SETE ARTISTAS INAUGURAM A NICE GALERIA DE ARTE
Sete artistas participam da coletiva que vai inaugurar a Nice Galeria de Arte, no Largo Dois de Julho, são eles: Ailton Lima, Anna Georgina, Herbert Magalhães, Lai, Lourdinha Porto, Luiz Correa e Waldo Robatto. É conhecida a obra de Ailton Lima, professor da Escola de Belas-Artes, um artista que se identifica por uma temática carregada de lirismo, sempre explorando a cor verde. Anna Georgina tem orientado muitos artistas iniciantes no seu atelier, seguindo a idéia lançada por seu pai na Galeria Panorama. Herbert Magalhães, também professor de Belas-Artes, tem bonitos desenhos que realmente precisam ser mostrados. Herbert é um bom retratista e conhece bem a técnica da pintura.
Lourdinha tendência documental.
Já a Lourdinha Porto fez vários cursos livres de desenho e pintura, inclusive com o mestre Oscar Caetano tem preferência especial pela pintura documental, onde os casarões e as velhas igrejas baianas, além das paisagens, ficam fixadas em suas telas, guardando um pouco de nossa memória cultural, tão achincalhada pelos insensíveis que só pensam em espigões varando os céus e em estradas asfaltadas. Já participou de várias coletivas, inclusive tem trabalhos em mãos de alguns colecionadores estrangeiros.
A Lai é formada em Belas-Artes. A mais tímida do grupo. Desde 65 que está formada e já fez cursos livres, inclusive com o mestre Oscar Caetano. Sua preferência é pela arte sacra. Ainda não fez uma individual, embora tenha talento para mostrar bons trabalhos. Ao lado obra da artista Lai.
Já usou muito a técnica do pastel, porém, hoje, está pintando óleo sobre tela. O Luiz Correa tem formação em Engenharia Mecânica e Estatística e trabalho como chefe da Assessoria de Planejamento de uma grande empresa. Revela que gosta de pintar as coisas do Nordeste. As casinhas, as cenas rurais, enfim, a vida do nordestino. lhe impressionam as fachadas das casas com seus estranhos desenhos, sem qualquer significado arquitetônico. “Mas tudo é alegre, as cores são vivas e as pessoas me parecem felizes, embora sofram muitos com tantos desmandos”. Finalmente, o Waldo Robatto, é um jovem artista que já fez algumas individuais e sempre tem o incentivo do seu pai, o meu amigo Dr. Waldo Robatto.
ALDEMIR MARTINS APRESENTA
23 TELAS COM TEMÁTICA BRASILEIRA
Vinte e três trabalhos de
Aldemir Martins estarão expostos a partir de amanhã, no Escritório de Arte da
Bahia, enfocando os animais, paisagens, naturezas-mortas, enfim, coisas que
estão diretamente ligadas com este país. Aldemir tem uma vasta trajetória pela
arte brasileira desde quando começou como ilustrador em vários jornais do Sul
do País, sendo o primeiro brasileiro a ganhar a Bienal de Veneza e duas vezes a
bienal paulista. É um artista festejado e respeitado e que produz muito. Tem a
vitalidade do nordestino (é cearense), já tendo feito exposições nos Estados
Unidos, Chile, Paraguai, Canadá, México, Argentina, Venezuela, Suíça, Alemanha,
Israel, Japão, França e Inglaterra. O cearense de Ingazeiras de volta à Bahia.
Capaz de usar os mais
variados recursos para expressar sua emoção. Numa das telas que apresenta agora
enfoca um gato num azul intenso, onde fez uma colagem com um tecido, que serve
de assoalho é os desenhos lembram azulejos antigos. Uma banana ou um simples
caju surgem altaneiros em suas telas e tenho notado nesses últimos trabalhos a
presença, ainda que tímida, de alguns elementos chineses nas cores e formas de
jarros e desenhos que os enfeitam.
Muitos consideram Aldemir
Martins um artista essencialmente brasileiro. Jorge Amado dedicou-lhe o
seguinte texto: “Aldemir, cearense de sangue misturado, sente como poucos cada
detalhe do Brasil, da natureza, da paisagem física, das coisas, do homem. Nada
do que se passa em algum lugar da Pátria lhe é diferente: seja na vida política
e cultural, seja no que se refere aos animais. Não por acaso, ele é um artista
que expressa o seu povo. Aldemir atingiu um dos pontos mais altos de sua
carreira, hoje, pois sua arte nasce e se alimenta de Brasil”.
Já o crítico Jayme
Maurício afirma:“Verbalizar a linguagem de
Aldemir Martins torna-se tão desnecessário quanto perigoso. Desnecessário pela
clara legibilidade das várias etapas recriadas do seu universo visual e dos
seus particularismos. Perigoso pela dificuldade de não cair no jargão monótomo
dos críticos. Mas não há como evitar de dizer que ele, isto é importante, soube
deixar-se flui pela intuição dos elementos da realidade do seu meio ambiente
cearense”.
Para José Gomes Sicre, a sua obra “é, acima de tudo, uma obra fina, delicada, com raízes na mais pura tradição do desenho linear, universal pelas afinidades que tem com os mestres orientais sem, contudo, abandonar suas ligações formais com o ocidente. Sua obra, parece-me é uma virtude especialíssima de sua contribuição de Brasil”.
Uma bela tela da série Peixes de Aldemir datada de 1987.
E Odorico Tavares dele afirmou:” O Brasil ganhou um dos seus grandes artistas nacionais, um dos seus poucos artistas nacionais, não porque invoque motivos da terra, mais porque atingiu com sua arte através da poderosa formação de homem e de artista fiel ás suas origens e profundamente identificado com o seu metier, duro e fascinante metier do desenho, que ele trabalha, castiga, realiza numa bela conquista de todos os dias. As grandes lições que aprendeu, dentro e fora do seu país, não o perturbaram: antes aprofundaram as raízes de uma obra enaltecida pela láurea máxima da Bienal de Veneza”.
Para José Gomes Sicre, a sua obra “é, acima de tudo, uma obra fina, delicada, com raízes na mais pura tradição do desenho linear, universal pelas afinidades que tem com os mestres orientais sem, contudo, abandonar suas ligações formais com o ocidente. Sua obra, parece-me é uma virtude especialíssima de sua contribuição de Brasil”.
Uma bela tela da série Peixes de Aldemir datada de 1987.
E Odorico Tavares dele afirmou:” O Brasil ganhou um dos seus grandes artistas nacionais, um dos seus poucos artistas nacionais, não porque invoque motivos da terra, mais porque atingiu com sua arte através da poderosa formação de homem e de artista fiel ás suas origens e profundamente identificado com o seu metier, duro e fascinante metier do desenho, que ele trabalha, castiga, realiza numa bela conquista de todos os dias. As grandes lições que aprendeu, dentro e fora do seu país, não o perturbaram: antes aprofundaram as raízes de uma obra enaltecida pela láurea máxima da Bienal de Veneza”.
Carybé acha que ele
irrompe, transborda, transforma tudo. O galo suro da infância do cariri vira
jóia; desenho; óleo; porcelana; escultura; gravura lito; e o mesmo acontece com
os cangaceiros, que se eternizam em esculturas, telas, no que for. E para quem
pensar que suas cores são puras demais, elas estão nos cajus, nos peixes, na
luz daqui.
É só olhar! E as formas?
Também estão aí. Ele as manipula, as transforma e as reconstrói de mil
maneiras, mas por mais desvairadas que sejam, continuam a ser pássaros, flores,
gente. Aldemir continua orientador artístico destas artes dos Brasis”.
Edwaldo Pacote, no texto
de abertura do livro sobre o artista, “Linha cor e Forma”, escreveu este texto:
“Vamos ao que ele já fez: criou estamparias para tecidos, desenhou pratos em
plástico, azulejos e folhinhas de parede. Invadiu o mundo da publicidade e
alegrou a tristeza cinzenta de São Paulo com seus outdoors multicoloridos. Fez
cenário para teatro e programas de televisão. Criou logotipos; embalagens para
caixa de fósforos e sorvete, ilustrou crônicas, poemas, romances, contos e
capas de discos.
Eram de sua autoria os
guaches utilizados para a confecção das aberturas e vinhetas eletrônicas das
novelas de televisão “Gabriela” e “Terras do Sem Fim”, baseadas em Jorge Amado.
Acusaram-no de ser comercial, como se a venda do produto e a diversificação do
mercado de trabalho não fossem essenciais à sobrevivência do artista e da
própria arte. Indiferentemente à agressão, transformou sacos de estopa em telas,
recolheu pedaços de madeira marcados pelo vento, pelo sal e pelas areias de
praias desertas e inseriu anzóis nas marinhas. Criou luminárias com tempero
nordestino. Usou colagens, é doutor em gravura, tem sido um dos pioneiros na
serigrafia. Aplicou desenhos em camisetas, toalhas de banho e mesa. Duvido que
outro artista tão importante como ele tenha desenhado cartão de Natal para uma
fábrica de cuecas. Aldemir é a própria cor do Brasil”.
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