JORNAL A TARDE ,SALVADOR, SÁBADO, 03 DE
JULHO DE 1976
Mais uma das principais obras pictóricas da Bahia está ameaçada de ser negociada para outro Estado. Trata-se de um imenso quadro de autoria de Lênio Braga com dois metros e trinta centímetros de comprimento e um metro e vinte e cinco centímetros de largura. Um dos mais belos trabalhos de Lênio Braga intitulado Abaeté e de pouco conhecimento público.
O quadro é uma poesia e deveria
ser adquirido por um museu baiano antes que algum colecionar abastado
adquira-o, desfalcando desta forma o patrimônio artístico da Bahia.Dou em primeira mão a foto do
referido trabalho.Onde foi parar?
CARRANCAS DO SAN FRANCISCO NO MAM
As carrancas são marca registrada do Velho Chico |
A primeira está montada no
segundo andar do museu e consta de objetos em sua maioria provenientes do Nordeste
e pertencentes ao colecionador Jacques Van de Beuque. Integram esta exposição
1.500 peças de madeira ou cerâmica, entre as quais ex-votos, objetos ligados a
temas religiosos e ao folclore nordestino e outros de autoria de diversos
artistas. Do total dos trabalhos apresentados, destacam-se os de Nô Caboclo,
Vitalino, G.T.O., Benedito, Antônio Poteiro, Louco, Zé Caboclo e Nhozinho.
Segundo Van de Beuque nem todos os trabalhos são produção recente, há peças que
datam do século passado.
A segunda exposição complementando
naturalmente a primeira será, mostrada no foyer e compreende grande número de
carrancas e objetos da região do São Francisco, sendo que as carrancas
pertencem a museus e colecionadores particulares, e os objetivos provenientes
da margem do rio, foram colhidos por uma equipe de pesquisa.
A viagem dos pesquisadores levou
um mês a bordo do Benjamim Guimarães vapor da Companhia de Navegação do São
Francisco, tendo-se iniciado por Pirapora. Em Lapa, a 622 km pelo rio de Pirapora,
o grupo deixou o vapor e foi até Santa Maria da Vitória avistar-se com
Francisco Guarany Biquiba La-Fuente, mestre carranqueiro, com 91 anos de idade,
autor de várias peças exibidas nesta exposição. Figura das mais importantes na
história desse gênero de arte, Guarani continua em plena atividade embora não
mais esculpindo peças que percorrerão as águas, pois a verdadeira função
utilitária das carrancas está em desaparecimento, mas produzindo obras que, no
entanto, ainda são vestígios das antigas imagens de proa, e se ligam à vida na
beira do rio. Na verdade a carranca ou cabeça-de-proa como em geral é chamada,
figura esculpida em madeira que as embarcações do rio São Francisco ostentavam
muito por volta de 1880 até mais ou menos 1945, já não se encontra mais naquela
região; quem, por acaso, esteve por lá neste período ou mesmo um pouco depois e
sentiu o quanto era valiosa uma peça daquela, foi levando, levando, e hoje,
cabeça-de-proa no São Francisco não existe mais.
Voltando ao rio e prosseguindo
viagem até o Remanso, com paradas em diversas localidades, a equipe concluiu a
pesquisa e daí retornou. As amostras recolhidas, objetos e fotos se originam,
pois, de locais normalmente visitados pela barca e que ofereceram, à equipe, a
oportunidade de colher ilustrações do cotidiano do rio. Entre os objetivos
estão incluídos barcos, lemes, veias, redes, esteiras, potes, pilões, malas,
gamelas, peneiras, candieiros, bruacas, arreios, vassouras, roldanas, cangalha,
etc.
Esta exposição foi organizada
pela Fundação Cultural do Distrito Federal e pelos Ministérios da Marinha, da
Educação e Cultura e das Relações Exteriores, tendo à frente a arquiteta Gisela
Magalhães, integrante também do grupo de pesquisadores juntamente com Dirce de
Araújo, Jorge de Assis, Cafi e Márcia Reis.
Patrocínio do MAM do Rio.
Recentemente foi exibido em
Brasília e São Paulo, devendo seguir daqui para outras capitais brasileiras.
Consta de um catálogo elaborado
por este museu.
Patrocinada pelo Departamento de
Cultura da Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Rio de Janeiro e pelo
MAM do Rio, a mostra Arte Popular Brasileira constará também de um catálogo,
este, porém, feito pelo próprio responsável pela exposição.
ANIVERSÁRIO DA UFBA
Em comemoração ao aniversário dos
30 anos da Universidade Federal da Bahia foram programadas várias exposições
entre as quais Coleção Festas da Bahia, de Carybé que ocorrerá de 5 a 31 deste mês. Esta coleção
é composta de 273 desenhos, foi adquirida em 1950, pelo Governo do Estado da
Bahia. É considerada uma das mais importantes dentre os vários trabalhos do
artista, por abranger temas folclóricos e as principais festas, populares da
Bahia. Faz parte do acervo do Museu do Estado e já foi objeto de uma exposição
em 1951, sendo, também, publicada pela Coleção Recôncavo em 1965. A mostra será montada
na Galeria da Pousada do Carmo.
Outra exposição, Trajes e Adornos
da Baiana ficará aberta ao público até o próximo dia 31 do corrente mês no
Museu Costa Pinto, na Vitória. Esta coleção é constituída de pencas,
correntões, argolas, saias e lenços de crioula, ou seja, tudo que forma o
complexo da baiana. As peças ora expostas, pertencem ao Instituto Feminino da
Bahia, e permitem formar uma idéia não só da habilidade manual das humildes
obreiras do garbo de que as vestia.
FESTIVAL DE ARTE
Ganupe Bahia está participando do
I Festival de Artes Plásticas em homenagem aos empresários e industriais da
zona sul de São Paulo, no Salão de Festas Palácio. O festival visa acima de
tudo à aproximação do artista com o grande público. Este é mais um artista que
usa o nome de nosso Estado em seu nome artístico.
Ganupe Bahia, conhecido como um
grande misturador de tintas.
ERALDO MOTA E SUAS PESQUISAS
O artista carioca inaugurou uma individual de trabalhos recentes no Centro de Pesquisa e Arte, em Ipanema, no Rio de Janeiro. A mostra compõe-se de pintura, desenho e objeto, nos quais a forma ovóide figura como elemento básico, impulsionando à escolha, a sensibilidade revelando os efeitos e mudanças de momento, a procura de extrair dos próprios meios com que estabelecer a crítica, tirando de si e do expectador a respostas, afirma o critico Vicente de Percia que o apresenta.
Eraldo Mota nasceu em 1941. Estudou
na Escola Nacional de Belas Artes, no
Museu de Arte Moderna e no Centro de Pesquisa de Arte e começou a expor em
1967, quando participou do XVI Salão Nacional de Arte Moderna, com escultura.
Nesse mesmo ano foi um dos artistas que se apresentaram no Concurso de Caixas
promovido pela Petite Galeria. EM 1973 fez sua primeira individual, no Centro
de Arte de Santa Teresa e,posteriormente em seu próprio atelier na Gamboa.
JOALHEIRO MOSTRARÁ COLEÇÃO EM
SALVADOR
O joalheiro Pepe Torras lançará
em Salvador sua nova coleção de jóias para 1976. São 40 peças entre pulseiras,
brincos, gargantilhas, anéis e colares, criados em madrepérola, ouro e
diamantes. Pepe Torras é conhecido por ter sido o primeiro joalheiro do Brasil
a usar em jóias pele de elefante ao ouro e diamante.
Pepe Torras nasceu em Barcelona,
em 1936, e chegou, ao Brasil com apenas 22 anos para pesquisar a arte em joalheria. Ele
estudou desenho na Escola Massana e Belas Artes de Barcelona, uma das mais
importantes da Europa. Posteriormente fez estágio sobre joalheria em Paris com
o velho Cartier.
Suas criações em jóias seguem a
linha clássica numa temática moderna, apropriadas para mulher que usa o chamado
esporte-fino.
Unindo o ouro, sem principal
material de criação, a materiais como jacarandá motivo de sua primeira coleção
no Brasil, em 1969, marfim e tartaruga 1970, Pepe Torras expôs em 1974, em
Londres a convite da Embaixada do Brasil.
Este joalheiro conquistou em
1975, o primeiro prêmio e uma Menção Honrosa no concurso Diamantes Hoje, na
Basiléia.
Segundo ele o uso da jóia em dia pela mulher
brasileira é muito baseado na sua maneira de vestir. A pele de nossas mulheres,
sua maneira de ser, o próprio clima do Brasil, tudo favorece o uso da jóia,
pois o país ocupa atualmente um dos primeiros lugares da joalheria mundial.
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