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domingo, 2 de setembro de 2012

CONCURSO PARA DECORAÇÃO - 7 DE DEZEMBRO DE 1981.


JORNAL A TARDE, TERÇA-FEIRA, 7 DE DEZEMBRO DE 1981.

                         CONCURSO PARA DECORAÇÃO

Este ano a decoração do Carnaval será escolhida através de concurso público. Uma medida que deve ser encarada com naturalidade porque apenas o prefeito Renan Baleeiro está cumprindo determinação legal. No ano passado critiquei veementemente a escolha da decoração mediante critérios discutíveis e desconhecidos. Esta medida virá beneficiar os artistas plásticos e até mesmo estudantes da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, os quais sempre são convocados para ajudar os responsáveis pelo projeto vencedor. Isto é uma prática salutar e uma oportunidade para artistas e estudantes ganharem algum dinheiro e exercitarem seu aprendizado.
 A decisão do concurso já foi comunicada oficialmente por Renato Ferreira, atual secretário de Informação da Prefeitura, após membros da Associação de Artistas Plásticos da Bahia, a qual tinha defendido a reivindicação. Os artistas foram mais longe, solicitando que fosse estendido o concurso público para qualquer trabalho relacionado com arte a ser executado pela Prefeitura e lembraram que os calçadões da Praça da Sé e Lapa poderão abrigar esculturas e outras obras de arte. Querem finalmente ser consultados quanto à decoração natalina e querem um local para funcionar a sede da entidade e que a reconheçam como de utilidade pública. A princípio parece que os membros da Associação de Artistas Plásticos da Bahia estão pedindo demais. Mas, ao contrário, esta é uma entidade séria que merece todo o apoio das autoridades porque congrega um segmento importante da nossa cultura e num país onde cultura e educação andam a passos de cágado, nada mais justo que atender a essas mínimas reivindicações.
Porém, voltando à decoração do Carnaval espero que seja feito um digno regulamento de concurso para que a escolha do projeto não permita interrogações. É preciso estabelecer os requisitos básicos para que a comissão julgadora, a ser escolhida, tenha condições de trabalhar com tranqüilidade em benefício do Carnaval baiano que hoje já tem amplitude universal pela sua espontaneidade e beleza plástica.
O anúncio da realização do concurso vem, portanto, nos confortar, na esperança de que seja executado um projeto de melhor qualidade que aquele do ano passado.
O verão baiano, por exemplo, com toda sua explosão de alegria nas praias e o colorido das ruas, dos camelôs e de dezenas de tipos humanos poderá, inclusive, ser uma fonte de inspiração para àqueles que pretendem concorrer. Ação que é hora de eliminar àqueles tipos tradicionais de piratas inspirados em outras culturas para integrar a decoração do Carnaval baiano. Vamos buscar inspiração na nossa gente, na nossa flora e fauna que são ricas e oferecem muitos elementos para elaboração de projetos fantásticos. Vamos aguardar. Estaremos a postos.

MANOEL DO BONFIM E 2 FILHOS EXPÕEM 
NA RUA FONTE DO BOI



À direita o escultor Manuel do Bonfim.


À esquerda
o filho, João Augusto com
duas telas de
sua autoria.

O clã dos Bonfim está agora reunido na Rua Fonte do Boi , número 8-A, no bairro do Rio Vermelho num novo atelier que o velho escultor Manuel do Bonfim instalou para trabalhar com seus dois filhos, também artistas. João Augusto e Manoel Augusto do Bonfim. Depois de cinco anos afastado do movimento artístico baiano o Manuel do Bonfim, risonho e falador, retorna com a força dos orixás que esculpe com tanta maestria nas pranchas de madeira. A inquietude de Manuel revela a sua intransigência com determinadas posturas. Um batalhador incansável que sempre está em busca de um lugar ao sol, de um lugar digno de sua capacidade criadora. Traz no sangue e na cor de sua pele a identidade com as coisas do culto que abraçou e respeita. Cultiva com suas goivas, serrotes e formões as figuras místicas dos orixás adorados nos terreiros de candomblés. Conhece a sua capacidade e defende a integridade de sua obra e a manutenção de seu caminho. Enfim, a pureza do seu trabalho, que é identificado com a própria maneira de ser. Um trabalho de emoção. Um trabalho onde os rostos de Nanã, de Oxalá e muitos outros são talhados com muito respeito. Existe uma identificação em Manuel do Bonfim entre o trabalho e a “obrigação” do seu culto. Assim ele prossegue realizando uma obra que merece o mais alto estímulo pela qualidade e pela seriedade com que executa.

A seu lado vem surgindo João Augusto do Bonfim com aquela mesma espontaneidade herdada do pai. Agora retorna do Rio de Janeiro onde fez uma exposição na Galeria Sagitário, que fica na Avenida Nossa Senhora de Copacabana e teve vários de seus quadros cortados a punhal por um vândalo. Não ficou devidamente esclarecido quem mutilou suas obras. Mas, não é preciso apurar muito, porque estas agressões não levam a nada. O que interessa a João Augusto é continuar trabalhando e lutando com a mesma firmeza de Manuel, o seu pai. O que interessa é que o Manuel (pai), Manoel Augusto e João Augusto (filhos) continuem pintando e lutando juntos. É preciso que o clã continue alegre, como é o velho Manuel do Bonfim. Este mês ele está em pela euforia com as festas de Santa Bárbara, que chegou a organizar vários anos no Mercado do Rio Vermelho e, agora com a da Conceição da Praia, sem esquecer-se do 2 de fevereiro, Yemanjá quando todos admiram àquela escultura bonita que fica em frente à Casa do Peso ou do Pescador, feita por ele, para homenagear a rainha do mar. Axé para o clã dos Bonfim.

PINTORA PERUANA MOSTRA SUA OBRA 
NA CAPELA DO UNHÃO












Pela primeira vez, a pintora peruana Haydée Persivale expõe a sua obra no Brasil, especificamente em Salvador, que escolheu pôr ser a sua cidade favorita e que a impressionou desde a primeira vez que veio aqui no ano passado. A exposição, intitulada O Imigrante contém 32 trabalhos e está aberta à visitação pública na Capela do Solar do Unhão, até o próximo dia 28.
Haydée Persivale nasceu em Lima e desde cedo demonstrou tendências artísticas, começando a pintar aos 8 anos de idade e a exibir os seus trabalhos aos 10 anos e conta hoje com um currículo muito vasto. Inicialmente cursou a Pontifícia Universidade Católica de Lima e, depois, o Instituto Suarez Vertiz e seguindo-se inúmeros outros cursos. O seu estilo , segundo ela própria, é o figurativo simplificado, com muita ênfase para o colorido.
O tema da exposição, Os Imigrantes foi escolhido devido a sua própria experiência vivendo fora da sua cidade natal durante muitos anos, 12 dos quais em San Francisco, onde reside. Foi nos Estados Unidos que ela cursou o bacharelado em Artes na Universidade da Califórnia, continuando o seu aperfeiçoamento na Universidade de New York.
Haydée Persivale se identifica muito com a Bahia pelos laços que, segundo ela, irmanam  a sua cidade natal com a nossa, além de admirar o colorido da cidade e alegria do seu povo. Ela conhece um pouco a arte baiana e afirma que em New York há um interesse muito grande pelos artistas primitivos brasileiros que trabalham com as cores naturais.
Lá, atualmente, continuou a pintora, há uma série de galerias exibindo trabalhos primitivos de muitos artistas brasileiros.
Além de suas preferências pela Bahia, a pintora veio à Salvador a convite da Fundação Cultural do Estado e conta com o patrocínio do Banco Econômico. A sua mostra prossegue até o próximo dia 28 de dezembro, porém, no sábado , ela seguiu para a Flórida para tratar de assuntos comerciais. Antes disso, na tarde da última terça-feira, Haydée se reuniu com artistas plásticos baianos, na Capela do Solar do Unhão trocando informações .
Em 1975, Haydée expôs três vezes nos Estados Unidos, participando de diversos outros eventos artísticos, sendo detentora de vários prêmios, como o Primeiro Prêmio Springhill Costume, em 1974, na Califórnia, assim como o Primeiro Lugar na Stanley Carving Competition, em 1976, também na Califórnia.
Em 1978, ela expôs em Lima e também no ano seguinte, participando ainda da exposição Artistas Peruanos Consagrados.
Este ano, ela já expôs na Oakland International Council Solo Show, em maio, na Oliver Galery durante a Exposição Internatioal e em São Francisco, durante a Art Expo, Califórnia ( de Margareth Lemos)

MEMÓRIA DA PHARMACIA APRESENTA RESULTADOS


Nesta última sexta-feira a Fundação Roberto Marinho e o Laboratório Roche receberam autoridades, representantes das classes médicas , farmacêutica e da imprensa para a divulgação dos primeiros resultados do 1º Inventário do Acervo Cultural Farmacêutico no Brasil, inventário este realizado como uma das principais atividades comemorativas dos 50 anos da Roche no país, com o apoio do Conselho  Federal de Farmácia e da Academia Nacional de Farmácia. 
Ao lado  foto da Pharmacia Chile que ficava na rua do mesmo nome
A Memória da Pharmacia , como ficou conhecido este trabalho, reuniu uma comissão de técnicos, museólogos e especialistas que, através de indicações da própria população, vem catalogando, fichando, descobrindo e arquivando um imenso patrimônio histórico que pretende ser, para as próximas gerações, uma verdadeira fonte de estudos e informações sobre a história da farmácia no Brasil. Com um total de 836 comunicações já recebidas de todo o país, a campanha da Memória da Pharmacia está registrando , ao final do seu sexto mês, um resultado bem acima das expectativas. E a chegada histórica da dica de número 1000 está sendo aguardada para muito breve. O Professor Benedito Lima de Toledo, presidente da Comissão do Inventário explica: “Este inventário pode ser feito de maneira ativa ou receptiva. Uma não exclui a outra, mas a segunda tem uma vantagem muito significativa: a valorização pela coletividade do patrimônio cultural que a cerca, aferindo aspectos do subconsciente coletivo. Como a iniciativa é, de certa forma, pioneira e depende da motivação desinteressada do público, uma vez que não se oferecem prêmios, o resultado obtido tem sido plenamente satisfatório".

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