JORNAL A TARDE, SALVADOR, 27 DE
FEVEREIRO DE 1984.
JEAN MARC FARÁ SUA PRIMEIRA
EXPOSIÇÃO DIA 15
NO MÉRIDIEN
NO MÉRIDIEN
O jovem artista francês Jean Marc Pigot , que se encantou pela Bahia , com obras de sua autoria |
Tudo
acontece com esta velha senhora – a Cidade do Salvador – e embora desprezada
por quem deveria zelar por sua integridade e suas belezas ainda é capaz de
seduzir . E um dos últimos seduzidos é o
francês Jean Marc, natural de Paris. Salvador arrebatou de sua co-irmã, também
secular e cheia de encanto e luz, este jovem que agora transfere para o papel
os contornos de suas igrejas, de suas ruas e do casario, testemunhos de uma
época de fausto e religiosidade.
Porém
, vamos falar um pouco do jovem conquistado. Jean Marc Pigot nasceu no ano de
1957 em Paris. Desde
os tempos de colégio que demonstrou uma grande inclinação para o desenho e, à
medida que ia crescendo, saía desenhando nas ruas, nos boulevards, no metrô e
em outros locais públicos.
Tudo que é exposição Jean Marc comparecia, sempre interessando em captar a
técnica e a maneira de abordar os objetos . Realiza algumas exposições na
França, uma das quais na Escola Nacional Superior de Artes Aplicadas, e ilustra
um livro de crianças.
Em
1977 estuda Ciências Econômicas na Universidade de Pantheon , Sorbonne. Em
1980/81 serviu na Cavalaria. Em 1982, devido a seu gosto por descobrir
novidades , veio para o Brasil trabalhar no Clube Mediterranée, em Itaparica. Esteve
no Haiti, Sicília, Espanha, Martinique, Guadalupe e alguns países da Europa.
Mas , foi no Mediterranée que teve a oportunidade de trabalhar como cenógrafo.
Depois de muitas e muitas viagens, aconteceu
o encontro com a velha Salvador que, sendo uma mulher experiente
conseguiu conquistar o jovem francês . E, seus desenhos a bico-de-pena são
frutos desta paixão. Os mínimos detalhes de suas igrejas são ressaltados por
traços
Curtos
e expressivos. Jean usa o bico-de-pena como um objeto mágico que capta toda a
ambientação dos monumentos centenários. E nos traz de volta àqueles tempos
calmos, longe da violência urbana, onde vendedores de vassouras , baianas de
acarajés saíam e desciam as ladeiras sem qualquer preocupação. Seus trabalhos
nos trazem uma espécie de nostalgia, de saudade de um tempo que passou mas que
não está muito longe. Jean Marc fará sua primeira exposição em Salvador no
próximo dia 15 de março, no Hotel Méridien , onde mostrará vários de seus
trabalhos.
LUÍS
JASMIM NO TELHADO DE VIDRO
Com
lançamento previsto para o próximo dia 29, às 21 horas , no Museu de Arte da
Bahia, o livro Telhado de Vidro, de Vera Matos e Sérgio Nobre, que foi
enriquecido com as belas ilustrações do artista Luís Jasmim. Ele soube captar o
clima do realismo mágico e a dose de erotismo dos poemas. São ilustrações
feitas a bico-de-pena e revelam uma
sensualidade incomum, sem chocar. Uma sensualidade muito suave e as figuras dão
prazer quando as observamos em seus movimentos de carícia. Jasmim é um dos bons
artistas deste país e sabe usar com muita singeleza o desenho. São traços que
vão formando os volumes dos corpos , com suavidade. Mas, que revelam a firmeza
de um artista que conhece o desenho e coloca em seu devido lugar as emoções
emanadas de suas composições.
BEL
BORBA PROCURA NOVAS ALTERNATIVAS
“Produzi
estes cartões sem lançamento festivo. Distribuição homem a homem ou na
Literarte”. Este é um pequeno trecho do bilhete que recebi de Bel Borba,
referente a dois cartões-postais que nele produziu. No primeiro, trata do
último instante deste século. É a chegada do ano 2000, cheia de previsões
catastróficas. O medo do apocalipse, que todos nós torcemos para que não
aconteça, para que tenhamos sempre um ia seguinte. É exatamente esta
expectativa sempre positiva de mais um dia seguinte que nos dá força para
continuarmos, sempre lutando. Mas voltando ao postal de Bel Borba, ele fixa
neste segundo, tido como o último entre alguns crentes, ou seja, 11:59’59’ de 31
de dezembro de 1999. e interfere sobre uma fotografia do Pelourinho. Como uma
mira telescópica de uma arma invisível e ameaçadora, capaz de destruir todo
aquele patrimônio que levou tantos e tantos anos para ser construído e ganhar
aquela imagem, que só a pátina do tempo consegue dar.
Esta mira telescópica, que Bel nos mostra, pode ser de um fuzil, de um canhão ou falando numa linguagem destruidora, mais atual, de um míssel ou de uma nave vindos de um céu galáctico.
Esta mira telescópica, que Bel nos mostra, pode ser de um fuzil, de um canhão ou falando numa linguagem destruidora, mais atual, de um míssel ou de uma nave vindos de um céu galáctico.
O
segundo postal é um prolongamento do seu trabalho de interferência urbana, onde
o artista imaginou grossos vergalhões de aço tornando a Praia do Porto da Barra
uma das mais procuradas pelo povão, num local quase que privado. Aliás, uma
prática condenável, mas que vem acontecendo, especialmente nas praias do
litoral do norte da Bahia.
O
que posso dizer é que Bel Borba, como todos os artistas modernos, vem
utilizando-se de espaços alternativos para veicular sua arte. Ele espera lançar
mais quatro cartões em abril e não pretende parar. Acredito também que Bel
Borba encontre e utilize de outras formas alternativas para expandir sua arte,
que tem o espírito de contemporaneidade, e que sejam valorizados outros espaços
que muitas vezes passam despercebidos. Inclusive, está nos seus planos a
utilização muros, painéis, adesivos e outdoors, sendo que, para este último,
espera conseguir algum patrocínio “porque é oneroso”.
WASHINGTON MENEZES
MOSTROU 25 TELAS NA MAB
Washington
Menezes Silva, pintor sergipano, realizou uma exposição na Mab Galeria de Arte,
à Rua Guanabara, Pituba. Foram 25 quadros, óleo sobre tela com o tema
predominante, as marinhas. Atualmente o artista está pesquisando as figuras
humanas, lançando ainda, nesta mostra, três trabalhos sobre este novo tema.
Dizendo
gostar de desenho desde menino, Washington começou a pintar em 1962, em
Aracaju, onde trabalhou anteriormente com fotografias. Ainda em Sergipe, expôs
na Galeria Álvaro Santos e foi detentor do 1.º e 2.º prêmios na inauguração da
Galeria Acauã, em 1966. Já foi também, escolhido entre os jovens do Nordeste,
cujo trabalho deveria figurar em uma folhinha do Banco do Nordeste do Brasil.
Em Salvador, além de participar de uma coletiva na extinta Galeria Antunes, em
1974, no Corredor da Vitória, Washington já é conhecido do público baiano por
uma exposição na Eucatexpo e participações em leilões de arte da Kattya Galeria
de Arte.
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