JORNAL A TARDE ,TERÇA-FEIRA,
SALVADOR, 10 DE MAIO DE 1982.
DUAS ARTISTAS MINEIRAS NO MUSEU
DE ARTE MODERNA
As mineiras Lucimar Bello e Mary
Dilório estão expondo, no Museu de Arte Moderna da Bahia, até o próximo dia 14,
trabalhos de pintura e cerâmica. São duas artistas conscientes de seu papel de
mulher na sociedade atual, mas que preferem ficar afastadas da militância dos
movimentos feministas por discordarem de radicalizações tão comuns em alguns
posicionamentos.
No entanto, as duas acompanham
todo desenrolar da movimentação por mais espaço para mulher, e o questionam
através do trabalho de arte. Lucimar, por exemplo, tem todo um trabalho voltado
para a figura feminina onde o nu aparece com grande sensualidade e seriedade. O
tema é tratado com tal seriedade que afasta qualquer possibilidade de
exploração pornográfica. No alto trabalhos em cerâmica da mineira Mary di Iório
Ela leciona, desde 1977, Desenho
e Criação da Forma, na Universidade Federal de Uberlândia. Sua ligação com o
magistério vem de muito antes, pois já lecionou para crianças do 1° e 2° graus.
No entanto, seu contato com a
arte começa em 67, quando inicia o curso de Belas-Artes, na Universidade
Federal de Minas Gerais. Participou dos festivais de inverno realizados em Ouro Preto , onde
mostrou trabalhos em gravura e desenhos. Já realizou várias exposições,
inclusive ganhou o 3° Prêmio de Gravura no 1° Salão Nacional de Arte
Universitária, realizado em
Belo Horizontes em 1968; Prêmio de Aquisição Desenho V e VI
Salões de Arte de Ribeirão Preto em 1980 e 81, e Menção Honrosa no 4° Salão de
Arte de Presidente Prudente.
Agora, Lucimar resolveu sair para
realizar esta exposição em Salvador e outra em Recife com o objetivo de
divulgar e discutir seu trabalho.
Falando sobre sua obra diz que é
uma técnica mista de desenho e pintura, com a presença destacada de figuras
femininas. “É preciso aceitar o nu com naturalidade. A aceitação do próprio
corpo dá ao individuo domínio de si mesmo. Não concordo com revistas fechadas
de plástico e tampouco com o uso indiscriminado da mulher como se fosse um
sabonete. Mas é preciso dizer que existem revistas que apresentam nus femininos
muito bem cuidados e artísticos. Temos é que dar valor ao corpo e o meu
trabalho ajuda a compreendê-lo. O meu trabalho é a manifestação de minha
experiência. Sou eu e meu espaço, e quero discutir com as pessoas para saber
suas opiniões”.
Já Mary Dilório, ceramista, não é
tão desinibida como sua colega e parceira de exposição Lucimar, mas é uma
artista de talento. Uma ceramista na expressão da palavra, porque trabalha o
barro desde momento que a matéria-prima chega a seu atelier. É ela que amassa o
barro e o prepara para criar seus objetos. Ela nos apresenta 17 peças onde
demonstra uma preocupação formal; segundo declarou, esta mostra é uma síntese
do que já havia mostrado para seus conterrâneos.
Você sente no trabalho desta
ceramista a sua ligação com a natureza. Ao lado a ceramista Mary di Iório e a pintora Lucimar Bello.
Como que as peças, foram
retiradas de uma mina, como se fossem criadas pela própria natureza. Uma
fecundação que deixa transparecer a simplicidade desta artista de poucas
palavras e muita criatividade. Portanto, um relacionamento perfeito entre os
objetivos concebidos, fecundados ou, quem sabe, que surgiram misteriosamente
desse contato tátil e consciente entre Mary e a terra. Os cortes, as aberturas
e os vazios demonstram sua grande habilidade e dão aos objetos uma leveza
singular.
Ela mesma revela o seguinte:
“Penso que através da terra o ceramista se fecunda, propondo dar-lhe uma forma,
um significado, animá-lo e infundir-lhe vida. Sinto que aí surge uma força que
se apodera da gente para que, por um momento, nos sintamos invadidos por algo
perpétuo. Então meu desejo é descobrir e conhecer materiais, e transmitir com
as massas, os esmaltes, com as substâncias que são ingredientes do meu ofício,
todas as minhas sensações, percepções, intuição e pensamentos. Enfim, tudo
quanto constitui a ressonância do meu ser e minha atitude diante da vida e me
converter na peça que entra no forno”
AGLAIA PELTIER DOS SANTOS EXPÕE
38 ÓLEOS
NA GALERIA BRASILIANA
O envolvimento de Aglaia com as
artes plásticas remonta praticamente à infância. Aos 15 anos já lecionava arte
infantil, atividade a que se dedicou até pouco tempo e que só deixou de exercer
para dedicar-se inteiramente à pintura. Formada em Comunicação Visual
pela Escola Nacional de Belas Artes, onde também fez o curso de técnica de
pintura, teve entre seus professores Pindaro Castelo Branco, Quaglia e Heris
Guimarães.
EXPRESSIVA
O crítico Jacob Klintowitz
identifica na obra de Aglaia a arte “como uma forma inteiramente despojada e
fundamental, como representação filosófica do ser e do estar humano, como um só
momento ser e estar da criação e do paraíso”. Diz que a pintora procura
entender na “mesma realidade visual, num só bloco, numa única imagem, a mulher
e o filho, o homem e a natureza, a ação e o resultado d ação, o trabalho e o
pensamento”, identificando-a como “uma das mais profundas vertentes da arte
contemporânea”.
Já o crítico Walmir Ayala acha
que o forte de Aglaia está no bom manejo de um construtivo decorativismo desta
artista que revela no que pinta o prazer da matéria e o voluntário esmero
técnico. Afinal, decorativo dessa maneira também teria sido um Di Cavalcanti,
do qual Aglaia se aproxima. “Há também ressonâncias de Gautuin”.
Ayala diz que a artista não pode
ser caracterizada de ingênua e que “seu gosto pela forma e pela cor
enganosamente conduz à interpretação do ingenuísmo, quando o que realmente vale
neste exercício plástico é o toque despojado, a linearidade da composição, o
reencontro das figuras amulatadas num lazer paradisíaco”.
Antônio Bento, outro dos críticos
que assinam seu catálogo, afirma que Aglaia, “tendo escolhido a figura humana
como tema de sua pintura, tomou um partido difícil. É sempre árduo dizer
qualquer coisa de novo nesse domínio. Sobretudo, por esse motivo, creio que o
caminho natural do artista seja, no momento, o de uma pintura popular. É a que
vai melhor com sua tendência e os seus sentimentos”.
SALÃO FUJI DE ARTE FOTOGRÁFICA
SOBRE
OS JOGOS DA COPA DO MUNDO
O Salão Fuji promoverá uma
exposição de fotografias sobre a realização dos jogos da Copa do Mundo na
Espanha. Trata-se de uma mostra que tem por objetivo apresentar o trabalho dos
fotógrafos da imprensa brasileira, na cobertura dos jogos, durante toda a
realização do evento, inclusive os fatos registrados no Brasil.
A participação nesta mostra será
feita conforme os itens a seguir: 1- Exposição: “Fotógrafos Brasileiros na Copa-82” ; 2- Tema: tudo que se relacionar
com a Copa; 3- Participantes: Fotógrafos a serviço dos órgãos brasileiros de
imprensa. 4- Participação:
a) enviando:- ampliações P e B;
ampliações coloridas; slides; recortes de publicações.
Observações: Estas ampliações,
slides ou recortes devem ser enviados para efeito de seleção. As ampliações para
exposição serão providenciadas pelo Salão Fuji. Pedimos não enviar contatos.
b) Durante período da Copa será
feito um trabalho de acompanhamento das fotos publicadas na imprensa. Estas
fotos estarão incluídas na seleção, desde que autorizadas pelo fotógrafo ou
veículo.
c) Os fotógrafos e/ ou editores
poderão submeter para seleção, inclusive, as fotos não publicadas.
5- Prazo Final de entrega: 20 de
agosto de 1982.
Nesta data, devemos ter todos os
negativos das fotos para exposição, a fim de providenciar as ampliações.
6) Seleção: Um grupo de seleção
composto por Zé de Boni (Álbum Galeria), Manoel Reis (crítico de fotografia,
Diário do Grande ABC), Claude Kubrusly (fotógrafo profissional) e Masaru Kojo
(fotógrafo da Fuji Film) fará a seleção e edição das fotos para mostra.
Observação: a) O trabalho deste
grupo de profissionais será o de selecionar e editar as fotos enviadas para
compor um painel deste evento; b) Aproximadamente 100(cem) trabalhos serão
selecionados para exposição.
7- Todas as fotos selecionadas
(branco e preto/coloridas) serão ampliadas por conta do Salão Fuji.
8- As fotografias ampliadas serão
expostas no Salão Fuji no período de 20 de setembro a 17 de outubro, com a
possibilidade de se levar a exposição para outras cidades.
9- Todas as ampliações (montadas
para exposição), slides e negativos serão entregues aos fotógrafos, assim que
não forem mais necessárias.
10- Solicitamos às redações dos
jornais e revistas, enviar uma carta confirmando a participação na mostra, bem
como uma relação dos fotógrafos escalados para a cobertura. As correspondências
poderão ser enviadas a: Paulino T. Hashimoto- Salão Fuji- Rua Major Diego, 670-
Bela Vista- 01, 324- São Paulo-SP, Tel.37-3042 e 35-0303.
11- estaremos informando,
periodicamente, o andamento de todo o programa, inclusive os prazos finais.
Contamos com sua participação.
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