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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

EXPOSIÇÃO DO MODERNISMO ESTÁ NO SOLAR DO UNHÃO - 20 DE JULHO DE 1987

JORNAL A TARDE SEGUNDA-FEIRA, 20 DE JULHO DE 1987.

EXPOSIÇÃO DO MODERNISMO ESTÁ NO SOLAR DO UNHÃO

                  Capa do catálogo Modernismo                Les Nogeuses , do artista Rego Monteiro

 O Projeto Arte Brasileira que já contou com uma exposição sobre o Academismo, no Museu de Arte Moderna da Bahia, prossegue agora com o módulo Modernismo, movimento marcante nas décadas de 20 a 30. O projeto abrange do Academismo aos dias de hoje, e vem sendo apresentado em várias capitais do Brasil através de painéis ilustrativos com textos críticos e conceituais a cada obra oferecendo ao espectador os exemplos mais significativos da arte brasileira. Porém, não podemos deixar de registrar alguns nomes da arte baiana que foram, também precursores do Modernismo em nosso Estado, como Mário Cravo Júnior, Rubem Valentim, José Tertuliano Guimarães, Antônio Rebuças, Carybé, Carlos Bastos, Lygia Sampaio, Genaro de Carvalho e Jenner Augusto. São nomes muito conhecidos, por todos nós que gostamos das artes plásticas, e que acompanhamos o movimento artístico baiano. A eles um prêmio de gratidão por tudo que fizeram e continuam fazendo em prol do desenvolvimento da arte brasileira. A Genaro de Carvalho e José Tertuliano Guimarães, que já se foram, fica aqui um sentimento de saudade, mas, de presença constante pela qualidade de sua arte que sempre será motivo de orgulho para nós baianos.
A Arte Moderna, no Brasil, surge em São Paulo, devido a seu rápido desenvolvimento urbano na virada do século e também a um ambiente cultural menos estratificado do que o do Rio de Janeiro.
É a exposição de Anita Malfatti, em 1917, com suas telas expressionistas, o principal detonador de nosso movimento modernista. Provocando aqui o choque da modernidade, esta exposição faria eclodir um processo de ruptura com os preceitos acadêmicos, movendo grande impulso para a conquista de um novo espaço plástico.
A Semana de Arte Moderna de 22 avança, então, deste sentido de renovação, expondo obras de Malfatti, Brecheret, Di Cavalcanti e Rego Monteiro, artistas que já demonstram alguma compreensão da linguagem moderna. A questão do nacionalismo é consolidada e busca-se uma identidade cultural brasileira. Tarsíla do Amaral distinguiria essa singularidade nacional e popular em suas telas de vertente pós-cubista integrada aos movimentos Pau-Brasil e Antropofágico. Mas, um primeiro momento moderno vai querer exprimir o imaginário brasileiro e introduzir novas questões plásticas, a partir da experiência cubista trazida da Europa por esses artistas, um segundo momento irá deter-se mais agudamente nos problemas sociais do País, dando á arte uma função de militância política. As ligações do Pós-Cubismo com o Expressionismo aceleram-se e Portinari surge como artista exemplar da segunda fase moderna, fase de realismo social.

    Locus Ritual, obra de Leonardo Celuque                            Fim Da Festa , da artista Anita Alebic.

ARTISTAS REALIZAM INSTALAÇÃO COM LIXO DO 
TEATRO CASTRO ALVES

Uma instalação foi realizada por alguns artistas baianos utilizando o lixo do Teatro Castro Alves. Todos sabem que o TCA, Concha Acústica e outras casas de espetáculos baianos, inclusive o Teatro do Instituto Isaias Alves, foram abandonadas durante várias administrações, causando grandes prejuízos ao movimento cultural baiano. Shows de grupos de rock e outros, que deveriam ter sido realizados na Concha Acústica, foram deslocados para o TCA provocando danos materiais de grande monta ao auditório do teatro. Agora, os artistas Murilo, Leonardo Celuque, Otaviano Moniz Barreto e Anita Alebic mostraram uma instalação plástica com os restos de alguns materiais e equipamentos imprestáveis. Realizaram uma verdadeira reciclagem utilizando aquela tradicional afirmação de que tudo pode ser transformado.
Na medida em que os artistas vão remexer o lixão de um teatro, para valorizar através da intervenção de cada um nos objetos quebrados e tidos como imprestáveis está embutida uma ação criativa relevante. O simples fato de se apropriar de um objeto jogado num canto qualquer não quer dizer que pressupõe uma atitude artística. O importante é a intervenção, é o renascer do lixo, que se transforma em arte, mesmo sendo perecível, como aconteceu com esta instalação que durou pouco tempo.

Otaviano diz inspirar-se na Boneca de Ferro que foi um instrumento de tortura usado na Idade Média. Explica ainda Otaviano:
A Boneca de Ferro foi um instrumento de tortura usado na Idade Média. Na instalação, um armário serve como suporte não-expressionista do estabelecido, do castrador. O interior reflete o estado atual do homem contemporâneo, aonde as mãos invisíveis do sistema teclam na máquina com fita de frontal (tranqüilizante poderoso) os programas para os cérebros humanos. Esses programas visam á alienação, o conformismo, a aceitação sem questionamento. Acima Boneca de Ferro, do artista Otaviano Moniz.
Já o Celuque fala em metabolismo e catabolismo, funções vitais, onde pelos quais os serem se organizam e destroem elementos, substâncias e no caso dos homens ideais e objetos cotidianos.
“As sociedades e culturais também nascem, e se transformam, como os indivíduos. Os dejetos urbanos são os restos que, como os restos orgânicos, deverão ser reintegrados e reabsorvidos pela sociedade e a cultura e pó Gaia, nossa mãe terra.

    NAS PAISAGENS GERUSA MOSTRA SENSIBILIDADE

A artista Gerusa Rodrigues, ou simplesmente Gerusa, pinta desde 80 e já fez várias exposições. Vive e trabalha exclusivamente com arte.
“Minha solidão está aí estampada. Pinto inspirada nela”. Com estas duas frases simples e ditas com espontaneidade Gerusa mostra exatamente o seu lado sensível de uma mulher que gosta das paisagens bucólicas, que admira os casarões coloniais, e principalmente, se preocupa com o homem diante da sociedade.Ela pinta sem pressa.É uma pintura que nos deixa sensibilizados procurando examinar cada detalhe devagar.
Ao lado a obra de Gerusa, onde podemos apreciar o casario que no pincel de Gerusa assume imponência.
Recentemente fez uma exposição no IRDEB onde mostrou 18 telas, a maioria paisagens onde sobressaem a sutileza da combinação das cores, tendo ao fundo um desenho cuidadoso.

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