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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

BAIANO EXPÕE SEUS TRABALHOS NUMA FUNDAÇÃO EM NEW YORK - 18 DE ABRIL DE 1983.


JORNAL A TARDE, SALVADOR, TERÇA-FEIRA, 18 DE ABRIL DE 1983.

BAIANO EXPÕE SEUS TRABALHOS NUMA FUNDAÇÃO
EM NEW YORK


“Se a liberdade, a harmonia e a mágica da forma podem inspirar minhas mãos cada nova manhã, eu devo estar vivendo completamente minha fantasia e coletando a mais gratificante e bela de todas as recompensas”. Estas palavras que me foram enviadas por carta pelo artista baiano João Augusto demonstram acima de tudo uma faceta da consciência de sua obra pictórica. Radicado em New York, realiza neste momento uma exposição até o próximo dia 30, no “The Brazilian Cultural Foundation”.
Na foto o artista João Augusto e um dos seus trabalhos expostos em New York.
A exposição é composta de grandes trabalhos geométricos dentro de todo o vocabulário desta forma de expressão, pois acredita que a arte geométrica seguirá inspirando e servindo como base do desenvolvimento da arquitetura e engenharia. “Ela nunca vai desaparecer, ela terá um espaço separado entre os conceitos tradicionais de pintura e escultura”.
Em seguida, João Augusto investe contra o que chama mal agouro e o atavismo anacronista, representando um ontem glorioso, mas opressivo que não encontra um grande eco neste país.
“Aqui, o presente é vivido intensamente.Este fenômeno permite que a arte se conserve viva, ao contrário, injustiças demais poderiam ser cometidas contra o artista e acima de tudo contra a humanidade. Passividade é a eterna inimiga da criatividade; a simultânea absorção dos acontecimentos de hoje fomentam o aspecto e o tempo não é gasto em lágrimas perdidas, chorando honras a um passado estagnado.”
Em seguida, uma visão de New York, a cidade que escolheu como pouso porque “o espírito irriquieto encontra nesta cidade uma atmosfera que estimula um grande excitamento, que meus sonhos vagueiam livremente e longe de ser ameaçados por qualquer perigo”.
Estas idéias de João Augusto o inserem dentro da contemporâneidade do artista que tem os pés no chão e está com os olhos abertos para as coisas que lhe cercam. Tem base e estrutura cultural para desenvolver o seu trabalho numa cidade que é o espelho da civilização. New York é o cadinho do que existe de bom e ruim. Lá é possível encontrar de tudo e ele tem consciência disto. Diz mesmo que seu trabalho não pode ser transformado meramente numa mercadoria cultural. Seu alvo “é a pesquisa incessante por uma comunicação maior, uma comunhão subjetiva”. Reagindo, portanto, contra a forte possibilidade de transformação de sua obra em simples mercadoria, a ser consumida dentro de um sistema de livre iniciativa ou negociação como que busca resgatá-la para que a vejam como uma coisa subjetiva e carregada de espiritualidade e criatividade.
Olhando a pintura de João Augusto vejo como que retalhos ou detalhes mesmo da gigantesca silhueta de New York com suas toneladas de concreto armados e vidros apontado para os céus. As partes ponte-agudas são semelhantes às extremidades dos imensos edifícios que parecem disputar espaços mais altos em busca do infinito. Uma corrida louca como acontece com os milhões de homens que passam apressados “protegidos” por sinais luminosos carregando nas pastas e bolsos as ilusões de uma sociedade consumista.
E João Augusto sabe captar como ninguém a sutileza e a transforma em belos quadros. São trabalhos que demonstram a influência da geometria nas construções com suas formas curvas ou triangulares resultando uma estrutura tridimensional.
Seu trabalho tem aparecido em muitas exposições individuais na Itália e França, além de muitos museus, coleções privadas e de corporações em outros países, principalmente nos Estados Unidos.

NÚCLEO DE ARTES DO DESENBANCO INSTALOU A EXPOSIÇÃO DE VERGER

O Núcleo de Artes do Desenbanco abriu ao público a mostra “50 anos de fotografia de Pierre Verger”, homenagem ao artista e etnólogo, francês que vive há 37 anos na Bahia, estudando, pesquisando e editando publicações sobre as diversas manifestações da cultura negra no nosso estado e difundindo por todo o mundo essas informações.
A exposição fica instalada até o dia 29 de abril no “hall” de entrada do edifício do Desenbanco, na sala de exposições temporárias, no horário das 8h30min às 18h30min; Da mostra fazem parte 60 fotografias de Verger e as últimas publicações do artista.

OUTRAS PROMOÇÕES

Integrado ao cenário das artes baianas, o Núcleo de Artes do Desenbanco desenvolve uma programação intensa divulgando a arte e a cultura da Bahia, mantendo intercâmbio constante com núcleos similares em todo o país. Paralelamente têm, no seu acervo, arquivos, publicações e 35 importantes obras entre tapeçarias, óleos, aquarelas e esculturas de Carlos Bastos, Jenner Augusto, Lygia Sampaio, Mário Cravo Júnior e Rubem Valentim, artistas que se projetaram no início do movimento de Arte Moderna da Bahia.
Nos próximos meses, o Núcleo de Artes do Desenbanco promove dois grandes eventos: a exposição de Mário Cravo, comemorativa dos 60 anos do artista e a mostra de artistas paranaenses, numa produção conjunta com o Banco de Desenvolvimento do Paraná. Esta última faz parte do programa de intercâmbio entre o Núcleo e o BD do Paraná, que inclui para o mesmo período, uma exposição de artistas baianos naquele Estado.









Fotos de Pierre Verger: uma cena de rua em Sevilha, na Espanh e o já  famoso escritor Ernest Hemingway, em 1957, em Cuba.

             UM RESUMO DA OBRA DE EDITH BEHRING

A exposição individual de Edith Behring pretende resumir, em 33 gravuras, datadas de 1957 até a década de 80, o trabalho dessa artista carioca, sem dúvida alguma uma das mais importantes gravadoras.
Parte do êxito alcançado nacional e internacionalmente pela gravura brasileira nos anos cinqüenta, cabe por direito e justiça a Edith Behring. Foi ela, na verdade, com a seriedade do seu trabalho, que abriu caminho para muitas outras premiações, ao conquistar, em 1957, o Prêmio de Honra na II Exposição Internacional de Gravura de Lubliana, Iugoslávia, posteriormente confirmado, em 1963, com o Grande Prêmio na I Bienal Americana de Gravura de Santiago do Chile. Prestígio que seria consolidado pelas presenças fortes de nomes como Fayga Ostrower e Anna Letycia, ambas merecedoras de premiações na Bienal de Veneza (1958) e Bienal de Paris (1963), respectivamente, por falar somente nas mulheres.
Por esta razão, ao analisar a arte brasileira no seu livro “Contemporary Art in Latin América”, no qual dedica três páginas à mulher gravadora no Brasil, o historiador norte-americano Gilbert Chase não vacila em destacar as artes gráficas brasileiras como uma das mais importantes deste século.
Figurativa enquanto pintora, abstracionista quando se voltou inteiramente para gravura em metal, Edith Behring é uma artista sensível à forma, às transparências de cores, dotada de uma técnica excepcional que não prescinde da emoção. Fruto de um aprendizado sério, de uma dedicação ao trabalho e a uma forma de expressão autônoma que ela soube dignificar, não somente como artista mais, principalmente, como professora nos dez anos em que esteve à frente do Ateliê de Gravura do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Esta semi-retrospectiva de sua obra representada por trabalhos por ela própria escolhidos de diversas etapas de sua trajetória artística, chega, no momento oportuno: o de mostrar às novas gerações o valor de um artista maior, senhora do seu ofício e dele se orgulhando, com a humildade dos grandes criadores:
A ela, portanto, nossa homenagem que é extensiva à própria gravura brasileira contemporânea, que sempre teve na mulher uma presença marcante e, em Edith Behring em particular, uma de suas maiores incentivadoras. Ela expõe na Galeria Baney, no Rio de Janeiro.

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