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sábado, 17 de novembro de 2012

COMO A VANGUARDA É VISTA PELOS BUROCRATAS RUSSOS - 19 DE MAIO DE 1986


JORNAL A TARDE, SALVADOR, 19 DE MAIO DE 1986.

COMO A VANGUARDA É VISTA PELOS BUROCRATAS RUSSOS


Uma obra vanguardista de artista russo
Moscou (UPI)- O mundo das artes de Moscou está dividido, mas não por uma batalha, revolucionária, entre funcionários insensíveis e artistas alternativos. Os alternativos já não são rebeldes.Agora são dóceis e aceitam as regras oficiais do jogo.
O Estado comunista, que supervisiona todas as exposições, publicações e críticas, absorveu os estilos vanguardistas dos artistas alternativos e lhes deu status oficial e espaço para exposições.
Numa estreita rua de Moscou, uma fila imensa serpenteia até um exíguo porão onde se realiza uma exposição de 20 artistas “não-oficiais”.
 Do outro lado da cidade, perto do Kremlin, fica a exposição dos artistas “oficiais”, no Centro Nacional de Exposições (antigo estábulo dos czares), com um slogan que a define perfeitamente: Nós construímos o comunismo.
Um velho artista que vive num moderno edifício por trás da estação ferroviária Kiev não foi a nenhuma das exposições, preferindo a privacidade de seu apartamento, onde formas livres de mulheres são vistas sentadas, deitadas, em pé por entre sugestivos e fantásticos murais.
As duas exposições e a atitude do velho artista, membro do Sindicato Oficial de Artistas, caracterizam a relação que se desenvolveu, desde 1974, entre a comunidade das artes e o estado soviético.
Naquele ano, tratores e carros equipados com canhões de água arrasaram uma exposição não oficial ao ar livre, chamando a atenção da consciência internacional para o problema dos artistas soviéticos.
O governo reagiu ao protesto internacional e deu aos artistas status oficial, permitindo que fossem admitidos no Sindicato dos Artistas Gráficos. Alguns se recusaram a aceitar o oferecimento e emigraram. Os que aceitaram ganharam o espaço em que hoje se exibem.
“Nós ficamos e somos agora membros do sindicato. Mas as autoridades não nos deixam fazer exibições em outro local senão aqui, disse Igor Snegur, apontando o porão.
As pinturas em exibição vão desde detalhadas a amadorísticas imitações de Salvador Dali e incluem espirituosas misturas de elementos abstratos e realísticos.“Agora nós temos o espaço e, este ano, eles até permitiram que imprimíssemos cartazes.Também não temos dificuldades para adquirir material. Mas as relações ainda não são boas”, disse Snegur.
Obra de Igor Snegur, artista  vanguardista

Com o status e o controle oficial, veio a censura. No princípio, os artistas se rebelavam contra a censura. Este ano, a aceitaram docilmente que fosse retirada uma tela que apresentava o presidente Reagan e o líder soviético Mikhail Gorbachev, na reunião de Genebra em novembro do ano passado.
A razão alegada é a de que Gorbachev não quer seu retrato espalhado pela cidade. Mas ninguém explicou porque um grande retrato do líder está na entrada da grande exposição dos artistas oficiais.
A exposição oficial apresenta milhares de pinturas, esculturas e cartazes. Uma grande tela mostra uma mulher sem cabeça, dançando, com abstratos borrões de tinta em locais sugestivos para produzir uma frenética qualidade sexual. Poucos anos atrás, este estilo não seria permitido.
Obra de Vadim Sidur
A mistura dos estilos abstratos, impressionista e realista, ilustra a outra maneira como o Estado absorveu o vanguardismo: tornando oficial o estilo alternativo, o governo tornou comum o vanguardismo.
As autoridades soviéticas, contudo, ainda se mostram arrependidas com o que se denomina os três “E”, pinturas com motivos eróticos, estranhos e espirituais.
Artistas adeptos destes estilos não têm permissão para exibições públicas.
Um destes artistas é Vadim Sidur, de 61 anos, veterano da Segunda Guerra Mundial e membro do Sindicato dos Artistas. Embora ele tenha duas grandes esculturas em Moscou, muitas na Alemanha Ocidental e uma em Chicago, não tem permissão para expor suas obras desde 1956.
O Estado lhe fornece material e um estúdio. Mas ele continua produzindo esculturas eróticas e pinturas ao estilo dos três “E”. Só que suas obras não saem de casa.

GALERIA SOLAR FERRÃO EXPÕE QUARENTA OBRAS

Até o dia 5 de junho deste ano, a Galeria Solar Ferrão, do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultura da Bahia (IPAC), estará apresentando ao público visitante 40 trabalhos entre pinturas, gravuras, desenhos, modelagens e esculturas nas mais diversas técnicas, que fazem parte do seu acervo. Mas o destaque  demostra fica por conta dos 17 estudos produzidos no período de 1898 a 1930 pelo artista plástico Presciliano Silva, cujo aniversário de nascimento transcorreu anteontem.
Os estudos de Presciliano (desenhos a carvão e pastel em papel jornal), juntamente com outros três que não constam da mostra, foram doados ao instituto pela Secretaria da Educação, em 1983. Os trabalhos, autenticados pela filha do pintor, Maria Silva, foram identificados pelo IPAC, que, em seguida, procedeu à limpeza mecânica e à emolduração adequada dos estudos, e restaurou o desenho que retrata o interior da Sala do Capitólio.
Obra de Presciliano Silva
Além dos trabalhos de Presciliano, integram a exposição obras de vários artistas que realizaram individuais ou participaram de coletivas na Galeria Solar Ferrão, entre 1982 e 1986. Ao todo são 18 quadros, três esculturas e duas modelagens em diferentes técnicas. Situada à Rua Gregório de Mattos, 45, Pelourinho, a Galeria Solar Ferrão funciona de segunda a quita-feira, das 9 às 12 h e das 14 às 17h30min, e, às sextas-feiras, das 9 às 14h. No Museu Abelardo Rodrigues (Rua Gregório de Mattos, 45, Pelourinho), está em exposição a imagem de Nossa Senhora do Leite, que serviu para ilustrar o cartaz da campanha do aleitamento materno deste ano, desenvolvida pelas Voluntárias Sociais. Moldada em cera de abelha e policromada, esta imagem do século XVIII, de autor desconhecido, foi completamente restaurado pelo IPAC.
Representando a figura de Nossa Senhora amamentando a Jesus, a imagem despertou muito interesse dos restauradores. A exposição didática objetiva divulgar o processo de restauração da imagem e consta de fotos que registram os passos da intervenção, materiais e instrumentos utilizados, depoimentos sobre a importância da peça, e uma análise iconográfica e a própria imagem.
O público interessado em conhecer a imagem e ver o trabalho realizado pelos restauradores, pode visitar o museu de segunda instância da peça, e uma análise iconográfica e própria imagem.
O público interessado em conhecer a imagem e ver o trabalho realizado pelos restauradores, pode visitar o museu de segunda a sexta-feira, das 9 às 12 h e das 14 às 17h30min, com exceção das terças-feiras, quando o local é fechado para serviços de manutenção. Aos sábados e domingos funciona somente das 14 às 17 horas.

       O GROTESCO VISTO POR LUIZ MOTA

 Para ele importa mais a mensagem inserida na obra do que o perfeccionismo do desenho. Porém, é preciso que Luiz Mota atente também para a necessidade do desenho como base, como fundação para a estrutura do trabalho plástico. Para se conseguir-se uma boa deformação das figuras é preciso que saiba como elas são na realidade e assim desenhá-las. A deformação deve ser sempre um passo à frente para que as formas tenham uma expressividade lógica, mesmo quando o artista está trabalhando com o grotesco.
Filho de desenhista, Luiz mota, afirma ter sofrido grande influência deste ambiente e desde cedo auxiliou seu pai nos trabalhos de desenho artístico, publicitário e até em montagens de exposições. Estudava Administração de Empresas e passou a se dedicar à arte. Em 1981 entrou para a Escola de Belas Artes.
Ele considera seu trabalho muito ligado tragicômico. Luiz Mota mostra figuras angustiadas, sofridas e até agressivas com as deformações necessárias a essas expressões. É uma pintura que para os menos informados pode ser classificada como feia, porque expressa exatamente situações humanas que normalmente não gostamos de cultivar. A Galeria do Aluno está expondo suas obras.

                MURAL DE 450 METROS EM PORTO ALEGRE

Um imenso mural de 450 metros quadrados retratando cenas da “Revolução Farropilha”, do artista plástico Clébio Soria, é responsável pela chegada a Porto Alegre do Projeto de Arte Muralista que o Banco Nacional vem desenvolvendo pelo País.
A pintura de grandes dimensões ocupará a parede externa da estação mercado no metrô de superfície no centro da cidade.
Carga de Cavalaria da Revolução Farroupilha
 está no Mercado Central de Porto Alegre
Recentemente, no salão Rio Grande do Sul, do Hotel Everest em Porto Alegre, foi apresentado o projeto e assinado o contrato de execução da obra entre Soria, Trensurb e o Nacional.
Tudo começou quando em janeiro de 1984 a Lapa, no Rio de Janeiro, recebeu de volta, via traço do artista plástico Ivan Freitas, o mar. Explica-se: o artista paraibano pintou na parede do prédio da Escola Nacional de Música uma continuação do próprio prédio, iludindo a visão e devolvendo ao local o mar, hoje afastado.
Depois foi a vez de São Paulo.
Lá, em convênio com a Empresa Municipal de Urbanização, foi executado o mesmo trabalho dentro do projeto São Paulo Mais Bonita. Tomie Ohtake e Alfredo Volpi foram os artistas escolhidos.
O mural de Tomie, na Ladeira da Memória, é o maior de todos com 1.400 metros quadrados, o de Volpi, chamado Vela, está localizado nas esquinas das avenidas Consolação e Paulista. De volta ao Rio, em abril do ano passado, o projeto teve andamento com o mural Pássaros, de Roberto Magalhães, na rua da Quitanda.
Em junho, São João foi homenageado com a pintura “Revoada de Balões” de autoria de Aluísio Carvão, localizada nas esquinas das ruas Buenos Aires e Uruguaiana.
Em setembro de 85, o projeto chega a Belo Horizonte que recebeu na parede da Biblioteca Estadual o traço geométrico de Amilcar de Castro. Este ano, o projeto começa bem com a homenagem que a empresa presta, em conjunto com a Trensurb, ao povo gaúcho através do mural de Clébio Soria, no Rio de Janeiro,- a Apoteose Tropical do também gaúcho Grauco Rodrigues.
O Projeto de Arte Muralista é de grande alcance pois permite a um público maior, não freqüentador de galerias e museus, a oportunidade de conhecer o trabalho de artistas famosos.
P ara Ana Lúcia de Magalhães Pinto, Coordenadora de Comunicação social da Empresa, o projeto tem ainda, uma grande virtude, ale de abrir espaços novos para as artes plásticas em plena rua, em meio ao cotidiano da cidade de seus habitantes, embelezar as cidades e popularizar a arte.


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