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terça-feira, 16 de outubro de 2012

O BROTAR DOS SENTIMENTOS NA OBRA DE LEONEL MATOS - 22 DE AGOSTO DE 1983.

JORNAL A TARDE, SALVADOR, TERÇA-FEIRA, 22 DE AGOSTO DE 1983.

O BROTAR DOS SENTIMENTOS NA OBRA DE LEONEL MATOS


Ele pinta com a pureza e o impulso de uma criança. Tudo brota espontaneamente como a água que jorra de uma fonte natural. Mas, sua pintura, embora espontânea; não é primitiva, mesmo porque Leonel Matos é um jovem que acompanha o desenrolar dos acontecimentos, mora numa metrópole e não está isolado das atividades culturais que acontecem ao seu redor. No entanto, ele ainda guarda àquela pureza tão presente entre os primitivos e este é apenas um elemento, porque o seu traço, a elaboração das composições já determinam outra maneira de tratar as coisas que integram as suas telas.
O Sonho de Um Nativo, uma das telas expostas por Leonel Matos.
Diria que Leonel Matos tem uma pintura que ainda percorrerá muitos quilômetros em busca de uma lapidação maior. É como um diamante tirado das entranhas da Terra e que já começou a ser lapidado. Já aparece ao longe o seu brilho intenso, que permite dizer que é uma pedra de boa qualidade, mas que deverá continuar sendo lapidada até surgir o seu brilho total.
Tenho acompanhado as exposições de Leonel Matos e quando não posso visitá-las           por qualquer motivo, sempre arranjo um jeito de ver um lote dos seus trabalhos. Posso afiançar que ele vem melhorando a cada mostra, que tem uma força de vontade incrível e principalmente que gosta muito de pintura, de jogar para fora tudo que sente. Outra coisa que saliento em seu trabalho é a maneira de ver as coisas, a nossa gente, os sonhos da casa própria e da terra, a devastação dos campos e as frutas tropicais.
Dirão alguns que “são temas batidos”, mas não temas acabados. Ao contrário, cada artista pode usá-los desde que traga a sua visão numa ponta de criatividade, de individualidade. E, Leonel Matos com a sua pureza plástica, vai elaborando as suas telas mostrando tudo isto dentro de uma visão que realmente nos agrada.
Os contatos com Leonel Matos geralmente são feitos no jornal ou na galeria, ele sempre está disposto a mostrar os seus novos trabalhos e fica curioso para saber o que achamos. Sempre lhe digo algumas palavras, que também são muito espontâneas e sinceras. Sou um jornalista que aprendi no lidar com fatos a revelar a verdade, muitas vezes com a crueza que elas estão revestidas. Não sei construir frases intermináveis, que muitas vezes as pessoas não entendem. Eu venho dizendo a Leonel e a muitos outros artistas o que realmente me transmitem as suas obras.
É bom salientar que embora tenha afirmado que a obra de Leonel é como um diamante que está sendo lapidado, que ele tem muito talento e merece ser incentivado para que possamos admirar muito mais ainda as suas futuras criações.


OITO JOVENS ARTISTAS DO PARANÁ VÃO EXPOR NO MAMB

Oito artistas do Paraná vão expor, a partir do próximo dia 25 de agosto até o dia 23 de setembro, esculturas e desenhos da arte produzida naquele estado. A mostra reunirá os escultores Alfi Vivern, Elvo Damo e Elizabeth Titton e os desenhistas Eduardo Nascimento, Estela Sandrini, Eliane Prolik, Paulo Assis e Péricles Gomes.
Obra Capoeira: Um Branco e Um Negro, de Péricles Varella.
Devido a presença de uma só vez de oito artistas que residem no Paraná, é muito boa oportunidade para avaliarmos o que realmente vem sendo lá produzido pelos jovens artistas, e uma demonstração de que devemos melhorar nosso intercâmbio cultural com os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais e muitos outros, para termos uma idéia da arte produzida nestes estados, e conseqüentemente no país e as variações na abordagem de temáticas e as técnicas utilizadas.
É verdade que contamos com meios modernos de impressão e mesmo de transmissão eletrônica, mas nada melhor do que você examinar de perto e pessoalmente um trabalho de arte, porque a intensidade da emoção é bem diferente.
Informa um dos expositores, o Péricles Varella Gomes, que também é músico da Orquestra Sinfônica da Bahia, que o aparecimento em Curitiba, nos últimos anos, de um núcleo artístico potencialmente rico, formado por jovens componentes – não necessariamente agrupados – faz com que surja um novo panorama nas artes plásticas do seu estado. Assim, na oportunidade em que este núcleo aceita o convite do Museu de Arte da Bahia, ambos propiciam ao público baiano apreciar a atual produção de alguns desses artistas ao mesmo tempo em que se abre mais uma alternativa possível de realização de exposições desta natureza.Obra Bode , em mármore de Elvo Benito Damo.
Péricles usa o desenho semifotográfico e de recortes que deixam à mostra um fundo de cortiça ou de papel, visíveis através das listras das roupagens de suas personagens que transmitem qualidade de sentimentos.
Alfi Vivern, argentino de nascimento, realizou esculturas em fibra de vidro, e tem exposições aqui e fora do país, hoje reside em Curitiba. Elizabeth Titton nasceu em São Paulo, mora em Curitiba.
Agora é só aguardar esta exposição para uma avaliação maior do que chega do Paraná trazido por estes oito artistas.

                                            MURAL

SONIA VON BRUSKY – Está expondo no Museu de Arte da Bahia a artista Sonia Von Brusky que tem em seu catálogo a apresentação de Theon Spanudis. Ela já realizou várias exposições no sul do país e segundo Spanudis “em vez de usar o corpo humano como fazem os outros, ela teve o feliz e inédito achado de um objeto que simboliza toda a nossa necessidade de afeto, carinho, contato, a nossa fome de comunicação: a carta postal”.Visitarei a exposição de Sonia, e em seguida falarei e darei minha opinião sobre os trabalhos que trouxe para nos mostrar.

ALBERTO DAVID – Expondo na Biblioteca Central, nos Barris, trabalhos em grafite até o dia 26 do corrente. Num estilo expressionista, com traços que lembram a fotografia, diferindo, portanto do que ele vinha fazendo nos últimos anos. David é de Vitória da Conquista, já participou de várias exposições no interior e em Salvador. É um batalhador incansável e tem sensibilidade.Acredito que pelo seu talento e tenacidade vai melhorar ainda mais a técnica. 

QUATRO ARTISTAS – Expõem na Galeria Le Dome até o próximo dia 26.
Amália Maria, Angélica Pimentel, Marly Helena e Theresinha Soriano, portanto são quatro mulheres que retratam paisagens, casarios e corpos nus. Uma mostra que reflete a visão de artistas do sexo feminino.

CLAROESCURO- Com novos objetivos e a entrada de novos sócios o local onde funcionava o atelier Claroescuro ficou pequeno e assim Liane Katsuki, Alain Pigot, Manoel Neto e Sérgio Sampaio resolveram mudar da Euclides da Cunha. Agora estão trabalhando no Jardim Brasil, exatamente na Rua São Luís, nº5, na Barra. Além de executar jóias, esculturas, pinturas, desenhos, serigrafias, xilogravuras, objetos, espelhos e vitreaux, os artistas estão dando cursos dessas técnicas a adultos e crianças. O Claroescuro conta ainda com a participação da Escola Baiana de Arte e Decoração Ebade, e de uma molduraria.

MARIA DO ROSÁRIO - A artista Maria do Rosário está expondo na Associação Cultural Brasil Estados Unidos, na Avenida Sete ,no Corredor do Vitória.

RICHARD WAGNER - Outro que tem ligações muito fortes com o interior é o Richard Wagner, que ora expõe na Galeria Studium, em Itabuna. Escrevi certa vez falando da emoção que domina o momento da criação deste artista que tem muito impulso criativo. Disse naquela época “A tela nua é revestida por uma camada branca de látex. É a base, o princípio de uma metamoforse que ocorre todas as vezes que Richard Wagner está inspirado e resolve trabalhar. Um trabalho bem diferente, onde a espontaneidade rompe todos os espaços, cores, formas e razões. Uma espontaneidade semelhante àquela que reina no trabalho abstrato”. Ele transcreveu estas palavras no catálogo desta sua mostra em Itabuna. 


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