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segunda-feira, 8 de abril de 2013

AS FLORES DO DESERTO NA ÓTICA DE LOURDINHA PORTO -1º DE MAIO DE 1989


JORNAL A TARDE , SALVADOR, SEGUNDA-FEIRA 1º DE MAIO DE 1989

AS FLORES DO DESERTO NA ÓTICA DE LOURDINHA PORTO
A artista Lourdinha Porto com suas obras mais recentes

Flores, paisagens rurais  e casario são temas tidos por algumas pessoas como não muito nobres para serem explorados por artistas plásticos. Uns dizem que estão desgastados, outros que são temas antigos e, finalmente, que são muitos utilizados por artistas sem maior qualificação profissional. Na verdade entendo essas reações como preconceito e, também, as situo no plano da desinformação. Qualquer tema é nobre desde que seja tratado com determinados critérios de qualidade.
O tema pode ou não ter grande significado na obra do artista. O que importa acima de tudo é a concepção, a forma de conceber a obra. Um tema inadvertidamente tido como desgastado pode ganhar em qualidade e nobreza a depender da capacidade criativa de quem executou a obra.
Esta introdução faz-se necessária porque vou falar de uma artista mulher que pinta flores. Seu nome é Lourdinha Porto, uma apaixonada pela natureza.Esta mesma natureza que vem sendo vilipendiada em nosso País, onde as florestas viram pastos e desertos da noite para o dia. Onde os índios são encurralados e jogados para as cidades causando total destruição de suas culturas.
Lourdinha não é uma botânica e não existe preocupação com a classificação científica das flores. Apenas a preocupação é estética. Sabemos que existem flores de todas as cores e matizes, de virtudes específicas como as que desprendem perfumes maravilhosos, outras tem propriedades energéticas, alucinógenas e até mesmo afrodisíacas. O que nos interessa, na verdade, são as suas composições inspiradas em flores que ela pode ver em sua viagem por Israel, Egito, Grécia e México. Também não poderiam faltar as flores do nosso País que tem realmente uma flora das mais ricas em todo o mundo. A singeleza da flor é tão marcante em nossas vidas que sempre comparamos a mulher a uma flor, enaltecendo as suas qualidades e fragilidade feminina. Aí estão implícitos a beleza,  o cheiro gostoso e até mesmo o jeito meigo. Lembremos como as pessoas ficam felizes quando recebem flores, como por exemplo, uma corbelha de rosas vermelhas no dia do aniversário! Lembremos ainda como os parentes das pessoas queridas que morrem procuram colocar nos ataúdes flores e mais flores. Elas, portanto estão também, ligadas as nossas alegrias e tristezas. Nos acompanham durante a nossa existência até o desaparecimento. Esta relação entre nós, seres humanos, e as flores, é muito intensa Lourdinha Porto resgata este tema, na medida em que, apresenta 30 obras de qualidade, com boa concepção pictórica e ainda por cima com uma preocupação em buscá-las desde o deserto israelense até o berço da Civilização, que é a Grécia.
Numa espécie de diário que escreveu durante a viagem, do qual ela teve a delicadeza de mostrar, a artista deixa transparecer uma carga emotiva muito grande e acima de tudo uma satisfação em encontrar novas flores para aumentar seu universo de conhecimento.
Esta baiana de Riacho de Santana já participou de vários cursos em atelieres de artistas e do curso livre de pintura da Escola de Belas Artes, da UFBa., trabalha profissionalmente desde 1983. esta é a sua quarta exposição individual.
Estão sendo apresentadas 30 obras, todas retratando flores, especialmente as flores que brotam no deserto. Sua exposição foi aberta no último dia 26, e está aberta ao público diariamente no Museu Carlos Costa Pinto, na Vitória.

 ARTISTA MINEIRO MOSTRA A SUA OBRA INQUIETANTE

Rui Santana envolvido e iluminado por suas obras
Está expondo, na Galeria Aquarela, no Farol da Barra, o artista mineiro Rui Santana, 28 anos, que tem um trabalho fora dos padrões ou mesmo da linha seguida pela grande maioria dos seus colegas que ora integram o movimento artístico nacional. Sua obra, embora ainda carecendo de uma certa maturação, é, acima de tudo, instigante.
Ninguém pode ficar estático diante de uma tela de sua autoria. Pelos menos terá uma sensação diferente ou fará um comentário. E o artista busca exatamente tirar as pessoas da inércia, do bem comportado para participar do seu processo criativo. Ele consegue com forte presença do preto iluminar as suas telas, que demonstram a necessidade de um esforço criativo e também físico.
Apesar do preto, não fecha. Abre, esta frase ele ouviu de um visitante de sua exposição e ficou muito satisfeito porque realmente reflete a relação que se estabelece entre o espectador e sua obra. Sua preferência pela cor preta, neste momento histórico que vivemos, diz Rui Santana ser um reflexo de tudo que aí está. Mas, esperançoso como todo brasileiro, ou pelo menos a maioria e, aí estão aqueles que sempre acham que o Brasil é o país do futuro, o artista mineiro vê uma saída.
Discursivo e informado Rui Santana defende que sua obra tem a marca da contemporaneidade. E uma arte vinculada ao tempo. Não estou preso a um passado remoto ou a um futuro que possa descortinar-se. Estou fazendo uma arte dentro de uma realidade temporal que ora vivemos.
Jogando as cores básicas, o vermelho, para garantir a iluminação (abertura) finalmente, a cor preta, a qual usa em grandes quantidades. No seu trabalho o espectador pode enxergar muita coisa ou não enxergar nada. Sua obra convive com esta dualidade, permitindo uma discussão por ser instigante e provocante. Talvez aí esteja implícita uma analogia entre o inconsciente e o próprio universo que gravitamos.
Na conversa que mantive com o artista pude sentir um pouco da sua inquietação e da sua busca em realizar uma obra que tenha uma maior participação do público. Ele não deseja fazer uma mostra e apenas colocar seus quadros nas paredes e ouvir elogios. Rui quer uma interação maior entre o visitante e a sua obra. Isto normalmente ele consegue através do seu fazer pictórico que nos mostra muita habilidade, e suas  formas inconscientes ou não, nos emocionam.

  ABELLEIRA VOLTA A EXPOR MULHERES EM SÃO PAULO

Esta é a segunda exposição individual do artista  Abelleira na capital paulista. A abertura está prevista para o próximo dia 10 de maio e terá lugar na Associação Brasileira de Listas Telefônicas, que fica na Avenida Pacaembu.
Ele vai levar 21 telas enfocando a figura humana e detalhes de rostos, seios e pernas de mulheres.Depois de vários anos trabalhando com o pincel, Abelleira fez opção pela espátula e vem melhorando dia a dia a qualidade da sua obra, na medida em que vai aprendendo os macetes deste novo instrumento de trabalho. Sua primeira exposição em São Paulo aconteceu em 87, e em outubro deste anos estará expondo na Espanha, nas cidades de Portevedra e Madri.


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