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terça-feira, 25 de junho de 2013

A ARTE NO HUMOR DE J. MENDES

JORNAL A TARDE, SALVADOR ,  SÁBADO, 05 DE ABRIL DE 1975


Um homem vai ao parque alimentar
os pássaros que comem a carne de
sua mão.( Ingratidão)
Jorge Mendes (J.Mendes) é a própria alegria de viver. É um homem de sentimentos nobres e que constantemente está em sua face escancarada ou fechada, cultivando os momentos humorísticos da vida. É um humorista nato, desde o seu relacionamento com as pessoas que lhe cercam até aquele momento em que executa um trabalho. Além de humorista, é restaurador e pintor, já tendo publicado desenhos em vários jornais e revistas do País. O seu trabalho é desenvolvido dentro de uma técnica séria, pois consegue captar com nuances e em cores planas aspectos da vida, dentro de uma problemática constante. Utiliza um cromatismo integrado dentro das emoções criadas, onde o humor provoca uma série de interpretações, cabendo a cada espectador de seus trabalhos descobrir a sua própria concepção.
O J.Mendes é carioca de nascimento e baiano por adoção. Chegou à Bahia trazido pelo pintor Ângelo e aqui se estabeleceu, casando-se com uma baiana. Escolheu para morar o bairro do Rio Vermelho, conhecido por abrigar dezenas de intelectuais baianos. O seu atelier de trabalho está localizado na casa de número 178, na Rua do Meio, perto do Largo da Mariquita e de seu amigo Manoel Bonfim.
Disse que é um caricaturista nato, porque desde menino que J. Mendes vem se dedicando a esta arte.
Aos 15 anos de idade, produziu dois scrit-textos de humor, que mais tarde foram apresentados no programa humorístico Semana 13, de Henrique Lanffer, na TV Rio. Aos 18 anos, obteve o 3º lugar na Sociedade Propagadora das Belas Artes, com desenhos livres.
Participou do XI Salão de Humor de Montreal, no Canadá, tendo um de seus desenhos sido classificado entre os finalistas e faz parte de um Álbum Ilustrativo do referido salão, juntamente com os melhores e mais famosos cartunistas internacionais. O seu trabalho mais recente está exposto no Museu da Cidade do Salvador, onde ele apresenta uma cena de dentro de um contexto puramente circense.
Para J.Mendes, a sua confirmação como humorista aconteceu quando no Rio de Janeiro conseguiu agrupar comediantes apresentando sátiras em vários locais, com a finalidade filantrópica. Quando perguntei-lhe como definia o humor, o J. Mendes me respondeu: Segundo Robert Scarpit, o riso é um fenômeno físico. O humor é um fenômeno complexo, psicológico, social e estético.
Realmente nem todo riso é humor, nem todo humor faz rir, dependendo do sentido da informação que ele pretenda dar. Antigamente acreditavam que os quatro fluídos orgânicos do corpo: o corpo, a fleuma, biles negra inteiramente equilibrados davam ao homem o seu bom humor. Hoje sabemos que o humor gráfico resulta da capacidade do homem de analisar a vida dentro de um contexto crítico social.

COMEÇO

Diz J. Mendes que começou a sua carreira de humorista escrevendo textos para a televisão e ao mesmo tempo fazendo restauração de objetos de arte. Associou o seu senso de humor às artes plásticas e com a convivência constante e diária com desenhos e estudos minuciosos terminou por assimilar tudo isso numa só construção. Esta construção que fala J. Mendes são seus trabalhos que são classificados ou definidos em dois tipos: o cartum e o humorismo sobre tela. O primeiro, em  se tratando de jornal, ele procura a noticia mais em evidência nos noticiários divulgados pelos meios de comunicação e elabora o seu desenho, que representa uma síntese daqueles fatos, dando ao leitor a sensação dele próprio ter criado a piada gráfica. Já no humor, sobre tela, geralmente é feito utilizando-se várias cores. O artista J. Mendes reconhece que neste tipo de trabalho os elementos são herméticos porém , não distanciados da realidade, embora às vezes haja uma ruptura do desencadeamento da lógica.
O homem esmaga uma singela borboleta
enquanto mira outras que voam
sobre sua cabeça. ( Ira)
O humorista não necessita forçosamente ser um indivíduo alegre. Dizem os estudiosos que Bernard Shaw era um cara mal humorado, embora tenha realizado um dos mais perfeitos trabalhos de humor. O que importa é a maneira de o artista, no caso o humorista, captar as situações do dia a dia com sua acuidade crítica.
Acredita o J. Mendes que depois do sucesso de Michael Folon na última Bienal de São Paulo, com um trabalho humorístico, estamos sentindo a valorização dos humoristas ou cartunistas brasileiros. Já temos nomes de fama, não só o Brasil, como no Exterior, como Lan, Ziraldo, Henfil e outros, e isto nos deixa com muitas esperanças no futuro.
Quanto ao trabalho desenvolvido por J.Mendes na restauração de objetos na arte ele diz: "trabalho na restauração recompondo sentimentos partidos que são estereotipados nos objetos. Esses objetos são muitas vezes de grande valor para as pessoas que vem ao meu atelier na esperança de vê-los novamente inteiros. Algumas pessoas chegam a chorar e desesperar quando uma criança derruba uma jarra ou mesmo uma imagem antiga, quebrando-as. Essas pessoas me procuram e assim eu recomponho o seu sentimento partido. Já nos seus desenhos de humor eu crio formas de sentimentos."

                ESCULTURAS  DE JOSÉ RESENDE

 O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro inaugurou no último dia 3 uma individual de esculturas de José Resende, cuja última exposição de  pintura do artista paulista foi realizada no MAM, em 1970, ao lado dos artistas Luiz Paulo Baravelli, Carlos Fajardo e Frederico Násser, com os quais formava o Grupo Rex.Na sua escultura notamos o ajustamento entre os materiais e as técnicas para um  encontro total no espaço.
Seus temas principais giram em torno do jardim e da paisagem. Arquiteto, desenhista, pintor e escultor.
José Resende estudou com Wesley Dukee Lee e em 1964 participou da mostra de artistas brasileiros organizada pelo Museu de Arte de São Paulo, em Londres. Ele está expondo 40 esculturas e 12 pinturas que permanecerão até o dia 5 de maio.
Esta escultura  foi exposta em 2011 no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

JENALDO

 O pintor Jenaldo está expondo na Galeria São Roque, na Rua do Sodré, 32.É um artista conhecido do público baiano, pois já realizou e participou de cerca de 40 exposições. É um jovem, como diz Calasans Neto, nascido pintor e com tal predestinação luta com garra para galgar aquilo que lhe foi dado, a profissão de artista pintor.

JASMIM NO UNHÃO

O baiano Luís Jasmim vai expor a partir de 18 de abril na igreja do Solar do Unhão, a convite da Secretaria de Educação e Cultura do Estado, sob patrocínio da Fundação Cultural. Serão mostrados 50 quadros recentemente pintados pelo artista.





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