JORNAL A TARDE , TERÇA-FEIRA, 1º
DE MARÇO DE 1982.
O MEMORIAL E A VERDADE
Conforme prometi na semana
anterior ao Carnaval que voltaria ao assunto Decoração aqui estou para
complementar as minhas observações. Quero agradecer a Carlos Prata pela sua
observação no programa Programe em
relação às críticas que fiz. Também agradeço a gentileza dos membros da equipe
que ganhou a concorrência pública em
procurar-me para dar algumas explicações. Porém, fui rever o Memorial
Descritivo no qual a Comissão Julgadora se baseou para a escolha do projeto de
Decoração e foi lá, exatamente, que encontrei provas para novos argumentos e
observações. Vejamos:
1-Na página 4 ,quando fala da
distribuição dos elementos da Decoração li textualmente o seguinte: Área da
Carlos Gomes e Rua da Ajuda ( v. Prancha 16). Esta composição é formada por
três bandeiras representativas dos times que participam do Campeonato Nacional,
ladeadas pelo símbolo da Copa.
Homenagem às equipes nacionais que formam a
força do nosso futebol.
Nada disto foi feito!
2-Na página 5 do referido
Memorial está escrito: Distribuição das Peças Ornamentais: Carlos Gomes 40
composições aéreas
3-No resumo onde é feita a soma
das peças, está lá o total de 344 unidades e 120 peças aéreas para a Carlos
Gomes.
Note-se que aí já não fala mais
em 40 e sim em 120 peças, porque segundo explicação dos membros da equipe, as
demais seriam formadas por composições com lâmpadas coloridas, portanto, integrante do Projeto de Iluminação.
O que questionei e provo agora
através do próprio Memorial Descritivo é que a equipe não cumpriu, a rigor, o
que havia proposto. As ruas Carlos Gomes e Ajuda foram totalmente esquecidas, e
é bom que se diga que nessas ruas sempre existe concentração popular durante o
Carnaval, especialmente na Rua Carlos Gomes. Não questionei ora nenhuma que a
Decoração fosse feia.
Ao contrário, achei
criativa,embora intrinsicamente tenha uma conotação cívica de enaltecer o
futebol e outras coisas que não cabem neste momento discutir. Sei também que o
grupo alegou junto a Prefeitura que os
quase 20 milhões de cruzeiros foram insuficentes para o que eles se propunham a
fazer. Ora, então não estimasse o projeto nesta quantia, já que de antemão
sabiam que não iam ganhar dinheiro. Não admito que profissional trabalhe sem
ganhar. Trabalhou, tem que receber dignamente. Foi também errada a Prefeitura
em não estimar quanto tinha para gastar na Decoração. O limite tem que ser
estabelecido, como , por exemplo, até 20 milhões e assim os projetos seriam
concebidos dentro desta estimativa. Omissões de lado a lado, portanto.
Também aguardei que todas as
peças fossem colocadas nas ruas e praças para dar uma opinião sobre a
plasticidade da Decoração.
Confesso que gostei, achei bem
executada, um colorido bonito e bem diferente da que foi colocada no ano
passado, que não tinha criatividade e sim apenas improvisação de péssimo gosto.
Nesta Decoração dá para a gente
sentir a profissionalização, no desenho, na criatividade e faltou no cumprimento no que os membros da
equipe tinha se comprometido. Parece chato a gente ter que voltar a falar da
Decoração. Mas é preciso saber que existe alguém atento a possíveis fraudes,
marmeladas e falta de compromisso.
Também esqueceram da nova taça.
Uma lástima!
Quando estiveram comigo, disseram que a nova taça não é conhecida! Ora, melhor razão para divulgá-la, para
torná-la conhecida. O que vemos são desculpas insustentáveis. Mas, o pior é que
não tem mais jeito porque já embolsaram o dinheiro. Fica, no entanto, o aviso
para que os responsáveis pelo dinheiro público amarrem as coisas de tal forma
que tenham condições de exigir.
Tudo isto é fruto da
desorganização de alguns setores públicos que não planejam detalhadamente as
coisas. É preciso estipular com antecedência o valor, dar condições e tempo
para execução do projeto e tudo mais. Lembro agora que enquanto no Rio de
Janeiro e em outras capitais as decorações eram inauguradas , aqui nem havia
começado, porque o dinheiro não havia sido liberado. É preciso lembrar que o
Carnaval da Bahia desperta muita inveja nos promotores de carnavais de outras
cidades. Temos que nos esmerar para que o melhor Carnaval do Brasil não seja
prejudicado como vem sendo nestes últimos dois anos.
ASSOCIAÇÃO DE ARTISTAS QUER
ADQUIRIR UMA SEDE
Reunidos em Assembléia Geral
na última sexta-feira, à noite,na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, membros da Associação de Artistas
Plásticos da Bahia, discutiram vários problemas de interesse da classe, entre os
quais, a aquisição de uma sede própria para a entidade.
A presidente da Associação, Denise
Pitágoras ,informou que a proposta já foi aprovada pelos associados e conta, com
o apoio do Conselho de Cultura, através de sua Câmara de Arte, cujo
representante é o professor Wilson Lins, com quem já manteve contatos
anteriores, do Museu de Arte Moderna da Bahia, da Coordenadoria de Museus e da
Escola de Belas Artes.
Na foto vemos poucos presentes na reunião e muitos para cobrar trabalho...
Além da aquisição da sede própria
para a Associação dos Artistas Plásticos da Bahia, durante a assembléia foi
apresentado o Relatório de Trabalho que a entidade vem realizando em relação
aos interesses da classe de artistas; discutido o problema da regulamentação da
profissão; a transformação da AAPP como entidade de utilidade pública, e ainda
os preparativos para a realização do II Encontro Nacional de Artistas Plásticos,
a ser realizado aqui em Salvador no próximo mês de outubro e, finalmente, a
possibilidade de ser trazido também para cá o Salão Nacional de Artes Plásticas
do próximo ano.
DUAS CRIANÇAS DA BAHIA CORÉIA
Recebi de d. Lícia Borges Barros
uma carta onde tomo conhecimento que seus dois filhos foram premiados na 23ª Exposição Mundial de Arte Infantil realizada na Coréia. As crianças receberam medalhas
de Prata e Bronze. Estou contente por duas razões: primeiro: - Foi através desta
coluna que d. Lícia Borges Barros tomou conhecimento da exposição e segundo, porque duas crianças baianas foram premiadas.
Para os que acompanham de perto o
desenvolvimento de seus filhos informo que a 24ª Exposição de Arte Mundial Infantil
promovida por uma fundação coreana será realizada este ano no mês de outubro.
Os que estiverem interessados podem procurar o editor desta coluna que
fornecerei cópias da ficha de inscrição. Publico a seguir a correspondência que
recebi de d. Lícia Borges Barros.
“ Prezado Senhor: Há alguns meses atrás ,
creio que em julho p.p. através da sua coluna, tomei conhecimento da 23ª
Exposição Mundial de Arte Infantil, na
Coréia. Enviei em princípio de agosto dois trabalhos de meus filhos, desenhos
feitos na escola ( Colégio São Paulo), e para surpresa nossa recebemos através
dos Correios o seguinte resultado: 1) Minha filha, Liana Senna Borges de
Barros, de 6 anos, foi premiada com Medalha de Bronze. Recebemos a medalha
acondicionada em belíssimo estojo e um Certificado. 2) Meu filho, Marcos Senna
Borges de Barros, de 9 anos, ( à época) teve o seu trabalho selecionado e
recebeu 1º Certificado. Dois álbuns com fotografias a cores e em preto e
branco, documentando a exposição e reproduzindo alguns trabalhos, foram também
remetidos.
Anexando cópias esclarecedoras,
informo que foram inscritos 15.426 trabalhos de 56 países e selecionados
2.640,entre os quais figuram quatro do Brasil:1)Medalha de Prata ( A Beautiful Day) de Katherina
Von Bulow, 7 anos; 1ª Medalha de Bronze ( My House) Liana Senna Borges de
Barros, 6 anos.(Reprodução acima)
Trabalhos selecionados:1) Marcos
Senna Borges de Barros ( Experiences) 9 anos.
2) Mônica Von Bulow ( Flying After The
Sun), 11 anos.
Observação: ignoro o Estado em que residem as irmãs Von Bulow.
Agradecendo a oportunidade que me
deu ao divulgar o concurso , subscrevo-me, cordialmente, Lícia M.S. Borges de
Barros."
EMMA VALLE EXPÕE
Emma Valle está promovendo a
exposição de 15 artistas no que ela intitulou Divularte no Atelier Thiago, na Rua
do Sodré, 48. A
expoosição será inaugurada amanhã e parte da arrecadação com a venda das obras
será dedicado às crianças pobres. A incrível Emma Valle nos apresenta
inclusive um catálogo original com várias emendas feitas de caneta
esfereográfica e na capa a seguinte inscrição: Emma Valle abre o Ano das Artes em Salvador. O
trabalho da artista é um retrato fiel da sua maneira de ser.
A artista Emma Valle em seu atelier O Cartola Internacional.
Uma coisa diluviana e de difícil
entendimento por aqueles que não a conhecem de perto. Poderia inclusive integrar
qualquer estudo sobre a plasticidade e o inconsciente. Ela pinta tudo desde
uma gamela de madeira que surge em sua frente, uma colher de pau e assim por
diante. Vive numa louca fantasia de busca e expressão. Ela mesma afirma que "esta exposição é uma homenagem dos artistas que residem no Sodré pelos seus 15
anos de arte."
Integram a mostra: Emma Valle, Edmilson Ribeiro, Zu Campos, José
Thiago, Meireles, H. Bonfim, Hamilton Passos, Pedro Museu, Justino Marinho,
César Romero, Sidney Roberto, Zivé, Guache, Tino Oliveira e Márcia Magno.
Sabe-se que alguns dos expositores não moram na Rua do Sodré.
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