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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

COSTA PINTO EXPÕE 21 TELAS NA ÉPOCA GALERIA DE ARTE - 15 DE AGOSTO DE 1983.


JORNAL A TARDE SALVADOR, TERÇA-FEIRA, 15 DE AGOSTO DE 1983

COSTA PINTO EXPÕE 21 TELAS NA ÉPOCA GALERIA DE ARTE
 A obra Panorama do Porto da Barra, tríptico, uma das mais significativas  de Costa Pinto.

O artista Jorge Costa Pinto está expondo 21 trabalhos na Época Galeria de Arte, no bairro do Rio Vermelho. Conheço Jorge Costa Pinto há vários anos, quando trabalhávamos na antiga Inspetoria Seccional, hoje, Delegacia do MEC. Na época era um simples escrevente datilógrafo, e Jorge um conceituado inspetor federal de ensino. Naquela época os colégios e escolas eram fiscalizados pelos inspetores federais que gozavam de grande prestígio, e às vezes até eram temidos pelas exigências que faziam visando à melhoria e a seriedade do ensino. Talvez, se os inspetores federais continuassem o trabalho, como realizavam antigamente, o ensino estivesse em situação bem melhor que a de hoje.
Portanto, o nosso conhecimento é antigo, embora ocupasse um cargo hierarquicamente menor, mas tão digno quanto o dele.
Cabia a mim datilografar as ordens de bolsas de estudos e outros documentos. Sempre nos encontramos mesmo que rapidamente.
Porém, ao longo do tempo venho acompanhando com interesse suas exposições e principalmente sua pintura marcada pelo geometrismo, retratando a paisagem baiana, que tanto nos agrada.

Acima o artista Jorge Costa Pinto e sua esposa D. Vera.
É um mestre em simplificar as composições, definindo as massas com traços negros como a limitar os espaços para cada elemento. É metódico no seu ofício de pintar. Costuma sair com um caderno de anotações onde registra as principais linhas de uma paisagem qualquer. De posse dos desenhos vai para o seu atelier onde os transpõe para a tela. “Muitas vezes não fica quase nada do original. Modifico tudo o que tinha anotado, inicialmente”, confessa Jorge Costa Pinto. Sim, a modificação está exatamente em abandonar muitos detalhes, dando maior expressão aos elementos que elege como mais significativos. E, as massas contornadas pelos traços firmes e negros dão maior grandiosidade às composições que concebe.
O artista trabalha normalmente com tinta acrílica holandesa marca “Talens”, e o veículo que usa para dissolver é a água. Assim, consegue efeitos especiais que vão daqueles que permite uma aquarela ou sejam efeitos suaves e transparentes, até os efeitos densos utilizados pelos que usam tinta óleo. Acostumado com este tipo de tinta Jorge Costa Pinto, sabe usá-la em doses certas para cada situação. E, outro detalhe importante é que pelo seu próprio temperamento não tem pressa. Portanto, pode elaborar e reelaborar seus trabalhos em busca de uma maior perfeição. Paciente, Costa Pinto demora-se também em suas anotações captando os elementos mais significativos, podendo depois simplificar sem retirar das paisagens que recria as suas próprias identidades sendo facilmente identificadas pelos que se interessam pela arte e têm sensibilidade.
O artista Jorge Costa Pinto sabe como nenhum outro pintor baiano captar o ambiente calmo dos locais, que ainda não foram parcialmente ou totalmente destruídos pela ânsia do progresso ou da especulação imobiliária, que tanto aflige as populações que residem nas grandes cidades.
Ás vezes penso na capacidade do artista em retratar dentro de sua visão geométrica os locais que nos são mais caros desta velha Bahia. È verdade que não existe uma preocupação documental, porém, se nos transportarmos para anos adiante certamente pensamos que suas obras servirão pelos menos como um referencial para o que era a nossa gente, mas alerto que é preciso cuidar, antes que seja tarde demais, dessas paisagens, desses locais bucólicos que surgem calmos e vigorosos dos pincéis de Jorge Costa Pinto.
Jorge geometriza a paisagem baiana, dando destaque às massas e volumes contornando-as com seus traços vigorosos. O triptico intitulado “Panorama do Porto da Bahia”, é um dos trabalhos mais significativos entre os expostos. Nele o artista destaca o quebra-mar e os casarões em volumes bem definidos, e os barcos deitados sobre o mar em total calmaria, aliás, como se apresenta quase sempre este pedaço do Atlântico que beija as nossas praias.

ADVOGADO- PINTOR

Embora tenha revelado no início deste artigo a sua condição de inspetor federal de ensino, o artista Jorge Costa Pinto passou grande parte de sua existência entre a advocacia, a repartição pública, e nas horas vagas pintando. A pintura foi despertada desde a infância, mas a necessidade de abraçar uma carreira, que lhe garantisse de imediato a sobrevivência, afastou Jorge Costa Pinto da arte. Mas, não totalmente, porque se aproveitava, dos fins de semana e até das madrugadas para a intimidade com as tintas e os pincéis. Foi assim por quase duas décadas e o curioso é que foi descoberto pelo professor Adams Firnekaes, então assessor técnico do ICBA, que o convidou para expor juntamente com outros artistas. Foi o início de uma série de outras exposições individuais e coletivas, aqui e em outros estados. Hoje, seus trabalhos figuram em museus, coleções particulares e oficiais.
O então pintor de domingo ou pintor nas horas vagas , é hoje um profissional dedicado exclusivamente à arte. Fechou a sua banca de advocacia, embora tenha sido insistentemente consultado para que continuasse advogando. Mas, com os filhos já encaminhados Costa Pinto resolveu cuidar do que mais gosta, e para isto recebeu o apoio incondicional de D. Vera, esposa, companheira, e acima de tudo uma pessoa que sabe entender as necessidades e anseios do artista. Hoje, o ex-advogado e ex-inspetor federal de ensino tem o tempo inteiro dedicado à sua arte, dando uma contribuição importante, pela qualidade do seu trabalho, para o engrandecimento da cultura baiana. Portanto, se você ainda não visitou a exposição de Jorge Costa Pinto poderá fazê-lo até o final desta semana.

                        FOTOBAHIA 83 COM TREZENTAS IMAGENS

Está chegando a Fotobahia 83, importante espaço de expressão dos fotógrafos, que já se firmou no calendário cultural de Salvador. Abertura será amanhã, às 21 horas, no Foyer do Teatro Castro Alves. Serão expostas , cerca de 300 fotos de amadores e profissionais, coloridas e em preto e branco, com vários enfoques sobre a realidade baiana.
Participam da mostra cerca de 80 fotógrafos apresentando a Bahia em seus múltiplos aspectos – social, econômico, político, natureza, arquitetura -.Fotobahia 83 apresenta também um catálogo com uma foto de cada participante.
Fotobahia faz agora seis anos de criada: “Surgiu em 1978 com a intenção de abrir um espaço para reunir e mostrar os trabalhos produzidos por profissionais e amadores que atuassem na área. Não havia tema definido, nem seleção, pretendia-se fazer, de uma maneira concreta, o primeiro levantamento dos fotógrafos atuantes em Salvador, suas área de trabalho, abordagem temática e como utilizavam da técnica fotográfica”, explica Arestides Alves.                                                                                         Foto Gente do Sertão, de Juracy Dórea.
É organizada por um grupo de fotógrafos independentes, que busca atuar junto à categoria heterogêna, promovendo eventos que possam ajuda na transformação do nível profissional do fotógrafo.
Este ano a mostra acontecerá no Foyer do Teatro Castro Alves e ficará até o dia 4, quando ocorrerá também – de 1º a 5 – o Encontro de Fotógrafos e Oficina de Fotografia, na Escola de Belas Artes. Fotobahia 83 tem o patrocínio da Funarte e colaboração da Fundação Cultural do Estado da Bahia e da Prefeitura Municipal de Salvador.

                 SANTE SCALDAFERRI FOI PREMIADO

O artista Sante Scaldaferri acaba de ser agraciado com mais um prêmio. Ele participou da V Mostra do Desenho Brasileiro, realizada em Curitiba, e foi premiado, tendo sido convidado para a inauguração da exposição que ocorreu no último dia 10 na Sala de Exposições do Teatro Guaira. Sante concorreu com três desenhos de 80 x 65 cm: A Família Real, Flores para Monarcas e A Lista dos Convidados.
Esta mostra de desenhos é realizada todos os anos e dezenas de artistas são convocados a concorrer. A promoção tem por finalidade reunir em Curitiba obra de destacados desenhistas brasileiros em uma visão panarômica e documental das atuais tendências do desenho no país. De acordo com o regulamento complementam a estrutura da mostra, salas especiais artístico-didáticas apresentando conceituados artistas especialmente convidados e obras gráficas do patrimônio cultural brasileiro. Foram concedidos prêmios de aquisição e prêmios unitários de Cr$80 mil, sendo o nosso amigo Sante Scaldaferri um dos convidados premiados. 
Na foto o desenho premiado: A Família Real.

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