JORNAL A TARDE, SALVADOR, SEGUNDA-FEIRA, 04 DE ABRIL DE 1988
PROJETO REMBRANDT REJEITA 200
OBRAS ATRIBUÍDAS
A ELE
A ELE
Desde
que foi instituído em 1968, o Projeto de Pesquisa Rembrandt- Amsterdam já
examinou quase 600 obras atribuídas ao mestre, em todo o mundo. Ao fazê-lo
provocou vibrante controvérsia entre connaisseurs e curadores de museus por
ter rejeitado quase metade das atribuições, reduzindo a cerca de 400 as obras
autênticas.
O
jornal londrino The Observer comentou briga recente, sobre a autenticidade de
dois Rembrandts da National Gallery britânica. O Projeto de Pesquisa Rembrandt,
através do seu chefe, professor Josua Bruyn, afirmou que determinadas áreas das
pinturas “foram produzidas por outra mão”, sendo de qualidade inferior, e,
portanto, nenhuma das duas pode ser aceita como obra autografada de Rembrandt.
Peter
Watson, do The Observer, explica que as obras discutidas são retratos; um é o
retrato de Philips Lucasz, diretor da Companhia das Índias Ocidentais, e a
comissão diz que a enorme gola de renda e outros acessórios não são do mestre.
O segundo é um retrato equestre de Frederick Rihal, renomado cavaleiro e
solteirão aristocrata, retrato antes considerado como o mais aristocrático
jamais pintado por Rembrandt.
Agora,
os especialistas holandeses acreditam que o cavalo todo foi obra de outra
pessoa. Mas o curador da National Gallery. Christopher Brown,, defende as
pinturas e critica o projeto: “O professor Bruyn e seus colegas pensam que
Rembrandt esteve sempre em ótima forma. Ele era procuradissimo em seu tempo:
Não admira que alguns retratos fossem melhores que outros. Com relação ao
retrato equestre, lembre-se que Rembrandt não tinha grande intimidade com
cavalos.
Somente
uma outra obra sua pode ser comparada a esta, na Frick Collection, em Nova Iorque. E
prossegue: “O cavalo é fraco, admito, mas isso não significa que outro pintou.
Quando foi produzido, em 1663. Rembrandt ainda não possuía estúdio.Portanto,
como afirmar que foi obra de estúdio? No passado o Projeto Rembrandt colheu
muito sucesso: em 1977 concluiu que outro Rembrandt na mesma National
Gallery a obra Scholar in Lofty Room não era
legítimo. Oito anos depois Brown concordou.
O
professor Bruyn acredita que sua equipe conseguiu identificar um excelente
falsificador de Rembrandt que viveu no sul dos Países Baixos, no final do século
XVII. Uma série de pinturas, em todo o mundo, revelam características similares
que não pertencem a Rembrandt disse ele. As pinturas, entretanto, estão todas
assinadas indicando possivelmente a intenção deliberada de enganar.
MERCADO
DE ARTE AGITA PARIS E LONDRES E TAMBÉM
A GRANDE MAÇÃ
A GRANDE MAÇÃ
Paris (AFP) Se Paris, que já foi a principal praça do mundo no mercado de obra de arte, aparece hoje em posição inferior frente a Londres e Nova Iorque, um balanço de 1987 acaba de demonstrar que a capital francesa está reagindo.
Drouot,
a primeira galeria parisiense em vendas, registrou no ano passado um volume de
negócios equivalente a 350 milhões de dólares, um crescimento de 42% em relação
a 1986.Esse excelente resultado, apresentado pelo presidente da Associação dos
Leiloeiros Parisiense, Joel-Marie Millon , deve-se em grande parte a alta dos
preços no mercado de arte moderna, onde o crescimento oscilou entre 60 a 100%. A Galeria Drouot,
no entanto continua muito distante das poderosas casas britânicas Sotheby’s e
Christie’s.
A
Sptheby’s , que no ano passado vendeu O Íris, de Van Gogh por 53 milhões e 900
mil dólares, recorde absoluto anunciou para 1987 um volume total de negócios da
ordem de um bilhão e 400 milhões de dólares, ou seja um crescimento de 60%.
Para
enfrentar a competência britânica, os leiloeiros parisienses incentivados por
Millon que pretende agilizar uma
profissão dificultada por uma regulamentação obsoleta parecem decididos a pegar
o touro pelos chifres. O principal entrave , que continua contendo o ímpeto dos
mais afoitos , é o imposto de 7% que o vendedor deve pagar aos Estado.
A
exemplo da Sotheby’s e a Chritie’s que sempre souberam organizar leilões com
ares de grandes espetáculos, oferecendo a compradores e vendedores serviços
eficazes, especialmente financeiro, Millon deseja que a Drouot se transforme numa
verdadeira empresa leiloeira com todos os serviços complementares –
financeiros, jurídicos,analíticos – e não um
simples ponto de venda.
Mas,
para atrair o dinheiro dos japoneses e norte-americanos, o mercado francês de
arte exige uma significativa redução do imposto. O Governo fez promessas mas
até agora não parece inclinado a abrir mão de uma fonte atraente de renda.
AS
MAZELAS DO BRASIL ESTÃO POR TODA PARTE
Recebo
outra correspondência da artista Liane Katsuki que está morando no estado de
Drenth , na cidade de Emmen , na Holanda. Sua cidade fica bem próxima da
fronteira alemã. Conta-me Liane que no último 4 de março, Dia Internacional da
Oração, foi convidada pelas autoridades locais, por ser tema o Brasil para
falar sobre o nosso País. Falou sobre tudo: a união das raças, a inflação
galopante, a corrupção que anda sujando as mãos de muita gente, a música, a
dança e, é claro, as artes plásticas. Ela recebeu um livrinho que está sendo
distribuído pelas igrejas de todo o mundo, onde as mazelas estão em destaque. Num canal
de televisão o programa pornô é nosso Carnaval no gênero denominado Pin-Up Club.
Daí seguem as catástrofes de Goiânia,enchente e assalto no Rio de Janeiro,
miséria no Nordeste.
Obra da artista brasileira exposta na Holanda |
Tudo isto aconteceu numa igrejinha do século XIV na cidade de Westerbork , aquela mesma onde muitos judeus foram presos e recrutados para seguirem para os campos de concentração nazistas.
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