Os volumes são definidos
por densas manchas de cor, tênues e líricas que se espalham e se integram numa
perfeita combinação. E antes de tudo um colorista de mão cheia. Embora sua arte
possa assumir uma linguagem universal, traz embutida em seu conteúdo, elementos
que a identificam com a Bahia. O mar é sempre de um azul intenso, o céu com
grandes manchas com flocos de algodão pintados por tênues camadas de cinza ou
azul e, as dunas brancas lembram de longe, campos cobertos de neve. Esta
dualidade de interpretação é que dá a dimensão maior da obra de Manoel
Jerônimo, onde a figura humana entre como um elemento de significado menor, em
quase todas as composições. A água é que é o elemento marcante e, quase sempre
está a invadir todos os espaços dos quadros.
Diria que Manoel Jerônimo
faz um trabalho semi-abstrato, mas que nos permite identificar alguns objetos e
em determinadas obras a figura humana surge, mesmo não tendo uma presença
marcante. O homem ou a mulher que aparecem nas telas estão sempre num estado
contemplativo, como nós mesmos ficamos diante da beleza inconfundível desta
nossa Bahia que explode em
cores. Lembro de minha querida Lígia Milton com sua
irresistível figura feminina a contemplar o horizonte. Tanto a sua pintura como
a de Lígia nos transmitem uma sensação de paz de tranqüilidade, como se fosse
feita por um monge que olhasse de sua janela a paisagem que se perde no horizonte.
Seu colega de ofício
Jenner Augusto destaca da sua obra “a maneira pela qual sabe valorizar, pelo
colorido intenso, determinados espaços de composição, com vazados, grutas/
Elevações?- para onde convergem tênues figuras femininas, apenas sugeridas, para
um hipotético ritual a terra baiana, com um todo fascinante.
“Dessas abstrações do
mundo exterior, Manoel Jerônimo extrai a essência de sua pintura, com uma
linguagem aparentemente simples e, no entanto, rica em sugestões coloridas”.
Ele mostrou seus quadros recentes até o último dia 11, na Época Galeria de
Arte, no Rio vermelho.
AS MARINHAS DE ADEMAR
GALVÃO
A areia se espraia e a
família reunida sai para garantir a sobrevivência do mar imenso que beija
mansamente a terra. Os coqueiros debruçam seus tentáculos verdejantes e
garantem a sombra ao descanso merecido. Esta perfeita imagem que a natureza
exuberante oferece é realmente um tema constante na obra de Ademar Galvão.
Marinhas? Dirão, alguns a torcer o nariz porque entendem que depois de Pancetti
ninguém Será capaz de pintá-las. Por que? Uma visão um pouco radical e de
apaixonados pela obra do mestre Pancetti. Mas, outros artistas estão utilizando
a temática marinha e cada um dando a sua contribuição dentro do seu universo e
habilidade. Sempre afirmo que a arte, além do dom inato do artista é fruto do
ato de exercitar. O criador só encontra a qualidade depois de fazer muito. Ao
tornar-se hábil no manejar as cores e pincéis. Ademar vem assim melhorando a
cada exposição que realiza, e noto, inclusive, que começa a captar com mais
destreza o lado social, na medida em que enfoca no silêncio da labuta dos
homens que vivem no mar. Começa desta foram a penetrar na essência da vida e no
relacionamento milenar entre o homem e o mar, tão conhecido de todos nós que
lembramos “O Velho e o Mar”, de Ernest Hermingway. Como diz Mirabeau Sampaio,
“a natureza é uma fonte inesgotável de temas”. Assim, Ademar Galvão vai
construindo o seu mundo pictórico tomando por base a natureza. Ele está expondo
na Galeria Arte Viva, na Avenida Oceânica, 8 loja 1, na Barra.
O DESENHO APRIMORADO DA
SENSÍVEL
EDSOLEDA SANTOS
EDSOLEDA SANTOS
A artista Edsoleda Santos
está expondo seus últimos desenhos no Restaurante Bom Vivant, um importante
espaço alternativo que fica na Rua Barão de Itapuã, 2, na Barra. É uma das mais
criativas desenhistas que existem na Bahia. Tem muitos anos de ofício e
ensinamento. Desde 1964 que iniciou a desenhar onde figuravam grandes
superfícies transparentes envolvidas por traços ricos em sinuosidade. Foi
exatamente esta cidade cheia de declives e construções barrocas que contribuiu
para a visão plástica de Edsoleda. Ela mesma, num depoimento que enviou a este
colunista, revela que o trabalho “que apresento atualmente sobre orixás e
festas populares é o resultado de uma reflexão meticulosa e de profunda
meditação... Na fase atual, a cor é um elemento preponderante que não obedece
regras nem limites."
Os planos se
interpenetraram através da superposição de cores transparentes criando áreas
de maior ou menor concentração, buscando entre si o equilíbrio da forma no
espaço.
Quanto à variedade de
texturas que exploro, no meu trabalho, e que são propositadamente transportadas
em ritmos espaciais, foram inspiradas nas estampas, rendas bordados, colares e
demais elementos que vestem as nossas baianas. “A presença das entidades de
defende pela vibração da sua cor correspondente, pelo movimento geral das
linhas e planos e dos símbolos que as particularizam”.
Recentemente integrou a
equipe de cinema de Nelson Pereira dos Santos, criando figurinos para o filme
Jubiabá, cujo exercício estimulou suas
investigações a respeito dos figurinos de época. Planejou a decoração
carnavalesca do Gepom, e realizou outros figurinos.
“Importante se faz
ressaltar o livro São Paulo a autoria de Nildnéia Andrade, no qual fui
responsável pelas ilustrações, assim como também a coordenação dos
trabalhos de programação visual a
composição do mesmo realizados pelos alunos do grupo de Habilitação em Artes do
Colégio Estadual Severino Vieira”, finalizou.
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