JORNAL A TARDE ,SALVADOR,SEGUNDA-FEIRA
10 DE JULHO DE 1989
OFICINA DEVE RETOMAR A PRODUÇÃO
DA GRAVURA
Abstração I, xilogravura de Sérvulo,datada de 1957. |
A
iniciativa é do Departamento de Artes Plásticas da Fundação Cultural com vistas
a incentivar a troca de experiências. Por falar em trocar experiências, lembro
aos artistas baianos, principalmente àqueles d minha geração e da geração
subseqüente que é hora de buscar, mas buscar incessantemente, informações para
que suas obras reflitam a modernidade. Quando falo em modernidade ou
contemporaneidade é que estou observando artistas com poucos anos de experiência
se repetindo muito, demonstrando uma certa passividade com o seu tempo. Vejo o
artista como um elemento propulsor da modernidade, como um elemento á frente do
seu próprio tempo. Na última sexta-feira, assisti uma entrevista do antropólogo
Darcy Ribeiro, e, cada vez que leio ou ouço alguma coisa feita ou dita por
Darcy, vejo-o sempre à frente do seu tempo. Um pensador tão inquieto que até se
atrapalha no seu impulso criativo de dizer ou fazer rapidamente
Ele
tem pressa, e nós aqui na nossa calma tropical balançada por este mar manso e
azul ficamos a olhar o sol nascer e morrer pros lados da Ilha de Itaparica.
Sérvulo
chegou. Não podemos vê-lo como um Salvador da Pátria, porque tenho certeza que
ele mesmo jamais queria esta imagem. Mas, a presença deste artista é um
elemento importante para que observemos a sua obra, observemos com cuidado.
Procurem conversar com ele sobre sua experiência, sobre as esculturas que estão
nas ruas de Fortaleza, sobre o acesso á arte pelo povo. Enfim, esta troca de
experiência é necessária, principalmente para aqueles que por razões econômicas
e por falta de oportunidade ainda não puderam sair para ver outras produções.
A
proveito para lembrar também que existem por aí revistas e outras publicações
importantes sobre arte. Principalmente as revistas de arte que estão nas bancas
a preços acessíveis e que devem ser lidas e vistas com critério de um bom
observador.
Recentemente,
estive com o artista Leonel Mattos, que atualmente está morando em São Paulo , mas que
sempre vem a Salvador, e estávamos conversando exatamente sobre essa
necessidade do artista ver coisas novas e trocar experiências com colegas de
outras praças. É um processo enriquecedor. Também é bom que se diga que nós da
imprensa, inclusive eu, também necessitamos dessa reciclagem de tempos em
tempos.
Os
artistas precisam de autocrítica e reconhecer que muitas vezes estacionam.
Apenas desenvolvem alguma habilidade e já se acham os maiorais. Vamos repensar
a nossa produção. È hora de retomar a produção da gravura. Já escrevi aqui
neste espaço que a Bahia tinha uma posição invejável na gravura brasileira. Até
isto acabou. Alguns artistas morreram e outros partiram para trabalhar com
outras técnicas e não houve renovação de valores neste campo. Vamos, a partir
de agora, renovar, criar, trocar experiências com artistas nacionais e até
internacionais. Temos que estar adiante do tempo. Esta deve ser a meta, o
objetivo.
Natural
de Crato, no Ceará, Sérvulo Esmeraldo é conhecido no Brasil e em vários países
da Europa e América Latina. Ele tem obras editadas por várias galerias da
Europa e dos Estados Unidos. Como afirma o crítico Olívio Tavares de Araújo,
quando se mudou para a França há mais de 25 anos, Sérvulo Esmeraldo era, em
definitivo, um gravador. Sua carreira européia se desenvolveu em função de uma
produção gráfica segura e inteligente, de sóbria tendência construtiva.
A
exposição de Sérvulo fica em cartaz em Salvador até o dia 31 de julho.
Já
o seu curso é de Curta duração: de 10
a 14 de julho, á tarde, vagas limitadas. Os artistas
interessados podem-se inscrever no Departamento de Artes Plásticas da Fundação
Cultural, 3ª andar da Biblioteca Pública, Barris.
Além
dos cursos permanentes, do diretor do Departamento de Artes Plásticas da
Fundação Cultural, Zivé Giudice, anuncia a nova proposta das oficinas:
Incrementar e incentivar a produção da gravura, numa tentativa de devolver à
Bahia o prestígio que ela já teve, de grande centro produtor de gravura.
As
oficinas são abertas a todos aqueles que aprender a arte da Xilogravura com
Márcia Magno, Litografia Paulo Rufino, Gravura em Metal Renato Viana ,
Escultura Zu Campos, Desenho e Padronagem Elisa Galeffi. A oficina de cerâmica
ainda não funciona nesse semestre porque o espaço está sendo recuperado.
SYLVIA
DIAS DAUTRESME EXPONDO EM
MONTE CARLO
Com apresentação de Pierre Restany está expondo
Nesta
reprodução da obra (foto) de Sylvia, que é a capa do catálogo, pares mascarados
dançam animados por um piano. Destacamos as cores, que são poucas, mas que
trazem uma vibração incomum. O branco e o preto são suficientes para envolver
aquele atém a se examinar a sua obra. Noutro catálogo de uma mostra realizada
no Japão intitulada Light of Silence, mais uma vez a artista demonstra com seu
traçado quase que gestual que sua obra é pensante na medida em que transporta o
observador a questionar as imagens que ela cria. São momentos de alegria e
também de tristeza ou reflexão, que o homem convive na sua existência.
CASA
DE ARTE BRASILEIRA FAZ CINCO ANOS
A
Casa de Arte Brasileira está completando cinco anos de intensa atividade, e
presenteia o público de Campinas, São Paulo com uma exposição de pinturas que,
ficará marcada sem dúvida pela oportunidade de reunir bons artistas.
Blanco
y Couto, inicia sua carreira em 1974 e participa de exposições e salões
oficiais, entre seus prêmios se destacam as medalhas de ouro no I Salão
Nacional de Artes Plásticas de Petrópolis-Rio de Janeiro, VIII exposição
Cultural dos Imigrantes e grande medalha de ouro no Salão Acadêmico de Ribeirão
Preto-SP entre outros. Nos últimos 14 anos, tem participado de inúmeros salões
e exposições individuais e coletivas no Brasil e exterior. Élvio Santiago
começou a expor em 1970 tendo participado em salões oficiais do estado. Em
1980, realiza sua primeira individual internacional na Galeria Náutica em Vigo-Espanha. Em
1982 participa do Cinquiéme Festival de Arts, na Bélgica. Em 1983 volta a expor
individualmente na Espanha, tem exposto em individuais e coletivas em galerias
de quase todo o Brasil e, em Campinas na Casa de Arte Brasileira, Justino, com
40 anos de pintura, Justino interpreta através de sua sensibilidade poética e
mística, a dura realidade do povo caboclo esquecido do Vale do Paraíba onde
nasceu.
Seu
trabalho reconhecido pelas premiações nas exposições que participou no Brasil e
exterior ilustra com uma força extraordinária o homem humilde e sofrido que se
encontra entre as manifestações do folclore paulista e mineiro, Justino é sem
dúvida o pintor do Vale do Paraíba. Cezaré, participou de praticamente todas as
mostras oficiais de São Paulo: Jovem Arte, Salões Paulistas, Bienal
Internacional de São Paulo três vezes. Na XII Bienal foi agraciado com o prêmio
do incentivo à pesquisa e, participou da XV Bienal comemorativa dos 30 anos da
mostra como convidado.
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