GALERIA DO ALUNO COMEMORA UM ANO
DE BOM APRENDIZADO
A galeria do aluno foi criada no ano passado, na Escola de Belas Artes na
Universidade Federal da Bahia com alguns objetivos bem definidos, como
estimular o aluno a mostrar seu trabalho; ao mesmo tempo, habituá-lo á análise
e crítica de sua produção;desenvolver atividades profissionalizantes, dentre
outros. Daqui, venho apoiando esta iniciativa, principalmente porque abre
espaço para aqueles que estão se iniciando no difícil e tortuoso caminho do
mercado de arte.
Ao lado a artista Hedi Lamar tendo ao fundo uma obra de sua autoria,onde aparece todo o erotismo de sua arte.
Só espero que tomem como um incentivo e que os novos expositores não fiquem de uma hora para outra se supervalorizando, como se fossem grandes artistas. Uma simples exposição ou publicação de um texto num jornal, em vez de funcionar como incentivo, pode prejudicar a formação de alguns menos preparados.
Ao lado a artista Hedi Lamar tendo ao fundo uma obra de sua autoria,onde aparece todo o erotismo de sua arte.
Só espero que tomem como um incentivo e que os novos expositores não fiquem de uma hora para outra se supervalorizando, como se fossem grandes artistas. Uma simples exposição ou publicação de um texto num jornal, em vez de funcionar como incentivo, pode prejudicar a formação de alguns menos preparados.
Já
disse que Maria Adair foi a idealizadora desta galeria. Experiência que viu nos
Estados Unidos, onde normalmente as escolas de Belas-Artes ou as academias,
como chamam por lá, têm espaço para expor a produção de seus alunos e quase
sempre estão promovendo eventos com premiações. Esta galeria já revelou alguns
talentos, que daqui pra frente têm muito que trabalhar.
Por
outro lado, alguns alunos da Tyler School of Art da Temple University, de
Philadelphia, estiveram na Bahia, inclusive a Karen Carpenter realizou uma
exposição na Galeria O Cavalete. Ela mostrou a sua versão, a uma visita que fez
a uma mina de carvão abandonada, no centro da Pennsylvânia.
Agora
a exposição Cambio Change, encerrada na sexta-feira passada, reuniu trabalhos
de Clarissa, Cláudia Silvany, Hedi Lamar, Jocelma Barreto e Gabriel Lopes
Pontes.
Chamo
a atenção para o trabalho de Hedi Lamar, que está nesse instante preocupada com
os problemas do mundo feminino, os entraves e preconceitos envolvidos na
relação homem-mulher, mulher sociedade e até mesmo com a solidão da mulher. O
erotismo de suas obras não agride. Ao contrário mostra exatamente a sua
sensibilidade e uma força muito grande, em total contraste com sua pequena
estatura. Aliás, ela gosta de trabalhar em grandes espaços e tem explicação
para isto. “Procuro fazer trabalhos grandes porque a grande dimensão aliada as
idéias claras e diretas produzem um impacto visual forte”.
O
DIQUE DO TORORÓ ESTÁ COLORIDO
Ao sabor dos ventos, tubos coloridos inflados foram estrategicamente unidos formando grandes espaços que variam de acordo com a temperatura e a incidência de luz, se transformando num espetáculo vivo
O
projeto de Washington Santana vem sendo buscado há vários meses numa verdadeira
peregrinação por indústrias do pólo petroquímico em busca de patrocinadores.
Graças a sensibilidade dos executivos Geraldo Araújo, da Polipropileno, Jorge
Arthur, da Poliaden, Otávio Pontes, da CPC, e Francisco Pessoa, do Banco
Econômico, o seu projeto transformou-se em realidade, dando mais colorido a
esta cidade, que agora, mais do que nunca, está necessitando, pois estamos
vivendo tempos de incertezas obscuridade. Cito nominalmente estas pessoas
porque defendo a importância da participação da iniciativa privada como suporte
para a realização de projetos culturais.
Ele
pretende levar o seu trabalho a milhares de pessoas, rompendo desta forma as
paredes frias das galerias de arte, onde só uma elite tem acesso. Vai instalar
dois refletores gigantes para propiciar a iluminação dos objetos e dois
pequenos barcos estão a disposição do público para passear por entre os tubos
coloridos. Na medida que os barcos se movimentam, haverá uma interferência
possibilitando a participação das pessoas na sua obra.
Aos
35 anos de idade, Washington Santana mostra a sua inquietude e sua persistência
em ver concretizados os seus projetos. Lembro-me que em 1981 ele permaneceu por
48 horas numa balsa, no mesmo Dique do Tororó, protestando contra a proibição
imposta por alguns órgãos públicos municipais de expor alguns trabalhos nas
águas do lago.
É um artista inovador, e por esta razão sempre está às voltas com dificuldades. Ele revela uma verdadeira aversão pela temática folclórica, de fácil consumo, e experimenta sempre novos caminhos para sua arte. Seu mais recente desafio de conviver com os miseráveis que vivem dos restos da sociedade de consumo, no mesmo depósito de lixo de Canabrava, procurando subsídios para o seu trabalho, esteve comigo na Redação e uma colega chegou perto dele querendo saber as horas.
Ao lado o artista Wasghinton Santana trabalhando na instalação dos tubos.
Washington
olhou para ela e disse:“Este
objeto é o anti-horário. Eu não uso relógio”. Ele trazia ao pulso não era um
relógio, como a colega pensou e eu também, mas uma tampa velha de Vick Vaporub,
preso ao pulso por uma corrente imitando um relógio.
Um
atento crítico do sistema, Santana lembra que este final do século está
assistindo uma mudança radical no conceito e nas formas de produção, e que a
arte deixa de ser uma mensagem de indivíduo para indivíduo, estabelecendo novos
padrões de linguagem, ganhando novos espaços e novas dimensões. E Aquabella é
um importante passo nesta busca incessante do artista em experiências
renovadoras, ousadas tanto na concepção quanto nos objetos que idealiza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário