EXPO REÚNE 149 DESENHOS DO MESTRE
DI CAVALCANTI
Os
desenhos de Di Cavalcanti estarão expostos a partir de amanhã, no Núcleo de
Artes do Desenbanco. Esses desenhos integram a grande coleção do Museu de Arte
Contemporânea, da Universidade de São Paulo, que possui 504 originais do
mestre.
Cento
e oitenta deles foram reunidos no ano passado num luxuoso volume patrocinado
por uma empresa de engenharia.
A
coleção foi doada ao Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 1952, pelo próprio
DI Cavalcanti, e depois foi cedida ao Museu de Arte Contemporânea, assim mais
de 10% do acervo deste museu são de obras do grande modernista. Quatro anos
depois ele morria, aos 79 anos de idade, consagrado em todo o País, e até no
exterior, como aquele que mais deu ás mulatas.
O
pintor das mulatas belas e roliças, com seus semblantes faceiros e atraentes.
Di sabia festejar este espécime, fruto da nossa miscigenação onde não existe
lugar para os ismos que tanto prejudicam o relacionamento humano.
O
desenho na obra Di Cavalcanti sempre chegou primeiro, como acontece, inclusive
com os bons artistas. O desenho é a base, o fundamental, para o surgimento de
uma pintura que vai tomando forma, não obedecendo rigidamente ao que foi
traçado inicialmente, mas os primeiros traços representam um caminho. Di
Cavalcanti sempre esteve desenhando. Lembro-me que certa vez tive a
oportunidade de entrevistá-lo na então Galeria Círculo, que ficava no Corredor
da Vitória, quando ele pegou um pedaço de papel em que fazia minhas anotações e
fez um desenho e me presenteou. Guardei tão bem guardado este desenho que já
tentei achá-lo e não consigo. Sei que está entre os meus papéis e tenho a
esperança de encontrá-lo intacto. Mas, o que me ficou foi o seu gesto terno, de
um artista consagrado diante de um jovem repórter. Sim, porque de lá para cá já
se passaram alguns anos.
Destaco,
também, a sua predileção pela mulher pela beleza da mulher brasileira que está
enaltecida nesses 149 desenhos que foram feitos entre os anos 20 e 50 e agora
nos serão mostrados. Conheço boa parte da coleção do Mac e posso assegurar aos
leitores desta coluna que esta é uma boa oportunidade de conhecê-los, de
admirar a genialidade do traço de Di Cavalcanti. O seu despojamento, a sua
capacidade de definir as formas em poucos traços.
Os
desenhos estão agrupados nesta mostra de acordo com a temática : Retratos e
Caricaturas, Carnaval e Vida Noturna, Tipos Populares e Temática Social,
Paisagens, Estudos para Painéis, Cenários e Estudos para Cartazes e Capas, Fase de Paris, e Dimensão Poética. Esses trabalhos foram executados
em grafite, crayon, nanquim, pastel, guache, aquarela e scraper board. E esta
mostra vem a propósito dos seus 10 anos de falecimento e nos apresenta três
décadas de grande produção do artista.
OPINIÕES
Reprodução de uma foto do mestre Di Cavalcanti |
Diz
ainda que “como um sinal constante em sua produção, entre a presença do humor
como raiz de sua comunicação primeira, o lírico e o social, Di Cavalcanti
desenvolveria seu fazer artístico, extremamente pessoal entre os modernistas”.
Inquieto,
instável, curioso, ligado á sua terra e sua gente, irregular em sua obra,
aberto a informação internacionalista que foi buscar na capital francesa de 1923 a 25, amadureceu como
profissional a partir desta estada e, como vários outros de sua geração, não se
preocupou em seguir modas de artes em sua variação vertiginosa. Por sua vez, o
Expressionismo marcou seu desenho, ancorado no social, sobretudo nos anos 20 e
30, conforme se pode ver nesta coleção.
Quando
falamos do desenhista, este espírito crítico de livre exame, que teve o mérito
de também ter sido o mais brasileiro dos artistas, passamos ao texto do critico
Mário Pedrosa, que o destaca como “o primeiro a trazer para a pintura a gente
dos morros, a gente dos subúrbios, onde nasceu o samba.
Sendo
o mais brasileiro dos artistas, foi o primeiro a seguir que entre o interior, a
roça, o sertão, a avenida, “o centro civilizado”, havia uma zona de mediação, o
subúrbio, onde vive o autóctone da grande cidade.
A
exposição será inaugurada às 18 horas, de amanhã, no Salão de Exposições do Núcleo
de Artes do Desenbanco, permanecendo até o final de maio, aberta das 9 às 19
horas.
GALERIA
DO ALUNO CRIA ESPAÇO PARA ESTUDANTE
Cinco alunos da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia: Andrea Hollangel, Gustavo Maron, Marília Ferreira, Miguel Bittencourt, Maso e Teresinha Borges vão apresentar suas produções na Galeria do Aluno que será inaugurada hoje sob o título Botafora.
O
programa da galeria prevê exposições individuais quinzenais de alunos e a pauta
já está completa até abril do próximo ano, o que demonstra a sua viabilidade.Toda
esta programação está sendo idealizada e coordenada por Maria Adair que está
realmente movimentando os alunos interessados em produzir.
O
programa prevê também um intercâmbio de estudante de arte entre as escolas de
Belas Artes da UFBa, e Universidade da Pensylvânia. Já está prevista a vinda de
um estudante da Tyler School of Art Temple University de Philadelphia, no
próximo ano para expor seus trabalhos e será escolhido um aluno da EBA que irá
para os Estados Unidos.
Este
projeto merece aplausos porque o aluno é incentivado a mostrar o seu trabalho e
cria o hábito de produzir e receber as críticas à sua produção. É o caminho
tortuoso da afirmação dos que iniciam na carreira, e precisam de espaço e orientação
para enfrentar posteriormente o mercado.
Diz
Maria Adair que “a certeza desta afirmação e a ausência em Belas Artes de um
espaço em que o aluno possa mostrar o seu trabalho durante todo o ano letivo,
sem discriminação ou seleção de qualquer espécie, é que me levou a pensar na
criação da Galeria do Aluno e a escrever um projeto de exposições que
apresentei e submeti à apreciação da direção da escola”. O seu projeto foi
aprovado e começa a ser executado. É preciso que não fique apenas restrito a
Maria Adair, mas que outros professores também dele participam indicando alunos
e incentivando àqueles que mais se destacarem.
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