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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

LEONEL MATTOS NO MASP NA SELEÇÃO HELENA RUBINSTEIN -13 DE OUTUBRO DE 1986

JORNAL A TARDE SALVADOR, 13 DE OUTUBRO DE 1986

LEONEL MATTOS NO MASP NA SELEÇÃO 
HELENA RUBINSTEIN

Todos já ouvimos falar da mulher Helena Rubinstein que é hoje marca registrada de produtos de beleza. Mas é bom saber que ela foi amiga de muitos artistas, como Auguste Renoir, Toulouse Lautrec, Picasso, Matisse, Dali e Braque. Dizem que foi até modelo de Renoir. Na verdade foi uma grande incentivadora dos artistas e uma prova maior disto são seus retratos pintados por Dali, Maurice Laurencin, Duffy dentre outros, que integram o grande acervo que deixou na fundação que leva o seu nome.
Objetivando prosseguir esta sua obra em favor da arte, alguns descendentes de Helena Rubinstein resolveram promover a 1ª Seleção de Arte jovem com vistas a renovação das artes plásticas e a afirmação dos jovens pintores brasileiros. Para nossa satisfação, integra este grupo o baiano Leonel Mattos, entre os 20 escolhidos por Jacob Klintowitz, que ora expõe no MASP.
O grupo apresenta várias tendências, e como diz Pietro Maria Bardi: “Mais que tendências idéias, preferências e improvisações que se manifestam, emergindo e características de uma singular inventiva, enfim, a distinção individualista que é o que vale e se  preza neste tempo de rupturas”.
                Elenco Urbano , obra recente de Leonel Mattos.
Já o Jacob Klintowitz explica:
“esta seleção permite uma comparação entre artistas jovens de até 35 anos, selecionados segundo a sua capacidade expressiva, reunindo diversas regiões brasileiras, tem o mérito imediato de nos mostrar um pouco do que nós somos. Certamente esta mostra é a primeira de uma série, mas ela já nos pode dizer um pouco da posição de nossos artistas em relação à forma ao suporte da arte, ao espaço contemporâneo e da possibilidade de permanência do caráter mitológico da imaginação brasileira”.
O trabalho de Leonel Mattos traz muito desta imaginária brasileira. Ela cria bichos fantásticos, como este da foto, que ora assemelha-se a um galo, tendo às costas um estandarte, e ora um bicho que não se parece com coisa alguma. São formas que surgem de sua capacidade de criar situações fantásticas e isto flui com muita força, porque o Leonel Mattos é explosivo. As formas vão brotando com a mesma força dos brotos das árvores que explodem por todos os lados. Lembro de uma árvore de porte que é mutilada, tendo seu caule quase totalmente retirado pelos especuladores da madeira e com uma chuva, por mais fraca que seja, o que ficou do caule explode em novos brotos e a árvore teima em sobreviver e vence seus mutiladores. É uma expressão de vida. Leonel Mattos é uma pessoa assim, que rompe as dificuldades, qu demonstra, através de sua arte, que as pessoas não são capazes de deixá-la passar despercebida. “A vida é um instrumento para a realização. Vamos tocar”, escreve o artista no catálogo que me enviou de São Paulo, onde fixou residência, e, assim, busca expor nos salões, nas coletivas, onde exista espaço para mostrar a sua obra. É um jovem batalhador. Um batalhador incansável que está vencendo.
Lembro de uma experiência que fez nas ruas de Salvador levando imensos painéis de madeirit e ali deixava que as pessoas que passavam pintassem. Fez vários desses painéis, sem qualquer preocupação em comercializar.
Mesmo enfrentando algumas dificuldades financeiras realizou o seu projeto e em seguida doou a maioria desses painéis. O que mesmo desejava era a participação do público em sua obra, e fez isto sem ajuda de qualquer organismo, quer seja privado ou público. Leonel está expondo ao lado de Ivan Gomes Pinheiro Machado, do Rio Grande do Sul; Alex Fleming, de São Paulo; Marcos Coelho Benjamin, de Minas; Bernardo Krasniansky, do Paraguai; Jorge Gustavo Andrade Franco, de São Paulo; Otávio Roth, São Paulo; Rubem Esmanhoto, Paraná; Carlos Otávio Fiúza Moreira, Rio de Janeiro;Arlindo Daibert, Minas; Aprígio, Pernambuco; Alberto Lefebre, São Paulo; Ester Grinspum, Pernambuco; Paulo Sayer, São Paulo; Helena Prado, São Paulo; Luiz Antônio Pizarro Ferreira, Rio de Janeiro; Luiz Hermano Façanha Farias, do Ceará; Décio Soncini, São Paulo; Carlos Matuck, São Paulo e Eneas Valle, Amazonas.

VIGA RESGATA MENSAGENS COLORIDAS DA INFÂNCIA

Ela está envolvida com a educação infantil. Meiga e sensível vai recolhendo as imagens, formas e cores carregadas da doçura infantil. No mundo mágico da criança, onde os adultos não conseguem penetrar a fundo, Viga vai colorindo seus caminhos. São fragmentos que são recolhidos, juntados, e cada quadro vira um poema de cor. Maninho é um personagem que encerra exatamente esta sua curiosidade em busca de entender melhor a linguagem infantil. Através de uma estória ela brinca, como uma criança, com seus personagens plásticos: Maninho e os dados. “Quem é você?”
-Eu sou Marinho, /a Terra vim conhecer./ Enviado por um astronauta,/ que me disse que ela é bonita e feliz: / Pessoas, casas e animais. / Como você, num dado eu moro, /nele vemos tudo... / É o dado do faz-de-conta”. Maninho defende o meio ambiente.
Esta é a apresentação de Maninho. Com sua cara gorducha e seus cabelos lisos ele chega como um anjo em visita a esta Terra tão conturbada. A aquarelista e colorista Viga é uma ilustradora de mão cheia de livros infantis. Utilizando principalmente o verde, amarelo e o azul ela introduz Maninho em situações as mais diversas. Numa delas Maninho protesta contra a falta de respeito para com o meio ambiente, lembra das brincadeiras infantis, da roda, do chicotinho queimado, do esconde-esconde, os quais foram substituídos por figuras grotescas que dão tiros para todos o lados sob o pretexto de defender o bem e a felicidade.
Porém, Maria Virgínia Gordilho Martins, mãe e professora, ainda acredita que há salvação. E para que isto aconteça ela tenta resgatar as brincadeiras infantis, o relacionamento terno, através de suas estórias que são verdadeiros poemas-plásticos. As cores e as formas são apenas suportes de suas mensagens de amor em defesa da criança. Quer chamar a atenção dos adultos que a vida não é feita somente de disputas. É preciso plantar e colher amor. Viga quer parar com o barulho das moto-serras que derrubam as árvores indefesas, quer parar os fuzis que mutilam e matam, quer colocar o Maria-Fumaça na linha para que continue trazendo boas-novas às pequenas localidades quer ver o mundo girando com suas florestas e seus rios despoluídos. Enfim, ela quer harmonia para esta vida tão desarmoniosa que vivemos. Que surjam muitos Maninhos e que Viga continue dando esta lição de vida por este País afora.

                APOIO AOS ARTISTAS NOVOS

Uma experiência interessante está realizando a Genesis Galeria de Arte com o Plano Especial de Compra (PEC) destinado a colocar no mercado de obras de arte de jovens artistas. Esta galeria só trabalha com artistas novos e é dirigida por jovens.
Eles criaram um clube, que intitularam Clube de Arte Genesis que vai promover palestras, exibição de vídeos e mostras de arte de
novos artistas visando colocá-los definitivamente no circuito e no mercado de arte.
Já integram o PEC os artistas Ângela Cunha, Bel Borba, Celuque, Florival Oliveira, Guache, Justino Marinho, Maria Adair, Maso, Murilo, Otaviano Moniz Barreto, Válber e Zivé.
A Galeria Genesis fica no Boulevard do Rio Vermelho, na Rua Borges Reis, nº5, e funciona das 10 até as 20 horas. Vamos torcer para dar certo esta iniciativa em apoio dos artistas que ainda enfrentam algumas dificuldades para vencer neste mercado tão disputado.
A galeria está expondo várias obras desses novos artistas que representam as mais novas tendências das artes plásticas em nosso estado.Na foto, um trabalho de Ângela Cunha, que agora está pintando, pois deixou a gravura por uns tempos.

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