SALVADOR, SEGUNDA-FEIRA, 21 DE DEZEMBRO DE 1987.
PROFESSORES COMEMORAM OS 110 ANOS DA ESCOLA DE BELAS ARTES
A Direção da Escola de Belas Artes está comemorando seus 110 anos da
instituição com uma exposição de trabalhos a pastel dos professores Aílton Lima,
Edson Barbosa, Juarez Paraíso e Riolan Coutinho, na Galeria Canizares, que fica
ao lado do prédio da Escola e dispõe de um amplo estacionamento para os
visitantes. Esta mostra dá início a uma série que os professores desejam
realizar mostrando outras técnicas. Portanto, tem caráter didático, o que é
muito importante, não apenas para os alunos, mas, também, para todos os que
estão se iniciando na difícil tarefa de pintar.
Os
professores pretendem, inclusive, determinar horários para ficarem à disposição
dos interessados dando-lhes explicações sobre o uso de cada técnica ou mesmo
durante a abertura de cada exposição eles estarão papeando com os interessados.
“Será esse, mais um atendimento de caráter educativo, gratuito, que a Escola de
Belas Artes quer propiciar à população de Salvador, por entender que essa é
também, em princípio, a função da sua Galeria Cañizares”.
Acrescentaria
que não apenas da Galeria, mas de toda a universidade que é sustentada pelos
impostos e taxas pagos pela comunidade, e, portanto, devem reverter esta
contribuição da melhor forma possível. Esta postura de se colocar à disposição
do visitante para falar da técnica mostra por outro lado, o desprendimento
destes conceituados artistas professores e vem romper com a discrição, muitas
vezes exagerada, de alguns artistas que ficam enclausurados com medo de falar
do “pulo do gato”, ou seja, de alguns detalhes, que segundo eles é segredo
guardado a quatro chaves.
Acho
que o talento é uma coisa intransferível e a habilidade é que pode ser encarada
com uma transferência possível desde que a pessoa receba treinamento para tal.
Quanto ao professor Aílton Lima Ele ilustrou o livro de poemas de Vandilson
Junqueira, lançado no último dia 17, na Livraria Civilização Brasileira, no
Shopping Barra, sob o título “Sombra no Quintal”.
ONZE
ARTISTAS ESTÃO EXPONDO NO BAR BLACK JACK
Primeiro à esquerda o talento de Murilo. Abaixo a emoção de Ângela Cunha e à direita o naturalismo de Guache.
Sônia Rangel é uma artista em constante busca.
O
catálogo é simples e traz um poema de Sérgio Pinto que diz: “Uma obra de
arte/arde,/mesmo estando,/ o artista à parte/da arte,/ a esmo pintando/ apenas
este encarte/ o alarde”.
Portanto,
por trás daquelas telas expostas ao lado de garrafas de bebidas e salgadinhos
está todo um trabalho intelectual e emotivo. Digo intelectual porque estão
embasados em conhecimentos adquiridos e armazenados nas entranhas de cada
expositor e emocional, porque é a manifestação da interioridade sensitiva de
cada um desses talentosos artistas. É a nova geração que já chegou e está
dizendo por que veio.
SÔNIA
RANGEL EXPÕE O SEU LADO LÚDICO
A
carioca Sônia Rangel está radicada aqui há muitos anos. Tem uma experiência
profissional invejável, é gravadora, desenhista, cenógrafa, escultora, pintora,
além de atriz. Agora a bordo de foguetes imaginários ela dá uma mergulhada no
desconhecido em busca de conquistar novos espaços além do horizonte. “Lugar Passagem
Origem Futuro” é o título do evento que está apresentando até o dia 31 de
dezembro. Acho apenas que Sônia escolheu um local errado para um evento
artístico nesse momento, diante do envolvimento do Bar Ad Libitum com um
trágico e repugnante assassinato de um jovem universitário que se negou a pagar
uma conta de duzentos cruzados! Não quero aqui discutir suicídio ou assassinato,
porque é caso para Policia e Justiça, porém, deixo daqui o meu protesto, porque
não se justifica tanta violência e, principalmente, a conseqüente morte de um
jovem. Tenho certeza, que Sônia também não concorda com tanta violência que
toma conta das comunidades.
Voltando
à Sônia Rangel diria que embora não tenha um maior relacionamento pessoal com a
artista acompanho o seu trabalho há muitos anos, principalmente, sua atuação
junto aos Grupos Coperarte e Posição, que apresentou um belo trabalho no foyer
do Teatro Castro Alves. Desde 1974 que se licenciou em Desenho ela não para de
trabalhar. Para Wilson Rocha “o seu universo é o da realidade da magia. A
intervenção sobrenatural; algo que tem a ver com a alma ou a infância como
eternidade. A razão separada tantas vezes no sentimento, da intuição, perde-se
em caminhos vazios, fascinada pelo seu poder, pelas suas criações, desviando o
olhar dos monstros que são também a sua obra...”
Quando falamos em Sônia Rangel surge em
minha mente a sua capacidade de trabalhar em cima do lúdico com pintadas de
lirismo. Ela está constantemente voltada para novas descobertas e a pesquisa é
uma marca registrada do seu trabalho.
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