A EXALTAÇÃO DO OBJETO NA OBRA DE
LEONEL BRAYNER
O desenhista e pintor Leonel
Brayner está de volta com todo o rigor da sua obra concedida dentro de uma
estrutura rígida de trabalho cuidadoso e impecável. Uma obra que é uma
verdadeira sinfonia de exaltação do objeto que transcende o próprio lugar que
ocupa no espaço para adquirir uma forma quase metafísica., uma forma onde a
camada exterior nos faz esquecer o seu real volume.
É assim que Leonel retorna para
mostrar seus últimos trabalhos na Galeria Época, a partir do dia 9, às 21 horas.
Desta vez ele nos apresenta
algumas frutas e até ovos dentro de jarras e outros vasos onde sobressaem as
transparências e a leveza, demonstrando um perfeito domínio da arte de pintar.Alguns consideram que a pintura
de Leonel é muito fria, mesmo nas telas carregadas de figuração. Certamente é
um dado a ser considerado e analisado. Talvez esta visão seja o reflexo da
ausência de qualquer elemento humano em suas telas. O que Leonel busca é ressaltar
os objetos que passam despercebidos dentro de nossas casas e escritórios, dos
quais ele extrai o essencial e acrescenta toda uma ambientação que brota de sua
própria criatividade. Já escrevi certa vez que Brayner humaniza a natureza-morta.
Sim porque ele retira o objeto do seu estado estático, e o transporta para o
mundo dos vivos. As flores saídas de sua mente criadora parecem que estão vivas
e respirando. Respirando outro ar diferente deste ar carregado, deste país
tropical, que teima em enfrentar tempestades sem comandante e calado.
É por falta de um cuidado maior
em examinar a sua obra que alguns mais apresados não se entusiasmam. Para que
sua mensagem penetre profundamente é preciso que examinemos detalhadamente as
flores, as frutas que Leonel transporta para a tela.
Todos os efeitos visuais e o
próprio clima necessitam que os
apreciadores da arte dêem mais um pouco de atenção. Desta forma a mensagem de
Leonel penetrará levando o espectador a instantes de meditação e até mesmo de
calma. Será como uma viagem, por alguns minutos, a um mundo limpo, acéptico e
acima de tudo se valorizam os objetos.Todo o seu trabalho é rico em sutilezas. Você
vai descobrindo elementos e pequenos detalhes, que juntos formam um todo
homogêneo e grandioso. É uma obra para ser vista e examinada com profundidade.
Para que a gente possa captar toda sua essência.
Já disseram que Leonel Brayner é
um perfeccionista.Não apenas um perfeccionista mas um artista preocupado em dar a sua obra e a sua própria
profissão aquele tom de responsabilidade. Ele busca o melhor de si e transfere
através da sua arte a todos aqueles que acompanham e curtem a sua pintura. Não
é um perfeccionista daqueles que enchem o saco supervalorizando suas
qualidades.
Ao contrário, noto que o Leonel é
até muito simples no elaborar e falar da sua obra. Por trás daquela cara, às
vezes fechada, encontra-se uma criatura aberta e muito sensível. Mas, tem o que
muitos artistas não têm, que é a responsabilidade profissional. E, é exatamente
esta disciplina aprendida certamente em seus tempos de caserna, ou talvez até
em seu próprio lar paterno, que permite que Leonel trabalhe em busca de
objetivos alcançados de acordo com os seus desejos.
Sua arte não é uma arte
impulsiva. Mas acima de tudo pensada, medida e criada sob um clima de
racionalidade, esperando os resultados preconcebidos pelo artista. Ele desenha,
pensa, e medita. Portanto, está bem longe daqueles que dão toda a liberdade ao
gesto e à própria emoção, sem saber o que resultará. Isto certamente é outro
reflexo próprio da sua estrutura psicológica e de sua própria visão das coisas.
Não posso deixar de ressaltar a
qualidade do seu desenho, a limpeza da sua pintura onde os tons mudam dentro de
uma dinâmica de uma cadência, quase como uma escala musical interpretada com suavidade.
Mesmo quando um tom mais claro é subjugado por outro mais forte esta passagem
acontece com suavidade, com determinação e sensibilidade. Brayner sabe,
portanto dosar suas compulsões humanas, sabe trazer para tela uma ambientação
metafísica para que possamos juntos saudar e exaltar os objetos, ouvindo uma
sinfonia suave. Enquanto a música flui os objetos dão voltas imaginárias
mostrando suas formas, ressaltadas em tons claros e fortes. Esta é a pintura de
Brayner que teremos a oportunidade de ver na Galeria Época, no Rio Vermelho.
CONGRESSO DE ARTE E EDUCAÇÃO EM SALVADOR
De 14 a 18 de novembro acontecerá
em Salvador o Congresso Nacional de Arte e Educação, promovido pela professora
Célia Martins de Azevedo, uma abnegada impulsionadora da arte em nosso estado.Em busca de maior divulgação do
congresso, a professora Célia ressaltou alguns aspectos que também considero
essenciais. Vejamos:
“De imediato diria que este
congresso possibilitará a defesa por uma adequação maior à realidade brasileira
dos conceitos e processos educacionais, o estudo quanto à legislação
educacional e a importância que representa a busca de uma filosofia da
Arte-Educação. Também a contribuição que poderia dar às diversas áreas do
conhecimento e desenvolvimento do processo criador para a Arte-Educação. Ao
lado da tentativa maior: o grande acervo e subsídio a partir de uma referência
interna. É preciso que se esclareça isso como ponto de partida para a
reformulação das relações Arte, Educação e Comunidade, dentro de uma perspectiva
de mudança para a nossa reorganização interna, para que possamos ter um
desenvolvimento auto-regenerador, auto-sustentável. Disse ainda a professora
Célia, que em princípio a dominação está apoiada no controle internacional
sobre a informação e a cultura.
Somos satélite de metrópoles
mundiais. O nosso país é antes de tudo o grande celeiro de “transferências”.
Nos aproximamos de outras culturas e consumimos ou digerimos estruturas
tecnológicas inteiras sem que se processe uma verdadeira filtração. O nosso “desenvolvimento”
é conseqüência do subdesenvolvimento desde a origem, haja visto o modelo
desenvolvimentista, com uma industrialização dependente. E isto pode ser
comprovado, a exemplo do que aconteceu especificamente com os próprios
fundamentos históricos que nortearam a implantação da legislação educacional.
No que se refere à educação artística, ela já nasce, em sua base, fruto da
distorção do perfil deste país, cujos valores implantados partiu de cima para
baixo, e sem levar em conta a prioridade de levantamento de certos setores,
antes de enveredar pelo caminho de uma industrialização dependente. Como
alternativa futura para educação, ela deseja, em primeiro lugar, que aqueles
que têm em mãos o poder de decisão e que dirigem este país ou aqueles que promovem
a sua política educacional particular reflitam da inviabilidade de uma mudança
econômica e social nos moldes estabelecidos. Depois, pede uma revisão nas
relações entre as dinâmicas cultural e educacional, tendo como princípio básico
que esta seja gerada e operacionalizada com a participação de todos no processo
de construção nacional. Finalmente vê a necessidade e urgência da renovação do
ensino primário, “uma renovação nas óticas das teorias reprodutivistas da
educação”.
CELUQUE VAI EXPOR EM JEQUIÉ
Jequié- ( Da Sucursal )- Quem estará
expondo no dia 25 de novembro em Jequié, no salão Nobre do Itajubá Hotel, é o
artista plástico Leonardo Celuque, que atualmente está com obras, no Circuito
de Artes do Nordeste, em Salvador, e no Salão Nacional de Pernambuco, em
Recife.
Celuque fez o curso de
Belas-Artes em Salvador e freqüentou por um ano, no período relativo ao último
semestre de 78 e primeiro de 79, vários ateliers e escolas de Paris, com
destaque para a Academia “Grande Chaumíere”,
onde colheu as mais diversas experiências ao pintar ao lado de artistas de
várias procedências. Em Paris, Celuque chegou, inclusive, a fazer exposições,
embora sem registro oficial, com os seus colegas de academia.
Ele trabalha óleo e acrílico
sobre tela. E esta exposição totaliza doze quadros com preços variando entre
120 e 160 mil cruzeiros. Sua pintura, segundo Matilde Matos, é uma “pintura figurativa, com ressonâncias pop, contém uma certa intensidade nervosa que nega
a aparente placidez das cenas do cotidiano atual”.
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