JORNAL A TARDE, SALVADOR, TERÇA-FEIRA, 26 DE ABRIL DE 1982.
ANNA MARIA ANDRÉS ESTÁ EXPONDO NA GALERIA
ÉPOCA
Sua pintura tem a leveza dos
movimentos harmoniosos de uma bailarina. Ela pinta como quem dança, e as
trinchas que manipula vão deixando seus rastros nas telas como os cometas
deixam no céu. Leves, translúcidos e acima de tudo sem limites em termos de
figura. As árvores e outros elementos que integram suas paisagens mineiras como
que bailam nos espaços a que lhes foram destinados. E, se você olhar com
cuidado verá que todas as telas integram um corpo que baila sob o som mavioso
de uma música clássica.
Na foto a obra Paisagem 1, de Anna Maria Andrés, exposta na Galeria Época.
Na foto a obra Paisagem 1, de Anna Maria Andrés, exposta na Galeria Época.
Os rastros leves e translúcidos
parecem infinitos, como que continuam mesmo quando acabam os espaços limitados
das telas. São paisagens onde foram abstraídas as figuras do homem e outros
animais. Esta abstração vem combinar com a sua criatividade rica e bela. Bem
assim afastar a presença do grande pedrador, o homem) que poderia até
surpreendê-la com um machado para derrubar uma de suas árvores celestiais, ou
até quem sabe, destruir toda a paisagem. Esta abstração, propositadamente ou
não, veio enriquecer a leveza da obra.
Segundo Walmir Ayala que a
apresenta nesta exposição “o forte de Anna Maria, mineira de Juiz de Fora, tem
sido a paisagem. Não traindo as raízes regionais do sangue, sua paisagem é
montanhosa, e sua técnica é gestual. Com a delicadeza e lirismo de uma Marie
Laurencin, ela constrói um universo de cor e ritmo, no qual se percebe o toque
iluminado pela emoção equilibrada, e o exercício maduro de uma clave cromática,
sintonizando os terras, verdes e amarelos, em função de uma paisagem interior
que ela projeta no que vê ou lembra.
Nada melhor do que fotografar sem
cor, os trabalhos de Anna Maria, para sentir, na sucessão de formas que então
se revelam a estrutura compositiva de sua produção
FREDERICO DE MORAES DARÁ CURSO
SOBRE
ARTE LATINA
ARTE LATINA
A arte latino-americana e a
brasileira juntas numa só abordagem. Um curso ministrado pelo crítico Frederico de Moraes para artistas plásticos, professores, museólogos e pessoas com cargos
administrativos nas artes. De 03
a 15 próximos, no Salão da Biblioteca Central, promoção
da Fundação Cultural do Estado através do seu Museu de Arte Moderna, com
colaboração da Associação Baiana de Artistas Plásticos, onde podem ser feitas
as inscrições.
Entre outros temas, destacam-se
no programa do curso diferentes enfoques técnicos sobre arte latino-americana
(conceitos de resistência, libertação, dependência, antropofagia, vocação
construtiva, autonomia do pensamento visual. Muralismo Mexicano e Modernismo
brasileiro, realismo fantástico, “Outra Figuracion” e Tropicalismo, arte
experimental e tendências recentes, o Brasil na América Latina e perspectivas
atuais da arte latino-americana.
Foto atual, ao lado, o crítico Frederico de Moraes.
Foto atual, ao lado, o crítico Frederico de Moraes.
Paralelamente ao curso, em outro
horário, serão projetados cerca de 18 audiovisuais sobre diversos temas,
especialmente sobre a arte brasileira, em programas abertos ao públicos, com
duração aproximada de uma hora. Curso e audiovisuais se completam, mas podem
ser considerados eventos autônomos.
PROFESSOR E ESCRITOR
Crítico de arte de “O Globo” e
professor de História da Arte brasileira e Contemporânea da Faculdade de
Educação Artística de Niterói, o mineiro Frederico de Moraes escreveu, entre
outros, os livros “Arte e Indústria”, Artes Plásticas: a crise da hora atual”,“Guignard”,
“Artes Plásticas na América Latina: do transe ao transitório” e “Ramires
Villamizar: construtor de utopias”. Organizou diversas exposições e manifestações
de vanguarda e realizou 25 audiovisuais, vários deles premiados.
Para este curso que dará em Salvador estão programadas aulas com duas horas de duração, sendo meia hora
inicial para exposição teórica, uma hora para projeção comentada de slides e a
meia hora final para debates. Ao todo serão projetados cerca de 800 slides,
As inscrições podem ser feitas no
Museu de Arte Moderna (Solar do Unhão) ou na Associação dos Artistas Plásticos
(que funciona na Escola de Belas Artes). A taxa é de CR$3mil para os associados
e CR$5 mil para os outros.
PALESTRAS SOBRE MUSEUS
Uma série de quatro palestras
será pronunciada para as comunidades de Santo Amaro e Cachoeira: “Temas
Religiosos na Pintura e na Escultura do Período Barroco” pronunciada no último
dia 24, pela museóloga Regina Bandeira, no museu do Recolhimento dos Humildes;
“Museu e a Comunidade”, hoje, 17h, no Museu das Alfaias, pela museóloga da
SPHAN, Gilca Goulart; “Museu e Educação” amanhã, 17 h, no Museu da Ordem
Terceira, palestrante Maria Célia Santos, museóloga e professora da UFBA.;
“Museu e Turismo”, dia 28, 17h,
no Museu das Alfaias, com Oswaldo Ribeiro, técnico responsável pelo Museu
Abelardo Rodrigues.
DOUCHEZ FAZ VINTE ANOS DE
TAPECEIRO
Os 20 anos de tapeçaria de
Jacques Douchez e o longo caminho percorrido desde a pintura abstrata são o
tema de uma exposição que o artista inaugurou no Museu de Arte Contemporânea do
Paraná. Sem dúvida, um privilégio raro para os paranaenses, pois Douchez só
voltará a mostrar os trabalhos de sua produção mais recente na Trienal de São
Paulo, em agosto, à qual concorrerá com três peças.
Essa mostra não será, contudo,
uma retrospectiva, faz questão de ressaltar Douchez, afirmando não estar “tão
velho assim para esses apanhados gerais de carreira”. Trata-se de uma exposição
de caráter didático, segundo sua definição, buscando dar ao público uma visão
mais ampla da mudança de sua linguagem: da frieza da pintura abstrata, que esse
francês desenvolveu até 57, integrando o movimento geométrico de Flexor, à
oposta sensorialidade do trabalho com a tapeçaria tridimensional.
Didática como quis Douchez, a
mostra apresenta uma leitura bastante simplificada; para isso ele recorreu a um
de seus quadros da fase abstrata, chegando depois à tapeçaria plana, à alusão
figurativa e, finalmente, sua fase atual, num resultado definido tecnicamente
como “formas triangulares resultantes da tensão de três entrelaçadas”.
São 14 tapeçarias medindo, a
maior, 1,70mx70cm colocadas à venda a preços que variam entre Cr$250 e 600 mil.
Caro, por certo, mas um investimento muito seguro em se tratando do sempre
ascendente mercado de arte. E, mais que isso, assegura o artista, “ a tapeçaria
se empoe mais que um quadro” pelo tamanho, formas e importância no ambiente,.
Segundo Douchez, o decorativo não é necessariamente uma obra de arte, “mas uma
obra de arte pode ser decorativa, se adequada
ao espaço que vai ocupar, mesmo
até uma tela de Rubens”.
UMA FOTO DE ROSA CABRAL
A capa do livro “50 poesias”, de
Oscar Pinheiro, tem na capa uma bela fotografia de Rosa Cabral, prefácio de
Natan Coutinho e comentários de Vivaldo Cairo. O Livro foi lançado recentemente
em Salvador. A
autora da capa acaba de viajar para a Europa onde fará contatos nas áreas de
fotografia e turismo. Rosa já morou alguns anos na Alemanha, onde foi através
de uma bolsa de estudos do governo daquele país. Agora retorna juntamente com
sua filha Sabrina, que se aperfeiçoará no estudo do alemão e inglês. As fotos
de Rosa Cabral realmente são cheias de expressividade e técnica. Além de saber
manejar a máquina fotográfica, Rosa tem grande fundamentação teórica do seu
ofício.
SALÃO DA JUVENTUDE
Até o dia 30 do corrente mês você
poderá enviar sua inscrição para o IX Salão de Arte Jovem, promovido pelo
Centro Cultural Brasil / Estados Unidos.A exposição destina-se a reunir
trabalhos representativos da arte plástica do país, executados pela juventude
brasileira. Só podem participar artistas de até 30 anos de idade.
Tenho em meu poder algumas fichas de inscrição para fornecer aos interessados que podem procurar-me pela manhã na redação de A TARDE. Deixo aqui o regulamento para os interessados: os prêmios variam, sendo o maior de 70 mil cruzeiros.
Tenho em meu poder algumas fichas de inscrição para fornecer aos interessados que podem procurar-me pela manhã na redação de A TARDE. Deixo aqui o regulamento para os interessados: os prêmios variam, sendo o maior de 70 mil cruzeiros.
DA DENOMINAÇÃO E FINALIDADES
O CCBEU de Santos, anualmente
realizará exposição denominada “Salaõ de Arte Jovem do CCBEU de Santos”. A
exposição destina-se a reunir trabalhos representativos da arte plástica
contemporânea, executados pela juventude brasileira. O “Primeira Mão” (IX Salão
de Arte Jovem) somente aceitará pintura, deixando a critério do artista o material
a ser empregado e as dimensões dos quadros.
O tema é livre.
DA ORGANIZAÇÃO
O Salão de arte Jovem é
organizado pelo Departamento Cultural do CCBEU.
DAS DATAS
Inscrições e entrega de trabalhos
no período de 1.º de março a 30 de abril de 1982.
DOS PARTICIPANTES
Para participar do “ Primeira
Mão” (IX Salão de Arte Jovem) do CCBEU, o artista fica comprometido a:
1-
Apresentar 3 obras de pintura (emolduradas).
2-
Preencher a ficha de inscrição à máquina ou em letra de
forma.
3- Apresentar obras que não foram expostas em salões
oficiais. (Poderá ser desclassificado se povoado o contrário).
4-
Ter até 30 anos a completar até 31/12/82.
5-
Apresentar prova de identidade para se inscrever e para
receber qualquer dos prêmios.
A INSCRIÇÃO É GRATUITA
O candidato deverá preencher as
etiquetas da ficha de inscrição e colá-las nos respectivos trabalhos.Todas as despesas de embalagem e
transporte dos trabalhos correrão por conta exclusiva do artista.Os trabalhos expostos deverão ser
retirados dentro do prazo de trinta dias seguintes ao encerramento da mostra,
não se responsabilizando o CCbeu pelos não retirados. O Centro Cultural
Brasil—Estados Unidos só devolverá as obras aos artistas que o solicitarem por
escrito e apenas por transporte aéreo.
A devolução procedida de acordo com
o item anterior, será feita sem qualquer responsabilidade do CCBEU quanto aos
danos causados nos trabalhos ou seu extravio.
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