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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

CINCO EXPOSIÇÕES AGITAM A VIDA CULTURAL EM PARIS - 09 DE JUNHO DE 1986

JORNAL A TARDE SALVADOR, 09 DE JUNHO DE 1986

CINCO EXPOSIÇÕES AGITAM A VIDA CULTURAL EM PARIS

Duas Tartarugas Brasileiras, de Erckhout - 1610-1666.
Meu ex-aluno Eduardo Tawail está em Paris fazendo um curso na área de Comunicação e esporadicamente colabora com esta coluna. Agora ele faz uma matéria sobre as exposições neste início de Verão parisiense. Vejamos:

De Paris, Via Varig- São muitas as exposições de pintura e desenho nesta Primavera /Verão parisiense. Para quem visita a cidade neste período e gosta de fazer um programa fora do turismo tradicional, eis aqui cinco principais, todas promovidas pela Reunião dos Museus Nacionais.
Para marcar o lançamento do livro Inventaire des Pasteis Du XIX Siècle, redigido por Geneviève Monnier, o Museu do Louvre reuniu, no Pavilhão de Flora, um conjunto de obras de mestres como Delacroix, Degas, Rodin,Gauguin, Renoir e Manet na exposição Pastéis do Século XIX. É o mais importante conjunto reunido numa coleção pública e o mais representativo da evolução desta técnica colorida e flexível. Inicialmente restrito à arte do portrait no Século XVIII, o pastel ganha sua autonomia no século da fotografia, tratando os mais diversos temas e tornando-se uma das expressões mais diretas e individualizadas do artista moderno.
Delacroix prefere o pastel a óleo para confirmar, em pequenos esboços, a instantaneidade de suas impressões diante de um pôr-do-sol na planície ou de seu jardim de Champrosay no crepúsculo, como fará mais tarde Boudin nos seus estudos do céu. Millet confere a suas figuras de camponeses força sintética e monumento, e, ás vezes, no enquadramento de uma cena, uma audácia que anuncia Degas. Com Manet, o pastel se libera dos seus últimos entraves e opõe escuros profundos aos tons claros. Outro mestre do pastel do fim do século é o visionário Rodin, que graça a esta técnica introduziu progressivamente a cor numa obra consagrada por muito tempo ao preto e branco, até admiráveis sinfonias coloridas que transmitem a intensidade de sua vida interior. A partir de Outono 86, os pastéis da segunda metade do Séc. XIX serão expostos nas salas do futuro Museu d’Orsay.
A Vingança Divina Perseguindo o Crime
Também no Pavilhão de Flora, no Louvre, só que numa galeria ao lado, até o dia 1º de setembro, Justiça e A Vingança  Divina Perseguindo o Crime. Trata-se de um quadro de Pierre Paul Prud’hon (1758-1823), mais conhecido que seu autor. Essa imagem forte, essencialmente trágica, fez sensação no Salão de 1808. Prud’hon, famoso por seus temas mitológicos e eróticos, mostrava o que era a contracorrente da arte de um David, até então incontestável: à pintura heróica, ela opunha o sentimento; à luminosidade uniforme que privilegia o desenho, o claro-escuro que faz falar a forma. Até a concepção desta obra era inteiramente nova, mesmo seu tema: uma alegoria profana do crime e de seu castigo.
Encarregado, em 1804, de pintar um quadro clássico para o Palácio de Justiça, com imagens baseadas na Mitologia Grega, o artista modifica e finalmente executa um quadro dinâmico e eficaz, para revelar a justiça, a força, a prudência, a vingança divina: uma ambiência noturna, a luz trágica, assim que as expressões que traduzem o drama interior. Comenta-se que na sala dos réus, os acusados tremiam e desmaiavam quando o viam. Em 1815, julgado “indesejável”, o quadro foi substituído por Cristo na Cruz e em 1826 entre para o Louvre. Assim como seu autor, o quadro não é facilmente classificável: é considerado neoclássico, pela retórica, e pré-romântico, pelo sentimento. A exportação é dividida em quatro partes, em torno do quadro: a carreira do artista; a idéia e concepção; o significado da imagem para a pintura, correntes e técnicas; e as riquezas da imagem, sua popularidade e referências para outros artistas que prestaram diversas e inesperadas homenagens ao quadro, a qual a mais surpreendente chama-se Guernica, de Picasso.
De Carrache a Guardi, A Pintura italiana dos séculos XVII e XVIII está no Museu de Luxemburgo, no 6º Distrito de Paris. É um apanhado dos principais quadros de autores italianos dos museus do Nord/Pás-de/Calais, na região norte da França. O objetivo é de analisar as tendências dos pintores a atribuir seus quadros as diferente escolas, como à escola napolitana do Séc. XVII, a de Gênova e a Florentina da primeira metade do mesmo século. Catalogadas e expostas em grupos segundo seu estilo, as obras mostram temas religiosos e imagens de santos, personagens mitológicos gregos e paisagens. O retrato e a natureza morta constituem igualmente uma parte importante nesta exposição.
Perto dali, na Rue Du Cherche Midi, o Museu Hébert exibe até 25 de agosto Paul Baudry, Ernest Hébert: Uma Amizade de Trinta anos, para comemorar o centenário da morte de Baudry (1828-1886), pintor da Ópera de Paris. Era um grande amigo do pintor Hébert e como ele, importante figura da vida artística do Segundo Império.
Este artista que pinta deusas de peles sutis, em poses flexíveis, banhadas de uma luminosidade doce e dourada é um grave representante do ecletismo dos anos 1860-80. As qualidades de Baudry aparecem nos retratos, intensidade do olhar, leveza no toque e moderação das cores, assim como em quadros como La Toilette de Vênus”, os grandes modelos da Renascença, característicos da alma de sua época e que seduziu Charles Garnier, arquiteto da Ópera, onde ele se revelou como decorador.
Do outro lado do Sena são Os Pintores Holandeses do Mauritshuis de Haia que ocupam até o fim do mês uma das galerias do Grand Palais. Desde fevereiro, é o maior sucesso da temporada, apresentando 60 quadros escolhidos entre as obras-primas do Mauritshuis, um dos museus mais fascinantes da Europa, que deve seu nome ao fundador, o príncipe Maurício de Nassau (1604-1679). De Rembrandt a Vermeer, eles testemunham a qualidade das obras, a diversidade, a energia e a criatividade da pintura holandesa do Século de Ouro.
À exceção de algumas telas históricas do seu início, a pintura holandesa revela imagens familiares dos Países Baixos, cenas pitorescas, intimistas, naturezas mortas exuberantes ou que lembram a brevidade da vida, ou simplesmente paisagens de cidades e do campo, como Vista de Delft (Vermeer) e o Touro, de Paul Potter, e vistas do mar. Os artistas holandeses fugiram à ação, aos grandes temas, à ostentação, porque queriam despertar nas pessoas uma consciência através de uma pintura acessível, que termina por nos embeber e cativar, bruscamente por uma lembrança, ou uma idéia.

CHOLO EXPÕE TRÊS PAINÉIS NA COLETIVA DA PANORAMA
Vejam a perfeição do telhado deste casario feito com espátula


O pintor peruano Cholo está de volta com força total. Depois de algum tempo fora do circuito das galerias ele retorna com uma coletiva na Galeria Panorama que começou na semana passada e conta ainda com as presenças de Crispim, Dílson Oliveira, Edith Bruni, H. Jones, Ivo Neto, José Francisco da Silva, Lavínia Gondim, Manoel Nogueira, Meireles, Miriam Correia, Nay, Paulo Bonfim e Renato Suzart.
Cholo esteve realizando algumas exposições fora do estado exatamente em Aracaju, Fortaleza e até fora do País em Punta Del Este, no Uruguai, em Buenos Aires, e Mar Del Plata. Logo que chegou à Bahia mudou-se do Pelourinho onde morou vários anos para as proximidades da Lagoa do Abaeté, onde está pintando as lavadeiras a pincel e espátula. Acrescentou ainda em sua temática antigas embarcações tanto fluviais como marítimas.
Mas, o seu forte é o casario, uma temática desgastada, mas sempre inovada e enriquecida por Cholo que consegue fazer com muita perfeição com espátula os velhos telhados do casario. Evidente que sua pintura tem a marca do academicismo, porém agrada muito, tanto aos aficionados ou não das artes plásticas pela sua perfeição.Seus quadros são de grandes proporções. Verdadeiros painéis.
Ele sempre esteve ligado desde que aqui chegou ao centro histórico baiano. Documentando toda a grandeza dos casarios coloniais, suas ruas e sua gente. Agora está voltado para o outro lado da Bahia:
Abaeté e as embarcações rústicas dos pescadores de Itapuã ou de nossos rios. Cholo tem 51 anos de idade e 26 de Brasil, portanto tem mais tempo de brasileiro do que peruano. Já se sente-se meio brasileiro e captou o nosso modo de viver, embora deixe transparecer nas cores fortes e vibrantes o seu lado peruano, principalmente nos vermelhos que são presença constante em seus quadros.
Cholo trouxe com ele um rapaz, carioca de nascimento, o Manoel Nogueira, que faz sua estréia na Panorama. Tem 39 anos, é de Macaé. Eletricista de profissão, ele carrega consigo há alguns anos uma vontade enorme de abraçar a pintura como profissão. Porém, a necessidade de sobrevivência o tem arrastado para outros lugares.                                Ao lado uma paisagem rural de Manoel Nogueira.
Seus trabalhos tendem a melhorar na medida em que Manoel trabalhe, principalmente agora que tem a orientação da experiência de Cholo. Suas paisagens rurais e flores têm um colorido agradável e algumas soluções apreciáveis.


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