JORNAL A TARDE SALVADOR,
SEGUNDA-FEIRA, 3 DE ABRIL DE 1987.
OS CADERNOS DE PICASSO SÃO ATRAÇÃO
NOS ESTADOS UNIDOS
Londres (UPI) Embora venha a perdurar para sempre o mistério a respeito de onde Pablo Picasso obtinha suas extraordinárias idéias visuais, a forma pela qual ele transferiu essas idéias para o papel é revelada pela primeira vez, em uma exposição itinerante mundial. Os desenhos começaram a ser mostrados em Londres e a seguir percorrerão 10 cidades dos Estados Unidos e Canadá, antes de retomarem à Europa.
“Estas são as últimas obras desconhecidas do maior artista
do século 20, dizia um cartaz afixado á entrada da galeria onde estavam
expostos os desenhos. O artista manteve tais desenhos, trancados em 175
cadernos, ocultos até mesmo da família e dos amigos mais próximos,e antes da
atual mostra e jamais tinham sido exibidos.
A exposição está vinculada ao livro The Sketchbooks Of
Picasso ( Os Cadernos de Esboços)
editados em Londres por Arnald & Marc Glimcher , com prólogo de Clause
Picasso. O livro contém reproduções de seis cadernos de desenhos completos e
seleções de outros 36.
Picasso fez uso de cadernos de desenhos quase todos os dias
de sua longa existência, e neles traçou mais de 7 mil esboços. A exposição
mostra cerca de 250 desenhos e aquarelas de 45 daqueles cadernos .
Acima um desenho a crayon feito pelo mestre Picasso num de seus cadernos.
Acima um desenho a crayon feito pelo mestre Picasso num de seus cadernos.
O material encontrado nos cadernos vai de esboços rápidos e
até trabalhos rigorosamente acabados, e entre as páginas há também listas de
compras, rascunho de cartas e números de telefones. Muitos dos cadernos são
caixas de surpresa.Alguns contém provas de ódio, de temor, de tormento,
enquanto outros são expressões de amor e paixão ou ainda cheios de
brincadeiras, algumas vezes infantis e frequentemente sarcásticas. Diz uma
frase do catálogo da exposição.
Os especialistas tem oportunidade, através dos cadernos, de
acompanhar a criação de várias das obras de Picasso, e verificar assim que nada
do que ele traçou foi acidental ou mero fruto do acaso. Os cadernos abrangem os períodos de 1900 a 1965, são de todos os
tamanhos e de formas, e pelo menos um deles foi feito pelo próprio artista,
costurando cartão e finas folhas de papel. Alguns, como consta do catálogo , são
pequenos, e certamente foram levados no bolso por Picasso, quando saía para os
cafés, as corridas de touros e os passeios, de maneira que pudesse registrar
tudo que via.
No caso de cadernos com espiral as folhas foram separadas
cuidadosamente e serão rearmadas ao final das exposições pelo mundo, para que
sejam conservadas como estavam originalmente.
Depois da morte do artista, os desenhos foram visto apenas
por membros de sua família. Alguns poucos chegaram a ser mostrados em Nova Iorque , na
Galeria Face, e nesta ocasião a empresa American Express decidiu patrocinar uma
exposição ampla, de três anos de duração, iniciada por Londres.
O roteiro por museus dos Estados Unidos foi iniciado por Los
Angeles.
A GRAVURA ALEMÃ EM MADEIRA EXPOSTA
ATÉ DIA 3O
NO ICBA
A xilogravura alemã ao longo de seis séculos pode ser vistas na Galeria do Icba até o próximo dia 30 de abril. Der Deutsche Holsaschnitt In Sechs Jahrhunderten é o nome em alemão desta mostra que vem despertando grande interesse. Ao lado xilogravura de Dürer.
NO ICBA
A xilogravura alemã ao longo de seis séculos pode ser vistas na Galeria do Icba até o próximo dia 30 de abril. Der Deutsche Holsaschnitt In Sechs Jahrhunderten é o nome em alemão desta mostra que vem despertando grande interesse. Ao lado xilogravura de Dürer.
A gravura em madeira como técnica de impressão , pode ser
demonstrada primeiramente no sul da Alemanha, isto é no sul do antigo Império
Alemão, ao qual pertenciam a Áustria e partes da Suíça. A invasão desta técnica
na Alemanha teve lugar há cerca de 600 anos, por volta de 1400, apesar de já
ser conhecida na China antes do século XI a.c. A primeira gravura em madeira,
que é conhecida, data de 868 d.c. Este primeiro dos métodos de impressão
gráfica divulgou-se rapidamente no século XV e foi levado ao auge por Albrecht
Dürer ( 1471 a
1525); substituída em parte pelas gravuras em cobre e a água
forte nos séculos XVII e XVIII, novamente descoberto na época do Expressionismo, revive sempre de novo até hoje. Esta é a razão pela qual o
Instituto alemão tomou a peito a apresentação da sua história.
Os métodos de impressão mais antigos são os de impressão em
relevo; a cunhagem, os selos e os moldes , com os quais desde tempos remotos se
imprimiu tecidos. A partir deste desenvolveu-se então o primeiro método de
impressão de figura sobre papel – estampas; a gravura em madeira. Sobre uma
tábua com um dedo de espessura chamada matriz, desenha-se uma figura; os
espaços livres entre as linhas são entalhados profundamente, de tal modo que a
figura toma forma de um alto-relevo. Esta enegrece-se com tinta por meio de um
rolo e seguidamente comprime-se contra um papel umedecido. Deste modo aparece a
representação invertida, caracteres ou figuras.
Nos princípios da gravura em madeira encontram-se as
chamadas – gravuras em folhas simples- , principalmente com motivos religiosos
– figuras de devoção -, e as cartas de jogo , que estão documentadas na no século
XIV , através de proibições. Em breve se combinou a impressão de figuras com as
de livros, primeiramente e por pouco tempo sob a forma de – livros bloco – e
então por mais 500 anos com a invenção de Gutemberg , a imprensa com a
composição de letras móveis – por volta de 1455 – foi publicada a famosa Bíblia
de 42 linhas por folha, e em 1461 o primeiro livro ilustrado. A impressão de
papel de estampas e de livro provocou no final da Idade Média uma revolução
histórico-intelectual.; antes disso havia livros de pergaminho escritos e
ilustrados a mão, só para os senhores privilegiados. A impressão combinada de
livros de figuras foi uma das fontes principais de instrução e consciência
cultural. Presentemente vivemos uma nova revolução, devido a novos meios de
comunicação. No entanto, a originalidade de técnica de gravura em madeira
continua a fascinar muitos dos nossos melhores artistas.
Todos os produtos da impressão de livros e de estampas,
criados antes de 1500 são conhecidos pela expressão em Latin – Inkunabeln – em
português incunábulos - ; destes, só uma parte se conservou até nossos dias.
Sobretudo a maior parte das gravuras em folhas simples são
exemplares únicos – originais -, muitas vezes até só fragmentos. Por isso
mesmo, leva a investigação neste domínio a muitas questões sem respostas.
Enquanto, que os impressores e tipógrafos nomeavam os seus nomes no final da
obra, os artistas até a época de Dürer
só estão documentados raramente, quer por tradição , quer pela sua
assinatura. Na maior parte dos casos, só se pode presumir quando e onde foram
criadas as gravuras em madeira.
EXPOSIÇÃO REUNIU A ARTE BAIANA HOJE
A Exposição de Arte da Bahia em homenagem ao presidente da República de Portugal, Mário Soares, que visitou recentemente Salvador, ficou aberta ao público no Gabinete Português de Leitura até o último dia 10. Participaram da mostra os artistas Adele Balazs, Ailton Lima, Albano Neves, Ana Maria Vilar, Anna Macedo, Antonio Sales Pinho, Antonio Rebouças, Amélia Ávila, Bruno Seabra, Calasans Neto, Carlos bastos, Carybé, Edson Barbosa, Emanoel Araújo, Fernando Coelho, Floriano Teixeira, Graça Ramos, Itamar Espinheira, Jamison Pedra, Jenner Augusto, Juarez Paraíso, Justino Marinho, Mário Cravo Júnior, Maso, Mirabeau Sampaio, Nélson Mascarenhas, Raimundo Aguiar e Sante Scaldaferri.
Obra Vôo Livre,acrílico sobre tela de Jamison Pedra, 60x60, de 1967.
O catálogo-cartaz tem, texto de Aldo Tripodi, Antonio Celestino, Antonio Carvalho Araújo e do professor Romano Galeffi. Todos falam das ligações culturais do Brasil e Portugal, das influências do colonizador no Novo Mundo e da liberdade de apresentar ao público e aos visitantes ilustres o que existe de mais significativo na arte baiana. A mostra é um verdadeiro salão com trabalhos dos mais variados estilos e técnicas e acho que conseguiu dar uma idéia de produção baiana Desde os madonas criadas pelo talentoso mestre Mirabeau, as xilogravuras de Calá, as flores de Fernando Coelho e a arte contemporânea de Jamilson.
Obra de Antonio Pinho, Baiana, em terracota de 43x65, de 1967.
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