JORNAL A TARDE, SALVADOR , SÁBADO, 05 DE ABRIL DE 1975
Um homem vai ao parque alimentar os pássaros que comem a carne de sua mão.( Ingratidão) |
O J.Mendes é carioca de
nascimento e baiano por adoção. Chegou à Bahia trazido pelo pintor Ângelo e
aqui se estabeleceu, casando-se com uma baiana. Escolheu para morar o bairro do
Rio Vermelho, conhecido por abrigar dezenas de intelectuais baianos. O seu
atelier de trabalho está localizado na casa de número 178, na Rua do Meio,
perto do Largo da Mariquita e de seu amigo Manoel Bonfim.
Disse que é um caricaturista nato,
porque desde menino que J. Mendes vem se dedicando a esta arte.
Aos 15 anos de idade, produziu dois scrit-textos de humor, que mais tarde foram apresentados no programa
humorístico Semana 13, de Henrique Lanffer, na TV Rio. Aos 18 anos, obteve o 3º
lugar na Sociedade Propagadora das Belas Artes, com desenhos livres.
Participou do XI Salão de Humor
de Montreal, no Canadá, tendo um de seus desenhos sido classificado entre os
finalistas e faz parte de um Álbum Ilustrativo do referido salão, juntamente
com os melhores e mais famosos cartunistas internacionais. O seu trabalho mais
recente está exposto no Museu da Cidade do Salvador, onde ele apresenta uma
cena de dentro de um contexto puramente circense.
Para J.Mendes, a sua confirmação
como humorista aconteceu quando no Rio de Janeiro conseguiu agrupar comediantes apresentando sátiras em vários locais, com a finalidade filantrópica.
Quando perguntei-lhe como definia o humor, o J. Mendes me respondeu: Segundo
Robert Scarpit, o riso é um fenômeno físico. O humor é um fenômeno complexo,
psicológico, social e estético.
Realmente nem todo riso é humor,
nem todo humor faz rir, dependendo do sentido da informação que ele pretenda
dar. Antigamente acreditavam que os quatro fluídos orgânicos do corpo: o corpo,
a fleuma, biles negra inteiramente equilibrados davam ao homem o seu bom humor.
Hoje sabemos que o humor gráfico resulta da capacidade do homem de analisar a
vida dentro de um contexto crítico social.
COMEÇO
Diz J. Mendes que começou a sua
carreira de humorista escrevendo
textos para a televisão e ao mesmo tempo fazendo restauração de objetos de
arte. Associou o seu senso de humor às artes plásticas e com a convivência
constante e diária com desenhos e estudos minuciosos terminou por assimilar
tudo isso numa só construção. Esta construção que fala J. Mendes são seus
trabalhos que são classificados ou definidos em dois tipos: o cartum e o
humorismo sobre tela. O primeiro, em se
tratando de jornal, ele procura a noticia mais em evidência nos noticiários
divulgados pelos meios de comunicação e elabora o seu desenho, que representa
uma síntese daqueles fatos, dando ao leitor a sensação dele próprio ter criado
a piada gráfica. Já no humor, sobre tela, geralmente é feito utilizando-se
várias cores. O artista J. Mendes reconhece que neste tipo de trabalho os
elementos são herméticos porém , não
distanciados da realidade, embora às vezes haja uma ruptura do desencadeamento
da lógica.
O homem esmaga uma singela borboleta enquanto mira outras que voam sobre sua cabeça. ( Ira) |
Acredita o J. Mendes que depois
do sucesso de Michael Folon na última Bienal de São Paulo, com um trabalho
humorístico, estamos sentindo a valorização dos humoristas ou cartunistas
brasileiros. Já temos nomes de fama, não só o Brasil, como no Exterior, como
Lan, Ziraldo, Henfil e outros, e isto nos deixa com muitas esperanças no
futuro.
Quanto ao trabalho desenvolvido
por J.Mendes na restauração de objetos na arte ele diz: "trabalho na
restauração recompondo sentimentos partidos que são estereotipados nos objetos.
Esses objetos são muitas vezes de grande valor para as pessoas que vem ao meu
atelier na esperança de vê-los novamente inteiros. Algumas pessoas chegam a
chorar e desesperar quando uma criança derruba uma jarra ou mesmo uma imagem
antiga, quebrando-as. Essas pessoas me procuram e assim eu recomponho o seu
sentimento partido. Já nos seus desenhos de humor eu crio formas de
sentimentos."
ESCULTURAS DE JOSÉ RESENDE
O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
inaugurou no último dia 3 uma individual de esculturas de José Resende, cuja
última exposição de pintura do artista paulista foi realizada no MAM, em 1970, ao
lado dos artistas Luiz Paulo Baravelli, Carlos Fajardo e Frederico Násser, com
os quais formava o Grupo Rex.Na sua escultura notamos o
ajustamento entre os materiais e as técnicas para um encontro total no espaço.
Seus temas principais giram em
torno do jardim e da paisagem. Arquiteto, desenhista, pintor e escultor.
José Resende estudou com Wesley
Dukee Lee e em 1964 participou da mostra de artistas brasileiros organizada
pelo Museu de Arte de São Paulo, em Londres. Ele está expondo 40 esculturas e 12
pinturas que permanecerão até o dia 5 de maio.
Esta escultura foi exposta em 2011 no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Esta escultura foi exposta em 2011 no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
JENALDO
O pintor Jenaldo está expondo na Galeria São
Roque, na Rua do Sodré, 32.É um artista conhecido do público
baiano, pois já realizou e participou de cerca de 40 exposições. É um jovem,
como diz Calasans Neto, nascido pintor e com tal predestinação luta com garra
para galgar aquilo que lhe foi dado, a profissão de artista pintor.
JASMIM NO UNHÃO
O baiano Luís Jasmim vai expor a
partir de 18 de abril na igreja do Solar do Unhão, a convite da Secretaria de
Educação e Cultura do Estado, sob patrocínio da Fundação Cultural. Serão
mostrados 50 quadros recentemente pintados pelo artista.
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