JORNAL A TARDE, SALVADOR, 17 DE FEVEREIRO DE 1986.
UM MUSEU ONDE ESTÃO OS PICASSOS DE PICASSO
o |
Museu Picasso onde está boa parte da obra do artista |
O Beijo, acervo do Museu Picasso, Paris |
Do subsolo ao primeiro andar estão as coleções permanentes, enquanto que o segundo é reservado às exposições temporárias e à documentação. O atual acervo não deixa de ser surpreendente, ao saber-se que em 1945 apenas três telas de Picasso figuravam nas coleções públicas francesas com todas as peças restauradas e autênticas, entre as quais seu primeiro quadro aos 14 anos de idade. No entanto, é com “Auto-retrato Azul”, do inverno de 1901, que começa realmente a coleção: esta tela marca a sua chegada a Paris. Em sete salas divididas em fases ou épocas, a evolução de uma obra que não para de se confrontar, de se definir e de celebrar a pintura universal, um trabalho concluído durante um século, pois o pintor viveu 93 anos.
Picasso trabalhando na famosa Guernica |
Também
guardava suas telas e esculturas como decoração ativa de sua vida cotidiana, e
raramente emprestava as obras de sua coleção pessoal, somente para as grandes
ocasiões, como as retrospectivas. De enorme atividade criativa, produzia muito
e guardava perto de si o essencial de sua obra sem se submeter às exigências do
mercado, motivo principal da presença na coleção de um bom número de
obras-primas. Ele sabia que este conjunto não deveria ser dissociado, que era
significativo do desenvolvimento coerente de sua obra, e assim deveria ser
mantido para o futuro.
Esta
escolha dos organizadores foi feita em acordo com os herdeiros de Pablo
Picasso: o destaque para o conteúdo sentimental, pessoal e familiar das obras
sem esquecer o seu caráter mais difícil, o artístico e histórico. A decisão
resultou neste novo museu praticamente sem lacunas, no qual os enriquecimentos
recentes e futuros contribuirão a fazer do lugar um vasto universo da arte.
Todas as obras são ligadas à sua vida ou aos seus momentos. Ali estão retratados os períodos rosa e azul, a época lírica da juventude do artista e de sua admiração por Cézanne; a influência da arte antiga ibérica; o pré-Cubismo de 1908-1909 e o Cubismo de 1910-1914 (decomposição do que seria o quadro); introdução à colagem (matérias estranhas à pintura); desenhos sobre jornal, violões e madeira; os primeiros anos do pós- guerra (obra de volume); em seguida de uma viagem a Roma, rompe com o Cubismo e passa ao Neoclassicismo (impressionou-se com Rafael); o Expressionismo dos anos 50 e 60, seu momento de maior sucesso, muito colorido; o Sintetismo (papel colado na gravura); a influência do Mediterrâneo; a fase do Minotauro. Enfim suas obras particulares de Renoir, Matisse, Miró; manuscritos muito raros, documentos originais, fotos da família e as esculturas expostas no pátio inteiro do museu.
APOIO ÀS ARTES AJUDA CRIAR UMA BOA IMAGEM
O
apoio empresarial às artes não constitui novidade nos Estados Unidos.Antiguidade,
uma companhia de satisfazia com uma menção nas listas das empresas que
emprestavam seu apoio ou, talvez, com uma pequena citação na segunda página do
programa. Hoje em dia, as empresas estão-se conscientizando de que as artes não
são boas apenas para a comunidade, mas também para os negócios.
Tal
como disse Charles Croce, vice-presidente e diretor de comunicações culturais
da agência de publicidade N.W.Ayer, “estar havendo um distanciamento da
filantropia pura para uma posição mais mercadológica. Há dez anos, os recursos
empresariais para as artes seriam provenientes dos orçamentos para fins
filantrópicos; hoje, são das verbas de mercadologia”.
A
American Telephone e Telegraph (ATeT) pode ter sido a força catalisadora deste
nova situação.Quando
iniciou, em 1979, seu programa Orquestras em Tournées (Orchestras on Tour),
dando continuidade a uma programação ininterrupta de 40 anos de subscrição de
programação artística, a ATeT deu prova a um curioso mundo empresarial de que
era possível enviar organizações artísticas para outros locais fora de sua
sede, e conquistar muitos pontos em termos de relações públicas, além do
prestígio interno.
Recepções,
jantares e outras atividades sociais do gênero podiam ser planejadas em função
de um concerto de uma orquestra visitante. Era possível adquirir os melhores
lugares para esses concertos e oferecê-los a clientes em perspectiva. O
logotipo da ATeT, juntamente com a filial local da Bell devam projeção e
credibilidade à companhia entre os culturalmente afinados, que, na maioria das
vezes, compunham o mercado que muitas empresas contemplavam em primeiro lugar.
Agora,
a idéia pegou. Infelizmente, a transformação acionária porque passou,
recentemente, forçou a ATeT a renunciar a seu notável programa.
Atualmente,
a empresa subscreve ATeT Presents Carnegie Hall Tonight (ATeT Apresenta
Carnegie Hall Hoje), um programa radiofônico transmitido para todo o país.
Porém, outras empresas empunham a bandeira da doação promocional, embora de
forma acentuadamente te diferente.
O Elliot Ballet se apresentando em Chicago sob o patrocínio da empresa Merril Lynch. |
Judith A.Jedlicka , Presidente do Conselho Empresarial Para as Artes, e Inc. Chefia um escritório que incentiva empresas interessadas, de grande e pequeno porte, a explorarem as artes como,empreendimento promocional.Ela afirma que as doações empresariais sempre foram substanciais, mas agora há um empenho mais consciente de setores que darão mais projeção à Companhia. “ A primeira preocupação das empresas é com o setor em que funciona. Há , atualmente, muito mais noção de associação de mercadologia e publicidade às artes, e isto está granjeando-lhes muito mais projeção junto ao público.Albert K. Webster , Diretor Administrativo da Filarmônica de Nova Iorque, refere-se especificamente ao City Bank, mas seus comentários aplicam-se a todas as firmas: “ Nossa associação se adapta a sua finalidade, que é lucro de vendas, e imagens, etc.; para um banco que busca uma clientela que se sente atraída por um concerto ou lisonjeada com um convite para um recital ou uma recepção antes ou depois dele. “É apenas um bom negócio, e , do meu ponto de vista, o aspecto mais importante de apoio do City Bank à Filarmônica”.Os objetivos de Merrill Lynch são semelhantes, embora os meios de alcançá-los seja um tanto diferente. Michael Wall , um dos vice-presidentes da Merril Lynch e também Gerente do Departamento de Eventos Especiais , observa que “ as grandes empresas com sistema de filiais são constantemente acusadas de fazerem dinheiro nas cidades e depois retirarem o delas”.( Por Thor Ecket Jr.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário