OS FRUTOS NA OBRA DE CARMEN FREAZA
A arquiteta Carmen Freaza
participará de uma coletiva no clube do Rio Designer Center, mostrando alguns
de seus mais recentes trabalhos a partir de 7 de abril. Ela trabalha com
projetos, num escritório em Salvador, juntamente com seu esposo Alfredo Gusmão.
Agora mesmo o casal está acompanhando a construção de um hotel em Porto Seguro , cujo
projeto é de sua autoria.
Mas, além da arquiteta Carmen
Freaza é uma boa pintora. Começou a pintar por volta de 1982 e de lá para cá já
participou de algumas coletivas e individuais.
Sua temática gira em torno do
homem e principalmente dos frutos. Como naturista, não poderia escolher outra
temática. Ela vê todo um simbolismo no fruto como a continuação da própria
vida. “É aquela coisa que não vai acabar”. Também as próprias cores, quase
sempre fortes, dos frutos, chamam a atenção da artista que pesquisa com muito
cuidado as formas. Enfim, seu mundo pictórico gravita em torno dos frutos que a
natureza nos oferece. E aqui neste País tropical ela tem certamente muitas
opções, tal a quantidade de frutos com belas formas e cores fortes.
Acredito que, ao lado das formas
e das cores, o seu trabalho tem um enfoque social porque o fruto também
simboliza a própria sobrevivência do homem.
É da Terra que surge esta força
que brota e explode para sustentar não apenas o homem, mas também os pássaros e
demais animais.
NA GALERIA DO ALUNO EXPÕE VÂNIA
BRASIL
A Galeria do Aluno abriu a sua temporada com a exposição de Vânia Levindo Brasil. Diz ela depois de fazer um trabalho em policromia foi atraída pela construção geométrica. Daí procura representar em seus trabalhos os planos, as linhas e cores de acordo com um sonho que teve. Vieram as justaposições de formas simples e harmoniosas. O vermelho entrelaçado com outras cores transmitindo a força da vida.
Esta galeria tem sido um espaço
alternativo para os alunos que realmente se dispõem a enfrentar o mercado de
trabalho. Vânia é um desses alunos. Ela está realmente com alguma
instrumentação para fazer valer o seu talento. O que é preciso é pintar. Pintar
e pintar muito para melhorar cada vez mais a sua técnica e desenvolver a
geometrização. Acredito que com o seu temperamento meticuloso, cuidadoso e até
certo ponto exigente, vai conseguir. Sua exposição deverá ser encerrada hoje.
LEILÃO REÚNE 120 QUADROS
ESCRITÓRIO DE
ARTE DA BAHIA
ARTE DA BAHIA
Com 120 quadros, peças raras,
obras de colecionadores , o Escritório de Arte da Bahia
promove hoje, às 21h30min, no Salão Monte Paschoal, do Salvador Praia Hotel, o
seu Grande Leilão de Pinturas, evento que nestes três anos de existência da
galeria vem inaugurando a temporada anual de exposições.
A mostra, está aberta desde ontem à visitação pública, das 10 às 20 horas, é, sem dúvida nenhuma, um dos bons
leilões já apresentados ao público baiano, constituindo-se num verdadeiro
panorama das artes plásticas brasileiras, já que entre as obras a serem
vendidas estão trabalhos de nomes como Bonadei, Di Cavalcanti, Pancetti, Clóvis
Graciano, Ismael Neri, Teruz, Carybé, Jenner Augusto, Scliar, Emanoel Araújo,
Floriano Teixeira, José Maria, Rescala, Bracher, Robespierre de Farias,
Romanelli, Aldemir Martins, João Alves, Gilberto Salvador, Claudio Tozzi,
Newton Mesquita, Carlos Araújo, Tahashi, Jadir Freire, Fukushima, Luís Jasmim,
Carlos Bastos, Jamison Pedra, Antônio Maia, Brito, Calasans Neto, Fred Schappi,
Murilo, Vauluízio, Zivé Gludice, Fernando Coelho, Siron Franco, entre outros.
Acima a obra A Janela Do Colecionador, de Siron Franco.
Acima a obra A Janela Do Colecionador, de Siron Franco.
Com esta promoção de abertura da
temporada 87, o Escritório de Arte da Bahia, que terá sua primeira exposição do
ano em abril com uma individual de Floriano Teixeira, reúne obras normalmente
escassas no mercado.
QUATRO ARTISTAS REUNIDOS NA
COLETIVA DA MULTIPLUS
'Um Ziguezague de cores vai incendiar a cidade!” Este anúncio não é de um novo grupo de rock que vai balançar a moçada, nem tão pouco um novo produto a ser exposto nos supermercados. Trata-se da exposição de Gabriel Lopes Pontes, premiado no Salão Metanor/Copenor, e um dos jovens artistas que começam a despontar nesta nova geração de 1980. Ele chegou a rascunhar algumas palavras mostrando o seu impulso e inclusive fala de seus colegas de exposição. De Regina Rodrigues Costa, que deixou a sua Angola e aqui já participou de várias coletivas, onde mostrou a influência de sua terra, principalmente do artesanato multicolorido.
Acima obra de Michael Walker , em aerógrafo, vendo-se atrás o Morro do Pai Inácio, na Chapada Diamantina.
Gabriel Lopes Pontes, que tem
pouco mais de 20 anos de idade, está com sua temática fixada no jazz. Usando o
jazz como pano de fundo para seu trabalho, ele cria e recria um desfile de
mulatos e negros brasileiros mostrando inclusive o contraste social, que tanto
os atingem, neste Brasil meio perdido. São figuras de tipos que povoam as
nossas ruas, principalmente os centros decadentes das metrópoles. Dentro desta
temática, utiliza elementos com escudos de times de futebol, a cachaça, cobras
e tudo aquilo que lhe toca a sensibilidade. Tem um colorido que classifica de
latino, ligado a explosiva literatura latino-americana. Seu trabalho é muito
expressivo e muitas vezes debochado. Lembro-me que assistia a um concerto de
jazz em New Orleans
quando um dos músicos, que era um homem negro, enorme e já idoso, levantou-se e
tirou de grandes bolsos de seu velho casaco alguns caramelos e arremessou-os
para a platéia. Foi um delírio. A cada lance ele soltava gargalhadas. Logo
depois pegou o seu instrumento e danou-se a tocar, entediando a todos os
presentes.
É este lado debochado que muitas
vezes flui na obra de Gabriel. Ele, em determinados trabalhos faz estórias em
quadrinhos e ultimamente a cor branca tem sido uma presença significativa na
sua obra.
Outro que participa da coletiva é
Dílson Midlej, que trabalha com nanquim, tendo como suporte o papel. Ele
retrata as mulatas gordas, tão presente na obra de Di Cavalcanti. Certamente
usando uma técnica bem diferenciada não podemos esquecer esta influência, sob
pena de estamos cometendo um deslize.
Finalmente, participa o Michael
Walker, que é paulista e trabalha muito bem com o aerógrafo, a exemplo do nosso
Bel Borba. Ele parte da fotografia e daí recria o seu mundo, onde surgem
elementos que tocam de perto esta terra, rica em plasticidade. Foi
ele que introduziu recentemente o curso de lito na Escola de Belas Artes. É um
ilustrador experiente. A exposição está aberta até 4 de abril, na Múltiplus,
que fica na Rua Lemos de Brito, 10, Morro do Gavazza, na Barra.
Ao lado obra de R.R.Costa , sem título, em acrílico.
Ao lado obra de R.R.Costa , sem título, em acrílico.
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