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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

NÍVEL DAS OBRAS GARANTE O SUCESSO DO SALÃO METANOR/COPENOR - 06 de outubro de 1986

SALVADOR, JORNAL A TARDE, 06 de outubro de 1986.

NÍVEL DAS OBRAS GARANTE O SUCESSO DO
 I  SALÃO METANOR /COPENOR


As obras estão expostas em três compartimentos do Museu de Arte da Bahia, no Corredor da Vitória.

Quase mil pessoas compareceram a abertura do I Salão Metanor/Copenor de Artes Visuais da Bahia do qual sou o curador, ou seja, uma espécie de patrono, de zelador do Salão. Aquele que tem o encargo de cuidar para que tudo dê certo. Felizmente já posso dizer que o Salão é um sucesso de público, e principalmente de qualidade.
É verdade que algumas obras ainda poderiam estar ausentes da mostra, mas a escolha recaiu democraticamente sobre a responsabilidade de um Júri Especializado e de outro, formado de executivos do Pólo petroquímico. Também, democraticamente, os visitantes vão escolher, dentro do seu universo de conhecimento, o trabalho que receberá igualmente o Prêmio de Aquisição, no valor estipulado pelo autor, no momento da sua inscrição.
Quero falar aos que ficaram de fora. Àqueles cujas obras não constam da mostra do Salão. Não é hora de desanimar! É hora de continuar trabalhando, e de agora em diante, com maior seriedade. Não cultuem os elogios fáceis de parentes e amigos. Vão fundo.
Trabalhem, pintem e pintem pra valer, porque só assim as coisas vão melhorando de qualidade.
Leiam e vejam tudo que é exposto nas galerias e que vem estampado nas revistas e jornais. Nada de desânimo, porque desanimar é sinal de fraqueza. Numa competição vence o mais hábil, aquele que apresenta melhor a sua obra.
Os critérios, eu sei, são subjetivos, passíveis de erros. Mas, creiam os que lá estavam se esforçaram para acertar, e acredito que existem muito mais acertos que erros.
Quero também falar aos vitoriosos. Esta vitória é importante, mas não é tudo!Vocês têm muita coisa a realizar em termos de qualidade, de técnica de conhecimento e mesmo de participação na contemporaneidade. Nada de vaidade, porque assim estarão partindo para o caminho do insucesso. Suas responsabilidades aumentaram, porque a partir de então vão exigir mais de vocês. Vão fazer comparações e determinar parâmetros entre o que vocês produziam o daqui por diante. Nada de pensar que “sou bom”. Porque existem centenas de artistas tão bons e melhores do que vocês.
                               Ao lado a obra Abertos e Fechados, de Lídia
Ninguém é insuperável, e sendo um Salão de novos, de pessoas que nunca fizeram uma individual de pintura, já demonstra que as habilidades ainda são efêmeras, são iniciantes. Vamos com calma.
É hora de alegria porque afinal de contas, entre 287 artistas concorrentes e mais de 800 obras você foi o escolhido, suas obras, estão expostas com uma etiqueta ao lado, indicando que fora
MUITO DIFÍCIL

Este é realmente o segundo evento de arte plástica que entrei pra valer. O primeiro foi Geração 70, que marcou o movimento de arte baiano. Agora é este o I Salão da Metanor / Copenor, do qual cheguei a certa altura a duvidar do seu sucesso. Os organizadores envolveram, no início, muita gente que não estava interessada em realizar coisa alguma. Felizmente, as coisas foram clareando e inteligentemente eles se fixaram em Ivo Vellame, Juarez Paraíso, Ana Maria Villar, Aylton Lima, e nos críticos do sul que ajudei a indicar o Frederico de Moraes e o Olney Kruse. Daí em diante as coisas andaram. Muitas dificuldades vencemos.
Obra de Gabriel Lopes Pontes, premiada.
Da necessidade de sair apressados para comprar pregos para colocar os quadros nas paredes, da montagem que foi feita por nós, e dos pequenos incidentes que sempre ocorrem nestes eventos. Tanto o Presser, da Metanor / Copenor como a Fiorella Fatio, da Inform, e especialmente esta, mostraram-se realmente dispostos a levar a coisa adiante. Você não imagina o número de pequenos detalhes que surgem por trás de uma promoção deste nível.
Mas, o que importa é que o Salão está ai com 90 artistas expondo 130 obras. Para aqueles que gostam de arte é um evento  que não devem deixar de verem. E tenho certeza que ficarão surpresos porque foi esta a sensação de centenas de pessoas que já tiveram a oportunidade de visitá-lo. Muitos ficaram realmente espantados. “Não sabia que tinha tanta gente pintando tão bem. E, gente jovem, informada do que está ocorrendo no mundo”, desabafou Antoneto, ao comentar o nível do Salão. Ouvi várias vezes expressões de satisfação sobre o nível do Salão.
                                                                                         Jesus no Monte das Oliveiras, de Ayrson
Por falar em Antoneto não posso esquecer o desprendimento de Carmen Carvalho, Graça Ramos, Capelotti, Aylton Lima, Juarez Paraíso, Márcia Magno, Andrea, Renato Viana, Juracy Dórea, que pintaram os outdoors que hoje ainda enfeitam a Avenida Garibaldi. Agora, vamos aguardar o catálogo, e também, a mudança da mostra para a ala nova do shopping Center Iguatemi, quando assim muitos que não freqüentam museus e galerias terão oportunidade de apreciar os trabalhos dos novos artistas baianos. Portanto, até o dia 12 de outubro as obras estão no Museu de Arte da Bahia, no Corredor da Vitória e depois no Iguatemi.
Tivemos que estabelecer critérios de julgamento que não fossem muito rigorosos, tendo em vista que o evento é voltado para novos talentos. Mas, tinham que ser fundamentados em critérios universais de temática, de habilidade pictórica, de técnica,
Enfim, da presença no seu tempo e assim por diante. Foram, premiados três artistas, porque o Júri Especializado escolheu dois para primeiro lugar e o Júri do Pólo premiou um, além de 20 Menções Honrosas, sendo que cada júri concedeu 10.
Eis a relação dos premiados:
Júri Especializado: 1º colocado (empate): Ayrson Heráclito – obra: “Jesus No Monte das Oliveiras”. Técnica: Têmpera e acrílico; Gabriel Lopes Pontes – obra: Os Dois Perdidos Numa Noite Imunda. Técnica: Acrílico, látex, nanquim sobre papel.
Júri do Pólo Petroquímico: 1ª Colocada – Lídia Tereza Ferreira Quintas – obra: Abertos e Fechados. Técnica: Guache sobre papel.
 Menção Honrosa do Júri Especializado: Antonio Brasileiro Borges, Benedito Cardoso de Santana, Carlos Henrique Oliveira Passos, Donizete Antonio de Lima, Elder Carvalho, França F. Campos Daltro de Castro, Lídia Tereza Ferreira Quintas, Moacir D”Ávila, Terezinha Francisca das Neves Borges.
Menção Honrosa do Júri do Pólo Petroquímico: Alberto C., Dias Rodrigues, Antonio Carlos Meireles, Antonio Lobo, Arnaldo C. de Oliveira, Astor Carneiro Lima, Carlos Henrique Oliveira Passos, Helena M. Cacentino, Minuro Kawasaki, Otávio N. de Almeida Filho e Paulo César S. Pereira.

Momento em que discutíamos a melhor maneira para colocação das obras selecionadas no Salão

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