JORNAL A TARDE, SALVADOR, SÁBADO, 15 DE
OUTUBRO DE 1977
Ele é contra premiações por acreditar que " elas
são, sempre, um processo político." Na sua opinião o momento é difícil para as
artes, no Brasil, uma vez que a coisa tem sido colocada de maneira deturpada,
com pessoas incompetentes dominado o mercado de arte.
Participando de exposições desde
65 com 16 individuais e mais de uma centena de coletivas e já tendo apresentado
seus trabalhos em cerca de 10 países, inclusive, Estados Unidos, Alemanha,
França, Itália e Argentina, o mineiro/carioca Ângelo Aquino revelou que desde
68 deixou de participar de salões, acentuando que só faz exposição dentro de um
processo que ele acredita.
Depois de lembrar sua
participação na I Bienal de Artes Plásticas realizadas em Salvador, quando
expôs três trabalhos, Aquino disse em matéria de arte a coisa está sendo
colocada de maneira muito deturpada, no Brasil, com pessoas incompetentes
dominando o mercado de arte, e querendo transformá-lo num verdadeiro mercado
imobiliário.
Ângelo Aquino entretanto,
acredita que para tentar uma moralização do mercado e da colocação do artista
como um verdadeiro profissional, já foi criada, e já está devidamente
registrada, a Fundação Brasileira de Artistas Plásticos. Uma comissão
organizadora, trata do assunto, enquanto não se elege a primeira diretoria. Com
esta entidade funcionando plenamente, observou, o artista, no Brasil terá
amparo e deixará de ser marginal.
Para ele já se pode viver
exclusivamente da arte, no Brasil, sem se Corromper, citando o seu caso, que há
dois anos vive só de pintar. Sobre os críticos ele acha que a maioria é de
gente honesta, que está sempre ao lado do artista. Por fim afirmou que respeita
vários nomes nas artes plásticas, mas citaria entre os maiores Hélio Oiticica,
que vive, hoje, nos Estados Unidos e Sérgio Camargo. Na Bahia admira Fernando
Coelho, Calasans Neto e muitos outros.
PINTURAS E DESENHOS DE ERALDO
MOTTA
Recentemente contemplado com duas
premiações 2º Prêmio de Desenho no I Salão Carioca de Arte e Prêmio de
Aquisição no I Salão da Ferrovia, Eraldo Motta inaugurou, uma nova exposição individual
de desenhos e pinturas na Galeria Morada Rua Visconde de Pirajá, 234-Ipanema.
Carioca de nascimento, Eraldo
Mota frequentou a Escola Nacional de Belas, na década de 60, diversificando a
sua criação entre o desenho e a escultura. Com esses dois meios de expressão
participou, dentre outros certames, do XVI Salão Nacional de Arte Moderna 1967.
Concurso de Caixa-Petite Galerie, I Bienal da Bahia 1968, II Salão de Verão-MAM
1968 e III Concurso Nacional de Artes Plásticas de Goiás 1976.
Nesta sua nova exposição
individual, a quarta de uma carreira iniciada em 1967, Eraldo Mota mostra
trabalhos recentes de pinturas e desenhos figurativos, nos quais concentra-se
numa temática: o ovo e suas implicações sócio-existenciais. A mostra
permanecerá aberta até o dia 28 de
outubro.
A ESFEREOGRÁFICA COMO INSTRUMENTO DA ARTE
Larry Francis Lebby, de Columbia, estado norte-americano da Carolina do Sul, sempre respondeu aos desafios. Um professor de arte disse-lhe, certa vez, que uma caneta esferográfica jamais se prestaria à criação de certos efeitos de luz e sombra se utilizada como instrumento de um artista. Hoje, um expressivo retrato do presidente Carter executado com uma esferográfica, encontra-se pendurado na Casa Branca.
O artista Larry F. Lebby |
O auxiliar do Presidente, Jack
Watson viu o retrato pela primeira vez de Geórgia inspirado em fotografias da
campanha eleitoral do ano passado, e percebeu que o artista possuía um talento
extraordinário. Watson pediu a Lebby que fizesse um retrato seu e hoje, tanto o
do Presidente como dos outros trabalhos de Lebby figuram em seu escritório, na
Casa Branca.
Um dos sete principais assessores
do Presidente, espera obter para Lebby a oportunidade de retratá-lo ao vivo.
Este é o tipo de oportunidade que
pode vir a ser muito importante para um artista, segundo Ann Jacob, em cuja
galeria de Atlanta, na Geórgia, os trabalhos de Lebby são expostos e vendidos.
O elemento entre possuir uma
grande habilidade e tornar-se famoso Chama-se sorte disse a proprietária da
galeria.
Lebby é muito jovem tem apenas 26
anos é negro e é muito bom. Se tudo der certo na sua idade, tem grandes
possibilidades de tornar-se um artista internacional. Acredito que ele tenha
uma mensagem a transmitir aos artistas do mundo aos da África, em particular.
Ann Jacob desejaria que houvesse
maior comunicação entre a cultura africana e os negros norte-americanos, diz
ela, maior número de programas que levassem os negros norte-americanos a
dispensar maior atenção ás suas origens culturais; elas encerram tantas
belezas. Em sua opinião, Lebby poderia ser parte desta ponte; porém, o que quer
que ele faça será estritamente norte-americano, pois ele é um artista norte-americano...
entretanto, sua tradição é negra.
Uma viagem à África figura nos
planos futuros de Lebby. Entrementes, por intermédio do museu em sua cidade
natal e da galeria de Ann Jacob, ele tem se familiarizado com os trabalhos
artísticos africanos das principais coleções norte-americanas, inclusive a de
Wiliam e Robert Arnett.
UMA NOVA GALERIA INCENTIVARÁ A
ARTE
Com uma exposição coletiva
reunindo telas de Jenner, Carybé, Floriano Teixeira, Carlos Bastos Fernando
Coelho, Mirabeau, Cardoso e Silva e Adilson Santos, além de esculturas de Mário
Cravo Júnior e Tatti Moreno, será inaugurada no próximo dia 21 a Galeria Grossman,
pretendem mostrar não só valores artísticos já consagrados, como também lançar
jovens artistas.
Localizada No Orixás Center, a
nova Galeria já tem programada uma exposição denominada Jovens Artistas
Baianos, e passará posteriormente a atender qualquer solicitação relacionada
com o mundo das artes, dando aos seus apreciadores a oportunidade de apreciar
os trabalhos de artistas do Sul.
PROGRAMAÇÃO
Segundo o escritor Jorge Amado,
Leo Grossman é um proprietário de Galeria de arte destinado ao sucesso, uma vez
que só ele seria capaz de reunir os mais famosos nomes ligados às artes baianas
numa exposição inaugural, como ocorrerá da nova galeria baiana.
Além de já ter mantido contato
com artistas do Sul para próximas exposições na Galeria Grossman, para o ano de
78 estão confirmadas exposições dos seguintes artistas plásticos: Francisco
Rebolo, Aldemir Martins, Lazzarini, Martinho de Hero e Manabu Mabe.
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