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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

SOLER MOSTRA O MOVIMENTO DAS CORES NA TAPEÇARIA - 28 DE DEZEMBRO DE 1982.

JORNAL A TARDE, SALVADOR, TERÇA-FEIRA, 28 DE DEZEMBRO DE 1981.

SOLER MOSTRA O MOVIMENTO DAS CORES NA TAPEÇARIA

Cândido Soler ou simplesmente Soler, que é como ele vem assinando seus trabalhos ultimamente. Trata-se de um artista plástico nascido em São Paulo há 39 anos que passa pelo menos seis meses por ano na Bahia.De 1º a 15 de fevereiro, com o Carnaval chegando, ele mostrará a sua Flora Tropical - Natureza Viva, no foyer do Teatro Castro Alves.São 25 tapeçarias -mural, com motivos tropicais-naturais que se aproximam do hiper-realismo, numa mistura com o figurativo primitivo que oferece ao espectador uma visão inédita neste tipo de trabalho.
É ele quem comenta sua preocupação, ou melhor,ligação, com as cores.O que importa é passar a intensidade e o movimento das cores para o espectador e isto o artista consegue com hidrocor e caneta Bic, ou ainda, com lápis.Não é por outro motivo que observa: " O material que escrevo geralmente uso para pintar"A Bahia em sua vida? Porque aqui é a fonte de inspiração.
Com oito tapeçarias participou do I Salão de Veteranos e Novos de Villas do Atlântico, de 21 a 29 de novembro passado, quando o destaque em termos de aceitação pelo público foi para a sequência Cósmica Lunisolares, da série Natureza Viva, concebida durante sua estada em Tairu, " na ponta da ilha, indo para Cacha Pregos", onde morou seis meses.

                                                       BAHIA

Foi em janeiro de 1964 que Cândido Soler começou a vir para a Bahia , quando passou a firmar amizades que perduram até hoje. Como publicitário,trabalhou na Thompson, em São Paulo, onde ficou seis anos e meio. Foi à Europa em 1969, ficando até 1971,fazendo jornalismo e arte de vanguarda, quando voltou para Campinas e começou a fazer tapeçaria.
Mas sua história começa mesmo é na Bahia. Apaixona-se pelo trabalho de Genaro de Carvalho, “ainda é o melhor tapeceiro brasileiro”. Sobre a mesa que separa as nossas poltronas na sala, vemos um exemplar da série “Plásticos da Bahia”, editado pela IOB e, prefaciada pelo então diretor da empresa, professor Junot Silveira. Não resta mais dúvida quanto à afirmativa de que a história deste artista também começa na Bahia.

                                                                          VIAGEM

Em fins de 72 começo de 73 ele chega a Salvador, trazendo tapeçarias com a temática “geometria bem comportada”, para depois partir para a produção de temas da “flora tropical”. José Pedreira viu esses trabalhos e me estimulou a fazer uma exposição em galeria, mas antes os trabalhos ficaram expostos na “Old Bahia”, “Pedreira era uma pessoa que tinha uma visão maior das coisas”, acrescenta Soler.
A exposição “Flora Tropical Natureza Viva” é um tributo a Genaro de Carvalho, informa o artista, mostrando que suas tapeçarias não precisam de moldura, já vem prontas, presas por um ferro e duas argolas revestidas em lã sobre um quadrado em madeira, para serem penduradas na parede.
Sua intenção ao produzir uma tapeçaria é “explicar bem com a cor aquilo que eu vi”, “O simplismo da flora tropical, por exemplo, pode ser visto sob esta ótica. As cores são nítidas, mostram suas transparências nos movimentos com sombra e luz”.
Além da tapeçaria, Cândido trabalha bem em ambientação. Gosta muito de desenhar e pintar em guache. Aprecia o bom material e reconhece que o treino para este discernimento foi adquirido na Thompson. Agora, o artista pretende ter dois estúdios: um no Nordeste, o que tem mais probabilidade de logo ser conseguido e outro no Sul do país.
Uma curiosidade na vida deste artista é que seus amigos sempre lhe presenteiam com materiais de pintura e desenho. Maitê Proença, com quem sonha casar um dia, Beto e Virgínia, Jonga Falcão, Guti Fernandez, Sérgio e Cristina, são alguns que incentivam sua criatividade, iniciada com desenhos aos quatro anos de idade.
Uma outra especialidade do artista é sua preferência por desenhar painéis nas paredes, das casas dos amigos. Na Fazenda “Engenho da Lagoa”, em Cruz das Almas, propriedade de Gilberto Costa, existe um desses murais que compõem satisfatoriamente o ambiente de uma sala. Também na Pousada da Praça Hotel, na Rua Ruy Barbosa, em Salvador, podem ser vistos trabalhos seus.
“Adoro fazer murais e quero fazer muito”, comenta o artista, cujo traço consegue a transmitir o balanço na palha do coqueiro, ou o vento forte balançando o coqueiral da ilha.
Segundo ele, esse efeito é conseguido pela emoção de ver as cores do mar, isto faz com que ele pinte, teça, produza uma obra de arte cheia de vida tropical, clima com o qual cultiva uma intimidade que sempre o traz de volta a Bahia. A sensualidade tropical é outro elemento pictórico captado por Cândido, cujo trabalho se aproxima do hiper realismo.
Ele também teve a sua experiência naturalista na qual adquiriu hábitos que conserva até hoje, como não comer carne, por exemplo.
Morou, três meses no Guará, próximo a Barreiras, “mas o lugar mais mágico da Bahia é a fazenda Cipó”, de Guti Fernandez, onde também morou longa temporada.
Sem raízes, “porque estou procurando morar em lugar nenhum”, Cândido Soler continua sua vida colorindo papéis, camisetas, sempre desenhando nos espaços em branco de onde chega, às vezes até acompanhando um amigo que foi visitar outro. Sua necessidade de desenhar, colorir, tecer, não o deixa parar.
Sua descendência espanhola lhe permite afirmar e se assumir como muralista. Ele é dessas pessoas que querem fazer um tapete voar, botar os pés longe do chão que nada mais são do que sensações conseguidas quando por exemplo, se ouve a Bachiana número cinco de Villa Lobos ou se ver a “Seqüência Cósmica Lunisolares”, obras de arte que transportam o espectador à dimensão do infinito da elevação (de Heraldo Costa).

             A BIENAL DE SÃO PAULO TRINTA ANOS DEPOIS

Trinta anos se passaram da I Bienal de São Paulo, instalada no pavilhão de madeira na velha avenida dos barões do café. Era o ano de 1951 e vivia-se o momento otimista da economia brasileira. Os empresários comandavam a nova instituição numa cidade industrial de pouco mais de dois milhões de habitantes a grande maioria constituída de imigrantes e filhos de imigrantes europeus - ávida de um status cultural e até com a pretensão de ser um pólo artístico mundial. A Bienal, entretanto não era um fato isolado. Depois da II Guerra, haviam sido criados em São Paulo dois museus (um deles com um rico acervo de pintura ocidental antiga e de impressionistas), uma Companhia cinematográfica de sólida estrutura e um teatro o TBC de rigor profissional. A cidade, pioneira na introdução de uma cultura nova no país (1917-22), entrava sem dúvida no outro estágio, passando seu meio artístico a determinar-se por fatores mais dinâmicos, abertos e influentes no país.
Com o advento da Bienal rompia-se uma situação endógena de desenvolvimento na cultura plástica do Brasil, sobretudo em seus centros urbanos maiores (ainda hoje Rio e São Paulo). Prevalecia fortemente agora a influência internacional, obrigando os artistas a traçar dentro desse contágio inevitável os seus próprios caminhos. Nos anos 50 as verbas eram mais fáceis e os problemas culturais não se comparavam às dificuldades atuais. Em 1953-54, a Bienal foi capaz de apresentar uma resenha que incluía vários dos grandes movimentos iniciais da arte moderna. Houve durante anos a atração das salas especiais e os numerosos prêmios conferidos garantiam para a cidade a posse de obras importantes (*). Mais que isto, São Paulo atraía público do país inteiro e da América Latina, propiciando não só a oportunidade de ver obras mais motivando encontros pessoais amplos entre artistas, críticos e comissários chegados de toda a parte.
Criada à imagem da Bienal de Veneza, a mostra brasileira, a exemplo de sua fonte inspiradora, sofreria, entretanto, penoso processo de desgaste desde o fim dos anos 60. Prejudicava-a o caráter competitivo que gerava entre países e artistas. Como se isso não bastasse, entre outros problemas, a situação política brasileira refletiu-se duramente na Bienal paulista, deslanchando o protesto e o boicote de várias nações.
Durante os anos 70, a Bienal de São Paulo atravessou um período difícil e de descrédito, decaindo em qualidade e organização. Não se pode negar, todavia, que houve esforço para melhorar sua imagem. Assegurada a sua continuidade naqueles anos obscuros o que se deve em primeiro lugar ao seu fundador, Francisco Matarazzo Sobrinho a Bienal, embora seus aspectos negativos, mantinha algo da natureza carismática de seus primeiros tempos. A mostra tornara-se mundialmente conhecida, não sendo fácil a tarefa dos que, não a vendo se não como um desperdício de dinheiros públicos, desejavam a sua destruição.
Um mínimo de bom senso levava a se ponderar que para um país-continente, como o Brasil, carentes de maiores e constantes informações, tudo se devia fazer para preservar esse espaço cultural. A audiência das artes alargara-se com o tempo (embora relativamente) na cidade agora várias vezes maior que a do começo dos anos 50. Tratava-se não de se acabar com a Bienal ou de transformá-la em mera mostra regional, confirmada à América Latina, como por um momento pretendeu um reduzido grupo de interessados, mas de revesti-la de uma melhor estrutura, de dar-lhe fundamentos dialéticos adequados aos dias atuais, com as condições para a apresentação sistemática da produção artística universal em liberdade. É esta tarefa complexa que lhe resta fazer.
A reformulação operada quando da recente XVI edição, realizada em 1981, foi um primeiro passo. A Bienal ganhou a base de organização crítica que lhe faltava atenta às novas concepções técnicas e epistemológicas da obra de arte.
Obrigou a todos a uma reflexão mais detida sobre as linhas do seu desenvolvimento futuro.

                                             MURAL

JOSÉ BANDEIRA- O artista está expondo na loja Sandiz, no Shopping Center Iguatemi, várias telas inspiradas em sua vida de despachante de uma firma de exportação no porto de Salvador. É uma exposição sentimental onde Bandeira relembra os tempos em que era obrigado a viajar de avião para Ilhéus, retornando no mesmo dia de navio. Sua ligação com o porto de Salvador nunca foi rompida, mesmo hoje estando dedicando a odontologia. Sua obra portanto, traz as marcas de sua própria vivência que sempre gosta de ressaltar, principalmente sua infância ligada ao bairro de Brotas e a cidade de Santo Amaro, onde nasceu seu pai.
Já fez várias exposições individuais e coletivas, inclusive na antiga Biblioteca Pública, em 1964. Sua exposição ficará aberta ao público até 16 de janeiro.

VII OFICINA- O Centro de tecnologia Educacional para o Desenvolvimento da Pessoa, do Núcleo da Escola de Administração Fazendária,do Ministério da Fazenda, está apresentando uma exposição de obras de Edmilson Ribeiro,Dília Dunce,Emma Vale, Moura, Carlinhos de Morais.
Escrevi algumas palavras sobre Edmilson que integram o catálogo da mostra as quais transcrevo: ''Conheci o Edmilson Ribeiro entocado num velho casarão da Ladeira do Sodré , colhendo portas e janelas antigas nas demolições para servirem de suporte à sua obra. Sua figura tem uma perfeita semelhança com os beatos que sempre criou, e inconformado com a textura das madeiras envelhecidas das portas e janelões passou a colorir suas figuras. Assim, seus trabalhos ganharam mais vida e o colorido tornou-o mais agradável. Os sulcos que fazia nas tábuas demonstravam que estava a caminho da escultura. Um caminho natural.
E, agora, Edmilson nos apresenta seus beatos em tri dimensão. Ganharam os espaços, deixaram os corredores dos conventos e foram às ruas. Aliás, isto talvez quem sabe, seja uma identificação inconsciente com a nova postura da própria Igreja, cujos membros saíram dos conventos e mosteiros em busca de uma identidade com sua clientela."
MONUMENTO – Maya Ting Lin o projeto de sua autoria, para um monumento em honra aos norte-americanos que lutaram na Guerra do Vietnã, tornou-se ralidade . Com apenas 21 anos de idade, Maya , que é estudante de arquitetura da Universidade de Yale, teve seu projeto escolhido entre 1420 outros, procedentes de vários estados, em um concurso de âmbito nacional. O novo monumento será construído na alameda denominada Mall, em frente ao Capit´polio, na capital norte-americana, e constará de duas paredes de granito com 60 metros de extensão, de modo a formar os dois lados de um triângulo oblíquo , que sobe suavemente sobre o terreno. Nas paredes estão inscritos os nomes dos 57.692 americanos que morreram no Vietnã entre 1963 a 1973. ( Foto atual do  Google, vendo-se o lindo e triste monumento aos soldados que morreram lutando no Vietnam e, que tantos males causaram àquela nação.)
BRASILEIRO NA ONU – Foi inaugurada, no vestíbulo da entrada principal do prédio da Organização das Nações Unidas, ONU, uma exposição de 30 gravuras do artista brasileiro Otávio Roth.
Trata-se das obras entalhadas em peças de madeira que abordam o tema da Declaração universal dos Direitos Humanos.
O início da mostra coincidiu com o Dia Universal dos Direitos Humanos, dia 10 passado, e a inauguração da exposição ocorreu simultaneamente em Nova Iorque, Genebra e Viena, em dependências da ONU.
Residente em São Paulo , Roth tem 29 anos e estudou no Colégio de Artes de Hornsey , de Londres. Ele já expôs na Inglaterra, Noruega, Estudo Unidos, Lima, São Paulo e Rio de Janeiro.
Por sugestão do Secretário geral da ONU, Kurt Waldhein, as Nações Unidas pretendem adotar as gravuras como parte de uma campanha mundial de promoção dos Direitos Humanos.





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