CARL BRUSSEL PREPARA UM LIVRO E
NOVA EXPOSIÇÃO
O artista Carl Brussel com sua esposa D. Yola . |
Lavadeiras, óleo sobre tela 80 X 60cm |
É
verdade que sua origem e sua formação européia contribuíram até
inconscientemente para a escolha dos tons, e, também, proporcionaram uma certa
organização na sua vida de artista.
Ele
está longe de ser um artista apenas de momentos de inspiração. Brussel é um
artista organizado que trabalha com firmeza em busca da perfeição, vencendo as
dificuldades que vão surgindo.
Pierrô, óleo sobre tela 55 X 46cm. |
Integrando
o cubismo dentro de sua temática onde subexistem as coisas simples e populares.
Consegue elevá-los para um campo mais grandioso, livrando-se dos perigos de
realização de uma arte menor. Alcança esta façanha devido ao domínio do desenho
e da técnica que vem imprimindo as suas obras.
Segundo
Walmir Ayala; “Em alguns momentos a empostação social vê-se resolvida em telas
formalmente mais compactas, talvez indicando novos caminhos, revelando a
inquietação criadora de um pintor em plena fase de evolução. Estes exemplos são
raros e intrigantes neste conjunto, e apenas acenam com a audácia de novos
rumos de experimentação. De qualquer forma, no que existe de mais abrangente e
global, a qualidade técnica e a riqueza do conteúdo nos concedem uma pintura
que não erra”. Diria que Brussel é um pintor intimista e isto nos é revelado
nas cores terrosas e acinzentados, na expressão de suas figuras envolvidas por
espaços geometrizados. Pierrô, óleo sobre tela 55 X 46cm. Vemos a qualidade das obras do artista.
Nas marinhas ele demonstra a solidão e a beleza singela dos azuis que envolve este mar da Bahia. Interpreta situações á sua maneira e mesmo quando o Carnaval, é tema em sua obra, Brussel enquadra seus personagens e os envolve numa atmosfera de calmaria, muito diferente da realidade onde as pessoas estão pulando e gritando.
Nas marinhas ele demonstra a solidão e a beleza singela dos azuis que envolve este mar da Bahia. Interpreta situações á sua maneira e mesmo quando o Carnaval, é tema em sua obra, Brussel enquadra seus personagens e os envolve numa atmosfera de calmaria, muito diferente da realidade onde as pessoas estão pulando e gritando.
Esta
é a essência do seu universo pictórico rico em técnica, em criatividade e que
tem marcas de um grande pintor o que pode ser constatado nas transparências, na
sintetização das cores, nas linhas de seu desenho e na sua capacidade de
compactar as figuras em espaços geometrizantes. Com sua abnegação, com sua
disposição em busca de novos horizontes acredito que Carl Brussel dentro de
pouco tempo nos brindará com uma obra pictórica de grande importância para a
história da arte deste País.
IVONETE
DIAS MOSTRA NA ÉPOCA A BELEZA DO SERTÃO
Já
escrevi que depois do desaparecimento de João Alves a arte primitiva na Bahia
experimentou um grande vazio até a chegada de Ivonete Dias, esta paraibana que
residiu muitos anos no interior do nosso estado e que tem alma e jeito de
baiana. Ela explode em cores e alegria, enfrentando dificuldades e
desconfortos, carregando consigo lembranças e pedaços do sertão nordestino, tão
lembrado nestes períodos eleitorais e tão esquecido, quando os vencedores
sentam nas poltronas fofas de seus gabinetes ou andam pelas ruas asfaltadas das
grandes cidades em seus luzentes opalas pretos. Ela enfoca os lugarejos que
ficam bem longe, com suas ruas empoeiradas, onde nas pracinhas crescem o mato e
os porcos disputam com jumentos restos (restos mesmo!) do pouco que sobrou. Os
campos e as flores, os mandacarus com suas espadas em punho enfrentando os
raios do sol causticante e o juazeiro que teima ao lado dos umbuzeiros em
permanecerem verdes como a indicarem que é possível se viver naquelas bandas.
Lá se vai a nossa Ivonete com seu vestido de chita enfeitando de flores para
ver de perto as lavadeiras da fonte, as mulheres remendando os lençóis já
gastos pelo tempo. Também na hora das festas, do São João, da Santa Missão, do
Natal, hora de vestir o melhor traje e dançar na pracinha ou nas casas mais
abastadas. Uma lembrança que também carrego comigo, porque tenho nas veias,
esta saga do nordestino que é forte e enfrenta os perigos que vão surgindo pela
vida com destemor.
Lembro com saudade da alegria de minha amiga Ivonete Dias |
Sua
luta, como de muitas outras nordestinas, não tem trégua e agora ela explode em
cores vivas mostrando a beleza deste Nordeste. A forma ingênua de compor a sua
obra está por trás carregada de significados, os quais é preciso enxergar.
É
preciso conhecer um pouco da vida novelesca de Ivonete Dias para sentir a força
da expressão de sua arte. É uma arte simples e ingênua que conseguiu sobreviver
depois de mil peripécias e problemas que a artista vem enfrentando com garra,
para manter acesa a chama de sua sensibilidade.
Mesmo assim me surpreende a singeleza do seu traço, a limpeza de suas cores e principalmente, a temática que lembra um álbum onde foram recolhidos excepcionais flagrantes da vida simples do interior, Sei que existem muitos primitivos baianos, alguns de qualidade, mas posso assegurar que Ivonete Dias está no patamar mais alto.
Mesmo assim me surpreende a singeleza do seu traço, a limpeza de suas cores e principalmente, a temática que lembra um álbum onde foram recolhidos excepcionais flagrantes da vida simples do interior, Sei que existem muitos primitivos baianos, alguns de qualidade, mas posso assegurar que Ivonete Dias está no patamar mais alto.
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