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sábado, 8 de setembro de 2012

IVONETE DIAS QUER ATENÇÃO DOS COLECIONADORES - 3 DE MAIO DE 1982.


JORNAL TARDE, SALVADOR,TERÇA-FEIRA, 03 DE MAIO DE 1982

IVONETE DIAS QUER ATENÇÃO DOS COLECIONADORES 

A exposição  Nordeste em Cores, realizada na Galeria do Hotel Méridien, tinha tudo para ser sucesso de público e de vendas.Estava localizada numa boa galeria e perto de um público abonado e que gosta da arte exótica, principalmente da chamada arte naif ou primitiva. Mas, não foi. Não foi devido a pouca movimentação de turistas estrangeiros, sempre atentos em busca dessas obras. A divulgação foi considerada pelos expositores como excelente, porém, uma coisa importante que é a venda, não aconteceu como se esperava. Poucos quadros foram comercializados e os participantes, que são artistas que dispõem de poucos recursos, estão enfrentando algumas dificuldades devido as despesas que realizaram para concretização da exposição. Um destes artistas é Ivonete Dias, uma boa primitiva, que veio da longínqua Maracás para expor suas obras. Ela chegou a escrever um depoimento que me enviou dizendo: “Faço um apelo aos senhores colecionadores e ‘marchands’ para que olhem com mais atenção a obra do artista primitivo. Somos gente simples com talento e sem os artifícios acadêmicos. Pintamos o que sentimos, não o que aprendemos de terceiros. No entanto, vivemos de maneira geral à margem de todo o movimento artístico importante."
Mais que um apelo, este trecho do depoimento feito com muita emoção por Ivonete mostra as dificuldades que o artista sem fama encontra. Não é apenas o primitivo. Não é apenas a Ivonete, mas são muitos que estão por aí percorrendo com muito sofrimento caminhos tortuosos, mas que devem e têm que ser vencidos com muita garra.
Compreendo o desabafo de Ivonete, mas não apoio àqueles que desistem pelo meio do caminho.Certamente não é o caso da referida artista, com a qual mantive longa conversa sobre as dificuldades que até certo ponto são consideradas “normais” dentro do mercado de arte. Espero que ela e seus colegas voltem a expor suas obras e que tenham mais sucesso. Aqui estarei para apoiá-los no que for necessário.

OBRAS DE DALI E VAN GOGH VENDIDAS POR ALTOS PREÇOS

Um dos quadros mais importantes da Salvador Dali, que pertencia a um psicanalista suíço, que o utilizava para ajudar seus pacientes a liberar seus complexos, foi vendido em leilão na Christie’s pelo equivalente a 122 milhões de cruzeiros, o maior preço já obtido por uma obra de um artista vivo.
Dali destaca sua obr L’Enigme du Desir, de 1929.
O próprio Dali considera o quadro pintado em 1929, L’Enigme du Desir,  como uma de suas dez obras mais importantes. Na opinião dos críticos, o quadro de composição caracteristica torturada e bizarra marca a primeira obra de maturidade do artista, com seu estilo surrealista.
O psicanalista Oskar Schiang, que vendeu o quadro, disse que o comprou em 1946 por achar que poderia  ajudar seus pacientes a se livrarem de complexos, e mantinha a pintura ao lado do divã do seu consultório.
O quadro é dominado por uma rocha amarela com buraco a onde está escrito várias vezes: “ma mère, ma mère, ma mère”... um pequeno grupo a esquerda mostra Dali enlaçando seu pai com um peixe, um gafanhoto, uma adega e uma cabeça de leão.
Segundo Schiag, o quadro propiciava um choque útil para ajudar os pacientes a se soltar.
Dali disse uma vez a respeito do quadro: “às vezes eu cuspo com prazer no retrato de minha mãe”. Ele tinha uma explicação psicanalística, pois é perfeitamente possível se amar a mãe e ainda assim sonhar que se cospe nela.
O recorde anterior por obra de um artista vivo, era de outro quadro de Dali, “Sommeil”, vendido no ano passado por 104 milhões de cruzeiros.
Schlag disse que vendeu “L'enigme Du Desir” para doar a uma fundação particular uma biblioteca sobre alquimia, maçonaria, simbolismo e assuntos do gênero.
O comprador foi um marchand suíço.

VAN GOGH
Um desenho a lápis e pena de Vicent Van Gogh foi vendido em leilão na filial da “Sotheby’s em Toronto por 150 mil dólares (22,5 milhões de cruzeiros) em apenas 60 segundos.
O desenho, que mede cerca de 24 por 35 centímetros, e se intitula “O vicariato”, representou o ponto alto de três dias de leilão e constitui uma das únicas duas obras do artista que se encontra no Canadá.
A obra produzida em 1884, no que a Sotheby’s descreveu como “um período relativamente sereno na vida turbulenta” do artista holandês.
O desenho representa a casa dos pais de Van Gogh em Núemen, Holanda, onde seu pai era pastor. (Foto). O comprador foi o proprietário da galeria de arte de Ontário.

                   FOTOBAHIA ABRE INSCRIÇÕES
 A partir de hoje você que gosta de fotografia poderá participar da V Exposição Anual de Fotografia da Bahia-Foto Bahia 82, evento que vem se firmando como um importante veículo de exposição dos trabalhos fotográficos e debate de questões do setor. A temática é livre e trata-se da realidade baiana. Cada concorrente poderá apresentar de 2 a 5 fotos preto e branco ou em cores com dimensões mínimas de 24x30cm e máximo de 30x40cm. A margem fica a critério do autor. As fotos não devem ser apresentadas com qualquer tipo de montagem e os candidatos podem entregar seus trabalhos no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Bahia, na Rua Chile, 22, sala 301, no horário comercial. Aqui vemos as fotos de José Carlos Filho, Isabel Gouvêa, Adenor Gondi e Sílvio Robatto.

              EUNICE MOSTRA O QUE APRENDEU

Desde 1966, que a baiana Eunice Nogueira de Oliveira vem recebendo orientação o mestre Rescála. Agora ela expõe na Galeria Cañizares, pela primeira vez, um toral de 50 quadros e traz a apresentação do professor Rescála que em certo trecho diz:
“A ambiência baiana com todas as tendências, que a caracterizam exercem em seus intelectuais, nítida influência, os quais as sentem e admiram e assim procuram manifestar seus entusiasmos pela terra dadivosa.
Nas artes plásticas são muitos os pintores consagrados, desde o período colonial, considerados da melhor categoria; mas a grande maioria sem os desejados estímulos, vive e produz no anonimato sem oportunidade de aparecer, entre eles estava Eunice Nogueira de Oliveira. Desde 1966 espontaneamente começou a pintar dentro de um autodidatismo, causativo e de resultados problemáticos.
O mais curioso é que afastada do ambiente artístico por residir no interior do estado, sua pintura, na ocasião, não apresentava feição primitivista como acontece em casos semelhantes. Tentava pintar de modo erudito como exigia seus sentimentos e como compreendia a arte em sua grandeza.

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