cor de fundo predominante em quase todos os 25 quadros.
O artista esclarece: Trata-se de uma coleção fragmentada, ligada a acontecimentos do mundo, como voar em Asa Delta, por exemplo. A plasticidade do surf e do Wind Surf, dos patins e do próprio corpo nu das pessoas. Tudo isto induziu Dicinho a fazer de sua pintura uma coisa sensual.
A técnica de Dicinho é a peneira substituindo o areógrafo e envolvendo um treino que já dura seis anos, cujos efeitos proporcionam uma diversidade de visual que cerca, em figurativo e abstrato, o mineirismo, o dengo e a cor de praia, faz questão de observar o artista, que veio de Jequié, morou seis anos em São Paulo, onde fez cinco exposições, mas gosta de viver na Bahia.
Casou com Soninha, modelo fotográfico e professora de inglês, sua companheira que, lhe de um casal de filhos, Du e Carolina.
Simultaneamente à técnica antiga de peneirar as tintas, desenvolve algumas técnicas com bico-de-pena, spray, além de desenhar com a técnica de jato e pintar com tinta acrílica sobre acetato. Sua intenção é passar com a sua pintura, todas as coisas ligadas ao prazer, porque tem plasticidade sensual e cativante, com esta exposição que fica até o próximo dia 5, junto com as araras, no hall central do Hotel Meridien, Dicinho espera estar possibilitando um voo visual de Asa Delta como sensação primeira para o público. É ele quem arremata, falando da visão do artista diante do seu trabalho: "A feminilidade impera junto a masculinidade do sol, do cangaceiro e do astronauta."Vejam que vale a pena. As formas alongadas das personagens de seus quadros lembram Modiglianni.


COLETIVA- A Galeria Le Dome está com uma coletiva reunindo obras de Célia Maria Guimarães da Silva, Fransouder, José Francisco Pinheiro e Juraci Grisi. São cerca de trinta trabalhos, sendo que é a primeira vez que Célia Maria expõe.

MÁVIS- Há seis anos residindo em Salvador  a jovem Mávis Dill Kaipper realiza sua primeira individual na Galeria do Praiamar Hotel. Ela expõe 20 trabalhos e está disposta a continuar pintando, tendo inclusive abandonado um emprego para dedicar-se em tempo integral. A apresentação é do professor Carlos Eduardo da Rocha que afirma entre outras coisas que foi das que mais se destacava e muito cedo se afirmou como artista de apreciáveis recursos e criatividade.

LICURGO - Costumes e manifestações do povo brasileiro, especialmente negro, é o enfoque central da exposição de 25 trabalhos em óleo sobre tela que Licurgo está apresentando em Brasília Eucatextpo. Atualmente ele está preocupado com as manifestações populares. Retrato o povo sofrido do Nordeste, essa gente mais discriminada de todo o país.
Descrevo o menino sofrido e catador de detritos que pode virar um marginal (foto).

LEO KOCINAS- São Paulo Sociedade Anônima é o nome da exposição de fotografias que Leo Kocinas apresentará no Museu da Imagem e do Som até 23 de agosto. Natural de São Paulo e com 22 anos, Léo é um fotógrafo independente e membro da atual diretoria da União dos Fotógrafos do estado de São Paulo. Ele interrompeu os estudos do curso de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas no terceiro ano para se dedicar a fotografia.

CLUBE COMERCIAL- No próximo dia 21 de agosto será realizada a primeira exposição de artes promovida pelo Clube Comercial em sua sede na Avenida Sete de Setembro. Segundo seu presidente Theodomiro Baptista Filho, está sendo programado um atraente espetáculo artístico na data da abertura da mostra, que contará com trabalhos em porcelana, óleo, tapeçaria criados pelos sócios e amigos do clube.

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