JORNAL A TARDE, SALVADOR, BAHIA, 18 DE JANEIRO DE 1975
O Casamento, óleo sobre tela de Almir Barros |
Com o objetivo de apresentar
exposições com temáticas e escolas variadas a Galeria Le Dome organizou uma
exposição com sete artistas plásticos que mostram desde óleos a aquarelas. Aí estão
expostos excelentes aquarelas e óleos de Odalva, artista baiana radicada no
Oeste do País e que vem recebendo elogios da crítica especializada.Seus trabalhos são marcados pela
presença do vermelho e laranja em grandes contrastes dando um equilíbrio
perfeito, o que traduz a capacidade criativa e de composição desta artista. Em
seguida temos a oportunidade de contemplar os trabalhos de Almir Barros, que é
um dos poucos plásticos nacionais que interpreta, e bem, as coisas de nosso
sertão, utilizando as cores reais nos seus tipos humanos, cheios de expressão e
vitalidade. Temos ainda, Eduardo Campos, o Jeca, que reside em Ilhéus cujo
trabalho surrealista tem recebido boas críticas do Sul do País. Os demais
expositores são novatos ou estreantes e entre esses destaca-se Alberto Elias
Oliveira, com detalhe de alto nível, e finalmente as mini telas de Lidia Berbet
da Gama, Basdy Santiago com trabalhos em metais e Demócrito de Carvalho um
quase primitivista.
ALBERTO ELIAS COM SEUS ENTALHES
Os entalhes de Alberto Elias
Oliveira são realmente o destaque da exposição que ora realiza a Galeria Le Dome.
Natural de Salvador, Alberto concluiu o curso secundário no Colégio da Bahia e
estudou na Escola de Belas Artes em 1964 e 1969 com os professores Rescala,
Juarez Paraíso e tomou um curso de cerâmica como Professor Hudo. Desde os 14
anos que pinta. De origem humilde utilizava naquela época qualquer material que
chegava a suas mãos desde a tinta de porta a óleo até a tabatinga. Com todas as
dificuldades foi aprimorando seu trabalho e hoje é sem duvida um dos melhores
entalhadores de nosso Estado. O tema principal explorado por Elias é o casario
colonial e chegou a fazer entalhes depois de ter aprendido a xilogravura na
Escola de Belas Artes. Para ele, que já enfrentou muitas dificuldades fazer
arte na Bahia é um problema, porque há um grande número de artistas, muitos sem
a preocupação de procurar aprimorar os seus trabalhos.
Mas, sem dúvida este pessoal em
concorrência àqueles que vivem da arte e dedicando-se de corpo e alma.
NA IGREJINHA
No último dia 10 do corrente os
artistas Nocca, Isa, Queiroz, Xavier, Almeida e Guilherme inauguraram uma
exposição da igrejinha de Santana, no bairro do Rio Vermelho.
ARTE CONTEMPORÂNEA
Uma seleção de pinturas
pertencentes à coleção Michener, de Arte Americana do Século XX, da Universidade
do Texas, será vista na América Latina, este ano nas principais cidades do
Brasil, Chile, Peru, Argentina, Colômbia, Venezuela, Guatemala e México.
A coleção de arte, que se eleva a
cerca de 350 quadros, foi oferecida a universidade em 1968 pelo escritor
norte-americano James A. Michener e sua esposa.
Encontram-se refletidos na
coleção exemplos dos principais acontecimentos da pintura norte-americana, de
1900 até o presente. A viagem marcará, pela segunda vez, a ida de parte da
coleção Michener ao Exterior pois em 1972 o Governo americano organizou uma
mostra semelhante, que foi exibida em Berlim Ocidental
e em Bucareste.
O diretor das coleções de arte da
universidade, Dr. Goodall disse que a Exposição Michener tem por objetivo levar
a uma grande parte do público latino-americano uma melhor compreensão da
pintura americana porque ela fornece de maneira ímpar informações sobre o povo
norte-americano, tal como e fazem a literatura e os filmes.
Entre os artistas que participam
da exposição destacam-se John Marin e Artur G. Dove, modernistas; Philip
Evergood, realista; e ainda Franz Kline, Robert Indiana, Elisworth Kelly e
Morris Louis, entre muitos outros. No próximo mês a exposição deverá estar no
Chile e de 8 a
29 de junho no Brasil.
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