A ARTE DO BRASIL EM BONN
Bonn ( INP) – “A arte
contemporânea do Brasil é sem igual!”. Essa afirmação feita com freqüência por
críticos de arte e visitantes de galerias resume o reconhecimento que têm na
Europa Ocidental as obras muito diversificadas de artistas brasileiros
contemporâneos. Também uma pequena, mas bem
selecionada exposição de quadros e objetos de arte, montada com bons
conhecimentos do cenário artístico do Brasil e ora mostrada em Bonn, confirma a
assertiva feita acima . Marijke e Erik Padt, um casal de galeristas de
Amsterdã, apresentou na capital federal e antes já em Frankfurt / Meno, obras
de vinte artistas brasileiros, obras que em parte estavam à venda.
Na foto pintura sobre couro de Simone Marie, um aperfeiçoamento de uma velha técnica indígena.
Na foto pintura sobre couro de Simone Marie, um aperfeiçoamento de uma velha técnica indígena.
Representadas estavam as mais
variadas orientações artísticas e formas de expressão: arte popular ingênua na
forma de trabalhos em cerâmica e barro, arte moderna de tapeçaria, e, de modo
especial quadros de pintura ingênua até aos surrealistas, expressionistas e
impressionistas, quadros geométricos e abstratos. Mostrados foram trabalhos de
artistas ainda desconhecidos bem como obras de pintores já de êxito
internacional, que podem ser apreciados também em museus fora do Brasil, em
coleções particulares ou estão presentes nas exposições permanentes.
No Ibero-Clube, em Bonn, estavam
expostos trabalhos de: José Ferreira de Carvalho, do Recife; Isaac Monteiro, do
Rio de Janeiro; José Mendes, cujo quadro “Nuas”, por causa do seu simbolismo e
magistral técnica, foi especialmente apreciado na exposição; Vivaldo Ramos, um naif com renome mundial; Elso Arruda
Filho; Pedro Frederico Almeida, quadros e uma tapeçaria muito bonita; Mário
Grav Borges, de Campinas, cujos quadros conquistaram prêmios internacionais:
Fayga Ostrower, nascida na Polônia e radicada no Brasil, desde 1933; Simone
Marie, que se especializou em arte indígena e na representação do candomblé –
seu aperfeiçoamento na técnica pictórica indígena sobre couro despertou grande
interesse em Bonn; Luiz Carlos Figueiredo, pintor, escultor e cenarista,
natural de Cuiabá; Faroleo, um naif
autodidata de Salvador; Luiz Britto, pintor impressionista, igualmente da
Bahia; Elisa Maria e Marianna Brandão, duas representantes reconhecidas do
cenário artístico carioca; Cordeiro, um naif,
também do Rio de Janeiro; Nelson Maravalhas, cineasta e pintor, Walter
Nascimento, que se destacou também como restaurador de pinturas antigas;
Terciliano Jr. – as cores e o misticismo do candomblé se refletem em seus
quadros; do Carmo Fortes, um dos primeiros autodidatas naifs ; Ricardo Amadeo, pintor e fotógrafo , de São Paulo, e
finalmente, Júlio Paraty, cujo nome verdadeiro e completo é Júlio Cezar de
Jesus Freyre, cujos trabalhos são classificados como “ impressionismo ingênuo
novo e vigoroso” e são pagos a peso de ouro.
“O INFERNO” E “A PORTA DO INFERNO”
Paris – Duas importantes obras de
Auguste Rodin ( 1840-1917), ( foto ao lado) - as patéticas séries de desenhos da “A Porta do
Inferno” e “O Inferno”, estão sendo
exibidas integralmente , pela primeira, no museu parisiense que leva o nome do
célebre escultor francês. Obras inacabadas, mas que eram para seu autor uma
“fonte inesgotável” de formas, as duas criações absorveram vinte anos de
trabalho criativo de Auguste Rodin (de 1880 até 1900) e colocá-las em evidência
para o público contribui para apreciar detalhes de uma obra imensa, cujos
grandes traços são familiares, mas que em múltiplos aspectos ainda existe muito
por se descobrir.
Concebida por Rodin para servir
de entrada monumental a um Museu de artes Decorativas, que iria ser construído
em Paris, “A Porta do Inferno” lembra as paixões e os sofrimentos humanos, uma
multidão de rostos, silhuetas e grupos, que o escultor depois transformou,
ampliou ou reduziu, para realizar muitos trabalhos posteriores, executados em
mármore ou em bronze. A
montagem dessa parte da exposição respeita, nos mínimos detalhes, o projeto
inicial de Rodin, principalmente no que se refere à evolução física e
espiritual dos personagens, sobre os quais são representados os elementos
irreversíveis da ação do tempo sobre os seres humanos.
No topo de a “Porta do Inferno”, ( foto ao lado) inspirada nos pórticos góticos. Rodin colocou uma imagem de quem considerava
como “poeta por excelência”, Dante Alighieri.
Ali, pode-se ver o autor da
Divina Comédia entregue à meditação, como anunciando o que ia ser “O Pensador”
A exposição do Museu Rodin
demonstra que o artista definiu um estilo de ruptura com as preocupações dos
outros escultores do século XIX. Tanto na série da “Porta do Inferno”, como na
do “O Inferno”, o corpo humano continua sendo o principal tema, mas em ambos os
casos são dotados de possibilidades expressivas ilimitadas. “O Inferno” está
consagrado às famosas aventuras que apaixonaram a geração dos românticos, entre
as quais a agonia macabra do conde Ugolino, vítima da ambição e da
intolerância.
Acusado de traição, esse nobre
italiano, que Dante Alighieri apresenta no Canto 32 do capítulo do inferno na
“Divina Comédia”, foi encerrado numa torre na cidade de Pisa, juntamente com
seus filhos menores, que morreram de inanição. Rodin, inspirando-se em Dante,
mostra o conde Ugolino 173, esquecendo sua dor, devora os cadáveres dos
próprios filhos. Para tratar de um tema assim, Rodin modificou sua composição
plástica, tornando-a cada vez mais trágica.
FÁBULAS DE NEW YORK DO BAIANO HELY LIMA
Ele atravessa o Atlântico a bordo do luxuoso Queen Elizabeth II e se o tempo é curto o Concorde se torna meio de transporte trivial.Em apenas 10 anos de carreira, seus trabalhos são vendidos por milhares de dólares e os direitos de reprodução de algumas de suas obras podem lhe trazer este ano cerca de 250 mil dólares. Ele é Hely Lima, rapaz pobre que saiu da Bahia com o objetivo de melhorar um pouco sua vida e é hoje um dos pintores mais cobiçados no mercado de arte norte-americano e internacional. Sua personalidade é paradoxxal : ele é complexo e simples ao mesmo tempo. Quando se trata de trabalho , é muito difícil de se lidar, mas na sua vida privada é um dos mais simples mortais. Ele foge a todas as regras que a sociedade espera de um artista: não é boêmio, não se envolve com drogas e tem uma vida muito organizada. Recusa-se a participar de bienais ou salões de arte, preferindo aceitar convites de museus ou universidades. Detesta febrilmente o meio artístico, o que se torna um problema para os marchands, principalmente na Europa. Sua carreira é dirigida magistralmente por Herbert Zohn, graduado em Arte pela Universidade de Yale e que viu em Hely Lima um tremendo potencial desde o início. Se a personalidade de Hely é controversa, seus trabalhos são mais controversos ainda. Ele criou sua própria escola e usa os mais estranhos tipos de materiais. Como descreve um crítico francês, suas obras são um misto de pintura,escultura e teatro. Críticos americanos e europeus ligam o nome de Hely Lima a nomes tais como Bosh, Bertrand Russel, Baudelaire,Fitzgerald ou Bromfield. Suas exposições são sempre tumultuadas pela presença de gigantesto público mais do que as galerias podem comportar, o que necessita muitas vezes a presença de policias. Lima atribui isto ao fato de suas inúmeras aparições na TV, mas não desfruta de maneira alguma o status de celebridade. Para ele é chato e irritante quando passeando com o cachorro, defrutando um momento de paz e tranquilidade, alguém o aborda para dizer que o viu na Tv.
Em abril próximo, Zoma Gallery vai apresentar uma coleção de 22 trabalhos intitulados Tales of New York City ( Fábulas de New York). Parte desta exposição já foi vendida para um grupo de colecionadores selecionados que já viram a exposição em exibição privada. Em setembro próximo Hely de Lima se exibirá, também na Duke University, uma das mais prestigiosas universidades dos Estados Unidos.
XEQUE DO KUWAIT TEM 20 MIL PEÇAS DE ARTE
No momento em que a Grécia, o
Peru e outros tantos países exigem a devolução de peças de seu patrimônio
artístico, dispersas pela Europa e América do Norte, um xeque do Kuwait
conseguiu resgatar para o mundo árabe o mais impressionante acervo de arte, muçulmana
já reunidos nos últimos séculos.
A sua coleção está exposta no Museu nacional
do Kuwait. Ela foi solenemente inaugurada há alguns dias na presença de 300
convidados vindos do mundo inteiro e recebidos com incenso e água de rosas, na
melhor tradição da hospitalidade árabe.
O xeque Násser Sabah AL Ahmed AL
Sabah, ( Foto) sobrinho do Emir do Kuwait e discreto empresário de 36 anos, avesso a
toda publicidade, Fez sua primeira preciosa aquisição em 1985. Ele teve a
revelação da arte muçulmana quando estudante em Jerusalém.
Desde então continuou a comprar
objetos nos mercados de arte europeus e norte-americanos- Londres, Paris, e
Nova York.
Conseguimos peças que mais de um
diretor de museu gostaria de ter comprado. Hoje ele possui 20 mil peças, além
de 40 mil livros sobre a Civilização e Arte Mulçumanas, e segundo os seus
amigos nunca vendeu uma só peça de seu fabuloso tesouro.
NO MUSEU
Os críticos de arte e outros
especialistas afirmam tratar-se de uma coleção, que pode ser comparada com as
maiores do mundo, mesmo as dos museus.
Como se quisesse materializar em
arte tangível a história das mil e uma noites, o xeque Násser ofereceu as mil
mais belas peças de sua coleção a título de empréstimo permanente- Ao Museu
Nacional de seu país, cuja imensa sede estava vazia desde sua construção, em
1981. “Estes objetos diz o xeque- estavam dispersos pela Europa, Estados Unidos
e outros lugares. Agora estão mais próximos da terra onde foram criados, e
assim os árabes poderão contemplar as maravilhas de sua grande civilização de
ontem”.
Estes objetos representam
praticamente a totalidade da produção artística muçulmana (transportável, pois
não inclui naturalmente, peças como a (Mesquita de Córdoba) do Sul da Espanha
ao vale do Ganges, e dos Califas Omeyas do século VIII até os últimos
imperadores mongóis do século XVIII.
O xeque Násser não esqueceu, por
certo, de incluir entre os seus convidados dois descendentes destes
imperadores, os marajás de Jaipur e de Jodhpur (Raystan, Índia).
O tamanho destas peças vai dos
seis centímetros de uma esmeralda de 234 quilates com finas incrustações
florais, a mais de nove metros de um tapete persa, com motivos lembrando um
jardim mulçumano.
CUSTOU CARO
Ao lado de objetos concebidos
para o puro prazer dos olhos estão outros mais úteis, como um dos mais antigos
astrolábios conhecidos ou uma colher e um garfo, unidos num mesmo cabo de
prata.
Xícaras persas do século XIII e
manuscritos turcos mostram, com suas gravuras, que a proibição muçulmana a
representação da figura humana é relativamente recente ou então, não era
respeitada.
O contrário de todos os museus do
mundo árabe, o xeque Násser não hesitou em incluir em sua coleção objetos
mortuários, lápides de sepulturas e até um cenotáfio turco do século XV, todo
de madeira com frases talhadas lembrando que o homem é mortal.
A primeira, e muito prosaica,
pergunta que assalta o visitante é “quanto tudo isto terá custado?”, mas este
desejo fica sem ser satisfeito. “Custou muito caro, diz vagamente o
proprietário. Mas o seu valor moral e espiritual é superior ao seu valor
material”.
Os seus amigos falam de “centenas
de milhões de dólares”, também de forma imprecisa. Quando ele comprou a famosa
esmeralda de 234 quilates comentou-se que teria, pago um milhão de dólares.
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