ARTISTAS PINTAM OUTDOORS
ANUNCIANDO INÍCIO
DO SALÃO
DO SALÃO
Os motoristas e transeuntes que passavam não entendiam a aglomeração às margens da Avenida Garibaldi. Alguns arriscavam um palpite dizendo que se tratava de partidários de um dos candidatos a governador colocando propaganda eleitoral, imaginando que ali seriam os outdoors que a prefeitura colocara para o uso de propaganda eleitoral. Outros, realmente, não entendiam a presença de pessoas completamente diferentes daquelas que normalmente colam os cartazes nos outdoors. Na realidade, tratava-se de uma promoção paralela ao I Salão Metanor/Copenor de Artes Visuais da Bahia, que será aberto no próximo dia 2 de outubro no Museu de Arte da Bahia
Num
gesto de desprendimento e solidariedade, alguns professores da Escola de Belas
Artes e outros artistas aceitaram pintar os 10 painéis. Eles ficaram durante o
dia inteiro expostos ao sol, que estava muito forte. Alguns nunca tinham
enfrentado as alturas e lá estavam a quase quatro metros do solo transportando
para um espaço, muitas vezes do maior do que costumeiramente utilizam em suas
obras, as emoções e os seus sentimentos. Lá estavam sem qualquer interesse
pecuniário. Na visita que fiz pude sentir a satisfação, a euforia até em estar
ali congregados participando de uma manifestação pública. A Bahia está
precisando realmente que os artistas saiam dos seus ateliers, do aconchego de
suas oficinas buscando o seu público e contribuindo para a educação, porque
certamente assim estaremos formando um contingente de novos adeptos e até
futuros compradores ou consumidores da arte.
Participaram
deste evento Juarez Paraíso, Márcia Magno, Juracy Dórea, Antoneto, Capelotti,
Carmem Carvalho, Graça Ramos, Andréa, Renato Viana e alunos que ficaram
entusiasmados pela idéia, como foi o caso de Graça ramos, Juracy Dórea e Renato
Viana.
Agora
vamos esperar a abertura do salão que tenho certeza será um evento importante
para o qual convido todos os leitores desta coluna, na qualidade de curador do
referido salão. Na próxima semana, estaremos participando da montagem dos 130
trabalhos que lá estarão, para que vocês façam o confronto entre a
criatividade, à técnica e a marca da contemporaneidade ou não das obras
expostas. Lembro apenas que são artistas que nunca fizeram uma exposição
individual e que se propõem a prosseguir trilhando o caminho da arte, que é
muito difícil, mas cheio de surpresas agradáveis.
Desde
1968 que o artista Válber vem tentando ganhar espaço nesta constelação de
valores. Mas a sua timidez é um problema que o impede de alçar vôos mais altos.
Desde que expôs juntamente com Hansen, Bahia, na Galeria Sereia, que Válber
tomou impulso e hoje vive exclusivamente dedicado à arte. Não è, portanto, um
estranho, um neófito que chegou. É um artista que está aí trabalhando em silêncio. As cores
são terrosas, deusas e as figuras nostálgicas. É neste clima de lembranças que
Válber navega sempre procurando estampar um amor que lhe marcou muito e do qual
terá que afastar-se por circunstâncias que aqui não cabem analisar. Digo isto
porque vem influindo negativamente em sua produção na medida, que limita o seu
caminho, que dificulta a sua visão de mundo.
Os
ensinamentos de Hélio Bastos (que hoje está em São Paulo , numa situação
bem melhor do que vivia aqui) foram importantes para a sua formação plástica
porque ele soube captar o desenho e a disposição das figuras nos espaços de uma
tela e o uso das cores. Válber tem talento e precisa apenas aprimorá-lo para
que produza uma arte do seu tempo, uma arte que mais tenha a ver com sua
própria idade. Com pouco mais de 30 anos, ele está vivendo uma época de
saudosismo, quando pode, com seu talento, partir para uma expressão mais
atualizada.
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