JORNAL A TARDE SALVADOR,
TERÇA-FEIRA, 09 DE FEVEREIRO DE 1987
DE AERÓGRAFO EM PUNHO BEL BORBA DEU VIDA
ÀS ROCHAS
ÀS ROCHAS
Para definir a participação de Bel Borba em “A Lenda do Pai Inácio”, o diretor do filme, Pola Ribeiro costuma dizer que o artista plástico “fez parceria com o próprio Criador”. Aerógrafo em punho, ele aproveitou as sugestivas formas das rochas da Serra do Sincurá, na Capada Diamantina, para dar feições aos entes que habitam os pesadelos de Inácio, o personagem principal - um mineiro negro, dos tempos da febre do diamante na região de Lençóis, que ousa atrair o desejo da mulher do seu senhor.
A plasciticidade das formas de Bel enriqueceu o cenário do filme.
Perseguido e encurralado, Inácio
recorre a ritos iniciativos para driblar os capangas do coronel enciumado, e
tem visões. Bel Borba materializa essas visões, com traços habilmente colocados
de forma a realçar detalhes dos caprichosos desenhos que têm as grandes pedras
da Chapada.
Na tela do cinema, os seres
imaginários parecem brotar da natureza, num belo efeito visual. O filme foi
exibido recentemente no Cine-Teatro Maria Bethânia.
São muitas as variantes da Lenda
do Pai Inácio que circulam na Chapada Diamantina. O público viu a versão do
Pola Ribeiro, que, embora construída com os mesmos ingredientes, tem a
particularidade de ser contada através da lente de uma câmara 35 milímetros ,
incorporando a riqueza do imaginário popular e a beleza natural da Chapada à
magia do cinema.
Póla Ribeiro escolheu Kal Santos
para interpretar Inácio, um garimpeiro negro que, no auge das lavras
diamantinas, se envolve em um romance com a mulher do seu senhor
(interpretada por Meran Vagens).
Perseguido e encurralado pelos
capangas do coronel, Inácio projeta-se da borda um precipício para uma queda de
150 metros
e escapa da morte utilizando como pára-quedas um miraculoso guarda-chuva.
As narrativas populares da Lenda,
coincidentes no final, apresentam diferentes versões das circunstâncias que
levaram Inácio a pular do grande morro batizado com seus nomes, localizado à
beira da Estrada Salvador-Brasília, próximo a cidade de Lençóis. Essas
diferenças serão mostradas junto com o filme, num documentário, gravado em
vídeo, com uma coletânea de depoimentos de pessoas da região.
O filme começou a ser produzido
há cerca de dois anos, depois que o projeto foi selecionado em um concurso promovido
pela Fundação Cultural do Estado. Foi um processo lento, pois Pola Ribeiro não
quis limitar a filmagem da lenda aos parcos recursos de produção oferecidos
pela Fundação, partindo para um pulo -estilo Pai Inácio em busca de outros
patrocinadores.
Inicialmente, apostaram no filme
apenas empresas de pequeno porte, com o Posto Pai Inácio e o restaurante Grão
de Arroz.
Mas, aos poucos, a ousadia do
projeto atraiu patrocínios mais alentados, como os do Banco Econômico,
Desenbanco e Secretaria da Indústria e Comércio, o que permitiu a realização da
mais cara e sofisticada produção já realizada na Bahia para um filme de
média-metragem
QUADRO DE MANET VENDIDO POR US$11
MILHÕES
EM LONDRES
EM LONDRES
Londres, (UPI)- Uma obra-prima do
pintor impressionista francês Edouard Manet foi vendida por um preço que bateu
um recorde mundial. O quadro “La Rue
Mosniers Aux Paveurs” foi arrematado por 7 milhões e 700 mil
libras esterlinas, ou o equivalente a 11 milhões e 10 mil dólares (cerca de 155
milhões de cruzados).(Foto)
A porta-voz da Casa de Leilão Christie’s
identificou o comprador apenas como “um europeu” e indicou que aparentemente, a
obra-prima deixará a Grã-Bretanha.
“É um recorde em se tratando de
uma pintura moderna vendida em leilão”, disse a porta-voz ao se referir a obra
que Manet pintou em 1878, descrevendo uma cena de Rua em Paris.
“O preço chegou ao dobro do que
esperávamos, disse ela. Estimativas antes do leilão da Christie’s indicavam que
a tela seria arrematada Por cerca de 4 milhões 200 mil dólares.
Medindo 65,4 por 81,5cm, “La Rue Mosniers Aux Paveurs”
Foi pela primeira vez a leilão público em Paris, quando compraram o quadro por
apenas 500 libras .
Desde 1924 pertencia à coleção particular do inglês Samuel Courtauld e foi
oferecida à venda por um membro da família, informou a Christie’s.
“La Rue Mosniers Aux Paveurs”,
que significa a Rua Mosniers Com Paralelepípedos, Foi a principal, porém não a
única atração do leilão. A obra “Aun Moulin de La Galette ”, do pintor
Toulouse-Lautrec, por exemplo, foi arrematada por 2 milhões 500 mil dólares,
igualmente por outro anônimo comprador europeu, seguindo a casa de leilões.
“Foi a mais importante pintura
impressionista que oferecemos à venda em muitos anos”, informou a Christie’s. O
quadro é uma cena vista do estúdio onde Manet trabalhou entre os anos de 1872 e
1878.
O leilão arrecadou o total de 23
milhões 800 mil dólares. No dia seguinte, outra casa, a Sotheby’s vendeu
trabalhos de outros importantes pintores modernos: Paul Cézanne, Claude Monet e
Renoir, que provocou efervescência na capital inglesa, com o mundo das artes
plásticas indicando que há 25 anos Londres não via uma onda de quadros
impressionistas tão importantes postos à venda.
DENTRO DE ALGUNS LIVROS FORAM
ACHADOS 95 DESENHOS INÉDITOS
Dentro de velhos livros didáticos da professora Clotildes Pinheiro foram encontrados cerca de 95 desenhos a lápis, executados pelo pintor Moacir Andrade, no período de
Naquela época ele tinha
recentemente chegado do interior do Amazonas (1934), contando apenas sete anos,
e recebia atenções da família Pinheiro e servia de companhia para professora
solteira e filha única.
Á medida que esses desenhos
terminavam, eram carinhosamente guardados dentre as páginas de livros, pela sua
amiga, no período em que freqüentava a sua residência.
Os desenhos que retratam cenas de
sua cidade, hábitos, costumes da época, o dia-a-dia dos vendedores ambulantes,
carroças, barcos no Rio Negro e cenas familiares de Manaus, são de pequenas
dimensões e foram avaliados por marchands
franceses que visitaram a capital do Amazonas na época do achado, em alguns
milhões de francos, considerando o valor
atual das obras do artista no mercado internacional de arte e beleza dos
desenhos feitos por uma criança de apenas nove anos.
Agora, com 60 anos, Moacir
Andrade continua como sempre, tranqüilo, humilde, pintando, desenhando,
escrevendo livros de arte e freqüentando os bares da cidade em companhia de
amigos intelectuais.
Os desenhos que foram conservados
dentre as páginas de antigos livros serão mostrados ao Brasil, durante todo
este ano, numa exposição itinerante patrocinada pelo Instituto Geográfico e
Histórico do Amazonas.
MERO FOI AO SUL DO PAÍS DEFENDER
O MEIO AMBIENTE
A convite da professora Maria da
Glória Oliveira, também agenciadora de Turismo, o cartunista Paulo Serra (Foto) expôs
seus trabalhos no Planetário da Cidade do Rio de Janeiro, obtendo uma grande
receptividade do público e boa divulgação pela imprensa especialmente o Jornal
do Brasil e a Última Hora.
O cartunista disse que aproveitou
sua estada no Rio de Janeiro para manter contatos com pessoas e entidades
ligadas à defesa do meio ambiente e se filiou à Fundação Brasileira para a Conservação
da Natureza, FBCN.
Com o apoio da bióloga Maria
Luíza, o cartunista fez uma visita a Angra dos Reis para conhecer a Usina
Nuclear, a paisagem magnífica onde a usina está instalada e ficou chocado com o
contraste da construção tão mortal junto a uma natureza que exprime tanta vida.
O cartunista inclusive fotografou
a usina e a paisagem para ilustrar futuras palestras. E, devido ao sucesso da
sua outra exposição, no mezanino do Metrô Carioca, surgiram convites para fazer
outras exposições no estado.
Por causa disso, seus trabalhos
em número de 20, não vieram para Salvador, ficando lá mesmo ao Rio.
O RECESSO PROPOSITAL DA COLUNA
Por quatro semanas seguidas esta
coluna deixou de circular.Não aconteceu nada de excepcional. Apenas estava de
férias, viajando pelo Sul do País, de maneira que suspendi temporariamente a
sua publicação. Agora retorno renovado, depois de conhecer mais alguns pedaços
deste País.
Agradeço as pessoas que me
telefonaram, escreveram e reclamaram da suspensão temporária de Artes Visuais.
Espero continuar merecendo a
atenção de todos. Quanto aos artistas baianos, cujo espaço lhes pertence, já
voltei e estou a postos para atendê-los. Até mais.
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