JORNAL A TARDE, SALVADOR,
SEGUNDA-FEIRA, 23 DE MARÇO DE 1987.
CATÁLOGO COMPLETA O CICLO DO
SALÃO
METANOR / COPENOR
Está sendo distribuído o catálogo
do I Salão Metanor / Copenor de Artes Visuais do qual fui o curador. Na foto, a
capa do catálogo e público abaixo o texto que escrevi:
“Desde o instante em que tomei
conhecimento da idéia da Metanor/ Copenor em promover um evento na área das
artes visuais, decidi apoiá-la. E, na medida em que esta idéia foi
amadurecendo, nas várias reuniões das quais participaram figuras as mais
destacadas da cultura baiana, aumentava o meu envolvimento, com um único
objetivo de proporcionar aos artistas mais uma possibilidade de mostrar suas
produções.
Finalmente, fixou-se que fariam
um salão dedicado aos iniciantes. Não poderia surgir idéia melhor, isto porque
sei das dificuldades de quem começa a dar os primeiros passos no difícil
caminho da profissionalização. Abracei a idéia e, para surpresa de todos nós
287 artistas se inscreveram,130 foram selecionados, sendo quatro premiados com a
aquisição de suas obras, além das 30 menções honrosas.
O Salão foi uma festa de
juventude e de alegria pela presença, entre os expositores, de artistas até
então desconhecidos, mas com muito talento. O Salão foi uma explosão de cores e
formas, que impressionou até os experientes críticos Frederico de Moraes, de “O
Globo” do Rio de Janeiro, e Olney Krüze, do “Jornal da Tarde”, de São Paulo.
O Salão Metanor/Copenor
proporcionou ainda uma participação do público através de um júri popular, que
escolheu seus favoritos.
As obras foram expostas no Museu
de Arte da Bahia e depois numa ala do “Shopping Center Iguatemi”, quando foram
vistas por mais de três mil pessoas.
Neste momento, de realização,
quando já estamos sentido alguns frutos deste evento, proporcionado por essas
duas empresas do nosso Pólo Petroquímico, não podemos esquecer da presença
marcante dos professores da Escola de Belas Artes, Ivo Vellame, Juarez Paraíso,
Aílton Lima, Graça Ramos, Márcia Magno e Carmen Carvalho, e, também, de sua
diretora Ana Maria Villar. Enalteço a disposição de alguns deles e mais ainda
dos artistas Antoneto, Capelotti, Renato Viana, Juraci Dórea e Andréa, em
participar da Passarela de Arte, quando pintaram 10 belos painéis e que também
ficaram instalados ao longo da Avenida Garibaldi.
Para que isso se transformasse em
realidade, foi vital o apoio do diretor superintendente da Metanor/Copenor,
Aldo Carneiro Júnior, e seu diretor financeiro, Dirceu Sampaio Eloy, e
principalmente do gerente de marketing, José Francisco Presser, que, juntamente
com Fiorella Fatio, da Inform, funcionou como verdadeiro esteio este evento.
Essas duas pessoas viveram todas as etapas do Salão e agora, ao término de
minha participação, desejo que fique aqui registrado o meu mais sincero
agradecimento pelo profissionalismo de ambos.
Quanto aos artistas, mesmo
aqueles que não foram selecionados, é hora de agradecer a presença da empresa
privada num evento plástico. “Vamos continuar trabalhando e até um próximo
Salão”.
LEONEL MATTOS EXPÕE NO RIO E A PARTIR
DO
Isto demonstra a atividade
profissional deste artista, que está radicado em São Paulo enfrentando
todas as possíveis e imagináveis dificuldades de alguém que sai da sua terra
para vencer lá fora. Tenho certeza que Leonel será um vencedor. Não apenas por
sua disposição de luta, mais aliadas a elas estão a sua capacidade criativa e
sua inquietação. O homem é o centro desta inquietação e como um observador
consciente ele vai colhendo detalhes de situações vividas nas grandes
metrópoles. Ao lado sua obra Liberte-se , Meu País!, em acrílico sobre tela.
O catálogo de sua exposição tem
um texto escrito por mim, que traduz exatamente como sinto e vejo a arte de
Leonel Mattos o desfilar de signos, que traduzidos são mensagens do
inconsciente de um jovem artista inquieto, que explode em criatividade.
A obra PESADELO DE UM ARTISTA é a capa do catálogo das duas mostras.
O vigor das cores e da própria
ocupação dos espaços vem ao encontro de seu lado emocional, impulsivo. Sim, por
que aí é o lado irracional do artista, que em determinado momento se deixa
dominar pelo impulso moderno. Sua arte traz a marca inconfundível deste Brasil,
explorado e espoliado, mas principalmente deste Nordeste quente e forte. Só que
a sua linguagem, embora respaldada numa cultura brasileira, é entendida por
todos aqueles que têm oportunidade de examinar com atenção a sua obra, sim
porque é uma linguagem que tem elementos da universilidade. E um dado
importante é que ele não de fecha em si mesmo.Deseja que todos participem de
sua obra.
Lembro que certa vez, colocou nas
ruas de Salvador algumas placas de compensado e deixou que os que passavam
dessem algumas pinceladas. Fez isso em locais diferentes. No Sanatório, no
Campo Grande, no Bairro da Liberdade, Instituto dos Cegos, na Detenção, no
Porto da Barra, e em seguida fez uma exposição desses trabalhos. Na rua
dialogava com o povo, ouvindo os mais variados comentários, inclusive foi
tachado de louco por alguns transeuntes menos avisados. Leonel procurava
exatamente sentir as reações, mesmo aquelas que poderiam lhe incomodar. O fruto
desta experiência foi o surgimento de elementos que passaram a compor novos
trabalhos do artista. Uma experiência rica em manifestações das mais variadas.
Cada traço, cada desenho aparentemente desconexo foram importantes no
desenvolvimento do trabalho e de Leonel Mattos.
Recentemente participou de exposições
importantes, e foi premiado em vários salões oficiais.É um artista que tem fôlego para
enfrentar adversidades que se apresentam, fundamentado no seu forte talento.
TRABALHOS RECENTES DE WAGNER
SERÃO MOSTRADOS
Richard Wagner, o nome já indica
alguma relação com a arte. Não com a música, como a princípio pode parecer, a
qual deve ter inspirado seus pais a batizá-lo com este nome. Só que ele tem
dentro de si aquela mesma excitação de um compositor que dedilha nervosamente a
tecla de um piano. Porém, em vez de sentar-se diante de um piano de cauda utiliza
outros instrumentos como o pincel, a brocha , a broca, enfim, todo o material
que considera necessário para conceber seus grandes painéis de madeira ou de
murais de cimento. A sua arte é quase fisiológica, na media que explode diante
de nossos olhos.
Em Itabuna, todos conhecem a sua
arte. No Itaigara, lá está a sua obra, em forma de grandes painéis de madeira.
Ele disse que “como artista tem
uma responsabilidade básica com a história, com quem estou comprometido
seriamente. Pois, toda a historia do homem, foi escrita pela arte, pois a
própria letra é um desenho simbólico que a arte nos ofereceu como método de
linguagem. Os painéis são, talvez, a mais forte impressão da arte para a
história do homem. Gosto de concebê-los”. E, realmente Wagner tem uma
necessidade muito grande de realizar os seus painéis. Todos trazem elementos da
antiguidade misturados com outros mais voltados para a tecnologia moderna, mas
como um ele de ligação, que é a expressão do próprio homem.
Wagner está com 38 anos de idade,
mais de 50 exposições e agora está empenhado em realizar uma grande mostra em
Salvador, talvez na Teresa Galeria de Arte.
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