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terça-feira, 13 de novembro de 2012

A MAGIA DA COR - 2 DE JUNHO DE 1986.


SALVADOR, JORNAL A TARDE , 2 DE JUNHO DE 1986.

                       A MAGIA DA COR

Estamos envolvidos pela magia da cor. O verde amarelo invade nossos lares, ruas e os carregamos orgulhosos em nossas vestes. Cada um quer mostrar que é mais patriota que o vizinho na medida em que aumenta a intensidade na utilização da cor. Na verdade a cor é uma presença marcante na vida da gente. Nos emocionamos com o vermelho, entristecemos com o preto e vibramos neste momento com o verde e amarelo.
Assistimos no País uma certa repulsa ou descaso pelas cores da nossa bandeira diante do “nacionalismo” caolho da repressão que durante 20 anos castrou as lideranças e outras manifestações populares do País. Com a Nova República reacendeu o respeito e o amor pelas cores deste País gigante que balança mas não cai, que canta e dança no Carnaval, que corre driblando a inflação e vibra com os gols da nossa Seleção. A presença dos brasileiros no México serve como uma válvula de escape para a gente gastar nas emoções contidas e no grito pela vitória diante de outra equipe revela esta busca do troféu. Todos querem vencer e as cores aparecem tremulando nas bandeiras ou nas camisas suadas dos jogadores e torcedores.
A cor é a própria luz. O branco pode ser decomposto num arco-íris onde surgem o verde e o amarelo como marcas indiscutíveis de nossa nacionalidade. Pode-se distribuir a cor, pode-se misturá-las e conseguir várias outras cores, mas sempre tendo por base o branco e o preto. Não existem regras estabelecidas para a harmonia das cores. Cada um gosta da cor que mais lhe agrada de acordo o seu temperamento.
Existe toda uma simbologia mágica por trás de cada cor. Enquanto em determinados momentos o preto pode significar um elemento de tristeza em outros, pode tornar-se chic, como nas vestes da socialite em instantes de grande gala, quando predomina o preto.
Portanto, existe uma variação tanto na harmonia como na própria simbologia e muitas vezes é a própria moda que impõe a combinação de cores, tidas como contrastantes e que de repente passam a ser vistas como harmoniosas. Até a harmonia sofre uma dinâmica, como a própria linguagem, que vai se amoldando às novas situações.
Os pintores e os decoradores vivem diante de cores que se multiplicam na busca de traduzirem suas emoções. Mas, neste instante ninguém está muito interessado nas cores estudadas dos artistas. Todos estão mesmo é voltados para a magia do verde e amarelo que contaminou este País desde ontem. Vestidos com estas cores os brasileiros correm atrás de uma bola de couro que traz, as cores branco e preto, que são a síntese das demais.
E o futebol já serviu de inspiração para muitos artistas plásticos que conseguem captar a sua essência. Quantas fotos sensacionais já foram feitas de grandes jogadores como de inesquecível Pelé socando o ar com corpo suspenso?.
Deixemos que nestes dias, independentes dos resultados, reinem o verde e o amarelo. Vamos derramar as nossas emoções neste jogo de luz e cor, de alegria e tristeza, porque afinal de contas se o Brasil fosse todos os anos o campeão não haveria mais significado na existência da Copa do Mundo. É esta incerteza que enche os estádios porque na cabeça de cada espectador quem vai ser o vitorioso é o time ou o seu candidato. Agora, neste período mistura-se tudo. Futebol, eleições e até a Constituinte. Mas, tudo tem que parar porque a paixão pelo futebol é mais forte. Viva o verde e o amarelo, e que nossos jogadores consigam dominar aquele círculo de couro pintado de branco e preto.

    UMA VISÃO CONTEMPORÂNEA


                    A obra Power of Relutance, de 1985, de Steve Murakishi.

O público baiano terá a oportunidade de ver, no Museu Costa Pinto, a partir de quinta-feira, dia 5 de junho, a exposição Cranbook Academy of Art: Uma Visão Contemporânea, que focaliza a interrelação entre arte e design, conforme demonstra claramente uma das mais importantes escolas de ensino superior de arte dos Estados Unidos.
A Academia de Arte Cranbrook, de Blomfield Hills, Michigan, foi criada em 1925 pelo arquiteto Eliel Saarinem e é considerada, hoje um modelo em seu campo. Sob a influência de Saarinen, a Academia Cranbook atraiu para si artistas de renome, que nela não só exercitaram seu talento e suas técnicas, como os transmitiram a seus alunos, estabelecendo uma tradição que continua vigorosa nos dias de hoje. Os artistas residentes buscam seus objetos nos estúdios da escola e, além de criarem, fazem exposições e palestras.
Ao mesmo tempo, esses artistas são professores que trabalham intimamente com os alunos, preparando-os os rigores de uma carreira profissional. Entre os mais destacados artistas formados pela Academia Cranbrook, estão nomes importantes como os da projetista e fabricante de móveis Florence Knoll e do desenhista e industrial de tecidos, Jack Lenor Larsen.
O extraordinário impacto dos professores e alunos de Academia Cranbrook no design americano contemporâneo atesta a validade do projeto da escola de combinar, ao invés de separar, artesanato e belas-artes.
Uma exposição chamada “Design in América”, apresentada em 983 no Instituto de Artes de Detroit, no Museu Metropolitano de Nova Iorque e em cidades da Europa, destacou os primeiros 50 anos da tradição da Academia Cranbrook.
Num certo sentido, esta mostra do Museu Costa Pinto que está sendo realizada em colaboração com o Serviço de Divulgação e Relações Culturais dos Estados Unidos (USIS) é uma atualização daquela. Nela, o passado de Saarinem é ilustrado e posto em contraste com o design contemporâneo de Katherine e Michael McCoy. O presidente da Academia Canbrook, Roy Slade, exemplifica a tradição do artista professor. O desenhista têxtil Gerhardt Knoll e o ceramista Jun Kanebo são artistas reconhecidos internacionalmente cujos trabalhos, juntamente com os de sete outros membros do corpo docente da escola, constituem uma amostra muito representativa das obras originais e inovativas que mantêm vivas as tradições e filosofias da comunidade Cranbook.
A exposição Cranbook Academy of Art: Uma Visão Contemporânea consiste de 43 trabalhos e sete fotopainéis.Além disso, nove outros painéis fazem uma retrospectiva da Academia Cranbook.
 A mostra será inaugurada ás 20h30min do dia 5 e ficará franqueada ao público até o dia 27 de junho, exceção das terças-feiras. Daqui seguirá para o Rio de Janeiro e posteriormente será apresentada em Buenos Aires, Santiago, Caracas e Cidade do México.

                              A obra Interstice de 1985, do artista Gerhard Knodel.

NÃO TEM VERNISSAGE NUMA MOSTRA DE ARTISTA POBRE

O pintor Jaime Leite com dois quadros de sua autori
“Exposição de artista pobre não tem coquetel e nem inauguração; a exposição começa quando aparece a primeira pessoa para olhar os quadros”. Assim o pintor Jaime Leite Pereira vai falando da exposição, a sexta de sua carreira, que realizará de hoje até 14 de junho no Salão Vitória do Hotel da Bahia. Na que realizou no Iguatemi, um amigo ofereceu pipoca às pessoas que visitaram a exposição, mas no Hotel da Bahia, disse ele com humildade, não ia ficar bem distribuir pipocas a quem fosse ver os seus quadros.
Sua pintura é fruto de um longo aprendizado observando os mestres italianos de restauração de pinturas e quadros em igrejas e palácios. Esse aprendizado lhe proporcionou o desenvolvimento da técnica tridimensional sobre vidro com superposição de imagens. As figuras são pintadas em Três vidros que são, no final, superpostas uma às outras dando uma ideia de tridimensionalidade.
Seu aprendizado aconteceu durante trabalhos de restauração, na maioria vitrais, com os mestres italianos Rossi e Ciconi. Com Rossi ele participou, por exemplo, os vitrais da Igreja da Vitória, além dos vitrais e pinturas, internas do Palácio Rio Branco e do Palácio da Aclamação durante o segundo governo de Juracy Magalhães. E com Cicone, fez a restauração do Salão Nobre da Faculdade de Medicina. Depois começou a trabalhar como restaurador por conta própria.
Sua iniciação como expositor foi no dia 13 de maio do ano passado na Cantina da Lua. Expôs depois, em outubro, no Iguatemi, em seguida na Sandiz, no Museu Afro-Brasileiro fez a primeira exposição deste ano, no mês de Janeiro, e, no dia 13 de maio, expôs na Cantina da Lua em comemoração ao primeiro aniversário da sua atividade como pintor. A pintura tridimensional de Jaime Leite Pereira, assemelhando-se a vitrais, tem como tema geral a paisagem de Salvador. Em seus quadros estão casarios, a cidade vista do mar, marinhas e fachadas de igrejas.



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