ÂNGELO ROBERTO MOSTRA SUA ARTE NA
GALERIA RAIMUNDO OLIVEIRA
Depois de três anos sem mostrar os seus desenhos, Âng4elo Roberto inaugurou a Galeria Raimundo Oliveira, com uma exposição individual. A nova sala, iniciativa do Instituo Mauá, está localizada no Porto da Barra, no prédio daquela entidade e acrescenta à Cidade mais um local para os artistas plásticos mostrarem seus trabalhos, ampliando, assim, o espaço cultural de suas atividades, até então restrito a comercialização do artesanato baiano.
Ângelo Roberto é dotada de excepcional sensibilidade, e a
sua temática privilegia toda uma realidade cultural baiana, envolvendo,
sobretudo, figuras marcantes de nosso povo em fase de quase desaparecimento.
Sua contribuição como artista sensível aos costumes de nossa terra e de sua
gente é um documento de todo um contexto social numa tentativa de impedir o
esquecimento de tipos e cenas da Bahia.
Ultrapassando os limites de uma
técnica formal muito usada pelos desenhistas de picos de pena , Ângelo Roberto
atingiu a um requinte da técnica muito difícil de ser superado.
Em seus trabalhos verifica-se a
valorização dos espaços brancos, integrados na composição das figuras e
paisagens. È como ele desenhasse com o branco atribuindo às suas criações uma
força, um ritmo e um lirismo comovente.
DOMÍNIO DA MÃO
Este rapaz tem um domínio completo da mão.
Dela, ele nada mais pode exigir. Da sua cabeça é que se espera muito mais.
Vendo os bico de pena de Ângelo
Roberto assim se pronunciou o colecionador Antonio celestino: Essa, talvez,
seja a última exposição de Ângelo. Ele pretende por as tintas nas telas com as
suas cores puras ou misturadas.
Algo muito mais vibrante e
cromático a revelar o seu mundo de emoções, suas alegrias e um denso sentimento
das pessoas e das suas circunstâncias.
Dele esperamos muito nesta sua
nova busca a exprimir sua enorme sensibilidade e humanismo, seu modo muito
particular de cuidar com zelo e amor dos entes e objetos que lhes são caros.
Dos pequenos traços que, no seu
conjunto produziram comoventes figuras em preto e branco, crianças,
prostitutas, vendedoras, mendicantes, pescadores, enfim toda uma galeria de singelas
figuras do nosso povo. Ângelo se propõe agora a mostrar o seu talento e
criatividade na gama dos tons e semitons, do escarlate agressivo ao depressivo
amarelo, do fatídico roxo ao esperançoso azul.
É um desafio que ele próprio se
propôs com adesão e a solidariedade dos amigos que prefiguram perplexos os
olhos sobre telas a revelar o sentimento e a visão comprometida com o amor e a
doação tão própria da figura do artista.
Todavia seus desenhos ficarão
eternamente na retina daqueles que poderão contemplá-los , como registro lírico
e pungente de algumas cenas do nosso mundo.
O QUE ELE PENSA
P- Ângelo Roberto Mascarenhas de Andrade, quem é o desenhista Ângelo Roberto?
R-É o menino das linhas de bonde
e linhas de arraia. É um desenhista que só se resolve pela tela quando chega ao
fim da linha.
P- E a ironia, Ângelo?
R- Por que seus amigos mais próximos
concordam com a afirmativa de que você vê a vida com profunda ironia e não
perde nenhuma oportunidade para ironizá-la?
R- Meus amigos mais próximos são
mais velhos do que eu. Eles é que me ensinam essa coisas.
P-E sendo você um homem de
formação católica por que vê este mundo com olhos tão críticos?
R-Cristo é o primeiro a ver este
mundo com olhos críticos.
P- Não são poucos as pessoas que
o vêem como um eterno menino. Você jamais conseguiu libertar-se da infância
assim como se a tivesse como uma espécie de refúgio, ou, ao contrário, sua
infância o envolve, ainda hoje, como um cárcere do qual você não consegue
romper as grades.
R- O passarinho que revisita o ninho pode crer tem
autonomia de vôo.
P- E a adolescência? Em
particular sua adolescência como ginasiano e participante de movimentos
intelectuais na Província da Bahia? Até que ponto toda essa vivência interferiu
em sua opção pela arte?
R- Já falei das linhas. Apenas
joguei um barandão!
P-Como pai de cinco filhos e
sendo apenas desenhista, como você consegue prover a sua e a subsistência da
família? Dê ai a receita do milagre.
R- Sendo apenas desenhista, eu
não seria pai de cinco filhos. Quanto ao milagre: : pó de pirilimpimpim e
sítio.
P- Porque a gente sabe que em
muitos países o artista consegue, pelo menos, ser considerado como um
verdadeiro profissional, enquanto que, no Brasil, salvo algumas exceções, o
artista continua sendo marginal. Você se considera um margina, enten -dendo-se
como marginal o cidadão que vive fora do sistema?
R-Um artista não é,
necessariamente , um profissional. vice-versa. Sou um marginal. O sistema que
espere!
P-Ângelo Roberto considera-se um
homem realizado, mesmo no plano apenas do indivíduo como indivíduo já que no
plano do ser social sua ironia o define assim como uma espécie de rebelde?
R- Um homem realizado é uma
besta. Sou um rebelde.
P-Você crê na vida, mesmo na vida
vivida por várias camadas miseráveis de vastas regiões do mundo? Acredita que,
apesar de tudo vale a pena viver tudo, inclusive o grotesco, o cruel, o belo e,
também, o feio?
R- A universalidade cristão me
leva a crer que o belo e o feio são a mesma coisa. Para quem tem olhos
críticos.
P-Qual seu grande projeto de
esperança?
R- Continuar vivendo entre os
amigos mais próximos.
BAHIA ANTIGA NO SHOPPING ITAIGARA
Dentro do Projeto Arte Cultura
que vem sendo desenvolvido este ano, no Shopping Itaigara, e como parte das
comemorações do aniversário da Cidade do Salvador, estará sendo realizada,
dentro de poucos dias naquele shopping, a exposição Bahia Antiga, sobre a
orientação de Na Antônio Marcelino do Nascimento, considerado o maior
colecionador de postais do mundo, com o seu Museu Tempostal. Fotos raríssimas
em ampliações muito bem feitas e cuidadosamente montadas mostram aspectos da
Bahia, principalmente de Salvador, em épocas passadas. Além de pesquisar as
fotos e apresentá-las de maneira a que o público possa ficar bem informado , a
direção do shopping teve o cuidado de buscar pessoas que possam orientar a
todos que se interessem por detalhes históricos de cada foto. Esta foto mostra
o Farol da Barra e adjacências, entre as quais os locais onde hoje estão as
ruas Afonso Celso e Marquês de Leão.
A ÚLTIMA CEIA DE LEONARDO DA VINCI
A restauração do quadro Última
Ceia, de Leonardo Da Vinci, talvez a obra de pintura mais conhecida no mundo,
está revelando detalhes que os admiradores não tem podido ver há quase 500
anos, disseram fontes do setor artístico.
O mural de Cristo com os Apóstolos,
pintado por Leonardo entre 1495 e 1498 no Refeitório da Igreja de Santa Maria
da Graça, já passou por quatro anos de trabalhos de restauração parcial, que
revelou que o mestre da Renascença colocou os comensais numa sala com tapete,
comendo laranja e bebendo com copos de bordas douradas, detalhes desconhecidos
antes.
Segundo Carlos Bertilli o Superintendente
da Herança Artística e Histórica de Milão, um detalhe revelado pela restauração
é que o apóstolo Simão não tinha barba longa, originalmente. Ele disse ao
jornal Corriere Della Serra que Leonardo
pintou Simão com leve barbicha e que as longas barbas conhecidas dos
especialistas em arte moderna foi acrescentada pelos restauradores que
trabalharam na pintura posteriormente.
Bertilli disse que outro detalhe
notável é que as famosas Portas Escuras da sala em que Cristo e os
Apóstolos se banqueteavam não são portas, mas tapetes.
Acrescentou que as fatias de
laranja que aparecem agora em alguns dos pratos dos comensais não eram visíveis
antes da restauração, processo no qual utilizaram-se solventes especiais e
análises microscópicas. São novos também, para os admiradores modernos, os
reflexos das vestimentas coloridas nos pratos e as finas bordas douradas dos
copos.
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