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quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O ENCONTRO DA ARTE DE CRAVO JR. COM A VISÃO POÉTICA DE CRAVO NETO

JORNAL A TARDE SALVADOR, TERÇA-FEIRA, 19 DE SETEMBRO DE 1983

O ENCONTRO DA ARTE DE CRAVO JR. COM A VISÃO POÉTICA DE CRAVO NETo.
Fotos Divulgação e Google.


Ao abrir o livro “Cravo”, de fotografias de Mário Cravo Neto, tive a sensação de intimidade, ou seja, que o fotógrafo penetrara com sua alta sensibilidade nas entranhas das esculturas pequenas e monumentais de Mário Cravo Jr. Feitas dos mais variados materiais, desde a madeira de lei ao ferro.
Ele retirou a escultura do ambiente estático dando-lhe maior grandeza através de um jogo de luz e sombra, alcançando resultados surpreendentes e inclusive valorizando o trabalho de seu próprio pai.Esta relação de pai e filho artistas possibilitou esta intimidade com a obra e herança da sensibilidade.
O livro de Mário Cravo Neto vem coroar o seu trabalho de fotógrafo, que não fica conformado em fotografar o objeto chapado, como fazem muitos que andam por aí com uma máquina Nikon dependurada no pescoço. Mariozinho recria o ambiente, eleva o objeto do tridimensional dando muitas vezes um lugar mais digno do que aquele onde está estagnado. Ele inventa ambientes metafísicos com a preocupação de ressair cada detalhe, no caso, das esculturas de seu pai. Diria que consegue uma atmosfera própria e original para que possamos sentir melhor a grandiosidade da obra de Mário cravo Júnior. Ele retira do ambiente onde está à escultura e assim ela aparece mais nobre, única, dona dos espaços, deixando transparecer toda sua plasticidade e força expressiva.
Esta é na realidade a própria linguagem de Mário Cravo Neto, que é um artista avançado no seu próprio espaço temporal. E, o próprio Mário Cravo Júnior revela no livro: “Estudávamos inicialmente a possibilidade de execução de um livro de fotografias sobre minhas esculturas, já que Mário Cravo Neto vem documentando há muitos anos meu trabalho”.
Ao iniciarmos o projeto, pressenti que uma publicação que fosse utilizar a sua experiência de fotógrafo sob o aspecto documental estaria limitando e restringindo a sua potencialidade de artista; então resolvemos que faríamos u livro de fotografias criativas, sobre minhas esculturas. A partir desse ponto, iniciou-se a experiência gratificante que apresentamos agora ao público.
“As esculturas foram escolhidas a partir de uma relação de empatia desenvolvida pelo fotógrafo. Os exemplares escolhidos cobrem cerca de trinta e cinco anos de minha vida de escultor”.
Diz ainda que “dentro do mais lato respeito profissional e do abrangente afeto que nos une como pai e filho, como amigos e colegas, teve o fotógrafo total liberdade de criar a atmosfera para os registros de sua visão, o que torna este livro um ato de criação total e plena”.
É ainda o Mário Cravo Júnior que na lucidez tão peculiar à sua personalidade criadora quem nos diz: “Um momento de beleza é um momento de encontro e os reencontros constroem o sentido de nossa vida, porque nos falam de compromissos existenciais e perenes”. Sem dúvida que o encontro da escultura de Mário Jr. Com a fotografia de Cravo Neto é gratificante e criativo. O momento em que a escultura transcende os seus espaços e parece pousar em outros espaços cósmicos. Na pagina 102 do livro lá está a escultura plantada por Mário Jr. Em plena Cidade Baixa.
O fotógrafo preferiu, num momento da grande felicidade, colocá-la envolvida por colares retilíneos de luz, durante a festa de Nossa Senhora da Conceição. Assim ela surge envolvida por fachos de luz avermelhados lembrando uma nave espacial, saindo desta Terra em busca de espaços mais nobres.
Nas páginas 97 e 98 encontramos duas esculturas que o pai expôs em frente ao Farol da Barra, com as crianças subindo correndo, demonstrando muita curiosidade nas formas e sem aquela idéia formalizada de que ali estava uma obra de arte. Para elas era mais um brinquedo que alguém estava instalando, assim curtirem à vontade, enquanto Mariozinho com sua máquina captava este instante de felicidade. Mas, não apenas no sentido documental, além disto.
Outro momento de felicidade é quando os dois artistas deixam fluir suas potencialidades poéticas num resultado de enriquecimento da escultura e da fotografia. Ambos, inquietos e criativos, levam o espectador a refletir e exclamar. Exatamente porque fogem do comum, porque deixam no ar a tridimensionalidade das formas esculturais dentro de uma ambientação e uma atmosfera que normalmente não enxergamos. Para terminar diria que a obra grandiosa de Mário Jr. Encontrou ambiente e a atmosfera adequados para que possamos sentir toda a sua força dominando todos, espaços possíveis de uma visão.



                        CONCURSO SOBRE IVAN SERPA

A Fundação Nacional de arte- Funarte, através do Instituto Nacional de Artes Plásticas, com o patrocínio da Secretaria da Cultura do MEC e o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior-Capes, institui o concurso Ivan Serpa, comemorativo do 10º aniversário de morte do artista e professor de arte, com a dotação de bolsas a artistas plásticos que integram a cultura brasileira, assim considerados aqueles nascidos no Brasil, naturalizados ou aqui se radicaram.
Este concurso tem por objetivo apoiar a produção de artistas plásticos contemporâneos que, a partir do desenvolvimento e produção de seu trabalho, embora ainda não consagrados pela história da arte brasileira estejam contribuindo reconhecidamente para as questões da arte contemporânea. Eis o regulamento.
Art. 1.º- As propostas não terão tema definido, podendo abranger as mais diversas manifestações das artes plásticas;
Art.2º - As inscrições serão recebidas entre os dias 1/9 a 17/10 do corrente ano, através da apresentação de um dossiê contendo os seguintes requisitos:
  1. descrição da proposta de trabalho, seu objetivo e justificativa, bem como seu desenvolvimento;
  2.  os meios necessários para a elaboração do trabalho, tais como material empregado, etc
  3. documentação fotográfica da obra do artista (com dimensões) no mínimo 6 e no máximo 12 fotografias preto e branco 18x24 cms ou os slides cor, sendo 3 destas reproduções de trabalhos recentes;
  4. currículum vitae do artista;Artigos e catálogos sobre a obra do artista e eventuais publicações de sua autoria;
  5. bibliografia comprovada - xerox e/ou originais de textosm artigos e catalogos sobre a obra do artista e eventuais publicações de sua autoria;
  6. textos de duas pessoas com notória atuação cultural- críticos de arte, professores, etc -que recomendem o artista, justificando as razões da indicação;
  7.  o artista poderá indicar, se julgar necessário, pessoas que orientem o desenvolvimento de sua proposta;
  8.  a proposta de trabalho não poderá ultrapassar 10 meses (tempo de cotação da bolsa);
  9. o artista deverá indicar, na ficha de inscrição, se parte do material do dossier (fotografias e/ou impressos) pode ser cedido à Funarte para ser incorporado ao arquivo geral de artes plásticas do Centro de Documentação desta instituição. Caso contrário, o artista, selecionado ou não, terá seu dossier devolvido pelo INAP através do correio;
  10. ficha de inscrição preenchida (em anexo a este edital);
  11. as inscrições poderão ser feitas diretamente no INAP- Funarte, Rua Araújo Porto Alegre, 80 sala 15, CEP 20030 Rio de Janeiro, ou pel correio, sendo aceitas desde que postadas até o data limite da inscrição.
Parágrafo único:
O não cumprimento de qualquer um dos requisitos enunciados neste artigo desclassificará o candidato;
Art 3.º - As bolsas terão o valor máximo de CR$2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil cruzeiros); Art 4º-  a avaliação das propostas será feita por uma comissão de especialistas na área sob a coordenação do INAP, e assim constituída: um artista consagrado, um crítico de arte, um professor universitário, um representante da CAPES e o diretor do INAP;
Art 5º-
  1. A Funarte fará a divulgação das propostas aprovadas 30 (trinta dias após o término do prazo das inscrições;
  2. O INAP se compromete a manter sigilo dos artistas requerentes da bolsa. Só serão divulgados os nomes dos artistas selecionados; Artigo6º O número de artistas selecionados não deverá ultrapassar de 6 (seis)
  3.      Parágrafo único:
A critério da Direção Executiva da Funarte, o prazo de avaliação das propostas poderá ser prorrogado; Art 7º- Será firmado com o artista um contrato de dotação de bolsa de apoio à produção, pelo qual este se comprometerá a realizar o plano de trabalho de acordo com a proposta e no prazo combinado;
Art 8º - o pagamento da bolsa será feito em 10(dez) parcelas, de CR$250.000,00 (duzentos e cinqüenta mil cruzeiros).
   Art 9º - Após o resultado de avaliação das propostas, os artistas selecionados deverão atender às seguintes etapas:
  1. uma reunião com o INAP ou pessoa indicada pelo INAP, logo após o resultado;
  2. um relatório sobre o desenvolvimento de sua proposta de trabalho no 5.º mês da bolsa;
  3. uma reunião de avaliação com o INAP ou pessoa indicada pelo INAP no 7.º mês da bolsa, em local indicado pelo artista na ficha de inscrição;
  4.  relatório final pelo artista ao término do 10.º mês..
  5. Art 10.º- o artista se compromete ao término da bolsa, além da entrega do relatório final.
  1. a realizar uma exposição individual na sua região patrocinada pelo INAP, nos      (seis meses seguintes ao término d bolsa;
  2. . a critério do INAP, participar de uma exposição individual ou coletiva (com os outros artistas selecionados) no Rio de Janeiro, nas galerias da Funarte ou em outra localidade, nos seis meses seguintes ao término da bolsa e o .
Art 11.º- Os casos não previstos neste regulamento serão resolvidos pela Direção Executiva da Funarte.



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