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sábado, 6 de outubro de 2012

CIRCUITO DE ARTES PLÁSTICAS DO NORDESTE COMEÇA HOJE

JORNAL A TARDE SALVADOR, TERÇA-FEIRA, 24 DE OUTUBRO DE 1983

CIRCUITO DE ARTES PLÁSTICAS DO NORDESTE 
COMEÇA HOJE

Começa hoje em Salvador o Circuito de Artes Plásticas do Nordeste com o objetivo de conhecer e divulgar melhor a produção de artes plásticas da região. A primeira mostra estadual é esta que será aberta hoje no Museu de Arte Moderna da Bahia, no Solar do Unhão, a qual estará aberta ao público até o dia 12 de novembro, além da realização de uma palestra sobre Arte e Ciência, nos séculos XVII e XIX, com Paulo Sérgio Duarte e uma mesa-redonda para a avaliação do circuito com a participação deste colunista, Kate Van Sherpenberg,Ângela Calil, Hermano Guedes, Paulo Sérgio Duarte, Heitor reis, Pasqualino Magnavita e Comissão Estadual dos Circuitos e Artistas.
Cada estado da região montou uma exposição dos seus mais significativos artistas, durante dois dias e realizou cursos, debates, e seminários discutiu suas realidades nas artes e no Nordeste como um todo. Uma comissão formada por Hermano Guedes, do Pará; Pasqualino Magnavita, da Bahia; e Kate Van Sherpenberg ,do Instituto Nacional de Artes Plásticas visitou todas as mostras estaduais, quando escolheram as obras que compõem uma exposição-síntese.
A Bahia é a sede da secretaria coordenadora do circuito, que conta com o apoio da Fundação Cultural da Bahia, Associação Brasileira de Críticos de Arte e a Delegacia de MEC. A Comissão Estadual encarregada da mobilização dos artistas plásticas é formada por Francisco Liberato, representando a Fundação Cultural; Vera Lira, a Demec; Juarez Paraíso, a Universidade Federal da Bahia; Ivo Velame e Wilson Rocha, a Associação de Críticos de Arte; Sônia Rangel e Antônio Brasileiro, a Associação dos Artistas Plásticos, com o apoio técnico de Helena Sudsilowsky.

UMA CONFIRMAÇÃO

Como podemos observar é o Estado mais uma vez que banca o espetáculo, dando os meios materiais e enviando seus agentes para a concretização deste circuito em defesa de uma manifestação regional.Com isto lembro àqueles que radicalizam, que o Estado sempre foi e será um importante sustentáculo na promoção cultural. O que agente discute é se sua presença deve acontecer desta ou daquela forma e não aceitar, sob qualquer hipótese, a interferência na criação. Isto todos sabem que é muito difícil, e é aí, que todos aqueles que amam a liberdade, e neste caso, a liberdade de criação e expressão devem estar alertas para enfrentar às imposições de ideologias e interesses ocasionais dos agentes do Estado. Sabemos que este Circuito de Artes Plásticas, embora seja promovido pela Fundação Cultural do Estado da Bahia, Universidade Federal da Bahia, Delegacia do MEC e as Associações de Críticos e de Artistas Modernos da Bahia tem um objetivo bem mais nobre que reflete uma reação à dominação cultural /circunstanciada pela relação centro, periferia dos acontecimentos de todas as áreas no âmbito nacional”.
Também ele surgiu pela “necessidade do fortalecimento das raízes culturais o que torna oportuno a defesa dos significados regionais e esta defesa vem sendo expressa nas áreas plásticas em situações e momentos específicos: não há dúvida de que a região Nordeste absorve processos dos certos mais desenvolvidos e não há como negar que vivemos uma época de crescente popularização de influências. Os meios de transporte e comunicação encurtaram as distâncias e as barreiras entre as regiões, enquanto os salões nacionais e internacionais tendem a difundir padrões que consagrados pela crítica impõem valores para a leitura da arte”.
Em primeiro lugar, tenho que aplaudir a idéia do fortalecimento das raízes culturais da região, pois venho há vários anos escrevendo sobre isto e chamando a atenção de artistas que pongam nos modismos fabricados nas grandes cidades, vitrines do consumo, para que olhem ao seu redor, a sua gente e as coisas que lhe cercam.
Muitos vivem copiando, e copiando mal estereótipos recém-consagrados pelo discurso da crítica comprometida com suas realidades monopolistas. Devido a nosso atraso cultural ficamos à espera que manifestações discutíveis nos cheguem como verdades absolutas. E, mesmo com o avanço tecnológico elas nos chegam tarde,  quando muitas vezes, já foram abandonadas ou institucionalizadas nos locais onde são produzidos. Devido a nossa pobreza os materiais utilizados também difíceis e nos chegam muitas vezes com qualidade duvidosa. Aí muitos passam a produzir uma arte fora da sua própria realidade e principalmente do próprio momento histórico. Tudo isto é fruto da pobreza e conseqüente falta de informação que funcionam como verdadeiros mecanismos de controle. Aliado a isto existe arraigada aquela predisposição em aceitar como excepcional  tudo que é produzido fora da região. É uma postura do colonizado, acostumado que está a aceitar as fórmulas vomitadas ou abortadas dos grandes centros monopolizadores da produção cultural. Assim espero que haja uma participação de todos, e que resulte um maior intercâmbio entre os produtores de arte desta região para o fortalecimento de nossa cultura e que esta produção seja vista não como uma coisa exótica, mas sim como uma arte representativa de nossa própria realidade “fundamentada no encontro com seus arquétipos, com sua identidade cultural.

MUNDO DA COR EM EXPOSIÇÃO NO NÚCLEO DE ARTES 
DO DESENBANCO

Uma viagem ao “Mundo da Cor”, uma exposição divertida, experimental, dirigida à criança e ao adulto, é a mostra que o Núcleo de Artes do Desenbanco inaugura no próximo dia 26, quarta-feira, ás 17h30min no seu Salão de Exposições Temporárias.
Nesta exposição, o objetivo é estimular e enriquecer  a fantasia infantil de maneira descontraída e lúdica, a partir do conceito básico da cor como sensação, e seus múltiplos aspectos de tons e valores.
Antecipando a mostra, o artista Israel Pedrosa, autor da teoria da “Cor Inexistente”, realiza duas palestras no Núcleo de Artes do Desenbanco, ás 17 horas, dos dias 24 e 25, para um público de educadores, artistas e estudiosos de artes visuais.

O MARAVILHOSO  O MUNDO DA COR

Vivemos no mais colorido dos séculos de toda a história humana. A cor envolve o homem no seu dia-a-dia e está contida de forma diversificada na literatura infantil, na arte plumária e mineral, na música, e tem no mundo atual um enorme alcance prático nos veículos de comunicação visual, atingido não só a pintura e as artes gráficas, mas também a fotografia, o cinema, a televisão em cores, etc.
Segundo Sylvia Athaíde, responsável pelo Núcleo do Desenbanco, " a mostra sugere às crianças e aos professores que as acompanham a descoberta da cor através da luz, dos pigmentos, da pintura, das misturas óticas, dos símbolos, da música, da linguagem e até da literatura. Em qualquer destes aspectos" - afirma Sylvia - "o importante é aprender a ver (olhar e ver) ", e acrescenta - "nesta exposição realizaremos exercícios e jogos pedagógicos como pretexto para educação do olho, despertando a sensualidade da criança para o contato com a obra de arte, assim como para tudo o que lhe cerca".

APRENDIZADO

“Todas as cores da natureza estão contidas na luz branca. A luz solar é o melhor exemplo”. Quando a luz branca atravessa um prisma é decomposta em sete cores: Vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta, Destas, apenas três, são cores-luz básicas: o vermelho, verde e o azul violeta. Este é o início de um aprendizado que esta exposição do Núcleo de Artes do Desenbanco sugere. Daí vem as respostas para as perguntas: Como surge o arco-íris? Como são reproduzidas as cores na televisão? Por que vemos sombras coloridas? O que é cor inexistente? Por que razão o nosso próprio órgão visual tem capacidade de produzir e reproduzir a cor? E segue uma grama enorme de ensinamentos teóricos e práticos sobre o tema.
Em si, a exposição está dividida em cinco partes: a primeira ligada às mutações cromáticas até a cor inexistente, frutos de uma pesquisa científica do artista Israel Pedrosa; a segunda, a representação da cor no mundo animal e mineral, n na arte plumária e em vários minerais que são usados na indústria para extração de pigmentos; a terceira, a cor na linguagem, nas expressões populares, como “vermelho de raiva” “roxo de saudade”, “jogando verde” etc.; a quarta parte será dedicada à cor na literatura infantil, com ilustrações de livros como “Flicts”, de Ziraldo, “Bom Dia Todas as Cores”, de Ruth Rocha, “Bufunfa no Mundo das Cores”, de Daniel Azulay e outros; e a quinta e última parte, a cor na música, o aprendizado através da utilização da escala cromática.
A mostra foi totalmente produzida pelo Núcleo de Artes do Desenbanco com a colaboração de Israel Pedrosa, e estará montada, para visitação pública, no “hall” do edifício-sede do Desenbanco até o dia 30 de novembro.

          VEJA “AS MULHERES NA ARTE”


A partir de hoje, até 28 do corrente, em três sessões diárias, às 09:00, 17:00 e 20:00 horas, estará sendo exibida na Galeria da Associação Cultural Brasil - Estados Unidos, a série de filmes “The Originals Women in Art", que celebra a vida e a obra de algumas das mais brilhantes artistas do passado e do presente, que  já criaram arte nos Estados Unidos.
Todas enfrentaram obstáculos por motivo de sexo e tiveram que revelar uma dose extraordinária de talento, força e determinação para serem bem-sucedidas. A série é também um “tour” cinematográfico de obras-primas artísticas que, por seu mérito, riqueza e diversidade sobrepõem-se a considerações sobre gênero. Todos os filmes foram produzidos e dirigidos por importantes cineastas do sexo feminino, e o produtor executivo é Perry Miller Adato. A programação é co-patrocinada pelo serviço de Divulgação e Relações Culturais dos Estados Unidos e será a seguinte: 24/10- Helen Frankenthaler- Rumo A Um Novo Clima
(Toward a New Climate), 30 min; 25/10 - Colecionadora Espiritual - A Arte de Bette Saar- (Spirit Catcher/The Art of Betye Saar) 30 min; 26/10-Mary Cassatt- impressionista de Filadélfia (Impressionist from Philadelphia), 30 min; 27/10- Georgia O’keefe -30 min e no dia 28/10- Alice Neel- Colecionadora de Almas (Collector of Soulds), 30 min.

      EXPOSIÇÕES DE ESMALTE E CERÂMICA

Para Mário Garcia Guillém, da Associação Paulista de Críticos “a artista Norma Donato é um dos nossos melhores nomes na antiga e nobre arte do esmalte sobre cobre”.
Ela vem desenvolvendo sua técnica desde 1948, preocupada em progredir aprimorando sua performance e sua visão plástica através da utilização de novos pigmentos. Consegue “coadunar as transparências delicadas do esmalte com a dureza do metal com uma harmonia que os faz um para o outro”.
Norma domina o desenho e sabe controlar as altas temperaturas para que a peça surja com toda sua plasticidade, sem qualquer interferência ou imperfeição.
Falando sobre sua arte. Norma revela que "a arte de esmaltar se perde nos tempos. O esmalte é classificado entre as artes do fogo, uma das mais interessantes que se pratica; nessa arte se reúne o saber e a habilidade do artista." Ela está expondo até o dia 31 no Hotel Méridien.

CERÂMICA

Zilma Cardoso Motta, professora de cerâmica, está expondo os trabalhos de seus alunos, até o dia 27, no playground do edifício Serra de Ondina, na Avenida Presidente Vargas, n.º 2.352. Uma boa oportunidade para os que gostam da cerâmica e objetos de arte com função utilitária.









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