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domingo, 28 de outubro de 2012

A ARTE DE LEONEL MATTOS EVOLUI COM MUITA RAPIDEZ - 31 DE AGOSTO DE 1987.

JORNAL A TARDE SALVADOR, SEGUNDA- FEIRA, 31 DE AGOSTO DE 1987.

A ARTE DE LEONEL MATTOS EVOLUI COM MUITA RAPIDEZ

Dentro em breve o artista Leonel Mattos vai figurar no elenco dos mais festejados artista da nova geração. Sua arte vem dando verdadeiros saltos, queimando etapas, e, para minha satisfação, melhorando em qualidade e conteúdo. Está perdendo aquela influência do folclore, que tanto atrasa alguns artistas, e sua pintura ganha força como pintura, sem a preocupação com uma linguagem narrativa. Não costumo escrever com discurso baseado em citações clássicas ou utilizando uma linguagem “difícil”, porque tenho consciência que escrevo num jornal diário, onde pessoas dos mais variados segmentos da sociedade têm acesso. Por isto, prefiro ver a obra de Leonel Mattos dentro de uma visão ou simbologia onde os passos do artista são acompanhados de perto. Conheço a sua trajetória e sua obstinação em desembarcar em São Paulo acompanhado de sua mulher Rogéria, também artista, para enfrentar a grande metrópole brasileira, sem apresentações ou pistolões- uma vida dura de dedicação à arte. Também por conhecê-lo um pouco, apostava que Leonel sairia vencedor. Agora já começo a sentir alegria do início de sua vitória.
                            Observe a simplificação das formas e a possibilidade da leitura que pode exercitar.
Muitos caminhos ainda vão percorrer, mas tenho certeza que não andará a 20 quilômetros, porque seu talento tem pressa.Lendo uma apresentação do Olívio Tavares de Araújo, vejo que o escrevi anteriormente sobre o artista veio de encontro a este novo texto sobre sua exposição na Chroma Galeria de Arte, localizada na Rua Augusta, em São Paulo.
Diz Olívio que “suas pinceladas estão mais expressivas e mais ricas”. Acrescento que estão mais soltas, mas descompromissadas com a figuração, embora ainda encontremos aquela figura que era um misto de homem e bicho se encontrado. Mesmo aí a uma tendência à simplificação e a repetição desta simbologia nos dá uma noção lúdica de que Leonel está preocupado é com a essência da própria pintura. Isto é um ponto fundamental dentro de sua obra que está inserida dentro da contemporaneidade que hoje desponta em todo o mundo. É difícil prever o que vai acontecer. Mas é fácil saber que Leonel Mattos começa a desvendar o mistério, começa a despontar no horizonte do movimento de arte brasileira disposto a executar o seu talento e seu compromisso com a arte. A leitura às vezes muita discursiva que procura assumir, por exemplo, quando pintou algumas garrafas denunciando a opressão que vivemos, neste País cambaleante do Terceiro Mundo, chega a perder força diante do seu traço, porque ele é livre demais para ficar no discurso. Ele brota espontaneidade, como a vegetação que desaparece na seca, em nosso sofrido sertão, e quando a gente nem espera, está tudo verdejante. Esta é uma força indescritível que explode por força da natureza, que é rico em exemplos muitas vezes até de difícil entendimento.

ROGÉRIA EXPÕE SUAS ESCULTURAS A PARTIR 
DE 3 DE SETEMBRO

Quanto a Rogéria, que também está expondo na Chroma, deixo que Wilson Rocha fale sobre sua obra. Vejamos:“o universo de escultura é inesgotável, como os novos níveis de criatividade numa situação inédita de vigor e originalidade que aporta com as novas culturas de juventude, de onde surgem artistas de surpreendente maturidade e energia criadora, como é o caso da jovem escultora baiana Rogéria Mattos, que traz em seu trabalho a marca profunda de uma aguda sensibilidade voltada para  concepção da escultura enquanto linguagem privilegiada de intervenção espacial. Rogéria concentra-se na essência da própria escultura- essa dinâmica da matéria e da forma, esse ritmo entre volume e espaço aliados ao caráter intuitivo necessário na obra de arte-onde a artista estabelece o diálogo entre a pedra e a linguagem da escultura”.
Rogéria aborda a escultura como um clássico dos nossos dias, com uma vontade artística determinada e consciente que dá vida e energia à forma e dinamismo ao espaço, inscrevendo-se o seu trabalho entre os mais importantes que têm sido feitos nos últimos anos do Brasil no domínio da escultura em pedra. O comportamento e o tratamento da matéria sem detrimento dos valores expressivos e sígnicos; o envolvimento, o fascínio, a riqueza e a penetrabilidade das superfícies volumétricas, os flancos graciosos de suas pedras, a textura magnífica, a suave frescura de pigmentação dos seus granitos e mármores, no caso, encontram um artista capaz de lhes dar expressão na sensibilidade e integridade desta vigorosa e apaixonante escultora. O respeito pela pureza dos meios utilizados por artistas como ela não é, evidentemente, uma novidade. Esse respeito surgiu em todos os momentos da modernidade.

          SESSENTA MÁSCARAS DE LECUMBERRI

Quando esculpe rostos e máscaras a partir de materiais como o couro, o artista plástico argentino Lecumberri Villanueva busca muito mais que o simples registro de feições recolhidas em suas andanças pela vida.“Interessa-me refletir a alma das pessoas através dos seus gestos”, diz ele, quando lhe pedem para explicar seus trabalhos, que estarão, de 2 a 14 de setembro, acessíveis à sensibilidade do público baiano na exposição Nos Rostos das Máscaras.
São cerca de 60 peças confeccionadas em couro e tecido endurecido cuja vertente comum é o teatro, primeira paixão do autor.
Lecumberri Villanueva está há dois meses na Bahia, cuja presença é possível sentir nos seus últimos trabalhos, a exemplo da enigmática Iemanjá que ele fez surgir de uma lâmina de couro azul. Nascido em Buenos Aires, há 31 anos, o artista atuou em várias peças teatrais dedicando-se também à pintura e á fotografia durante algum tempo, o que levou a visitar Paris, Roma e outras cidades da Europa. Sua arte é uma mescla de todas essas experiências e, conforme ele próprio esclarece, não objetiva senão refletir emoções.
Nos rostos das Máscaras tem a participação do grupo de teatro Sintesis e a produção de Zoca, artista responsável pela vinda de Lecumberri a Salvador. Sua próxima mostra já está marcada para o dia 26 de outubro (até 11 de novembro), no Solar do Unhão, seguindo depois para Brasília (Ronaldo de Oliveira).


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