ARTISTA AMERICANA ESTUDA AS
MANIFESTAÇÕES
Depois de várias exposições no seu país e realizar alguns contatos com galerias de arte em Chicago, Boston e New York a artista plástica Deborah Muirhead, professora da Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos, está em Salvador onde mantém contatos com artistas baianos.
Aqui
pretende realizar um trabalho conjunto usando o papel como suporte.
Esta
é a terceira vez que ela vem ao Brasil. Nos anos de 1969 e 1971 conheceu alguns
estados, quando veio com uma bolsa de estudos que ganhou no estado de
Connecticut, onde ensina, na Universidade, gravura, pintura e desenho.
Ela
disse que prefere Salvador entre as
demais cidades brasileiras por suas características e pela afinidade com a cultura
afro-americana. Também pretende visitar Cachoeira e outras cidades baianas mais
antigas. Tem uma grande admiração pelos antigos casarões, pela música aqui
feita, e muito lhe agrada ouvir o povo falar.Ela
acha que existe uma musicalidade nata na pronúncia do baiano.
O
seu trabalho é fundamentado nos condicionamentos de imagens que observa. A arte
primitiva das cavernas, com suas formas orgânicas a espontaneidade gráfica
desses desenhos e até mesmo das crianças que têm toda uma pureza gestual.
Observa com muito interesse os desenhos primitivos oriundos da África e da Oceania.
Os símbolos que cria, têm formas ambíguas, e Deborah busca constantemente novas
figurações.
A
artista foi colega da artista Yedamaria, quando esta esteve fazendo um curso
nos Estados Unidos.
Deborah
foi também convidada para passar um mês, no ano de 1985, em Yaddo, em Savatoga Springs ,
em New York ,
que é uma casa situada numa enorme área onde artistas convidados desenvolvem
seus trabalhos. Durante este período fez pintura com tinta acrílica sobre
papel. Este projeto foi iniciado em Yaddo por volta de 1915, por outros
artistas americanos.
Partindo
dessas experiências, Deborah repassa aos seus alunos na Universidade o que
observa e apreende numa renovação constante. Espera que sua obra seja forte e
lúcida, inserida dentro da sua própria realidade.
Pode
aparecer à primeira vista que os trabalhos de Deborah Muirhead são infantis,
que não refletem coisa alguma. É muito comum ao leigo, com má vontade, ou seja,
àquele incapaz de fazer uma leitura de uma obra de arte dizer: isto eu faço.
Não faz! Pode até chegar perto, mas com uma diferença muito grande que é a
simplicidade de uma obra como a de Deborah é fruto de muito conhecimento de
desenho, de composição, de consciência naquilo que deseja interpretar. Cada
traço, cada forma têm razão de ser. São espontâneos, mas fruto do conhecimento,
de vivências, e juntos compõem uma manifestação artística. Não são borrões,
como alguns, menos lúcidos, os classificam. Considero muito fortes os trabalhos
de Deborah Muirhead. Livres como um pássaro que risca o horizonte com seus vôos
incertos em busca de um pouso. O trabalho nos dá uma idéia de movimento, de que
está sempre sendo concebido, ao ponto de agente até querer dá mais uma
pincelada. Enfim, Deborah mexe com os sentimentos daqueles que os têm e os
cultivam.
ZEBAY
MOSTRA DEZOITO TRABALHOS EM ITABUNA
O
jovem artista Zebay, de 24 anos, estará fazendo este mês uma exposição
individual de 18 trabalhos em óleo sobre tela, em Itabuna, na inauguração da
galeria que pertence á esposa do prefeito, D. Rita Coelho Dantas.Trata-se
de obras que retratam mulheres, naturezas mortas com forte tendência cubista.
Zebay
encontra-se atualmente em Salvador, onde o marchand Everaldo Pereira está
mantendo contatos com patrocinadores, para viabilizar uma exposição do artista
na Capital.
Por
enquanto, quem quiser conhecer as obras desse artista poderá apreciá-las na
Stilus Molduras, na Rua Odilon Santos, 89, Rio Vermelho.
Ao lado as mulheres tristes de Zebay
Ao lado as mulheres tristes de Zebay
Autodidata,
natural de Ibicuí, Zebay começou a pintar em 1980, mas foi em 1982 que ele deu
maior seqüência aos seus trabalhos, que já obtiveram alguns prêmios a exemplo
do 1º lugar do 4º Salão de Artes Plásticas da Festa do Cacau, em novembro do
ano passado, em Itabuna. O
artista foi premiado também em outros eventos culturais naquela e em outras
regiões do interior do estado.
A
CRIATIVIDADE DE CALÁ
Os
relatórios e as atas, verdadeiramente são feitos para não serem lidos.
Geralmente, trazem montanhas de números e gráficos que quase ninguém entende, e
quando são publicados nos jornais, só usando uma lupa para enxergar as letras,
de tão pequeninas que são. Seus autores não desejam que ninguém os entenda ou
leia. Cumprem, apenas, a legislação das sociedades anônimas, que os obriga a
publicá-los. Porém, quero chamar a atenção para um relatório que se pelo menos
não for lido, será certamente visto. Não passará em brancas nuvens e nem ficará
rolando, lacrado, por cima das carteiras dos executivos que os receberam até
serem destinados á lata de lixo, como acontece com os demais. Trata-se do
relatório da Nitrocarbono, que traz a marca de um artista baiano. Nada mais,
nada menos que o mestre Calá. Ele soube misturar suas cabras com a
caprolactama, segundo o relatório, é o carro-chefe das vendas da empresa e uma
matéria-prima básica para a produção de nylon do nosso vestuário, tapetes e
carpetes. As cabras violetas, azuis a amarelas de Calá andaram faceiras e
elegantes queimando etapas, mostrando o crescimento das vendas deste produto
que tem um nome estranho. Os pássaros noturnos de Abaeté também ilustram o
relatório, dando seus vôos razantes e muitas vezes altos a depender do
desempenho de cada setor. Só faltaram as baleias, que vez por outra alegram o
Território Livre de Itapuã. Na capa do relatório o próprio ambiente colorido
onde Calá consegue seus personagens, ricos em mistério e beleza. Ao lado das cabras de Calá em movimento.
TRÊS ARTISTAS EXPONDO NO SESI EM
SÃO PAULO
A
Galeria de Arte do Sesi, na Avenida Paulista, 1313, em pleno coração de São
Paulo, está apresentando uma exposição intitulada Três Tendências, reunindo
Zé Cordeiro, Clodomiro Lucas e Edna de Araraquara. Portanto, são três pintores
primitivos que expõem 30 quadros, sendo 20 óleos sobre tela e 10 gravuras em
papel.
O
Zé Cordeiro é um artista que embora resida em São Paulo , iniciou sua
carreira aqui por volta de 1966 e depois partiu para o Sul expondo no XV Salão
Paulista de Arte Moderna. Já fez quase duzentas exposições, e é um batalhador
em prol dos artistas primitivos. Ele costuma usar os personagens criados por
Jorge Amado para se expressar, e já está alçando vôos mais altos, basta dizer
que tem uma exposição com 40 quadros já marcada para Washington.
Já
Clodomiro Luca é gravador, iniciou sua carreira em 1966. Já participou de
inúmeras exposições e salões. Ele mesmo fabrica o papel que usa como suporte de
sua obra, usando como matéria-prima, o bagaço de cana, de abacaxi, cascas de
árvores e inúmeras fibras de nossa flora. Ele leciona no Museu de Arte
Contemporânea de Campinas. Ao lado uma das obras de Zé Cordeiro.
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